domingo, 26 de novembro de 2023

Rota dos Palácios (5): de Queluz a Santo Antão do Tojal

e final da Rota dos Palácios ... iniciada há um ano...

No próximo dia 3 de dezembro faz um ano que 16 carolas do pedestrianismo partiram de Santo Antão do Tojal para a primeira etapa de um projecto a que o Zé Manel Messias e eu chamámos a Rota dos Palácios. Ligámos o Palácio dos Arcebispos do Tojal ao Palácio Nacional de Mafra, este ao Palácio Nacional de Sintra (Palácio da Vila), depois ao Palácio do Marquês, em Oeiras, e, em junho passado, este ao Palácio Nacional de Queluz. Faltava, portanto, fechar o círculo, de Queluz ao Tojal.
Palácio Nacional de Queluz, 26.Nov.2023, 08h45 - 9 carolas partiam para a última etapa da Rota dos Palácios
Para esta última jornada alinharam 9 "concorrentes", dos quais 5 foram totalistas da Rota, com a participação em todas as etapas. Em Queluz, começámos por subir o Rio Jamor ao longo do Parque Felício Loureiro, até ao portão sul da Quinta do Senhor da Serra, que inclui o Paço Real de Belas.

Ao longo do Parque Urbano Felício Loureiro, subindo o Rio Jamor
E já no interior da Quinta do Senhor da Serra, 09h20
Quinta do Senhor da Serra estende-se a sul de Belas, na encosta nascente do Monte Abraão e na confluência das ribeiras de Belas e do Jamor. O Senhorio de Belas terá sido constituído por volta de 1147, fruto da doação por D. Afonso Henriques a Robert Lacorne, em agradecimento pelos serviços prestados na conquista de Lisboa. Em 1334 os bens do Senhorio de Belas são adquiridos por Lopo Fernandes Pacheco, que os lega a seu filho Diogo Lopes Pacheco, implicado no assassinato de D. Inês de Castro. Quando da morte de D. Afonso IV, em 1357, D. Pedro I, ao subir ao trono
Obelisco de José Joaquim de
Príncipes Regentes
Barros Laborão, comemorativo da visita dos
D. João e D. Carlota Joaquina
confisca a Diogo Pacheco todo este património. A Quinta de Belas passou então a integrar os bens da Coroa, sofrendo importantes obras de transformação em Paço Real.
Actualmente propriedade da Sagrial, empresa que muito gentilmente acedeu ao nosso pedido, antes da hora marcada lá estava o Sr. Luís Santos à nossa espera no portão do Pendão. O seu acompanhamento e simpatia e as suas oportunas e completas explicações foram uma excelente mais valia para a nossa visita àquela bela e histórica mancha verde e mesmo para o nosso projecto da Rota dos Palácios.
As intervenções ali feitas nos séculos XIV - XV e XVIII - XIX foram particularmente interessantes nos jardins, dentro da cerca e na sua envolvente. Foi então que se terá desenvolvido o conjunto patrimonial actual: o Paço Real (séc. XIV); os Jardins do Paço (séc. XV - XVIII), incluindo fontes, tanques, muros e mirante; a Capela (de que só restam ruínas) e a Via Sacra (1740), celebradas na Romaria do Senhor da Serra, que se realizava no último dia de Agosto. Os plátanos, teixos e buxos existentes nos jardins e alamedas, assim como a mata espontânea que reveste a encosta, constituem igualmente um valioso conjunto patrimonial.

Ao longo da bela Quinta do Senhor da Serra, na companhia do Sr. Luís Santos, excelente guardião e cicerone
(Foto: Deonel Pinto)
A meio da manhã estávamos em Belas ... e em Belas não podíamos deixar de "visitar" a Casa dos famosos Fofos de Belas, ali confeccionados desde 1850. Com os estômagos reforçados por aquela iguaria, prosseguimos então a jornada, ao longo da Ribeira de Belas e da frondosa mata da Fonteireira, que desci com os Caminheiros Gaspar Correia há quase dois anos, em Janeiro de 2022.
Na Casa dos famosos Fofos de Belas, 10h15
Ao longo da Mata da Fonteireira e respectiva Torre de Vigia
O dia esteve sempre enevoado, embora com nuvens altas, deixando-nos ver a Serra de Sintra ao longe, por exemplo, da torre de vigia onde também tinha estado em Janeiro de 2022. Seguiu-se a Serra do Casal de Cambra e a passagem da Ribeira de Carenque, rumo a Caneças, onde almoçámos no jardim central, antes de contornarmos a Quinta da Fonte Santa e o Cabeço de Montemor. Todo este percurso tínhamo-lo feito, em sentido contrário, eu e o meu "mano" Zé Manel, numa manhã de há seis anos, em que a pé desde a Bobadela ... fomos almoçar à Amadora ... pelas águas de Caneças.
Aqueduto junto à Ribeira de Carenque, entre a Serra do Casal de Cambra e Caneças
As famosas águas de Caneças,
vindas da Quinta da Fonte Santa
Caneças, 13h15, com o morro da Fonte Santa à esquerda e o Cabeço de Montemor
Contornando a Fonte Santa. Ao fundo, o Cabeço de Montachique
Às 14h estávamos na base norte do Cabeço de Montemor ... e meia hora depois sobre a CREL
Descendo a encosta do Palácio do Correio Mor, antes das três da tarde estávamos a entrar em Loures, onde fomos literalmente convidados a entrar na bela Igreja Matriz.
Na
belíssima Igreja Matriz de Loures
E afinal ainda há pastores, mesmo às portas da capital ... Loures, 15h15
Um pequeno engano dentro de Loures fez-nos deixar a Rua da República um pouco mais à frente do previsto, obrigando-nos a um acréscimo que nos levou quase a Frielas, entre os rios de Loures e da Costa, para então sim cruzar o primeiro e rumar a nordeste, pelos terrenos e esteiros da fértil várzea.

Várzea de Loures, entre as 15h40 e as 16h10 - a presença constante da água nos rios, ribeiras, valas, pauis e salinas, legou a esta área uma riqueza de solos que marcou a economia, tradição e cultura dos aglomerados ao seu redor e até da capital
Passavam vinte minutos das quatro da tarde quando entrámos em Santo Antão do Tojal. Para quem percorreu o Caminho de Assis há menos de três meses, completar esta caminhada e ver "Casa de São Francisco de Assis" ao longo do muro da anteriormente chamada "Casa do Gaiato" ... transmitiu-me uma sensação de paz, serenidade e, até, de um certo "dever" cumprido, com alguma emoção à mistura.

Santo Antão do Tojal, 16h20 - Antiga Casa do Gaiato e a Igreja / Palácio dos Arcebispos
Éramos 5, os heroicos resistentes que percorreram todas as 5 etapas daquela a que chamámos a Rota dos Palácios
Dos 16 que alinharam à partida da Rota, há quase um ano, apenas 5 completámos todas as 5 etapas: o Zé Manel e a Dina, o António, o Abílio ... e o autor destas linhas. Alguns dos restantes falharam uma ou outra, outros participaram em intermédias ... mas os 5 "heróis" tivemos direito a foto especial... 😂
As 5 etapas da "Rota dos Palácios"
(Clique no mapa para ampliar ou aqui para ver no Wikiloc)
E para celebrar o fechar desta Rota "Palaciana" ... todos tivemos direito a um lauto lanche nas escadarias do Chafariz Monumental. Vinhos, água pé, queijos, enchidos, uma fabulosa bola de carnes ... houve de tudo um pouco naquela confraternização final ... a comemorar também os 136 km percorridos nas 5 etapas, com uma altimetria que superou os três mil metros acumulados.
Um grande obrigado a todos os que participaram em qualquer das "etapas palacianas" deste projecto.
A Vida é feita de paixões, convívio, amizades!

quarta-feira, 22 de novembro de 2023

Caminhar e Ser Feliz ... na Ericeira

"Caminhar e Ser Feliz" continua a ser o lema do amigo Deonel ... que não via desde que ambos regressámos do Caminho de Assis. Para hoje, desafiou-nos para um passeio na Ericeira, seguido de um peixinho no Clube Naval. E que belo passeio, numa esplêndida quarta feira de Sol, mar e céu azul!

Ericeira, 22.Nov.2023, 10h30 - A um mês do Inverno ... que esplêndido dia de Sol, mar e céu azul!
"Quem anda ao mar"...
Entre a foz do Lizandro e a foz da Ribeira da Fonte Boa, corremos todo aquele belo pedaço de costa, sem esquecer a Igreja Matriz e a singular Capela de S. Sebastião. O vídeo acima resume a jornada de escassos 11,5 km ... até ao regresso ao Clube Naval, onde o peixe ainda sabia a mar.

Foto de grupo, ainda na praia ... e a "caminhar" no belo almoço no Clube Naval 😂 (Fotos: Deonel Pinto)

sábado, 18 de novembro de 2023

Um sábado de nevoeiro, pelos montes de Arruda dos Vinhos...

Nas três Marchas dos Fortes em que já participei, ou em várias outras caminhadas, por diversas vezes atravessei os montes e vales da Arruda dos Vinhos, ao longo dos anos que voam cada vez mais rapidamente.
18.11.2023, 10h30 - Tínhamos começado na Arruda
uma bela caminhada ... enevoada 😄
Também com os Caminheiros Gaspar Correia as terras da Arruda já foram palco de várias jornadas pedestres ... e mais uma vez a elas voltámos num sábado dominado pelo nevoeiro e por uma humidade densa.
Saímos da Arruda pouco depois das dez. O percurso era circular, começando rumo a sul e passando próximo do Forte do Cego e do Forte da Carvalha, este já depois do almoço, pouco antes da aldeia da Mata.
A caminhada contou com a presença da parceira, "manos velhos", ex-alunas, enfim ... a "família" caminheira "gasparita" 💝
Maravilhas da Natureza, tecidas
pelas aranhas e pela água abundante
Mas ainda estamos na Arruda, 10h50
Agora sim rumo aos montes ... nas maravilhas que só este dia podia dar
Por montes e vales onde a chuva regou campos e pomares ...
E por selvas impenetráveis,
na encosta norte do Forte do Cego
E chegamos ao Moinho do Céu, 14h25 ... onde em pensamento se vê muito além do nevoeiro...
Qual máquina do tempo ... o baloiço faz-nos regressar às infâncias que lá vão... 
Descida do Moinho do Céu para nordeste, de regresso à Arruda
O Presidente da Direcção e o organizador desta bela caminhada conversam amenamente ... e chegamos à Arruda pelas 15h30
Clique no mapa para ampliar ou aqui para ver no Wikiloc
Mas de regresso à Arruda dos Vinhos ... a actividade de Novembro dos Caminheiros Gaspar Correia não terminaria sem um belo magusto e convívio, carinhosamente preparado também pelo organizador ... tão bem preparado que, a meio do magusto, lá abriu finalmente um pouco o Sol que não tínhamos visto em nenhuma altura anterior!
Foi, sem dúvida, um belo sábado de nevoeiro em terras da Arruda. Aliás, como mostra o gráfico de perfil ... a caminhada foi "tendencialmente plana", como dizia o organizador... 😂