segunda-feira, 28 de junho de 2021

Para lá da Marvana ... seguindo as águas do Rio Torto e do Bazágueda

Já várias vezes aqui falei da Marvana e das suas estórias e lendas. No sudeste da Serra da Malcata, a Marvana destaca-se sobre terras extremeñas, a nascente, equanto o Rio Torto nasce na sua encosta sudoeste, fazendo fronteira desde o marco 673 até à sua foz no Rio Bazágueda.
28.Jun.2021 - Pouco passava das 6h00 quando comecei, na fronteira
do Rio 𝗧𝗼𝗿𝘁𝗼, junto à estrada Valverde - Penamacor
Ao longo dos meus mais de 40 anos de "descoberta" destas terras, tanto o cume da Marvana como o curso do Bazágueda conhecem-me bem; ainda em Março passado "descobri" as nascentes deste último ... e tantas e tantas vezes me deliciei nas suas margens, na Quinta do Major, no Casal do Rato, nas açudes do Moinho do Pinheiro; e em Janeiro passado "descobri" a captura fluvial do Bazágueda, que o fez inflectir para sul, rumo ao Erges, invertendo a sua direcção NE/SW e modificando-a para NW/SE.
Para lá da Marvana ... nunca me tinha contudo "aventurado", a não ser em breves incursões quando tinha o meu "burro" (leia-se o meu velho UMM). Nunca tinha subido por exemplo ao cume da Marvaninha, a "irmã" portuguesa da Marvana, já que o cume desta última é já do lado de lá da raia. Assim ... delineei uma caminhada a solo, visando essencialmente a Marvaninha, o curso do rio Torto, e, principalmente, o curso do Bazágueda a sul da Malcata. Ainda "sonhei" segui-lo mesmo até à sua foz no Erges, próximo das ruínas de Salvaleón ... mas esse troço teve de ficar para outra "expedição".
Marco de fronteira 673, entre o Madrão e a Nogueira. Daqui para sul a fronteira é definida pelo rio Torto
À medida que subo os horizontes abrem-se ... e entro pelo sul na Reserva Natural da Serra da Malcata
Continuo a subir a bom subir,
enquanto a Lua desce no horizonte
Cume da Marvaninha (839m alt.), 8h55
Da Marvaninha desci para o vale do Bazágueda. Na primeira destas três fotos, ao fundo, o morro de Monsanto
Se com o rio Torto fiquei apreensivo com a muito pouca água, o Bazágueda pelo contrário satisfez-me pela positiva ... e pela extraordinária beleza do seu curso. Comecei a acompanhá-lo junto ao Moinho Conselheiro, rumo a sul e à estrada Penamacor - Valverde, passando pelos Moinhos do Quarta, do José Cavalheiro e do Maneio, reconvertidos em unidades de turismo local.

Moinho do Quarta e Moinho do Maneio, na margem direita do Bazágueda
Cruzada a estrada Penamacor - Valverde, seguiu-se a barragem do Bazágueda e o Parque de Campismo Municipal de Penamacor, no sítio do Freixial; almocei junto à entrada ... e continuei a minha descida pedestre do curso do rio, inicialmente pela margem direita, numa sucessão de locais paradisíacos. Passado o sítio das Águas de Verão e as ruínas do Moinho Fundeiro, querendo seguir o mais possível o rio ... acabaram-se os trilhos. Um pequeno pontão permitiu atravessar para a margem esquerda, seguindo-se um troço a corta mato, contudo baixo e sem grandes dificuldades.

Barragem do Bazágueda, a sul da estrada Penamacor - Valverde, com o que resta da velha ponte
O Bazágueda junto ao Parque de Campismo
do Freixial (Municipal de Penamacor)
Sucedem-se os recantos paradisíacos nas margens do Bazágueda, à medida que caminho para nascente
Pouco depois das duas da tarde tinha o Bazágueda à minha direita e o vale do rio Torto à esquerda, fazendo fronteira. E encaminhava-me a passos largos para o ponto onde o segundo desagua no primeiro, passando-lhe o testemunho do limite entre os dois países. Mas a foz do rio Torto era também o ponto onde, a 19 de Abril de 2013, atravessei o Bazágueda a vau, ao fazer 40 km (de Vale de Espinho a Penha Garcia) para comemorar os 40 anos em que conheci a aldeia que adoptei e me adoptou.

O Bazágueda junto à foz do rio Torto, 15h15.
Há 8 anos passei-o aqui a vau ... hoje também, mas não foi preciso descalçar as botas 😊
Continuando a descer o Bazágueda, agora fronteira, tinha "sonhado" chegar à foz no rio Erges (Erjas, enquanto o rio é "espanhol") ... mas a "aventura" iria chegar ou ultrapassar os 50 km; e 50 km durinhos ... seriam duros; estava a mais de 5 km do carro ... e sabia haver poucos ou nenhuns trilhos...

Dir-se-ia que estava no Alentejo. O regresso foi maioritariamente pelo lado espanhol ... e maioritariamente sem trilhos...
De regresso ao vale do rio Torto
(praticamente seco) e à fronteira
Rio Torto e, já do lado português ... mais um pouco de corta mato
Eram cinco horas quando cheguei ao carro, que tinha ficado a descansar na fronteira. Para acabar em estilo ... o corta mato pouco antes do final foi o mais penoso: esteva mais alta do que eu, cerrada; a vontade de terminar já era grande ... nem tirei fotos no meio do esteval. Mas a jornada foi um alimento profundo para o corpo e para o espírito. Um dia ... qualquer dia ... prosseguirei para sudeste ... chegarei a Salvaleón e à foz do Bazágueda no Erges ... e então terei percorrido praticamente todo o curso do primeiro.
Salvaleón ficou para uma próxima "aventura"
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sexta-feira, 25 de junho de 2021

Trilho do Manego 2021

Em Agosto de 2020 fui ao encontro do Trilho do Manego, aberto pouco antes pela "Rotas e Raízes" e a Junta de Freguesia de Quadrazais. Agora, menos de um ano depois, fui mostrá-lo ao Zé Rey e à Marie, os amigos de Crasto de Campia com quem, em Janeiro último, já tínhamos feito um grande brinde à Vida e à Amizade e que agora nos brindaram com uma pequena estadia no nosso "retiro raiano"! Em dia de S. João ... levei-os às Fontes Lares e a alguns lugares icónicos do concelho.
Ao fundo a Capela do Espírito Santo, junto à
praia fluvial de Quadrazais, 25.Jun.2021, 9h00

Percorremos apenas 9 km do Trilho do Manego, na minha opinião os mais bonitos, exceptuando quando muito o troço ao longo da estrada entre Vale de Espinho e Quadrazais. O trilho continua de grande beleza, com as suas três pontes suspensas e os troços ribeirinhos do Côa. Falta contudo manutenção e limpeza de mato, particularmente à saída da ponte suspensa a nascente de Quadrazais, onde somos obrigados a derivar para a estrada antes do que era necessário. Acredito que brevemente seja feita a limpeza, tanto mais que a porção que fizemos do restante percurso está impecavelmente limpa.
Desta vez a "base" foi na praia fluvial de Quadrazais, rumando à nossa primeira ponte suspensa, depois da qual tivemos de caminhar ao longo da estrada, até à Fonte e ao Largo da Igreja.
Ponte suspensa próxima das ruínas do Moinho da Escaleira. Depois ... tivemos de ir directos à estrada.
Igreja Matriz de Quadrazais, onde nidificam as cegonhas.
À esquerda: o trilho precisa de limpeza de matos,
a poente de Quadrazais
Poldrinhas no Côa, a poente de Quadrazais
Subindo o Côa, na zona do Vale Cabreiro: mais duas pontes suspensas
De regresso à praia fluvial de Quadrazais, 11h35, em fim de caminhada
Praia fluvial de Quadrazais
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