Já várias vezes aqui falei da
Marvana
e das suas estórias e lendas. No sudeste da Serra da
Malcata, a Marvana
destaca-se sobre terras
extremeñas, a nascente, equanto o Rio
Torto nasce na sua encosta sudoeste, fazendo fronteira desde o
marco 673 até à sua foz no Rio
Bazágueda.
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28.Jun.2021 - Pouco passava das 6h00 quando comecei, na fronteira do
Rio 𝗧𝗼𝗿𝘁𝗼, junto à estrada Valverde - Penamacor
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Ao longo dos meus mais de 40 anos de "descoberta" destas terras, tanto o cume
da Marvana como o curso do Bazágueda conhecem-me bem; ainda em
Março passado
"descobri" as
nascentes
deste último ... e tantas e tantas vezes me deliciei nas suas margens, na
Quinta do Major, no
Casal do Rato, nas açudes do
Moinho do Pinheiro; e em
Janeiro passado "descobri" a
captura fluvial do Bazágueda, que o fez inflectir para sul, rumo ao Erges, invertendo a sua direcção
NE/SW e modificando-a para NW/SE.
Para lá da Marvana ... nunca me tinha contudo "aventurado", a não ser em
breves incursões quando tinha o meu "
burro" (leia-se
o meu velho UMM). Nunca tinha subido por exemplo ao cume da
Marvaninha, a "irmã"
portuguesa da Marvana, já que o cume desta última é já do lado de lá da raia.
Assim ... delineei uma caminhada a solo, visando essencialmente a Marvaninha,
o curso do rio
Torto, e, principalmente, o curso do
Bazágueda a sul da Malcata. Ainda "sonhei" segui-lo mesmo até à
sua foz no
Erges, próximo das ruínas de
Salvaleón ... mas esse
troço teve de ficar para outra "expedição".
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Marco de fronteira 673, entre o Madrão e a
Nogueira. Daqui para sul a fronteira é definida pelo rio
Torto
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À medida que subo os horizontes abrem-se ... e entro pelo sul na
Reserva Natural da Serra da Malcata
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Continuo a subir a bom subir,
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enquanto a Lua desce no horizonte
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Cume da Marvaninha (839m alt.), 8h55
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Da Marvaninha desci para o vale do Bazágueda. Na
primeira destas três fotos, ao fundo, o morro de Monsanto
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Se com o rio
Torto fiquei apreensivo com a muito pouca água, o
Bazágueda pelo contrário satisfez-me pela positiva ... e pela
extraordinária beleza do seu curso. Comecei a acompanhá-lo junto ao
Moinho Conselheiro, rumo a sul e à estrada Penamacor - Valverde,
passando pelos Moinhos
do Quarta, do José Cavalheiro e do
Maneio, reconvertidos em unidades de turismo local.
Cruzada a estrada Penamacor - Valverde, seguiu-se a barragem do
Bazágueda e o
Parque de Campismo Municipal de Penamacor, no sítio do
Freixial; almocei junto à entrada ... e continuei a
minha descida pedestre do curso do rio, inicialmente pela margem direita, numa
sucessão de locais paradisíacos. Passado o sítio das
Águas de Verão e as ruínas do
Moinho Fundeiro, querendo
seguir o mais possível o rio ... acabaram-se os trilhos. Um pequeno pontão
permitiu atravessar para a margem esquerda, seguindo-se um troço a corta mato,
contudo baixo e sem grandes dificuldades.
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Barragem do Bazágueda, a sul da estrada Penamacor - Valverde,
com o que resta da velha ponte
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Sucedem-se os recantos paradisíacos nas margens do Bazágueda, à
medida que caminho para nascente
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Pouco depois das duas da tarde tinha o
Bazágueda à minha direita e
o vale do rio
Torto à esquerda, fazendo fronteira. E
encaminhava-me a passos largos para o ponto onde o segundo desagua no
primeiro, passando-lhe o testemunho do limite entre os dois países. Mas a foz
do rio Torto era também o ponto onde, a 19 de Abril de 2013, atravessei o
Bazágueda a vau, ao fazer 40 km (
de Vale de Espinho a Penha Garcia) para comemorar os 40 anos em que conheci a aldeia que adoptei e me adoptou.
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O Bazágueda junto à foz do rio Torto, 15h15. Há
8 anos passei-o aqui a vau ... hoje também, mas não foi preciso
descalçar as botas 😊
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Continuando a descer o
Bazágueda, agora fronteira, tinha "sonhado"
chegar à foz no rio
Erges (
Erjas, enquanto o rio é
"espanhol") ... mas a "aventura" iria chegar ou ultrapassar os 50 km; e 50 km
durinhos ... seriam duros; estava a mais de 5 km do carro ... e sabia haver
poucos ou nenhuns trilhos...
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Dir-se-ia que estava no Alentejo. O regresso foi maioritariamente pelo
lado espanhol ... e maioritariamente sem trilhos...
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De regresso ao vale do rio Torto
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(praticamente seco) e à fronteira
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Rio Torto e, já do lado português ... mais um pouco de
corta mato
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Eram cinco horas quando cheguei ao carro, que tinha ficado a descansar na
fronteira. Para acabar em estilo ... o corta mato pouco antes do final foi o
mais penoso: esteva mais alta do que eu, cerrada; a vontade de terminar já era
grande ... nem tirei fotos no meio do esteval. Mas a jornada foi um alimento
profundo para o corpo e para o espírito. Um dia ... qualquer dia ...
prosseguirei para sudeste ... chegarei a
Salvaleón e à foz do
Bazágueda no
Erges ... e então terei percorrido
praticamente todo o curso do primeiro.
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(Clique no mapa para ampliar e
aqui
para ver no
Wikiloc)
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