sábado, 10 de maio de 2025

Repalmilhando o Aqueduto da Água da Prata

Há exactamente 10 anos, em Março de 2015, o Grupo de Caminheiros Gaspar Correia comemorou os seus 30 anos de actividades em Évora, percorrendo o trilho daquela que foi a principal fonte de abastecimento de água à cidade. Dez anos depois, repalmilhámos o Aqueduto da Água da Prata ...
10.04.2025 - Quatro prospectores tinham ido reconhecer o terreno
quais formigas no carreiro da alegria, da amizade... da Vida! E para isso ... 4 prospectores foram reconhecer o trilho, um mês antes da caminhada, a 10 de abril ... para que a 10 de maio cerca de meia centena de "gasparitos" pudessem avançar.
E assim, antes das dez e meia da manhã, estávamos a começar uma bela caminhada, no final da estrada do Senhor dos Aflitos. O dia alternou entre o Sol e céu limpo ... e alguns borrifos para alegrar o decano do grupo e mentor desta caminhada. Nada que impedisse nada... principalmente a diversão.
Coloridos são os campos alentejanos... 10.05.2025, 10h50
Seguindo a água da prata. a caminho de Évora
Clique para ampliar ou aqui para ver no Wikiloc
Pouco depois das três estávamos em Évora. Tal como tínhamos verificado um mês antes na prospecção ... a parte final do PR está bastante descuidada, obrigando a um pequeno troço de mato (e arames...) para ir ter à estrada Évora - Arraiolos. Infelizmente muitos municípios inauguram os seus percursos pedestres com "pompa e circunstância" ... mas depois não cuidam da respectiva manutenção. Há 10 anos, atravessámos a Quinta da Manizola no regresso a Évora, o que agora se revela manifestamente impossível.
Em Évora, a actividade terminaria com uma componente cultural, com uma visita à Universidade, a segunda a ser fundada em Portugal.
E terminámos a actividade com uma visita à Universidade de Évora, a 2ª Universidade fundada em Portugal, em 1559
Ainda que a ideia original para a sua criação tenha pertencido a D. João III, a concretização coube ao Cardeal D. Henrique. Interessado nas questões de ensino, começou por fundar o Colégio do Espírito Santo, confiando-o à então recentemente fundada Companhia de Jesus. Quando a conjuntura política e cultural de meados do século XVIII se começou a revelar hostil aos jesuítas, a Universidade de Évora transformou-se num alvo da política reformadora e centralista do Marquês de Pombal. Em 8 de Fevereiro de 1759 - duzentos anos após a fundação - a Universidade foi cercada por tropas de cavalaria, em consequência do decreto de expulsão dos jesuítas. Em 1973, por decreto do então ministro da Educação, José Veiga Simão, foi criado o Instituto Universitário de Évora, que viria a ser extinto em 1979, para dar lugar à nova Universidade de Évora.

domingo, 27 de abril de 2025

Serra Amarela, Rio Lima e Serra d'Arga...

... ou três dias de um banho de Natureza, com os Caminheiros Gaspar Correia

Não foi a primeira vez que um certo casal, fundadores do Grupo de Caminheiros Gaspar Correia, organizou uma actividade numa das minhas "terras natais": o Parque Nacional da Peneda-Gerês, especialmente, e o Minho de uma forma geral. Apenas oito meses depois da minha adesão
Prémio "Caminheiro Revelação do Ano 2002/2003, 28.06.2003
à "família gasparita" ... lá estávamos nós Entre os fojos da Cabreira e do Gerês ... naquela que foi a primeira caminhada da minha pequena arraiana ... no difícil ano de 2003. Poucos dias depois e para minha surpresa ... recebo o prémio de "Caminheiro Revelação do Ano 2002 / 2003"! Uma lindíssima e original peça em pedra, de autoria de um dos veteranos do Grupo, que claro que guardo religiosamente. Mais do que a originalidade da obra, é um símbolo da Amizade e companheirismo que encontrei nesta "família".
Tudo isto a propósito do autêntico banho de Natureza que a Margarete, o Augusto, o Bruno, filho deles, e os seus dois ajudantes de campo, proporcionaram a meia centena de caminheir@s neste fim de semana prolongado. O que os nossos olhos viram e o que Vivemos nestes três dias ... ficará para sempre gravado entre os melhores momentos e as melhores actividades que alguma vez se me ofereceram, dentro ou fora do Grupo de Caminheiros Gaspar Correia.
Germil, Serra Amarela, 25.04.2025 - Isso mesmo ... 11 anos depois voltei a Germil...
Quando soube que a primeira caminhada destes três dias era em Germil, no coração da Serra Amarela ... senti um aperto no coração. Em novembro de 2014 estive em Germil pela primeira e única vez, numa memorável Travessia da Serra Amarela ... na senda de Miguel Torga. Lá estava o Abrigo da Associação Péd'Rios, em que há 11 anos dormi com mais 15 montanhistas daquela actividade ... onde encontrei a célebre frase "Happiness is only real when shared ", ligada às aventuras, à vida (e à morte...) de Chris McCandless ("Into the wild "). A vida é feita de partilhas! Da partilha de paixões, de momentos, de vivências, de Amizades ... da partilha da Felicidade! O desafio havia sido lançado por dois companheiros do meu 1º Caminho de Santiago ... e conheci em Germil a companheira dos meus 8 Caminhos de Santiago seguintes. Mas a Vida é feita de ilusões e desilusões. Em 2021 fiz o meu 1º Caminho a solo ... e em 2021 fiz também o meu 1º Caminho com a companheira do Caminho da Vida.
Trilho de Germil
PR 6 PTB (Trilho de Germil) ... um autêntico
mergulho na Natureza
A carqueja da Serra Amarela a fazer jus ao topónimo
Mas ainda íamos descer ao vale da ribeira de Portomalho, com o Fojo do Lobo de Germil ao fundo
Ribeira de Portomalho
Há duendes e animais pré-históricos no bosque...
Calçada de Germil
Pela velha calçada de Germil de Baixo, às seis da tarde
estávamos no ponto de partida, com pouco mais de 8 km
percorridos, mas maravilhados... diria até deslumbrados!
           
Trilho dos Açudes (Rio Lima)
A caminhada de sábado era completamente diferente ... mas não menos bela. Da montanha passávamos ao rio, acompanhando o Lima entre Ponte da Barca (a nossa base nestes dias) e Ponte de Lima.
O Rio Lima em Ponte da Barca, 26.04.2025, 10h15
 O Trilho dos Açudes acompanha o rio entre as duas cidades, numa extensão de sensivelmente 18 km, onde se sucedem os locais aprazíveis, alimentados pela água e pelo verde. Quase logo à partida surge-nos a foz do rio Vez, vindo das alturas do "Tibete português", Sistelo.
Ao longo da Ecovia dos Açudes, num magnífico sábado de Primavera
Próximo de Gemieira, sensivelmente aos 10 km de percurso... pareceu-nos ter uma miragem. Alguém estava a distribuir copos de uma autêntica poção mágica... leia-se um divinal verde branco fresquíssimo! E, a complementar, uma também divinal broa! Com aquele néctar, levado, claro, pelos colaboradores da caminhada ... quase que já não precisávamos de almoçar. Mas pouco mais a jusante lá parámos e as sandes e outros pitéus saíram das mochilas.
E pelas 16h30 estávamos em Ponte de Lima, com 18 km percorridos numa tarde esplendorosa
Estátua equestre de Decimus Junius Brutus, na margem direita do Lima, revivendo a lenda do Rio Lethes
Quando, em 135 a.C., as legiões romanas chegaram à margem esquerda do rio, a beleza do lugar convenceu os soldados que tinham atingido o Lethes - o mítico Rio do Esquecimento - cuja travessia apagaria toda a memória. O comandante da legião atravessou para a margem direita e, sem hesitar, chamou os soldados um a um pelos seus nomes, para provar que a memória sobrevivera à travessia.
E em Ponte de Lima tínhamos à espera a Tuna “Musicatta Contractile”, da Faculdade de Desporto da Universidade do Porto... precisamente a Tuna a que pertence o nosso guia Bruno Almeida. E mais não escrevo... vejam ao que me refiro, no vídeo desta fabulosa actividade, no final da crónica...
Trilho das Cascatas do Pincho
Domingo! O último dia deste fim de semana prolongado estava dedicado à encosta sul da Serra d'Arga, mais concretamente ao trilho do Pincho, o PR 5 de Viana do Castelo. Numa zona completamente virgem para mim (sim, ainda há muitas...), estava à espera de bonitas paisagens de serra com uma ou outra cascata ... mas o que ali se nos deparou ultrapassou de muito longe as expectativas! O Rio Âncora precipita-se em sucessivas e espectaculares quedas de água que, no meio de denso bosque ... nos faziam lembrar as cachoeiras da região de Bonito ... no Pantanal brasileiro.
O Rio Âncora ao longo do Trilho do Pincho e das sucessivas cascatas ... ou serão cenas de um Paraíso?...
Só dispúnhamos da manhã e havia que regressar a Lisboa. A caminhada foi a mais curta das três, apenas 4 km, entre as aldeias de Amonde e Espantar ... provando se fosse necessário que os percursos pedestres não se medem nem se classificam por quilómetros. Estes 4 km foram, sem dúvida, o melhor dos complementos para uma actividade toda ela fabulosa!
Aldeia de Espantar, 12h25 ... no final de 3 dias de espanto!
E o espanto terminou no Café Caçana, um acolhedor café e restaurante de aldeia, com petiscos típicos do Minho e uma bebida de que nunca ouvira falar, o champarrião, algo parecida com a sangria. E foi com esse convívio e gastronomia que encerrámos estes três dias de uma actividade que ficará seguramente para os anais das mais fabulosas desta "família" caminheira com 40 anos de pedestrianismo ... e de são convívio e Amizade!
Feitas as despedidas do Bruno e ajudantes, seguiu-se a longa jornada de autocarro até à capital ... que no dia seguinte iria ficar às escuras quase todo o dia...
Veja o vídeo destes 3 dias fabulosos em terras minhotas ... com muita Amizade e camaradagem
E veja no Wikiloc as três caminhadas efectuadas: Germil, Rio Lima e Cascatas do Pincho