As fugas para o nosso retiro raiano proporcionam-me sempre fugas para os
grandes espaços que tanto adoro ... fugas para pôr à prova estas
septuagenárias pernas, que espero bem que continuem por mais uns anos - de
preferência muitos - a deixar-me calcorrear serras e vales, prados verdejantes
e barrocos ... "por fragas e pragas..." 😊
A jornada de hoje correspondeu a todos estes items: calcorreei serras e vales,
prados verdejantes, barrocos, alguns com formas fantasmagóricas! Há muito
tempo que idealizava ir à aldeia histórica de
Sortelha a pé desde Vale
de Espinho. Já fui bem mais longe:
Alpedrinha,
Penha Garcia
... para não falar em
Santiago de Compostela. Mas Vale de Espinho - Sortelha foi ficando para trás,
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Vale de Espinho, 28.fev.2024, 06h30 À luz da Lua branca
das ribeiras, começo a "peregrinação"...
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particularmente por se tratar de um projecto que dificilmente possibilitaria
ida e volta. De Vale de Espinho a Sortelha são no mínimo 28 km ... mas um
projecto por estrada claro que não me interessaria. Ida e volta, pelos
caminhos da minha paixão, rondaria os 62 km, o que, não sendo impossível (já
fiz muito mais), levaria a terminar já de noite, nesta altura do ano. Assim,
apenas com um esboço de percurso no pensamento, saí do "ninho" passavam vinte
minutos das seis da manhã, ainda noite; o termómetro marcava 2ºC ...
feels like -3º ... mas a neve há muito que se tem afastado destas
terras, até porque o dia ia estar de um esplêndido Sol de inverno.
Ao cruzar o Côa, no pontão a caminho do Vale da Maria, a Lua,
cheia há apenas quatro dias, iluminava-me o caminho. Não cheguei a usar o
frontal, até porque rapidamente começou a clarear o dia, à medida que subia
para o Cabeço da Moira ... onde já várias vezes fui ver o Sol
nascer.
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Cabeço da Moira, 07h20 (1076m alt.)
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Cruzamento do Espigal, 07h35
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Espigal, 07h50, junto à Fonte e à antiga Casa Abrigo da
Portucel
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No
Espigal fiz a primeira pequena paragem (uns meros 5 minutos), com
sensivelmente 8 km percorridos a bom ritmo. E a média aumentou ao longo da
cumeada, passando próximo dos geodésicos do
Homem e do
Alísio,
talvez o troço mais monótono da travessia, até porque esta cumeada poderia bem
chamar-se ... a cumeada das eólicas ... a suposta energia limpa. Só a poluição
sonora seria suficiente para não a considerar limpa, mesmo que outras formas
de poluição não tivesse; ao contrário de quase todo o resto do percurso ...
ali não ouvi aves a cantar ou a esvoaçar...
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Com 17 km em pouco mais de três horas, às 09h30 tinha o
Meimão à vista, lá no fundo do vale da
Ribeira do Arrebentão
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Não foi a primeira vez que fui ao
Meimão ... nem mesmo a pé desde Vale
de Espinho, como agora ... mas hoje apeteceu-me dedicar esta "peregrinação" e
estas fotos à mãe da minha "pequena arraiana", que ali nasceu e foi criada e
que ainda hoje recorda a infância, com muita saudade. E dediquei também
aqueles momentos à minha ex-aluna Teresa Maia, para quem
o Meimão
também diz muito e que sempre comenta, também com
saudade, aquela aldeia "perdida" num vale encravado entre a
Ribeira da Meimoa (que se devia chamar do Meimão) e o
Côa.
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Meimão: o Pátio Cerdeira e a Igreja ... saudosas
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memórias para a mãe da minha "estrela arraiana"...
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E o Meimão fica para trás, cruzada a
Ribeira do Arrebentão
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Se mantivesse uma média geral de 5 km/h, havia hipóteses de chegar aos 60 km
até ao pôr do Sol e de, portanto, poder completar a caminhada circular. Quando
saí do
Meimão, a média estava nos 5,4 ... mas eu sabia que iria
diminuir ... como diminuiu, na longa subida para
Santo Estêvão. Subida
... para o alto da
Pirraceira, porque depois havia que descer aos vales
das
Ribeiras da Marquesa e da
Azenha, antes de voltar a subir
para
Santo Estêvão, talvez o mais belo troço de toda a jornada.
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Santo Estêvão à vista, na primeira foto com a
Serra d'Opa à esquerda
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O sino de Santo Estêvão batia as 11h00 quando entrei na
aldeia
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A seguir a
Santo Estêvão ... a subida continuava, rumo ao Alto da Lomba
e à Ribeira da Nave, seguindo alguns troços da
GR 22, a
Grande Rota das Aldeias Histórias
... mas sem fazer as reviravoltas mirabolantes que aquela estranhamente faz. A
Serra d'Opa ia ficando para trás, num troço igualmente muito bonito,
particularmente junto à
Ribeira da Nave e, a seguir ... no "reino" dos
barrocos...
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Sortelha, 28.fev.2024, 14h25 - Muralhas com história ... e
junto à Igreja de Santiago
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Clique na foto para ampliar ou
aqui
para ver no
Wikiloc
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Descendo das muralhas, os meus "ticos e tecos" pensavam em duas hipóteses:
continuar a pé para o
Sabugal (onde sabia que tinha autocarro para
Vale de Espinho às 17h30) ... ou apanhar um táxi ou um TVDE
directamente para casa 😄
Táxi ou TVDE ... não havia ... nem ninguém que me soubesse indicar onde
andaria. Mas nisto ... vejo chegar um autocarro; sem ninguém na paragem, não
teria parado se não fossem os meus berros a chamá-lo. Mas o simpático
motorista lá parou e, com o autocarro só para mim ... viemos a conversar sobre
as minhas caminhadas na raia e não só. Claro que lhe contei a informação que
me haviam dado no posto de turismo; "
nem se quiseram dar ao trabalho de ver o horário", disse-me. E assim, antes das quatro horas estava no Sabugal ... pelo que
agora as duas hipóteses passavam a três: esperar mais de hora e meia pelo
autocarro para Vale de Espinho ... ir a pé ... ou apanhar um táxi ou TVDE. Ir
a pé já chegaria de noite e não faria muito sentido, seria uma caminhada com
um hiato entre a Sortelha e o Sabugal ... esperar mais de hora e meia não me
apetecia ... apeteceu-me mais fazer a surpresa à minha menina arraiana e
chegar mais cedo do que o previsto. E foi uma menina motorista que me levou a
casa 😆. Malcatenha ... viemos também a falar das minhas "aventuras" raianas;
"
um dia também gostava de fazer o Caminho de Santiago", disse-me quando
lhe contei que já fui a pé
de Vale de Espinho a Santiago de Compostela...! Gostei deste dia!