Todos os anos o
Grupo de Montanhismo de Vila Real tem organizado uma
Marcha Nacional de Montanha, na
Serra do Marão, integrada no Calendário anual da
FPME - Federação Portuguesa de Montanhismo e Escalada.
Nas edições anteriores, não me foi possível participar, com pena ... até porque alguns dos meus "Manos" têm sido participantes assíduos nas últimas edições desta Marcha. Mas à oitava edição ... os "deuses" do
Marão mobilizaram-se para me deixar participar; e fi-lo em representação do
Clube de Montanhismo da Guarda, o Clube de Montanhismo do meu distrito adoptivo ... o distrito das minhas terras adoptivas de Vale de Espinho. Sexta feira ao fim do dia, com os meus "Manos" Cristina e Zé Manel e muitos outros montanhistas de diversos Grupos e Clubes, estávamos em
Vila Real preparados para sábado bem cedo começarmos a Marcha.
|
Sobre Aveção do Cabo, 27.01.2018, 8h55 ... à conquista da Serra do Marão |
Aveção do Cabo é um lugar da freguesia de
Campeã, a ocidente de
Vila Real, onde a Serra do
Marão se esbate para norte e se abre para os vales dos rios
Tâmega e
Olo e para a
Serra do Alvão. Ali começámos a Marcha, antes das nove da manhã, a 800 metros de altitude. O fim de semana prometia frio e vento, mas da pouca neve que ali caiu já nada restava. À medida que subíamos, as antenas do
Marão iam aparecendo a sudeste, relembrando-me a mim e à "Mana" Cristina a bela actividade em que,
há exactamente três anos, subimos ao cume daquele "
reino maravilhoso".
|
Ultrapassados os 1000m, para sudeste levantam-se os pontos mais altos do Marão |
|
Três "Manos" integrados no grande grupo desta VIII Marcha Nacional de Montanha |
|
Para norte, terras de Basto, destacando-se o
|
|
Monte Farinha e o Santuário de Nª Senhora da Graça
|
|
E a Marcha prossegue para ocidente |
Antes do meio dia estávamos a descer para a pequena aldeia de
Covelo do Monte, única aldeia de montanha ao longo do percurso. Predominam as velhas construções de xisto e granito, algumas com telhados de lousa. A vida pastoril e agrícola ainda é uma realidade bem presente em Covelo.
|
Descida para Covelo do Monte |
|
Almoço em Covelo do Monte |
E em
Covelo do Monte ... esperava-nos uma surpresa. O
Grupo de Montanhismo de Vila Real, organizador da Marcha, tinha providenciado um lauto e saboroso almoço naquela aldeia perdida nas faldas do
Marão! Das carnes fumadas a uma reconfortante feijoada ... ganhámos forças para a restante caminhada 😊
Saímos de
Covelo ao longo do vale, à sombra de florestas autóctones e de pinhais. Seguiu-se a longa subida até ao vértice geodésico da
Neve. O trilho ladeia a
Portela dos Trigais até à
Costa do Pedrado, onde encontramos as minas desativadas de
Fonte Figueira, de onde se explorou estanho e volfrâmio até à década de 70 do século passado. O acesso às minas fez-se por duas variantes: por estradão, quem quis uma opção simples ... ou recorrendo a uma corda de apoio que a organização providenciou no local, para uma curta experiência de escalada.
|
Covelo do Monte vai ficando para trás, à medida que subimos a Costa do Pedrado ... |
|
... e que chegamos às
|
|
Minas de Fonte Figueira
|
|
Minas de
|
|
Fonte Figueira
|
|
E a Marcha prossegue para sul, rumo à Capela da Senhora de Moreira |
Pelas quatro da tarde cruzávamos o Parque de Lazer da
Lameira, rumo à Capela da
Senhora de Moreira, no alto do mesmo nome, a 972 metros de altitude, onde acorrem milhares de fiéis todos os anos, numa dura ascensão por um caminho medieval desde
Ansiães.
|
Parque de Lazer da Lameira |
|
Capela de Nª
|
|
Senhora de Moreira ...
|
|
... e a espectacular panorâmica que dali se admira para sul e sudoeste |
Três quilómetros separavam-nos do final da caminhada, na
Pousada de S. Gonçalo. Em
Outubro de 2007 (já se passaram mais de 10 anos...) iniciei ali uma outra bela caminhada, com o
CAAL.
|
Pousada de S. Gonçalo, ou Pousada do Marão |
Tínhamos percorrido 22 km, nesta 1ª "etapa" da VIII Marcha Nacional de Montanha. À noite, em
Vila Real, houve jantar convívio, com as boas vindas e os parabéns dos organizadores e a entrega de lembranças aos Clubes envolvidos. Estando a representar a associação do meu distrito adoptivo ... fui portador da que se destina ao
Clube de Montanhismo da Guarda 😊
|
Discursos e entrega de lembranças aos Clubes e Associações participantes |
|
Rumo ao Alto de Freitas, 28.01.2018, 10h00 |
2ª "etapa": Domingo, Alto de Freitas
Não muito longe da Pousada do Marão, o
Alto de Espinho, a 1020 metros de altitude, na velha EN 15, era o ponto de partida para a segunda "etapa" deste fim de semana de Montanha. O vento zunia forte quando ali chegámos ... e às 9h30 o termómetro marcava 1ºC. Mas, à medida que subíamos, os horizontes abriam-se de novo, revelando-nos uma atmosfera mais límpida ainda do que no sábado. O destino era, para já, o
Alto de Freitas, a 1346 metros de altitude, o segundo ponto mais alto do
Marão. E à medida que subíamos, a neve ia também aparecendo no caminho. Pouca, muito pouca, mas bem alva e cintilante.
|
Os horizontes abrem-se, à medida que subimos o Portal de Freitas |
|
Alto de Freitas (1346m alt.) |
No
Alto de Freitas, o vento empurrava-nos e quase nos fazia voar. As ruínas de uma capela de origens envoltas em mistério pouco abrigavam da inclemência gelada. No horizonte, a norte, avistávamos limpidamente o "meu"
Gerês, terras de
Pitões das Júnias, e, mais a leste, as alturas nevadas do
Larouco. Mais perto, pouco mais alto que nós, o cume maior do
Marão, a
Senhora da Serra (1416m alt.), a lembrar mais uma vez, há três anos, a subida ao cume daquele "
reino maravilhoso".
|
No Alto de Freitas, as ruínas de uma Capela de origens envoltas em mistério |
|
A Senhora da Serra (1416m alt.), cume do Marão, vista do alto de Freitas (1346m alt.) |
|
O Monte Farinha em primeiro plano e, ao fundo ... terras de Pitões das Júnias |
A descida das
Freitas fez-se sobre as vertentes íngremes e escarpadas da
Ribeira dos Moinhos e da aldeia de
Montes, aldeia tristemente assinalada por uma tragédia em que diversos habitantes encontraram a morte por electrocussão quando um cabo de electricidade caiu ao longo da encosta.
|
Descida do Alto de Freitas e, ao fundo das escarpadas vertentes, a aldeia de Montes |
Com mais 9 quilómetros percorridos, à uma da tarde estávamos de regresso ao ponto de partida ... com as vistas e a alma cheia das belas paisagens serranas do
Marão. E no
Alto de Espinho, ponto de partida e de chegada da 2ª "etapa" da Marcha, fizemos as despedidas. A VIII Marcha Nacional de Montanha foi a minha primeira Marcha Nacional ... mas não será certamente a última. Menos de 5 horas depois estava em casa.