domingo, 28 de janeiro de 2024

XIII Marcha Nacional de Montanha - Serra da Padrela

Loivos - Frutuoso - Barbadães de Cima - Soutelinho - N2 - Soutelinho

Desde 2018 que tenho participado em todas as edições da Marcha Nacional de Montanha, organizada pelo Grupo de Montanhismo de Vila Real, habitualmente nas Serras do Marão ou do Alvão.
À 13ª edição, contudo, pela primeira vez o grupo planeou aquela actividade noutra serra do distrito ... o que constituiu uma aliciante suplementar para que este septuagenário continuasse a marcar presença, tanto mais que as minhas botas não tinham ainda pisado a Serra da Padrela, o novo destino desta já tradicional grande actividade invernal.
Assim, sexta feira à noite estávamos nas Pedras Salgadas, o "rapaz pacato" autor destas linhas, os seus três companheiros do Caminho de Assis e as companheiras de vida de dois deles. Instalámo-nos os seis num alojamento local no centro da vila, base para os dois dias da actividade, que além da componente pedestre teve, como todos os anos, uma animada componente de camaradagem entre os 70 elementos de todos os grupos e clubes representados. Só o "invernal" é cada vez menos invernal ... por via das alterações climáticas; mais pareceram dois excelentes dias de primavera!...

Serra da Padrela, 27.Jan.2024 - Tínhamos começado o 1º dia de Marcha às 08h00, próximo de Loivos
A Serra da Padrela estende-se pelos concelhos de Vila Pouca de Aguiar e Valpaços, entre Vila Real e Chaves. O primeiro dia da XIII Marcha Nacional de Montanha começou pelas oito da manhã, próximo da aldeia de Loivos, depois de um transporte em autocarro da organização desde o ponto onde ficaram os carros, na EN 2, como tem sido habitual nas edições anteriores. Apesar de uns frescos 6º C no início ... o que não é habitual é a "primavera" que se fez sentir nos dois dias, contrariamente mesmo à edição do ano passado ... em que começámos com quatro graus abaixo de zero...
10h15h, depois de quase 7 km de subida pelos belos trilhos da Padrela, entre Loivos e Frutuoso. Ao fundo são terras do Gerês!
Da aldeia de Frutuoso, onde a organização tinha um simpático pequeno reforço alimentar, avistavam-se terras do Gerês, distinguindo-se inclusivamente as alturas da Fonte Fria, por trás de Pitões das Júnias. O Sol de inverno proporciona normalmente uma atmosfera mais límpida e maior visibilidade do que em épocas mais estivais. Seguiu-se a descida em sentido sudoeste, ao longo da encosta poente da Serra da Padrela, não muito distantes do seu cume, a 1148 metros de altitude.

No reino das maravilhas, nas duas horas seguintes vamos descendo a Serra, com a aldeia de Valoura a espreitar lá em baixo
E antes da uma da tarde estávamos em Barbadães de Cima
Em Barbadães estávamos no extremo sul do nosso percurso, contornando o profundo vale da Ribeira do Freixo. O almoço estava no programa para uma hora mais tardia, já que ainda tínhamos de chegar à aldeia de Soutelinho do Monte, rumando agora a noroeste ... mas as pernas andaram bem e chegámos com mais de uma hora de avanço ... ou então era a fome a puxar... 😂

De Barbadães chegamos a Soutelinho do Monte às
duas da tarde, onde nos esperava um belo almoço 😊
Faltava agora descer para a EN2 e a Ecovia do Corgo ... tocando ao de leve o Caminho Português do Interior; por ali passei há quase 5 anos ... quando liguei Vale de Espinho a Santiago de Compostela.
E também com um bom avanço em relação à previsão, pouco depois das quatro e meia estávamos no local onde os carros tinham ficado, junto à estátua do Guerreiro Romano.
Percurso do 1º Dia da XIII Marcha de Montanha
(clique para ampliar ou aqui para ver no Wikiloc)

... e a equipa de seis que formámos para esta Marcha,
junto à estátua do Guerreiro Romano da EN 2
Jantar de convívio da XIII MNM, Pedras Salgadas,
Restaurante "O Conde", 27.01.2024, 21h20
Pedras Salgadas, 28.Jan.2024, 07h50 - Preparávamo-nos para o 2º Dia de actividade da XIII MNM 
Como habitualmente, o segundo dia de actividade incluía uma caminhada circular e mais curta. Voltámos a Soutelinho do Monte, junto à antiga Escola Primária onde tínhamos almoçado. Estava uma manhã mágica, em que o Sol alternava com o nevoeiro, no qual nunca chegámos a ver-nos envolvidos mas que formava extensos "mares" nos vales que se avistavam dos pontos altos.

Cores da Serra da Padrela ... e com alguma neblina
chegamos à Ecopista do Corgo, na antiga via férrea
Há magia nos vales das várias linhas de água da Serra da Padrela - 28.Jan.2024, 10h45
Descida para os vales férteis de Açor e da Regada, entre Vila do Conde e Valoura
Orvalho e tecelagem ... ou
o milagre da Natureza!
"Rendas" de líquenes arborescentes, na subida de regresso a Soutelinho do Monte
Ainda não era meio dia e meia quando entrámos de novo em Soutelinho. E ... a organização informou que sobrara caldo verde e carne de porco da véspera. Creio que ninguém se importou que a ementa fosse igual ... e o almoço foi portanto no mesmo local, para encerramento de mais esta bela actividade que, todos os anos, reúne cerca de 70 adeptos do pedestrianismo de diversas colectividades de norte a sul do país. Tenho frequentemente sido o único representante do Clube de Montanhismo da Guarda, o meu distrito adoptivo ... mas este ano éramos quatro representantes; dois foram comigo...😉

Soutelinho do Monte, 28.01.2024, 12h20

Tínhamos percorrido apenas 31 km nos dois dias de actividade.
Mas, como sempre ... as caminhadas não se medem em km!
Clique para ampliar ou aqui para ver no Wikiloc
Parabéns à FPME e ao GMVR, o grande obreiro desta festa de convívio, camaradagem e pedestrianismo. Para o ano ... lá nos encontraremos!

domingo, 21 de janeiro de 2024

K55 ... por montes, vales e passadiços do Concelho de Loures

Nunca tendo sido a corrida minha predilecção (nem o trail), gosto contudo de caminhar rápido ... e gosto também de caminhar sozinho. Não se trata de gostar mais ... trata-se de gostar de forma diferente. Aproxima-se a passos largos a habitual Marcha de Montanha do fim de janeiro ... pelo que senti
Sacavém, 21.01.2024, 06h15
a necessidade de testar a minha forma física, além de gostar de verificar até onde as minhas septuagenárias pernas aguentam... 😂
Assim ... faltavam 4 minutos para as seis da manhã (noite cerrada, claro) quando saí de casa para uma volta apenas semi esboçada. Seria para gerir ... à medida. Contando com quase duas horas de noite, a primeira parte teria forçosamente de ser em área urbana, iluminada.
Igreja de Santiago Maior, Camarate, 06h45
Panorâmica de Fetais para o vale da Póvoa de Santo Adrião
Chafariz de El Rei, Póvoa de Santo
Adrião07h20 ... e o dia ia nascendo...
Capela de Nossa Senhora da Saúde, 08h35, entre a Serra da Amoreira e o Cabeço de Montemor
Para além do muito "dar à perna" em distância que idealizara ... os desníveis também tinham que se lhe diga. Com o dia a começar a clarear, desci do alto de Fetais para a Póvoa de Santo Adrião, para logo subir à Ramada, à Serra da Amoreira e ao alto da Capela de Nossa Senhora da Saúde, já na encosta sul do Cabeço de Montemor e com belas panorâmicas a quase toda a volta.
Vista do terreiro da Capela de Nossa Senhora da Saúde para a serra da Amoreira
Cabeço de Montemor, 08h50 / 09h05 - Geodésico (357m alt.) e panorâmicas para sul e nordeste
O cabeço de Montemor situa-se entre Santo António dos Cavaleiros e Caneças, no sentido leste / oeste, e entre a Ramada e A-dos-Calvos, no sentido sul / norte. Foi precisamente para A-dos-Calvos que desci, com água a cantar nas pequenas linhas de água que descem da serra ... e até no próprio trilho. A ribeira do Pinheiro de Loures levava bom caudal.

Descida de Montemor para norte, para A-dos-Calvos e Pai Joanes, 09h40
Ao cruzar a ribeira do Pinheiro de Loures, levava já 20 km nos pés, percorridos em menos de 4 horas ... mas a média claro que iria baixar, como aliás já baixara em relação às primeiras duas horas e meia.
No Tojalinho, as cartas assinalam a Capela do Senhor Jesus dos Desamparados. Trata-se de uma minúscula Capela ... que "milagrosamente" estava aberta, ou melhor ... tinha apenas um pauzinho a segurar a porta, por baixo. Visitei, deixei tudo como estava ... e à saída deixei os bastões pousados no muro em frente; só dei por falta vários quilómetros depois ... e não voltei atrás. Fazendo jus ao nome ... acredito que venham a ser úteis a algum desamparado que deles necessite 💖.

Capela do Senhor Jesus dos Desamparados, Tojalinho
- os meus bastões ficaram lá ... para algum desamparado

Ainda no Tojalinho, 09h55 - Foi daqueles montes que eu vim...
Mais uma hora ... mais uma subida ... cruzando a EN8, passando por Murteira e Malhapão, rumo a Casainhos ... em sobe e desce permanente ... com alguma lama ... e denotando já algum cansaço, claro. A seguir a Fanhões, pouco depois do meio dia, estava com 30 km nos pés.

Ribeira de Casainhos, com bom caudal, 11h40
Igreja de Fanhões, 11h55
De novo acima dos 300 metros de altitude, na Serra de Fanhões, próximo do geodésico de Picotinhos
Uma das ideias era descer a Bucelas e seguir por Vila de Rei e a Quinta da Romeira. Mas a média de andamento descia a olhos vistos. Dos 6,5 km/h iniciais já descera para 5,5 ... e para os 5 km/h. Em qualquer caminhada, particularmente a solo, há que gerir tempos, distâncias, desníveis ... e cansaço.
E o bom senso ditou-me descer para o vale do Trancão, com a única paragem de toda a jornada à entrada dos passadiços do Trancão ... sem contudo seguir para Bucelas.
O Trancão a sul de Bucelas, 13h25 - Local do almoço ... e da única paragem (12 minutos)
Cruzado o Trancão na ponte da EN 115, subi à Quinta do Furadouro e entrei no fabuloso trilho de bosque ribeirinho que conduz à aldeia do Zambujal, bem conhecido.
No bosque ribeirinho que acompanha o vale do
Trancão e a EN 115, na margem esquerda do rio

Zambujal
, 14h20, com 37 km percorridos
Ruínas da Quinta do Duque, com Alpriate à vista e o bairro das Bragadas lá em cima
Do Zambujal poderia ter orientado o percurso para a Granja e a Quinta do Monteiro Mor, pelo Caminho de Fátima e de Santiago em sentido contrário, subindo depois aos bairros para o regresso a casa. Mas ... ainda me achei a tempo de percorrer o Caminho de Santiago sim, mas no sentido correcto. Às três da tarde estava em Alpriate; a ideia passou a ser ir até à Póvoa de Santa Iria e vir pelos passadiços à beira Tejo ... o que sabia que iria passar da meia centena de quilómetros.
Alpriate ... no Caminho de Fátima e Santiago,
junto ao que já foi o 1º Albergue desde Lisboa
Caminho de Santiago ... um "pouquinho" enlameado... 😂
E na Praia dos Pescadores da Póvoa de Santa Iria, 15h55
A praia dos pescadores da Póvoa e os passadiços do Tejo fervilhavam de gente, neste domingo de Sol de inverno. Para a foz do Trancão faltavam sensivelmente 8 km. Já agora, iria mesmo até à foz, pelo novo percurso ribeirinho de Loures ... o que me fez nascer a ideia de ter lá um "comité de recepção", no final (ou quase) desta longa "maratona". E da ideia à prática ... era só a distância de um telefonema...

17h20 - Pelo Percurso Ribeirinho de Loures, estou a chegar à Foz do Trancão ...
onde era esperado quase com um Porto de honra... 😀
Ter a parceira de Vida e 4 "manos velhos" à espera foi óptimo ... mas ter também a Ministra do Trabalho foi uma grata surpresa. A Dr.ª Ana Godinho estava igualmente a usufruir do belo domingo de Sol ...
Até o Zuma compareceu na recepção... 😂
e encontrámo-nos por mero acaso quando cheguei e abracei "a minha gente" 😄. Filha de uma saudosa colega dos nossos tempos de ensino, conhecemos a Ana desde menina e moça!
Na foz do Trancão estava com 52,5 km percorridos ... mas claro que quis fechar o "circuito" e ir a pé para casa, uma vez que foi de casa que parti. E assim, às seis da tarde estava a entrar no "ninho", com 55,5 km percorridos em 12 horas exactas. A minha arraiana e os "manos velhos" ... foram de carro 😂
Despedida da foz do Trancão e travessia do Bairro da Cortiça, Bobadela, junto aos viadutos do IC2
(clique na foto ou aqui para ver o álbum completo desta "maratona")
Os números de uma bela jornada a testar a forma
física. Clique para ampliar, ou aqui para ver no Wikiloc