quarta-feira, 30 de dezembro de 2020

Despedida de 2020 pela Serra do Zambujal ao Serves

Seis amigos ... uma vontade comum ... eu diria uma necessidade comum: caminhar ... apanhar ar ... espairecer! E esquecer ... esquecer este ano de 2020 que foi especial sim ... mas pelas piores razões.
A ribeira tem água ou vai secar?... 😂 (Foto e legenda: Fernando Damil)
E portanto, no penúltimo dia do ano ... juntámo-nos ali num cantinho quase colado ao MARL ... numa área urbana da grande urbe ... para irmos caminhar por um bocadinho de serra onde mesmo assim ainda é possível encontrar trilhos ... bosques ... cascatas ... e muita lama... 😉
O Fernando Damil, que sabe os santos dos dias todos, diz que hoje foi dia de São Rugero ... e nós acreditamos nele. E o São Rugero deu-nos um dia de bom Sol, intervalado de algumas nuvens.
Saindo do Quintanilho, ali quase em Vialonga, rumámos a oeste contornando o MARL, em direcção à aldeia do Zambujal e ao vale do Trancão. A várzea espraiava-se aos nossos pés, do Tojal ao Caminho dos Peregrinos, com o Pico da Aguieira e Unhos do lado de lá.

Do Quintanilho aos Moinhos do Zambujal, na encosta sul da Serra do Serves ... para depois subir o vale do Trancão
Trilho a meia encosta poente da Serra do Serves ... já com Bucelas ao fundo.
Estávamos agora a contornar as faldas da margem esquerda do Trancão. É quase impensável falar-se em trilhos de denso bosque ... no qual a Madalena se apercebeu que tinha perdido um casaco ... que alguém tinha recolhido ... mas avisando só quando já estávamos a voltar para trás numa tentativa de resgate... 😂. E começávamos a ver também Vila de Rei ... a zona do arinto.


Por belos trilhos que acompanham a margem esquerda do Trancão, chegamos à vista das terras do arinto
Agora ... era a subir a bom subir a encosta norte do Serves
Pouco depois da uma da tarde estávamos no cume do Serves, a 351 metros de altitude. Perdi a conta às vezes que já ali subi, mas a panorâmica é sempre sublime. Deixamos os campos de Bucelas e, a poente, o maciço vulcânico de Lisboa, para se abrir, a sul, o vale do Tejo, a Ponte Vasco da Gama e mesmo, ao fundo, o perfil da Arrábida, com o morro de Palmela igualmente recortado. As nuvens que se tinham concentrado, algumas cores já de pôr-do-Sol quatro horas antes dele, tudo nos fazia sentir ... que íamos entrar no paraíso. E de certo modo íamos ... a descida seria pela Mata do Paraíso!

Cume do Serves (351m alt.), 30.Dez.2020, 13h10
Descida do Serves, com a panorâmica do Tejo, Ponte Vasco da Gama e Arrábida ao fundo

Descida do Serves, ao encontro da Mata do Paraíso
Ainda não eram três da tarde estávamos na cascata da Mata do Paraíso ... a menos de 500 metros de fechar a caminhada circular em que conduzi os meus cinco companheiros, nesta última "aventura" de um ano ... especial! FELIZ 2021 !
Cascata da Mata do Paraíso

(Clique aqui para ver o álbum completo de fotos)

sexta-feira, 18 de dezembro de 2020

Dos Sapais de Pancas aos Picos da Avessada (Malveira)

O que é que os sapais de Pancas terão a ver com a aldeia da Avessada, no Concelho de Mafra? Nada ... a não ser o facto de os ter percorrido em dois dias seguidos, respectivamente de bicicleta e a pé.
Lezíria de Vale de Frades, entre Alcochete e Pancas,
17.Dez.2020, 12h00
Ontem, a "sócia" e uma nossa amiga de há muitas luas perguntaram-me se eu queria ir com elas ao Freeport. Eu respondi que sim ... desde que as compras fossem compatíveis, no carro ... com a minha bicla... 😊
E assim, fiz 38 km em três horas, entre Alcochete e a foz do Sorraia, lado sul, frente à Ponta da Erva, passando pelos Montes de Vale de Frades e Pancas. Belo passeio ... e fiquei espantado com a quantidade de flamingos nas marinhas e salinas do Vasa-Sacos, praticamente em frente da Ponta da Erva.
Monte de Pancas, 17.Dez.2020, 12h20
Marinhas e salinas do Vasa-Sacos ... e sim, lá ao fundo é mesmo um enorme bando de flamingos!
Ao fundo, à esquerda, para lá do Sorraia,
está a velha casa da Ponta da Erva
Salinas do Vasa-Sacos
... mais flamingos!
Despedida das marinhas e salinas. Depois ... foi pedalar de regresso ao Freeport... 😋
(Clique aqui para ver no Wikiloc)

Pelos picos da Avessada (Malveira)

No dia seguinte a 38 km de bike ... que tal 24 km de botas?... 😉 Era essa a proposta do Fernando Damil para os 5 meninos e uma menina que já andaram por terras de Torres Vedras e outras.
Avessada, 18.Dez.2020
(Foto: Madalena Estácio Marques)
Desta vez, contudo, a "aventura" seria centrada na aldeia de Avessada ... a aldeia que inspirou o Pedro Barroso para a sua belíssima composição para guitarra clássica, violoncelo e flauta a que deu o nome desta aldeia - Avessada.
No seu álbum "Cantos à Terra-Madre", escreveria:
    "AVESSADA
    Terra sem estrada do concelho de Mafra, onde subitamente
    me ocorreu uma melodia antiga com que minha trisavó
    me embalava, inda que cem anos antes de eu nascer.
"
E assim, embalados pela mágica composição do saudoso Pedro Barroso, antes das nove da manhã estávamos a partir da Avessada ... para uma montanha russa de subidas e descidas pelos picos maioritariamente a sul da aldeia, entre a Venda do Pinheiro e Negrais. E saímos rumo precisamente ao primeiro pico, o do Monte Leite (390m alt.), debruçado sobre a Malveira ... para logo descermos para a Asseiceira Pequena e a encosta nordeste do Montemuro. Ao fundo, a leste, via-se o Cabeço de Montachique; à Madalena lembrava-lhe o Pico do Pico!

Avessada, 18.Dez.2020, 8h50
Uma úvula natural, na encosta da Monte Leite
No Cabeço do Leite (390m alt.), com a Malveira aos pés
E se subimos ... há que descer...
E descer ... a bom descer...
Por entre a neblina surge ao fundo o Cabeço de Montachique ... qual Pico a emergir de um oceano imaginário
Bordejando a encosta norte e noroeste do cume do Montemuro, o nosso guia Damil meteu-nos pelo "trilho do carrocel" ... e que fabuloso trilho ali fomos encontrar, por entre frondoso bosque onde só faltavam as fadas e duendes! Lá em baixo corria a ribeira de Rogel, que cruzaríamos entre a aldeia do mesmo nome e a subida para Santo Estevão das Galés.


Não vêem as fadas e duendes?
Mas ele(a)s estavam lá...
No fabuloso Trilho do Carrocel e descida para a aldeia e ribeira de Rogel
As barriguitas iam começando a dar horas ... e apontámos à Igreja de Santo Estevão das Galés para o almoço ... que além de matar a fome também encheu a Alma de dois velhos "incas" que ficaram para trás, a ouvir as histórias da Dª Maria do Rosário, uma daquelas aldeãs que parecem saídas de um romance ... ou de um portal no espaço-tempo. Seria ela ... a trisavó do Pedro Barroso?...
Subida para Santo Estevão das Galés
(Foto da dir.ª: Madalena Estácio Marques)
Junto à Igreja de Santo Estevão das Galés, de certeza que a Dª Maria do Rosário era a trisavó do Pedro Barroso ... ou a tia Jú da "minha inca" Madalena ... a tia que, segundo ela ... "era uma "gatinha" ao sol a olhar a Serra e a árvore escultura do jardim..."
Depois do almoço ... os ventos mudaram ... e trouxeram nuvens escuras. Mas fomos sempre confiando no nosso São Pedro ... que não nos abandonou. Descemos quase a Negrais, à linha do Oeste, ao vale do Lizandro. Mas faltava-nos ... a maior subida do dia ... a dos Moinhos do Funchal (415m alt.)
O dia também foi ... no Reino dos Fungos...
Rio Lizandro, próximo de Mafra-Gare
Seguindo a linha do Oeste e o Lizandro ...

Do Lizandro subimos aos Moinhos do Funchal. Havia quem estivesse
um bocado para o exausto ... e com fome, até porque o dia ...
esse também se virou um pouco do avesso...
... mas nada que nos tivesse assustado ... até porque no fim era tudo a descer 😊
Pelas quatro e meia de uma tarde cinzenta (mas em que apenas fomos borrifados por uma chuva passageira), estávamos a entrar de novo na Avessada, com 24 km nos pés. Na descida, as exaustões passaram. Na descida ... e em frente das belas bifanas que se seguiram no Café "O Toureiro" 😋
16h15 ... e estamos quase de regresso à Avessada, com 24 km nos pés
(Clique aqui para ver o percurso no Wikiloc)
No fim de uma bela jornada ... marcharam umas belas bifanas 😊
(Clique aqui para ver o álbum completo de fotos)

E assim nos despedimos ... e assim aproveitámos para celebrar a Amizade ... nas vésperas do Natal deste tão estranho ano de 2020 ... o ano que eu imaginara especial! FELIZ NATAL para todos, na medida do possível ... é o que o autor destas linhas e destes "instantâneos de ar livre" com 50 anos vos deseja!