Há exactamente um ano, vivi
uma melodia entre avô e netas
nestas minhas terras de
Vale de Espinho.
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Entre o Vale da Maria e a Pelada, Vale de Espinho,
5.Agosto.2019
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Curta, um mero final de tarde, uma noite de todas as estrelas e o início da
manhã seguinte, mas aquela foi uma das autonomias mais maravilhosas que já
vivi, entre o Vale da Maria e o Cabeço da Pelada. Foi vivida a três ... eu e
as minhas duas netas, na altura com 11 e 9 anos. Um ano depois, vivi nova
pequena/grande autonomia a três ... desta vez também com a minha estrela
arraiana e avó das minhas netas e netos ... só com a Sofia, a mais nova, agora
com 10 anos; a Catarina ... preferiu o aconchego da casa 😊.
O local ... as minhas mágicas e místicas
Fontes Lares. E ... em noite
de Lua cheia, ainda em alinhamento com Saturno e Júpiter ... numa ligação
mágica entre a Terra e o Céu ... entre o passado e o presente. Nos pés ... as
botas com as quais o ano passado saí de
Vale de Espinho ... e que hoje
lá deixei; mas estas não são umas botas quaisquer ... são "só" as botas que,
no ano passado, me levaram a pé
de Vale de Espinho a Santiago de Compostela. Sim ... para mim Vale de Espinho foi e é ...
Caminho de Santiago.
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Subida de Vale de Espinho ao Areeiro e à
Có Pequena, 03.Ago.2020, 18h30
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E chegamos às Fontes Lares, 18h45 ... o "santuário" das minhas
terras de Vale de Espinho
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A caminhada tinha sido curta, uns simples 4,2 km, embora sempre a subir ... o
que para a minha "velha" companheira da Vida tem de ser feito a uma velocidade
muito moderada. Pouco depois das sete e meia estávamos a atravessar o lameiro
que antecede aquele lugar abençoado ... e a minha "velha" estrela recebeu
ainda do barroco "sagrado" a energia telúrica que dele emana. Montar a tenda,
ao lado do barroco ... levou dois segundos ... um "pouco" menos do que hoje
para a desmontar... 😜
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Água que brota da terra ... água sagrada...
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Acampamento nas Fontes Lares ... preparando a noite de
autonomia de avós e neta 😊
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A noite de autonomia foi escolhida propositadamente para a noite de Lua cheia,
alinhada com Saturno e Júpiter. As aplicações
Stellarium e
LunaSolCal permitiam saber não só a hora exacta do nascer da Lua como a posição
exacta em que nasceria no local onde estávamos. Mas ... no azimute 117,5º
havia árvores ... além da serra a nordeste das Fontes Lares ... onde há uma
semana eu tinha visto o
nascer do Sol. Por isso ... às 21h00 não havia ainda Lua ... e ficámos à espera de a ver
elevar-se. O barroco "sagrado" foi o nosso palco, recolhendo de quando em vez
à "casa" em que íamos passar a noite.
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À espera da Lua cheia
Posições da Lua, Saturno e Júpiter para as
Fontes Lares, 03.08.2020, 21h (Apps
LunaSolCal
e
Stellarium)
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Quase uma hora depois de nascer, a Lua eleva-se por detrás da ramagem do
carvalho "sagrado" das Fontes Lares
A Lua, para a posição das Fontes Lares ( App
Stellarium)
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Os sons da noite embalaram-nos naquele chão sagrado. Só o ruído das eólicas se
somava à música dos ramos e do vento. Nada nem ninguém incomodou a nossa
entrega. Aos curtos despertares dos avós ainda no reino das sombras, seguiu-se
o despertar já com a luz de um novo dia.
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04.Ago.2020, 6h32 ... o Despertar dos Mágicos
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O Sol acabara de nascer, mas não estávamos em posição de o ver. O pequeno
almoço, frugal, foi "servido" ainda na "cama" 😄
Calcei as sandálias que tinha trazido junto com a tenda. As botas que na tarde
anterior me tinham levado às
Fontes Lares ... fizeram a sua última
viagem. Foram as primeiras
Bestard
a juntarem-se aos dois pares de
Meindl que há alguns
anos dormem nas ruínas da velha casa que um dia conheci de pé. Mas, como disse
no início ... estas não são umas botas quaisquer ... são as botas que, no ano
passado, me levaram a pé
de Vale de Espinho a Santiago de Compostela, depois de, há dois anos, terem percorrido o
Caminho Central Português. Mais do que quaisquer outras ... estas botas tinham de ser entregues às
terras de
Vale de Espinho ... ao meu santuário.
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Minhas botas, velhas, cardadas ... que já
palmilharam léguas sem fim...
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Na sombra das ruínas, das giestas e do Tempo ... jazem três pares de
botas e um par de bastões...
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Eram oito horas quando deixámos as
Fontes Lares. Como nunca gosto de
regressar pelo mesmo caminho, rumámos a sul, atravessando o campo de mariolas
com que, há uns anos, assinalei aquele percurso. Uma hora depois passávamos
junto a Castelo Velho e ao Ribeiro da Presa, quase sem água.
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Regresso a Vale de Espinho, por Castelo Velho e o Ribeiro da
Presa Para trás ficava mais uma "aventura" ... para uma neta
contar aos netos...
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Ainda não eram nove e meia estávamos de regresso a casa. A tenda, armada ao
Sol no quintal, fez as delícias do neto mais novo, dois anos a caminho dos
três. Pode ser que, um dia ... ele saia à irmã no gosto pela Natureza, por
andar a pé, pela vida ao ar livre...
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