segunda-feira, 26 de novembro de 2018

Alcochete e as Salinas do Samouco

Uma ida da cara metade ao Freeport de Alcochete ... podia ser aproveitada pelo autor desta linhas para algo mais agradável do que passar 5 horas naquele espaço. Aqui para nós que ninguém nos ouve ... abomino aquele outlet, que de out pouco tem ... e de in acho que também... 😜
Assim sendo ... porque não uma caminhada a solo por terras de Alcochete, incluindo as famosas salinas do Samouco? Vivendo em frente delas, na margem direita do Tejo ... parece impensável, mas nunca tinha caminhado nas salinas ... até hoje.
Às dez e meia da manhã estava assim a sair do parque de estacionamento daquela área comercial, rumo ao chamado Sítio das Hortas, um pólo de animação ambiental que resultou de uma parceria entre a Câmara de Alcochete, a Reserva Natural do Estuário do Tejo e o Freeport. Uma quinta pedagógica, alguns animais ... mas, à "boa maneira" portuguesa ... tudo fechado. Consolamo-nos com o circuito de manutenção ao longo do Pinhal das Areias e com as bonitas panorâmicas de beira rio.
Pólo de Animação Ambiental do Sítio das Hortas e Posto
de Vigilância da RNET ... mas fechado será que vigia?...
Talvez este "vigilante" seja mais perspicaz, no sapal das Hortas
No Sapal das Hortas iniciei um percurso à beira Tejo de quase 9 km de extensão, incluindo a belíssima vila de Alcochete e passando para lá da Ponte Vasco da Gama. Foram cerca de duas horas a namorar o rio, a cosmopolita margem direita, com a ponte primeiro ao fundo, o Parque das Nações ... e até, mais tarde, a "longínqua" Ponte 25 de Abril.

Numa ruína que já teve melhores dias ... Yes, we are the people... 😊
Alcochete e a Capela de Nª Srª da Vida, mandada construir em 1577
por um particular, para acolher a respectiva sepultura e de sua mulher
Ao longo da Praia dos Moinhos, em Alcochete, onde proliferam as alforrecas
Alcochete já para trás, entro na zona das salinas ... e aproximo-me da Ponte Vasco da Gama
Ponte Vasco da Gama, à esquerda: o Tejo de margem a margem ... e a "profissão" que os novos tempos trouxe ao rio...
Junto à Ponte Vasco da Gama e até umas boas centenas de metros rio dentro, pululam os apanhadores de amêijoa, como facilmente se vêem da própria ponte quando a atravessamos. Não imaginava a quantidade de gente que ali labuta ... a maioria ilegalmente ... apanhando amêijoa japonesa contaminada ... mas que gera milhões. São autênticos "Escravos do rio", como lhes chamaram os jornalistas do Expresso numa reportagem em Dezembro passado. Chineses, tailandeses, romenos, paquistaneses; citando a referida reportagem, "são controlados por redes que começam no estuário e terminam na Galiza. Pelo caminho há agressões, armas, furtos, falsificações, fraude fiscal, atentados à saúde pública, exploração laboral e suspeitas de tráfico humano.". Sinais dos tempos?...

Ao fundo, a Ponte 25 de Abril
"Duas, dez, dezenas, centenas, várias centenas,
de certeza quase um milhar, num cortejo interminável ...

A minha passagem coincidiu com a subida da maré, e, portanto, com o regresso destes escravos do rio. Sim ... não seria por ser quase hora de almoço que atravessavam sapais e valas, rumo ao Samouco, onde os esperavam os "capatazes". Aí, e só aí, uma mulher portuguesa que os esperava disse-me que não queria fotos; respondi ... que estava a fotografar as aves...

como se do êxodo bíblico se tratasse" ...
E os patos que eu
estava a fotografar...
Samouco ... a terra prometida?...
A ponta da Respinga, frente ao Samouco, foi o extremo sudoeste da minha caminhada. A partir dali ia entrar nas Salinas do Samouco propriamente ditas. Nesta época do ano, não ia com grandes expectativas quanto à observação de aves ... mas a realidade ultrapassou as expectativas. Os corvos marinhos (Phalacrocorax carbo) foram reis e senhores. Mas não só!

De regresso, pelas salinas, volto a
passar debaixo da Ponte Vasco da Gama
Garça branca pequena (Egretta garzetta)
A biodiversidade em acção
No domínio do corvo marinho (Phalacrocorax carbo)
Diversidade de espécies
em terra e no ar
A garça e o alfaiate "conversam" tranquilamente nos sapais
Entre esteiros, salinas e sapais, com Alcochete ao fundo
Junto à estrada Samouco - Alcochete ... e um portão fechado a cadeado à minha frente...
Passava das duas da tarde e estava na estrada Samouco - Alcochete. Eu não entrei em nenhuma propriedade ... mas à chegada à estrada tinha um portão fechado a cadeado! Deu, felizmente ... para passar por baixo da corrente. A travessia das salinas estava terminada, mas estava ainda a uns bons 5 km do Freeport. Dado que já tinha atravessado Alcochete, optei pelo interior e fugindo o mais possível ao alcatrão. E pouco mais de uma hora depois estava de regresso; a "sócia" ainda não tinha acabado as compras; decididamente ... eu tinha tomado a melhor opção...😜
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domingo, 18 de novembro de 2018

Vale de Santarém ... no Dia Mundial dos Pobres

Alguém que o Universo trouxe à minha vida e aos Caminhos de Santiago - uma alma Sã - decidiu organizar uma caminhada com a finalidade de angariar fundos para a melhoria das instalações da
Cáritas Paroquial do Vale de Santarém, no dia em que a Igreja no mundo inteiro celebra o Dia Mundial dos Pobres. Na mensagem alusiva ao Dia, o Papa Francisco meditou sobre um versículo do Salmo 34:
e, para escutar os pobres, o Santo Padre destaca que
Antes das nove da manhã, já se encontrava um numeroso grupo de participantes junto à Sociedade Recreativa Operária do Vale de Santarém. As previsões meteorológicas eram ameaçadoras … mas a fé da minha "mana" Paula pesou nos céus ... e os céus limitaram-se a mandar-nos uns pequenos borrifos muito ligeiros!
Junto ao que resta da "Casa da Joaninha" das "Viagens na Minha Terra", de Almeida Garrett - 18.Nov.2018
Na parte inicial da caminhada recordámos as "Viagens na Minha Terra" ... lamentando o estado de abandono a que se deixou chegar a chamada "Casa da Joaninha", a Joaninha dos olhos verdes do romance de Almeida Garrett. E lá fomos seguindo para noroeste, até à pequena Lagoa de Arbila, junto da qual se situa um marco histórico: ali se encontram quatro freguesias: Almoster, Póvoa da Isenta, Vila Chã de Ourique e Vale de Santarém. No marco, estão bem vincadas as orientações das 4 freguesias.
Vinhas outonais, na freguesia
da Póvoa da Isenta
O histórico marco das 4 freguesias,
junto à pequena Lagoa de Arbila
No marco das quatro freguesias começou o regresso, em direcção sudeste. Os céus continuavam a mostrar clemência, por entre nuvens escuras mais afastadas.

"Buracos" claros num céu cinzento ... ou a clemência dos céus pela "missão" deste grupo de caminhantes...
De regresso ao Vale de Santarém
Ainda não era meio dia estávamos de regresso ao ponto de partida, com 11km percorridos. Uma caminhada curta mas por um percurso bem agradável. Além da meritória iniciativa, a escolha dos trilhos e a orientação da caminhada satisfizeram plenamente os participantes, contribuindo assim para a angariação de fundos pretendida., para a Cáritas Paroquial do Vale de Santarém.

A Escola Municipal Aristides Graça e a Fonte da Joaninha, Vale de Santarém
E ... regressámos ao ponto de partida, com 11 km percorridos
De salientar que houve donativos inclusive de pessoas singulares que não participaram na caminhada (nomeadamente de um escritor brasileiro que um dia se apaixonou pelo Caminho de Santiago) e que algumas empresas entenderam patrocinar esta iniciativa, sendo justo referi-las: Delta, MundiFresh, Frutas Douro Ao Minho, Granfer, Frutalvor e a Loja Sacapeito.
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