segunda-feira, 25 de abril de 2022

Regresso ao Gerês com o GCGC ...

... ou quando um abril de águas mil se transforma em três dias mágicos

Grande parte do Inverno passado ... pareceu Primavera ... e agora que vamos já com mais de um mês de Primavera ... parecia Inverno, com vento, frio, chuva ... e até neve! Mas as actividades calendarizadas e que implicam logística previamente reservada (autocarro, alojamento...) ... realizam-se faça Sol ou faça chuva. E assim ... a 350ª actividade dos Caminheiros Gaspar Correia estava calendarizada para este fim de semana prolongado ... nas "terras mágicas" do Cávado e do Gerês.
Próximo de Dume, Braga, 23.04.2022, 11h15
E que falta me estava a fazer, física e mentalmente, esta fuga para o "meu" Gerês. Inacreditavelmente, desde que cheguei do meu último Caminho de Santiago ... ainda só tinha percorrido, também com o GCGC, as "linhas no mar de vinhas" de Torres Vedras. Há muito que não estava parado tanto tempo. E o Universo, talvez sentindo o "outono" em que me sentia mergulhado, transformou três dias em que as previsões eram agrestes ... em dois dias de neblinas mágicas, muito pouca chuva ... e um dia de Sol a dar luz, côr e vida às paisagens!

Floridos e verdes são os campos, debaixo de um céu cinzento a borrifar chuva ...
... até chegarmos à margem direita do Cávado, entre a Ponte do Prado e a Ponte do Bico
A primeira caminhada foi próxima de Braga, tendo o Rio Cávado por cenário principal. Após a madrugadora e longa viagem desde Lisboa, fomos recebidos pelos dois colaboradores do casal organizador deste fim de semana a norte ... sendo que o dito casal é um dos fundadores do GCGC, há 37 anos, e um dos colaboradores ... é filho deles... 🤪
Ponte do Bico, sobre o Cávado, 14h15. Estávamos ... no meu 1º Caminho de Santiago...
Logo para começar, uma bela caminhada ... parcialmente em Caminhos de Santiago! Durante um pequeno troço estivemos no Caminho Central (variante de Braga) e na Ponte do Bico estávamos ... no Caminho Minhoto-Ribeiro, ou da Geira e dos Arrieiros ... o meu primeiro Caminho, em 2014 ... quando ainda nada havia ... quando desbravámos um "Caminho da Aventura".

Praia fluvial e Moinho de Adaúfe, já na margem direita do Cávado
Após o "ensaio" nas margens do Cávado, terminando perto de Amares, o destino eram agora as terras mágicas do Gerês. E a "base" no Gerês ... era a velhinha Pousada de Juventude de Vilarinho das
Rio Cávado (1ª caminhada) - Clique para ver no Wikiloc
Furnas. Quantas memórias aquela Pousada me traz ... quantas levas de alunos ali levei, nos anos áureos do "meu" ensino! Agora, nesta outra fase da Vida, do espaço e dos tempos, dali partimos para as actividades dos dois dias seguintes ... dois dias de caminhadas ... de convívio ... solidariedade ... brincadeiras ... Amizade! Obrigado Universo🙏
Pousada de Juventude de Vilarinho das Furnas,
24.Abril.2022, 09h00
Domingo, o dia começava pela visita ao Museu de Vilarinho da Furna. Como dizia Torga ... aquele era um dos "pequenos enclaves, não digo da paradisíaca felicidade, mas de humana e natural liberdade."...
Ponte de Eixões, sobre a Ribeira de Rodas, Campo do Gerês
Museu Etnográfico
de Vilarinho da Furna
Após a visita ao Museu, os organizadores tinham no programa parte do trilho da Águia do Sarilhão, com adaptações e começando pela subida ao miradouro da Junceda; mas a serra estava coberta de nuvens baixas e caía uma chuva muito ligeira, pelo que não iríamos ver nenhuma panorâmica. Assim, rumámos ao Parque de Campismo da Cerdeira, a seguir ao qual nos embrenhámos na mata da encosta do Sarilhão; dir-se-ia que estávamos num reino mágico dominado pelas neblinas, pela água e pelo verde.

No reino mágico do Trilho da Fraga do Sarilhão ... onde o Universo cabe em cada gota de água...
E descemos à velha estrada da Mata da Bouça da Mó ... estava de novo no Caminho de Santiago...
Cascata do Sarilhão
E aproximamo-nos do Rio Homem  e da albufeira de Vilarinho da Furna
Através de um Paraíso de água e de cores, chegamos à Barragem de Vilarinho da Furna
No Caminho da Geira Romana, ouvindo as explicações do nosso guia
E chegou a hora do almoço, na "praia" frente à submersa aldeia de Vilarinho da Furna
Depois do almoço, o regresso levaria à aldeia de múltiplos nomes: S. João do Campo, Assento, ou simplesmente Campo do Gerês. A chuvita há muito tinha passado, deixando-nos almoçar em paz junto à barragem e frente à Serra Amarela, onde a carqueja já lhe justifica o nome.

Da Barragem de Vilarinho da Furna a S. João do Campo, numa tarde em que as nuvens se iam dissipando
Águia do Sarilhão (2ª caminhada) - Clique para ver no Wikiloc
E como as nuvens se iam dissipando ... renasceu a ideia de, quem quisesse, ir à Junceda. O autocarro levou-nos ao cruzamento entre os cabeços da Calcedónia e de Lamas, de onde subimos pelo estradão das Silhas dos Ursos (PR11) até àquele famoso e velho miradouro, debruçado já sobre o vale das Caldas do Gerês. As panorâmicas que de manhã não teríamos visto ... agora estavam bastante abertas, desde o Pé de Cabril ao Borrageiro e à Pedra Bela, com a vila do Gerês aos nossos pés. Como nunca gosto de regressar pelo mesmo caminho, sugeri o regresso ao autocarro pelo PR6 (Trilho dos Miradouros) ... e a sugestão foi aceite 😊
Caminhada complementar, à tarde, desde próximo do imponente morro da Calcedónia
As Termas e a vila do Gerês, do Miradouro da Junceda
Junceda (3ª caminhada) - Clique para ver no Wikiloc
Eram quase sete horas quando regressámos à Pousada de Juventude. O banho foi rápido, já que havia um horário de jantar ... e que jantar! Mas à noite, para muitos ... ainda houve forças para um karaoke movimentado...😜
E a 2ª feira acordou radiosa de Sol, talvez por ser 25 de abril, 48º aniversário da "revolução dos cravos".
Próxima da aldeia de Carvalheira, 25.abr.2022, 9h30 - Uma bela "recepção", para a última caminhada... 😀
A última caminhada teve por tema a aldeia submersa de Vilarinho da Furna, mas começou a nordeste da aldeia de Carvalheira, na encosta do Bom Jesus das Mós. Rapidamente começámos a divisar o vale do Homem e, de novo, a barragem de Vilarinho, mas que hoje atravessámos para ir até ao Porto das Furnas, onde se situava a aldeia cujas ruínas ainda há bem pouco estiveram emersas.

Da Carvalheira à Barragem de Vilarinho da Furna, pela encosta da margem esquerda do Homem
Encosta sul da Serra Amarela, com a carqueja a justificar-lhe o topónimo
Porto das Furnas, junto à aldeia submersa de Vilarinho
Ali, no Porto das Furnas ... quanta saudade e quanta vontade não me deu de "trepar" serra acima ... recordando uma fabulosa autonomia com a Dorita, o Paulo, a Ângela e o Luís, em que até a minha pequena estrela subiu ao Rebordo Feio (onde dormimos), à Louriça, ao Muro, e descendo de novo à barragem; já lá vão é oito anos...! Pode ser que um dia repita ... qualquer dia...
Regressámos a S. João do Campo ... e depois ... depois ainda havia uma pequena "aventura"...
Vilarinho da Furna (4ª caminhada) - Clique para ver no Wikiloc
Regressados a S. João do Campo e antes do almoço e das despedidas ... quem quis teve ainda oportunidade de praticar slide, numa encosta onde já há 19 anos tínhamos praticado aquela "aventura" ... exactamente com os mesmos organizadores de agora.
Clique para ver o álbum completo de fotos
Uma "aventura" em slide, na encosta entre S. João do Campo e a Barragem de Vilarinho
Um completo e bem servido almoço na Albergaria Stop, em S. João do Campo, fechou com chave de ouro estes três maravilhosos dias nas terras mágicas do Gerês. Tivemos tudo: chuva qb (para que os bosques se tornassem mágicos) ... verde ... Sol ... e acima de tudo convívio, solidariedade, brincadeira ... Amizade. E tivemos uma fantástica organização, baseada numa família que, muito mais do que uma família ... é uma lenda Viva do Grupo e, para além dele, uma lenda Viva do que são os valores da Amizade e da sã alegria de Viver. Obrigado pelo muito que vocês representam; obrigado também aos vossos colaboradores. E obrigado também a todos os Caminheiros presentes nestes três dias ... de que eu estava a precisar como de pão para a boca. Obrigado amigos ... obrigado Universo! 🙏💖