sábado, 12 de abril de 2025

Bombarral e Reguengo Grande ... num regresso aos Novos Trilhos

Quando há dias respondi ao desafio dos "Novos Trilhos" para uma caminhada na zona do Bombarral, sabia que há muito tempo que não participava nas actividades deste grupo ... mas nem eu próprio me tinha apercebido que a última vez foi há mais de três anos, em novembro de 2021, num sobe e desce entre a Serra de Sintra e o Mar. Hoje, neste meu regresso aos NTs ... claro que as recordações do
Onde quer que estejas, Francisco... obrigado
pelo tanto que me deste e me ensinaste...
pelos momentos hilariantes... pelos conselhos...
pela alegria... pela força. Até um dia, Francisco...
a caminhada ainda não terminou... 🔗☯️
nosso saudoso Francisco Antunes vieram à tona da memória. Em novembro do ano passado, depois de 8 anos de luta, numa batalha que os médicos diziam há muito perdida ... um homem bom partiu para outro plano. Até um dia, Francisco... 🙏
Às oito e meia da manhã, quase 30 "aventureiros" estavam no Bombarral, respondendo ao desafio proposto, que falava em passar pelo Castro da Columbeira, o Miradouro do Picoto, as Grutas e Lapas do Vale Roto, por trilhos ribeirinhos, ruínas de velhos moinhos de água, cascatas ... e claro que tudo ao estilo Novos Trilhos ... ou seja maioritariamente radical... 😜
Com muita gente nova no grupo, revi no entanto muita "gente velha" ... ou melhor ... caminheiro(a)s dos tempos em que eu ia muito mais frequentemente às actividades. Sim, porque no que respeita a "gente velha" ... o mais velho a caminhar hoje era eu ... como vai acontecendo com cada vez maior frequência... 🤭😱
Estação de comboio do Bombarral, 12.04.2025, 08h40
A Primavera desponta, nos campos do Bombarral ... sem quaisquer vestígios da prevista tempestade Olivier...
Os receios de um sábado bastante chuvoso, por força da prevista tempestade Olivier, não passaram de uns ligeiros borrifos que até souberam bem, dada a temperatura e a muita humidade ambiente, que em muitas alturas fazia supor que estávamos num clima tropical. E se o leitor pensa que os 27 km desta caminhada à Novos Trilhos foram por estradões fáceis como o da foto acima ... desengane-se. Vejam o vídeo no final da crónica; a subida ao Miradouro do Picoto, por exemplo ... foi épica.
Passado o Castro da Columbeira, seguiu-se a subida ao Miradouro da Serra do Picoto, onde se evoca a batalha da Roliça
Seguiu-se a descida ao Vale do Roto ... e a subida às Lapas e Grutas da Columbeira ... mais um troço radical ... em que a corda ali colocada presta um excelente serviço aos que se aventuram naqueles trilhos selvagens. Nova subida ... nova descida ... e pouco depois das 13h estávamos junto às cascatas do rio Galvão, o local escolhido para um retemperador almoço.
Foto de grupo, junto às Cascatas do Rio Galvão
Com quase 20 km percorridos, antes das três da tarde entrávamos no Reguengo Grande ... mas ainda faltavam 8 km para o final, que percorremos a bom ritmo. O Sol, embora por vezes pálido, continuava a acompanhar-nos ... muito longe de nos fazer prever o autêntico dilúvio que se abateu mais tarde, já no regresso à urbe, a partir da zona de Montachique / Loures.
Reguengo Grande, 15h05 ... a 8 km do regresso ao Bombarral
Clique para ampliar ou aqui para ver no Wikiloc




Mais de três anos depois, este foi sem dúvida um excelente regresso aos "Novos Trilhos" ... e um bom treino para quaisquer "aventuras" que aí venham. Obrigado, companheiro(a)s! 🙏

sexta-feira, 28 de março de 2025

Fontes Lares ... e as emoções da descoberta de um "tesouro"...

Pelo ribeiro da Presa e pelas Balsas, com regresso pelo Areeiro

Três dias depois da balada das águas de um Côa a reflectir as abundantes chuvas de um inverno recém terminado ... a arraiana nativa quis também mergulhar nos encantos das "pedras que não envelhecem".
Ponte velha de Vale de Espinho
27.03.2025, 15h00




Pontão de poldras do
Moinho do Rato ... as tais pedras
que não envelhecem...
E lá fomos, por isso, repetir em versão mais simples o percurso da ponte velha ao Moinho do Rato ... onde a pequena raiana até dormiu sobre as poldras!
A caminho do Ribeiro da Presa, 28.03.2025, 09h45 ... as Fontes Lares chamavam-me. Porquê?...
Hoje de manhã ... o apelo das Fontes Lares ecoou dentro de mim. Há mais de um ano que não ia ao meu "santuário", desde outubro de 2023. As minhas velhas botas como estariam, após este rigoroso inverno que vivemos? Saí de Vale de Espinho pelo Cabeludo ... e logo me extasiei de novo com o verde dos lameiros. Não foi só nas margens do Côa que a água cantou a sua balada da Vida. Não me lembro de alguma vez ver o Ribeiro da Presa com tanta água e tanto vigor!
O Ribeiro da Presa, alimentando
os lameiros ... e com estes o gado.
Pelos Nheres e pelas Balsas, fui subindo a serra, seguindo mariolas que construí já lá vão quase 10 anos. Com pouco mais de uma hora desde casa, às 10h50 estava junto às ruínas da casa do T'Zé Tomé. Já estava perto das "minhas" Fontes Lares
E cheguei à velha ruína da velha Casa das
Fontes Lares ... que há 52 anos ainda conheci de pé!
Por algum desígnio do Universo, a velha casa das Fontes Lares tinha agora menos mato do que habitualmente. Pude por isso entrar até no chouço pegado à casa ... e descobri um "tesouro".
Não ... não foram as minhas velhas botas que se reproduziram... 😂; coitadas ... já seriam velhas para isso ... e não é no chouço que elas repousam. O "tesouro" que encontrei também não foi nenhuma velha arca com lingotes de ouro ... foi um tesouro emocional ... um tesouro de memórias ... das memórias daquela velha casa que, há 52 anos, ainda conheci de pé! No chouço das Fontes Lares, empilhadinhas e envoltas em grossa camada de folhas e mato ... encontrei filas de telhas do "falecido" telhado da casa!
As velhas telhas das Fontes Lares. Alinhei umas quantas,
por nostalgia ... mas elas ali estavam, perdidas no Tempo
mas guardadas pela Natureza! Descobrir aquelas telhas...
foi descobrir um tesouro de emoções e de memórias 💖


Fontes Lares ... em 20.04.1973 ... há 52 anos!
E cá estou eu, agora sim ... na sala da velha casa onde há 11 anos jazem as minhas botas velhas,
cardadas, que palmilharam léguas sem fim
...
Também elas se vão perdendo no mato, na
evolução da Natureza ... na voragem do Tempo!
Como eu esperava, a fontinha das Fontes Lares corria a bom correr. Aquela nascente nem nos verões mais secos deixa de brotar, e hoje a água seguia célere, já não para a velha presa, mas para o lameiro onde "nasceu" o barroco "sagrado". Ainda ontem ou anteontem a mãe da minha pequena raiana me tinha dito ... "o lameiro das Fontes Lares nem se lá deve poder andar". Poder pode-se ... mas sempre com as botas de molho. Felizmente que as minhas velhas Bestard de montanha, reforçadas por botim interior ... ainda estão em muito melhor estado do que as suas irmãs mais velhas, também Bestard, e as suas primas Meindl, ainda mais velhas, que jazem no "santuário" daquele lugar "sagrado".
A nascente da água "sagrada" das Fontes Lares. Vejam também o vídeo desta bela jornada à procura da Vida!
Também estas pedras não envelhecem ... envelhece o Tempo que passa por elas...
No barroco "sagrado" das Fontes Lares ... talvez um pólo de energia telúrica ... lugar de meditação ... e de entrega!
Já era quase meio dia. A donzela esperava-me em casa para o almoço. Mais uma vez ... as Fontes Lares tiveram de ficar para trás. Um dia ... as minhas cinzas pode ser que venham a fazer companhia às minhas velhas botas; quem sabe...! E o regresso foi rumo à Có Pequena e ao Areeiro.
Travessia do lameiro das Fontes Lares ... onde sem umas boas botas seria impensável passar...
12h25 ... com Vale de Espinho à vista. Já perdi a conta a quantas fotos já fiz, idênticas a esta ... mas nunca são iguais...
9 km de maravilha ... de nostalgia ... de descoberta
Bem a tempo de um bom banho, em Vale de Espinho tinha a minha Valespinhense à espera. Tinha ido entretanto lavar roupa para a Fonte Grande ... a tal Fonte de onde bebi água há quase 52 anos ... e que fez de mim Valespinhense e raiano adoptivo... 💞
Obrigado, água da Vida ... obrigado Universo🙏
Um curto vídeo ... de uma grande jornada emocional...