Já várias vezes salientei, nestas minhas "fragas", o papel que as redes sociais têm tido, particularmente
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Os "Novos Trilhos" na "Visão" |
nos últimos dois anos, na minha contínua descoberta de novos trilhos, de novos instantâneos de ar livre. É o tal estranho cruzamento de uma catarse purificadora com a tecnologia do século XXI, a que me referia no que escrevi numa noite de Maio de 2011, completamente sozinho e "perdido"
em pleno trilho da Cumeada, nas terras mágicas do Gerês.
Vem isto a propósito de mais uma "aventura", vivida ontem, sábado, em terras do nosso Oeste. O desafio ... era um teste de resistência: ligar dois dos mais importantes castelos medievais do oeste, de
Óbidos a
Torres Vedras. E o desafio vinha de mais um grupo que acompanho regularmente nos trilhos da
net, que teve até já lugar de destaque na Revista "
Visão". Bem a propósito, o grupo chama-se ... "
Novos Trilhos". Alguns elementos já os conhecia de outras "aventuras" ... e assim as minhas "famílias" caminheiras vão aumentando, na razão directa da minha paixão pelo pedestrianismo.
Entre os Castelos de
Óbidos e de
Torres Vedras, a jornada seria, como foi, uma jornada dura, na casa da meia centena de quilómetros. Paisagens agrícolas, bosques de pinheiros e eucaliptos, belas aldeias de casario branco, típicas do Oeste, povoações históricas como Serra d'el Rei, fizeram parte do itinerário e deram a esta "prova" o sabor da "missão cumprida", com alegria e boa disposição!
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Estação de Torres Vedras, 23.03.2013, 7:26h |
Pouco passava das 7 da manhã juntávamo-nos na Estação da CP de Torres Vedras, onde ficaram as viaturas e onde tomámos o comboio para Óbidos. Da estação ferroviária subimos ao Castelo e a primeira etapa foi assim entre
Óbidos e
Serra d'El Rei, 15 km que completámos em 2 horas e meia, pelos campos e lezírias do
Sobral da Lagoa e da Charneca da Mata.
Serra d’El-Rei terá sido um enclave portuário erigido pelo lendário Mestre Templário Gualdim Pais. O actual topónimo teve origem no afecto especial que, a partir de meados do século XIV, os reis portugueses lhe dedicaram, sobretudo D. Pedro I, que se dedicou a esta povoação com o ardor apaixonado da sua juventude.
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Óbidos: começou a grande jornada entre Castelos |
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Sobral da Lagoa |
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Serra d'El-Rei: ao fundo a Papoa e a Berlenga |
A nossa segunda etapa, entre
Serra d'el Rei e
Marteleira, atravessou a porção noroeste do
planalto de Cezaredas e levou-nos aos 30 km de percurso. Não passámos muito longe de
Bolhos, onde num longínquo dia 1 de Novembro de um longínquo ano de 1970 nasci para a vida ao ar livre, quando me iniciei na Espeleologia, precisamente nas grutas de Bolhos, Lourinhã! 30 anos antes do século XXI...! 40 anos antes de começar a escrever as minhas memórias ... "
Por fragas e pragas..."! O passado cruza-se com o presente, as recordações cruzam-se com as vivências da actualidade!
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Planalto das
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Cesaredas |
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Marteleira
Auto-retrato...
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Já a entrar na tarde, da
Marteleira continuámos rumo a Sul, fazendo a terceira e última paragem próximo de
A-dos-Cunhados, quando os GPSs (e as pernas...) assinalavam os 40 km.
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Outro grupo de caminheiros... |
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Os heróis! |
Os últimos quilómetros desta "maratona" foram já depois do Sol posto. Quase com 49 km percorridos, passavam 15 minutos das dezanove horas quando entrámos nos limites da cidade de
Torres Vedras. Mas ... claro que tínhamos de ir ao Castelo, ou não fosse esta uma "prova" entre Castelos. A porta do Castelo Medieval de Torres marcou assim simbolicamente o final desta bela jornada de resistência ... mas dali ainda tínhamos de voltar, claro, aos carros que tínhamos deixado de manhã a descansar, junto à Estação da CP ... e para completar os prometidos 50 quilómetros de marcha!
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Rio Alcabrichel |
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Montejunto sempre à vista |
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Eo Sol ia-se pondo... |
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Forte de Olheiros |
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E Torres Vedras quase by night... |
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Junto ao Castelo de Torres: a "promessa" entre Castelos estava cumprida |
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... e cá estamos de novo na estação de Torres Vedras:
estava completada a jornada, com 50 km percorridos! |
Tinha testado de novo os meus limites, à semelhança do ano passado,
quando liguei a Malcata à Gardunha em travessia solitária, que continua a ser o meu record pessoal de distância num dia. Agora estes "
Novos Trilhos" do Oeste sem dúvida que me agradaram. Apesar da jornada longa e do andamento necessariamente rápido, a alegria e o companheirismo estiveram sempre bem patentes nos rostos das mais de três dezenas de "maratonistas". A alegria e o companheirismo que aprendi a partilhar e a viver, em tantas e tantas "aventuras" de ar livre ... há mais de 40 anos!
A meteorologia ... essa mais uma vez cumpriu a "tradição" de contrato especial...
J! De uma duvidosa previsão de uma caminhada total ou parcialmente à chuva ... apanhámos ligeiros borrifos por volta das onze da manhã...
Alguns números desta "maratona":
Distância percorrida: 50,1 km
Tempo total: 11 horas e 8 minutos (9h:43m de marcha + 85 minutos de paragens)
Média geral de marcha: 5,16 km/h
Altitude mínima: 5 m (Rio Real, Sobral da Lagoa)
Altitude máxima: 177m (próximo de Feteira, Planalto das Cesaredas)
Desnível acumulado de subida: 996 metros / de descida: 973 metros