segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

2013 em revista...

O blogue "Por fragas e pragas..." deixa a todos os seus leitores e amigos os melhores

Votos de um FELIZ 2014, tão bom ou melhor que 2013

2013 foi sem dúvida um ano cheio! Cheio de aventura, de partilha, de emoções ... de vida! Em 2013:
  • Lanço-me sozinho à descoberta da Serra de Béjar e dos confins da Sierra de Gata;
  • Percorro 50km a pé num dia, de Óbidos a Torres Vedras;
  • No dia em que se completam 40 anos de ligação a Vale de Espinho … faço 40km a solo, atravessando a Malcata;
  • Conheço os campos e aldeias do Concelho de Idanha-a-Nova;
  • Atravesso as terras mágicas do Gerês por duas vezes, de Pitões aos Carris e às Sombras (Maio) e da Nevosa a Xertelo (Outubro);
  • No Solstício de Verão, participo no Festival da Natureza, na Serra da Gardunha;
  • Completo a aventura do Monte Perdido Extrem e atravesso a mítica Brecha de Rolando: 4 dias no coração dos Pirenéus;
  • Completo 60 anos … e faço 62km a pé num dia, da Várzea de Loures à Costa Oeste;
  • Atravesso a Serra da Estrela em 4 dias, de Vila Soeiro a Loriga;
  • Regresso ao paraíso das terras de Babia e de Somiedo;
  • Percorro os Caminhos de Fátima;
  • Atravesso a Arrábida em 2 dias, do Espichel às terras de Alcube;
  • Provo o sabor da pura adrenalina, ao lançar-me em queda livre nos céus de Évora;
  • Percorro os montes e vales da Serra de Montejunto e da região saloia;
  • Participo nas 10 actividades mensais dos "meus" Caminheiros Gaspar Correia, da Serra de Aire ao Vimeiro, do Guincho às arribas do Tejo, à Serra do Caramulo, à Gardunha, às terras de Portel;
  • Continuo a palmilhar as bredas da Malcata e das Mesas, as "minhas" terras de Vale de Espinho e da raia, as águas que correm para o Côa;
  • Levo às terras da raia uma "embaixatriz" do Gerês, uma verdadeira Alma de Montanhista, a quem dou a descobrir o meu "retiro"…;
  • Acabo o ano com mais de 1300km percorridos, a melhor marca de sempre da minha vida … "Por fragas e pragas…"
À semelhança do que tenho feito nos anos anteriores, deste "palmarés" resultou um vídeo retrospectivo ... que é a minha "Revista do Ano" de 2013. São "só" 18 minutos … de magia em estado puro!



A minha velhinha paixão pela "aventura", pelos grandes espaços, pelo desbravar de montes e vales … tem aumentado à medida que vou tendo "mais passado que futuro"…! Quando tudo começou …

"Não havia internet, não havia GPSs, a televisão tinha só um canal … mas havia Natureza, havia montanhas, mares, florestas, havia sede de viver! Então com 17 anos, em 1970 um rapaz urbano e pacato começou a descobrir a sua vocação: o contacto com a Natureza, com os grandes espaços naturais, com o mundo rural ... o desbravar das fragas espalhadas por muitos "paraísos perdidos", pelos quais a vida o levaria a apaixonar-se."   ("Por fragas e pragas…", 9 de Janeiro de 2011 - http://goo.gl/X0VGhY)

A paixão pelo desbravar dos grandes espaços tem-me trazido muitos e bons amigos … a somar àqueles com que a vida me presenteou há já tantos e tantos anos! Em 2013 alimentámos amizades, construímos outras, nos "meus" Caminheiros Gaspar Correia, nos amigos do Caminhar em Portugal e das Grandes Rotas, nos Novos Trilhos, nos Mariolas, nos Trilhos de Ideias … ou na simples partilha de paixões, muitas vezes começada nos trilhos da net e depois transposta para as vivências e experiências de montanha. A todos … o meu reconhecido muito obrigado!
Como escrevi a propósito da fantástica aventura do Monte Perdido, aqui fica também um obrigado muito grande aos meus companheiros da fantástica aventura … que é a Vida! "Por vezes partimos para a Natureza como simples conhecidos … e regressamos como grandes Amigos, que jamais se esquecerão e às emoções e sensações vividas antes, durante e depois da aventura! É a magia da montanha, a magia dos grandes espaços, a magia da Natureza" … até porque…
"A vida é um constante desafio.
Na busca do querer, do ser, do saber, do crescer,
do sorrir, do perder, do ganhar, do partir…
Uma torrente de sensações, por vezes vividas,
por vezes relembradas!
Ansiedade por tudo. Ansiedade por nada!
Querer descobrir.
Querer saciar uma vontade infinita de prazer!
Prazer … de viver!"
                                                            (Anabela Pacheco)
Em 2014, pela minha parte … esperam-me novas fragas, novos desafios, novas "aventuras"…! Há sempre uma mão cheia de projectos … até porque "Eu tenho uma espécie de dever, dever de sonhar, de sonhar sempre." (Fernando Pessoa)

sábado, 28 de dezembro de 2013

Por montes e vales da região saloia

No último sábado do ano, os "Novos Trilhos" levaram-me ao coração da região saloia, numa caminhada circular com início e fim junto ao vetusto Convento de Mafra e passando por pitorescas aldeias, como Igreja Nova, Cheleiros e Carvalhal, pelos montes e vales da Ribeira de Cheleiros e do Rio Lizandro.
28.12.2013 - Tínhamos começado uma bela caminhada por
montes e vales da região saloia
Cheleiros, Igreja Nova, Mafra ... esta zona saloia trazia-me recordações de infância, já que há 50 anos era por aqui a velha estrada que da Amadora, com meus pais e irmão, me levava à praia de Santa Cruz.
Com a Serra de Sintra ao fundo, por volta das dez horas parecia que vinha lá grande borrasca, mas o dia foi maioritariamente solarengo ... apenas com um pequeno "dilúvio" quase no final, quase a entrar de novo em Mafra.
O primeiro vale foi o da Ribeira da Mata, junto às aldeias de Mata Grande e Mata Pequena. Uma velha ponte da época romana parece perdida no meio das silvas que a ladeiam, mas à entrada de Mata Grande a bonita Fonte da Bica encontra-se bem recuperada, orgulhosa dos seus mais de 120 anos de história.
Descendo para o vale da Ribeira da Mata
"Perdida" nas silvas, a velha ponte de
época romana sobre a Ribeira da Mata
Fonte da Bica (de 1889), à entrada de Mata Grande
A aldeia de Mata Pequena tem a curiosidade de já ter sido uma aldeia abandonada mas que, actualmente ... pode ser alugada total ou parcialmente! A aldeia de Mata Pequena constitui um inovador projecto de turismo de habitação, exemplo possível para tantas outras aldeias por esse país fora.

Ao longo da Ribeira da Mata ...
... e da Ribeira de Cheleiros
O percurso ao longo da Ribeira da Mata, até Cheleiros, tem troços paradisíacos, de frondosa vegetação ribeirinha. Pena é que as águas não sejam mais límpidas. E Cheleiros oferece igualmente belas imagens, com a sua ponte velha, de construção possivelmente do período medieval, tendo sido realizada sobre uma antiga estrutura romana.

Cheleiros, à volta da sua Ribeira e das pontes, a velha e a nova
Cheleiros marcou o extremo sul desta jornada. Dali rumámos a noroeste, rumo à aldeia do Carvalhal, deixando na colina oposta a aldeia fantasma de Broas. E mais uma vez o curso do rio, agora do Lizandro, antes e depois do Carvalhal, empresta à paisagem imagens a que apenas falta o azul das águas.

Um belo campo de azedas, quase à entrada da aldeia do Carvalhal
O Lizandro na aldeia do Carvalhal
Do Carvalhal subimos ao Alto do Timóteo, de onde já se avistavam os torreões de Mafra. Cruzada a A21 ... o já referido "dilúvio" obrigou-nos a abrigar num providencial lavadouro público ... mas foi de curta duração e Mafra recebeu-nos antes das três da tarde. Tínhamos percorrido cerca de 22 km em sensivelmente 5 horas e 15 minutos de andamento ... pelos montes e vales da região saloia. Previsivelmente a última caminhada do ano de 2013...

Mafra, com destaque para a velha Igreja de S. André. Mas ... vinha lá borrasca...
... que se concretizou!
Valeu-nos um tradicional lavadouro público.
Na recta final...
E antes das três da tarde estávamos de novo em Mafra
Ver álbum completo

domingo, 22 de dezembro de 2013

Por trilhos e mariolas da Serra de Montejunto

Embora situada apenas a umas dezenas de quilómetros da capital, a Serra de Montejunto foi sempre um pouco desprezada, como destino das minhas "aventuras" por fragas e pragas. Mesmo nos "anos loucos" da minha juventude, apenas ali acampei por uma única vez, num longínquo dia de Novembro do longínquo ano de 1970! De resto, Montejunto passou apenas esporadicamente no horizonte de algumas jornadas que lhe passaram próximo.
21.12.2013 - Caminhada "radical" na Serra de Montejunto...
Ora, 43 anos volvidos ... acabo de passar um belo fim de semana em terras de Montejunto, palmilhando quase 40 km à descoberta de belos trilhos, naquela que é, com os seus 666 metros de altitude, a maior elevação do distrito de Lisboa e da Estremadura!
E o fim de semana devo-o à organização de dois dos grupos gerados nas redes sociais que me "adoptaram" e que "adoptei" em anteriores "aventuras". Sábado, os "Novos Trilhos" levaram-me a Vila Verde dos Francos, onde com eles passei em Outubro, no segundo dia da nossa "peregrinação" a Fátima. Dali subimos aos moinhos da encosta poente da serra, para depois alcançarmos o geodésico do Moinho do Céu, a 544 metros de altitude, numa longa e tenebrosa subida.

Linha de Moinhos do Alto da Lagoinha, 360 metros de altitude
Somos os "filhos do Sol" ... na "tenebrosa" subida para o Moinho do Céu
Moinho do Céu (544m alt.)
Do Moinho do Céu subimos ao cume de Montejunto e ao Convento da Serra. O Convento da Reforma de Montejunto nunca foi concluído, por a Reforma dos Dominicanos não ter ido avante e, por isso, ter deixado de ter justificação. E do alto da Serra, neste primeiro dia de inverno, frio mas de Sol bem brilhante, avistámos das Berlengas à Serra de Sintra, ao estuário do Tejo e à Serra da Arrábida, com uma visibilidade e umas cores fantásticas!

A caminho do cume de Montejunto
Ruínas do Convento da Reforma, no Cume de Montejunto (664m alt.)
Ao fundo a Serra de Sintra ...
... e o Tejo e a Arrábida!
Do cume descemos para a vertente sul, até próximo de Cabanas de Torres. A descida desta encosta sul da serra é qualquer coisa de fabuloso, ao longo de verdejantes e sinuosos vales virados ao Sol, com o campo semeado de retalhos de cores, de texturas, de culturas a perder de vista!

A fabulosa descida da encosta sul da Serra de Montejunto, rumo a Cabanas de Torres
O regresso a Vila Verde dos Francos fez-se ao longo de algumas linhas de moinhos, a maioria bem recuperados.

Moinhos do Casal Nordeste
Ruínas do Castelo de Vila Verde dos Francos
Com 24 km nos pés, em 5h30m de marcha!
Antes das quatro da tarde entrávamos em Vila Verde pelo "castelo". A origem da fortificação e do próprio nome da vila prende-se com uma doação dos seus domínios e outros benefícios, por D. Afonso Henriques, a um grupo de cruzados, chamados genericamente "francos", na sequência da conquista de Lisboa.
E, já que tínhamos um aniversariante recente ... a caminhada terminou com um alegre convívio no Café da vila!

Pragança, 22.12.2013, 8:55h
Vai começar uma circular norte de Montejunto

Domingo foi a vez dos Mariolas me proporcionarem outra bela caminhada pelas "Paisagens Cársicas do Montejunto", centrada na típica aldeia de Pragança, incrustada na encosta noroeste da serra e onde ainda se podem encontrar algumas casas tradicionais de grande interesse estético.
Antes de começar a subir ... descemos para poente e para a pequena aldeia do Carvalhal. Aí sim iniciámos a subida, ao longo de um fabuloso trilho que sobe a encosta abaixo do Cruzeiro de Salve Rainha. Este nome soava-me a familiar: terá sido algures nesta zona da serra que acampei há 43 anos, como referi no início deste post, para explorar a Gruta de Salve Rainha, nos meus sãos "anos loucos" da Espeleologia...

Bela perspectiva da encosta noroeste da Serra de Montejunto
No fabuloso trilho
do vale de Salve Rainha
Janela aberta sobre Pragança
No Moinho do Moloiço estávamos já de novo acima dos 550 metros de altitude. A atmosfera não estava tão límpida como no dia anterior, mas de qualquer modo as panorâmicas eram sublimes.

Subida para o Moinho do Moloiço: éramos de novo ... os filhos do Sol... ;)
Planalto do Arieiro
No planalto e à vista das antenas do cume por onde passáramos na véspera, encontrámos a Real Fábrica de Gelo e o Centro de Interpretação da Serra. E de destacar, depois, a passagem pela Penha do Meio Dia, assim designada pelos habitantes de Pragança, já que a sombra projectada indicava precisamente o meio dia. Outras rochas indicavam as horas: uma, designada por "cordeiro", indicava as 9 horas; uma outra, chamada "ovelha", indicava as 10; uma outra, conhecida por "carneiro", indicava as 11 horas!

A caminho da Penha do Meio Dia
Penha do Meio Dia (571m alt.)
Panorâmica da Penha do Meio Dia
Foto de grupo ... preparativos...
E vamos começar a descer de regresso a Pragança
Por fim, subimos ao Castro de Pragança, que, no alto de um morro, em vigia permanente, quase parece despenhar-se sobre a aldeia. E pouco passava da uma e meia da tarde quando chegávamos à igreja de Pragança, com 14 km percorridos.

Descida da encosta norte da Serra, de regresso a Pragança
Subida ao Castro de Pragança ...
... debruçado sobre a aldeia presépio.
Pragança, 22.12.2013, 13:40h - Terminou a 2ª jornada por trilhos e mariolas da Serra de Montejunto
E assim se passou um fim de semana dedicado a Montejunto. Duas belas caminhadas, para mim à descoberta desta Serra que há tantos anos não palmilhava. Obrigado "Novos Trilhos"; obrigado Mariolas!
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