quinta-feira, 20 de agosto de 2020

Trilho do Manego, em terras de Vale de Espinho e Quadrazais

A "Rotas e Raízes" e a Junta de Freguesia de Quadrazais inauguraram recentemente um percurso circular de cerca de 14 km ao longo das margens do Côa, na freguesia de Quadrazais.
Ponte suspensa sobre o Côa, 20.Ago.2020
São trilhos que davam acesso aos recantos do rio e aos moinhos que outrora faziam a farinha que alimentava as famílias. Trilhos que já percorri diversas vezes - nomeadamente na minha descida pedestre do Côa no concelho do Sabugal - mas que agora foram preparados e sinalizados, além de enriquecidos com três pontes suspensas, a grande novidade da região. Não podia, portanto ... deixar de percorrer o "Trilho do Manego", como foi baptizado, fazendo referência à gíria quadrazenha, linguajar intensamente utilizado pelos habitantes de Quadrazais, sobretudo por contrabandistas e passadores, para iludir a guarda fiscal e os carabineiros. A partir do meu "retiro" de Vale de Espinho, claro que aos 14 km acrescentei os cerca de 4 km que unem as duas freguesias, o que com a ida e o regresso totalizou uma bela caminhada de 22 km.
O Côa junto à praia fluvial de Vale de Espinho, 20.Ago.2020, 11h35
Moinho da Ervaginha
     
Viveiros TrutalCôa: aqui vai começar o trilho propriamente dito
O troço entre a praia fluvial de Vale de Espinho e a TrutalCôa ... foi "a salto", como várias outras vezes que já o percorri. Obstáculos dignos de registo é contudo apenas o mato na zona do açude dos Urejais, até ao pontão. Curiosamente, o Trilho do Manego percorre um pequeno troço no interior daquele complexo, junto ao espaço de lazer ribeirinho. Levava o track GPS disponibilizado no Wikiloc, mas desde logo verifiquei que o percurso está bem assinalado ... embora infelizmente em muitos pontos com fitas penduradas. Urge substituí-las por mariolas ou placas indicativas, como em múltiplos outros locais.

Trilho do Manego entre a TrutalCôa e
Quadrazais: primeira ponte suspensa
A primeira ponte suspensa, a jusante do Moinho da Escaleira, levou-me à margem direita do Côa e à estrada. Pouco depois entra-se em Quadrazais  ... onde as ruas estavam desertas.

Quadrazais: Chafariz, Igreja Matriz e respectivo largo e a "Casa do Manego", turismo rural 
De Quadrazais o percurso segue para poente, em direcção à barragem do Sabugal. É o troço menos bonito, mas ao qual se seguem maravilhosas paisagens ribeirinhas, já de regresso, subindo o curso do Côa, que se atravessa por duas vezes noutras duas pontes suspensas, junto ao Moinho das Poldrinhas e ao Vale Cabreiro. O cantar da água acompanha-nos neste belíssimo troço.

De novo próximo de Quadrazais, o trilho acompanha o Côa rumo à grande açude e Moinho da Mursa, cruzando quase logo a seguir a GR do Vale do Côa e continuando para a praia fluvial de Quadrazais. A partir daí, o percurso do Trilho do Manego regressa à TrutalCôa desde pouco a montante da primeira ponte suspensa; aí decidi fazer uma variação, regressando a Vale de Espinho pelo trilho que passa entre o rio e o Alto da Vinha, cruzando depois a ribeira do Alcambar próximo da Ponte Nova.
 
A caminho e junto à açude do Moinho da Mursa
Moinho do Salgueiral
E rumo à praia fluvial de Quadrazais
Capela do Espírito Santo, próximo da praia fluvial
Para não repetir caminho, segui ainda o trilho da açude e Moinho da Ponte Nova e deste para o Moinho do Rato ... onde "as pedras que não envelhecem" continuam a ver passar os tempos sem que ninguém as restaure. Para cúmulo ... na margem esquerda do rio foi construído um aberrante muro de cimento pintado de branco! Até assusta! O "meu" Moinho do Rato ... perdeu grande parte do encanto e do misticismo que a ele me prendiam... 😞
O Côa junto ao Moinho da Ponte Nova
Pontão de poldras do Moinho do Rato. As "pedras que não envelhecem" ... envelhecem na água...
Quinze minutos depois das cinco da tarde estava de regresso ao meu retiro raiano. A Covid levou à maior estadia dos últimos anos nestas terras que um dia adoptei e me adoptaram. Ao longo de 4 semanas, além da minha "estrela arraiana" por cá passaram os filhos, noras e netos. Fui ver nascer o Sol ao Cabeço Melhano ... fomos dormir às Fontes Lares ... voltei lá duas semanas depois ... e culminei com o trilho do Manego; menos de 70 km a pé em 4 semanas é pouco, muito pouco ... mas também a Vida não é só andar a pé... 😊 Vale de Espinho e terras raianas ... até à próxima.

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1 comentário:

Rui Cortes disse...

Mais um lindíssimo percurso que vou ter em conta quando me reformar...ou seja, dentro de 3-4 meses. Tenho é demasiadas ideias a partir deste excelente blog...