domingo, 26 de janeiro de 2020

X Marcha Nacional de Montanha

Travessia da Serra do Alvão: Campeã - Ermelo - Monte Farinha

À semelhança dos dois anos anteriores, participei na Marcha Nacional de Montanha da FPME - Federação Portuguesa de Montanhismo e Escalada - este ano na sua X edição e organizada, como sempre, pelo Grupo de Montanhismo de Vila Real.
E ... que fim de semana! Decididamente ...
"Eu sou lá dos montes
Sou das frias serras onde primeiro o Sol nasceu
E onde os rios ainda são apenas fontes." ...
                                                   (Branquinho da Fonseca)
O programa era aliciante: uma travessia invernal da Serra do Alvão, com uma primeira etapa completamente diferente da do ano anterior, no sentido sul/norte, a começar na aldeia de Quintã, na margem do rio Sordo, e uma segunda etapa que me parecia, à partida, idêntica à IX edição, entre a Capelinha do Fojo, próximo das Fisgas de Ermelo, e a terminar no cume da Senhora da Graça (Monte Farinha). Mas mesmo esta segunda etapa pouco teve de comum com a de há um ano ... e ambas se definem numa única palavra: fabulosas! Outra aliciante: nesta X Edição da Marcha de Montanha, entre muitos outros amigos e companheiros de "aventuras", tive a companhia de nada menos de três dos meus "manos" ... irmãos que o Universo trouxe aos meus caminhos ... ao Caminho da minha Vida!
Próximo de Quintã, margem direita do Sordo, 25.Jan.2020, 8h20 - Vai começar a X Marcha Nacional de Montanha ...
... com o habitual briefing do Presidente da FPME
À semelhança do ano passado, a base logística foi em Mondim de Basto, no acolhedor Hostel Carvalho. Sábado bem cedo os carros foram ficar junto à Capelinha do Fojo, de onde o autocarro da organização nos levou para Quintã, início da marcha ... início de duas etapas fabulosas de uma fabulosa travessia. Se me pedissem agora para caracterizar em poucas palavras o que foram estas duas jornadas pedestres, as minhas palavras seriam: montanha, verde, água, horizontes ... magia!...

Montanha, verde, horizontes ... magia! Entre Quintã, Pêpe, Mascoselo, rumo a Pardelhas
Rumávamos ao vale do Rio Olo, de sul para norte, cruzando pequenas aldeias, subindo e descendo ... descendo e subindo, por vezes por entre muros cobertos de musgo ... por vezes à espera de nos cruzarmos com fadas e duendes ... com espíritos do ar e da terra. Mas o que nos surgiu ... foi um autêntico géiser! Não um géiser natural, termal ... mas um furo numa conduta de onde jorrava água a largos metros de altura e desenhando no ar as cores do arco íris, próximo de um portal rochoso que mais parecia uma passagem para um qualquer universo paralelo.
Um géiser ... ou uma passagem para outra dimensão?
(Foto da direita: Alexandra Lopes)
O almoço foi na antiga Escola Primária de Pardelhas. Mais uma vez ... uma  tradicional feijoada transmontana ... como "combustível" para os cerca de 10 km que ainda faltavam.
Pardelhas, 12h50 ... onde nos esperava
a tradicional e mui saborosa feijoada
Um ziguezaguear contínuo levou-nos a descer à Ribeira do Sião, para depois subir rumo a Ermelo. À magia da montanha, do verde e dos horizontes ... juntava-se cada vez mais a magia da água! Estávamos mesmo nas "frias serras onde primeiro o Sol nasceu ... onde os rios ainda são apenas fontes."

Descida de Pardelhas para a Ribeira do Sião, afluente do Olo
No coração do Alvão ... e no coração de um reino mágico, a viver um sonho!...
Em Ermelo faríamos a última paragem da primeira etapa. Tínhamos o vale do Olo para atravessar ... e a encosta norte para subir, à vista das Piocas e não longe das Fisgas de Ermelo ... enquanto o Sol descia num esplendor de cor. Com 20,150 km percorridos e mais de mil metros de desnível acumulado, às 17h45 estávamos de regresso aos carros, guardados pela singela Capelinha do Fojo.

Descida de Ermelo para o Rio Olo
E subida para o Fojo ... enquanto o Sol se punha numa paleta como nenhum pintor pinta
Como também é de tradição, em Mondim de Basto os participantes juntaram-se em jantar convívio, com a entrega dos troféus aos Clubes representados. Pelo terceiro ano consecutivo, representei o Clube de Montanhismo da Guarda nesta X Marcha de Montanha ... e trouxe o respectivo troféu.
A família não é
só a biológica...
No jantar convívio em Mondim de Basto, com o Presidente da FPME e o staff  organizador
Domingo retomaríamos a marcha no mesmo local. Tal como na edição de 2019, a segunda etapa era a ligação dali ao cume da Senhora da Graça ... mas só os primeiros poucos quilómetros foram idênticos. A partir do açude das Mestras, onde o Rio Cabrão se junta ao Rio Cabril, todo o percurso foi diferente ... e todo o percurso foi uma sucessão de magia indescritível ... um reino da água, do verde e da pedra.
Junto ao Rio Cabrão, próximo da aldeia de Covas, 26.Jan.2020, 09h05
Com o Monte Farinha ainda tímido
e coberto, descemos para o vale do Cabril
O Rio Cabril no Açude das Mestras ... e uma foto de quase família... 😊
Seguindo desta vez o percurso PR7, acompanhámos o curso do Cabril ao longo de uma magnífica levada a lembrar as da Madeira. O verde e a água acompanhavam-nos, à medida que o céu se ia limpando das nuvens iniciais. Antes das onze estávamos a subir para Vilar de Ferreiros.


Através do paraíso...
Ribeira da Velha, afluente do Cabril
E continuamos
no paraíso...
Vilar de Ferreiros, 11h05
Vilar de Ferreiros marcaria a base da dura ascensão ao Monte Farinha, pela vertente sul. Já quando da IX Marcha de Montanha contei aqui uma das mais conhecidas lendas deste cone que se eleva a 942 metros de altitude sobre as terras de Basto ... e mais uma vez tinha Santiago à minha espera no topo e no Santuário da Senhora da Graça. Santiago é venerado no Monte Farinha, no seu dia, 25 de Julho, por ficar na rota dos Peregrinos provenientes do Santuário de Panoias que rumavam a Compostela.

Subida de Vilar de Ferreiros ao cume do Monte Farinha ... ao encontro de Santiago
Santuário da Senhora da Graça, no cume do Monte Farinha ... e ao encontro de Santiago
Pouco depois da uma da tarde, com 31 km percorridos nos dois dias e mais de 1600 metros de desníveis acumulados, terminava a X Marcha Nacional de Montanha. Das três edições em que já participei ... foi sem dúvida a melhor. A organização está de parabéns ... e a fazer-nos a todos que participámos desejar mais e cada vez melhor. Até 2021...

Esta Marcha de Montanha foi e é também ... uma
Festa da Amizade, da camaradagem ... e da família 😊
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