segunda-feira, 8 de fevereiro de 2021

Nos trilhos do Boição e de Santiago ... dos Velhos

O ano de 2020 era para ter sido especial. Pela primeira vez faria dois Caminhos de Santiago ... um deles com a minha "estrela arraiana" ...
O Trancão na ponde do Zambujal
08.Fev.2021, 10h40
comemoraria o meu meio século de "aventuras" de ar livre ... entre outras com a "aventura" do Tour do Mont Blanc. Mas ... nada disso se concretizou; o ano de 2020 foi especial por outras razões ... são as pragas do destino ... ou as "malhas que o império tece". Mas o destino ... às vezes também parece lançar desafios ... e criar surpresas. Saí de casa, hoje, já passava das nove da manhã, montado na bike comprada no confinamento de 2020. E saí sem grandes ideias do que ia fazer. Dar uma volta, disse eu à minha pequena; "se não vier almoçar eu digo", acrescentei. E fui passando os bairros dos vários "Into the light" de 2019 e 2020 ... de Santa Iria desci ao Tojal ... do Tojal comecei a subir o vale do Trancão. Sabia que em Bucelas havia um novo passeio pedonal e ciclável à beira do Trancão ... e fui vê-lo ... e gostei do que vi. É curto (cerca de 2,5 km), mas muito agradável e aprazível. Está em projecto a sua continuação para noroeste, acompanhando o rio ... que só é pena continuar a ter águas ... cor de lama.
Passeio pedonal do Trancão, próximo de Bucelas
O passeio pedonal termina, pelo menos actualmente, junto a uma velha e bela Fonte, em local muito aprazível, abaixo da Quinta dos Melos, entrando-se logo a seguir na estrada N116, Bucelas - Freixial.

Junto à Fonte abaixo da Quinta dos Melos, Bucelas, onde termina actualmente a pista ciclável e pedonal 
Em Bucelas ... e apesar de já ter percorrido o trilho do Boição diversas vezes (sempre a pé) ... rumei uma vez mais às Cascatas da Ribeira do Boição, afluente do Trancão. Previsivelmente, estariam com bastante água, como vim a confirmar ... e vim a confirmar também a imensa lama nos trilhos. A pobre bike - e eu próprio - ficámos em estado deplorável... 😋

Cascatas do Boição ... e
trilhos com "pouca" lama 😁
Vale da Ribeira do Boição, entre Alrota e Santiago dos Velhos
Se bem que a zona não fosse nova para mim ... uma indicação na carta do Locus começou-me a chamar a atenção: Cascata de Santiago! E, não muito antes de Santiago dos Velhos ... aquela cascata revelou-se-me extraordinária, imponente mesmo. Um acesso rústico, certamente viabilizado pelos locais, permite o acesso à base mesmo da cascata ... onde creio que nunca tinha estado. Esta cascata e a própria povoação de Santiago dos Velhos ... foram seguramente um chamamento de Santiago!

Na fabulosa Cascata de Santiago
e nos campos próximos de Santiago dos Velhos
Ao longo da Idade Média, a actual localidade de Santiago dos Velhos foi ponto de passagem para Peregrinos rumo a Santiago de Compostela. Como não havia ofício religioso na Igreja, os habitantes iam todos os domingos aos ofícios divinos da Sé de Lisboa, que não começavam "sem os irmãos mais velhos e que vinham de mais longe", precisamente os irmãos destes campos e desta localidade. Provavelmente daqui veio o topónimo de Santiago dos Velhos.
Santiago dos Velhos vista da estrada para A-do-Mourão
Duas horas da tarde. A ideia era agora regressar à estrada Bucelas - Alverca e atravessar a Serra da Aguieira, extremo nordeste da Serra de Serves, pela Quinta da Portela e os Fortes das Linhas de Torres. E assim foi. Às duas e meia estava no Forte da Portela Grande ... com o Tejo aos pés.

Quinta da Portela, no sopé da Serra da Aguieira

À esquerda a Serra de Serves, debruçada para a várzea de Bucelas e de Vila de Rei 
Panorâmica do Forte da Portela Grande para o vale do Tejo
Forte da Portela Pequeno
Dos Fortes da Portela até à Verdelha, junto a Alverca ... pois ... de novo trilhos enlameados ... e bem inclinados! Num misto de a pé e montado, como já várias vezes antes ... às 15h10 estava nas colunas de Alverca ... e às quatro horas em casa. Uma bela jornada de 40 km, desenhada ao sabor do que foi apetecendo ... e do chamamento de Santiago!
Descida da Serra da Aguieira para a Verdelha de Alverca
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