O fim de semana acabado de partilhar bem se poderia chamar "Uma Aventura na Arrábida", como nos romances de Isabel Alçada e Ana Maria Magalhães...
J
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O grupo de "aventureiros" à descoberta da "Serra Mãe", 11.07.2015 |
O projecto era de "Descoberta da Serra Mãe", particularmente para quem pouco ou nada conhecia daquela serra mágica, já que grande parte dos 14 "aventureiros" vieram do Porto, de Coimbra e da Covilhã, reunindo-nos pelas nove da manhã no
Alto da Califórnia, a leste de
Sesimbra. E do projecto faziam parte essencialmente o litoral da
Serra do Risco, a zona da "brecha" junto ao
Fojo dos Morcegos, a
Fenda do Creiro, o cume do
Formosinho ... e uma noite de campo na praia, no
Portinho da Arrábida, no local da velha duna onde tantas vezes dormi ... há 40 anos e mais...
J
Tal como na
última sexta feira santa ... voltei a sentir a minha nova "juventude da vida", com os meus novos companheiros de "aventuras". O primeiro troço levou-nos da "Califórnia" à
Baía da Armação, junto à ponta do
Cabo de Ares, onde se erguem as ruínas das velhas casas de uma antiga armação de pesca.
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Baía da |
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Armação |
Ao largo desta baía e da
Ponta de S. Pedro, que a fecha a leste, no longínquo dia 9 de Agosto de 1972, efectuei o meu
mergulho mais profundo, a 65 metros de profundidade. Como se passaram 43 anos...!
Alguns corajosos afoitaram-se nas frias águas da Armação ... e a seguir viria a primeira "aventura": a subida "radical" desde o nível do mar aos 300 metros das cristas da
Serra do Risco!
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Primeiro desafio do dia: subida "radical" da Armação às cristas da Serra do Risco |
Com o calor a começar a apertar, o cascalho solto em muitos locais e a vegetação ... subir aquela encosta não foi uma tarefa propriamente fácil...
J. Ao meio dia e meia hora ... tínhamos feito menos de 4 km...
Na crista da
Serra do Risco esperava-nos o calor ... e o muito carrasco. A progressão não se tornou portanto tão rápida como era desejável. E havia muita fotografia para tirar, naquele magnífico e imponente litoral. O almoço foi pouco antes do geodésico do
Píncaro ... num "restaurante" com vista para o mar...
J
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Ao longo das Cristas do Risco, a falésia calcária mais alta da Europa (380 metros) |
O calor, o muito carrasco, alguns arranhões e algumas dificuldades de dois ou três elementos do grupo ... ditaram que só quase às quatro e meia da tarde estivéssemos a passar pelo
Casal do Risco.
A ideia da descida ao
Fojo dos Morcegos foi portanto abandonada. Como em qualquer caminhada ... o projecto é para ir gerindo, consoante as condições e o ritmo da progressão.
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As Cristas do Risco, de onde tínhamos vindo, à entrada no Campo da Vitória |
A parte final do percurso acabou portanto por ser pela estrada. Estávamos sedentos de umas "lourinhas" ... e o primeiro bar ainda na descida para o
Portinho recebeu-nos por mais de três horas...
J
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Portinho da Arrábida, 21:45h |
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22:15h ... e são horas de recolher ... aos sacos cama na areia... :) |
Só dali saímos pouco antes das dez da noite, directos para a "caminha" ... ou seja para a areia do extremo leste do
Portinho da Arrábida, no sítio do velho "Monte Branco", a desaparecida duna que há 40 anos fazia as delícias de todos os amantes da "Serra Mãe". E foi assim, a ouvir o vento que de vez em quando trazia areia, sob um céu repleto de estrelas e a ver passar eventuais OVNIs, que procurámos dormir ... recordando "aventuras" vividas quando tinha 40 anos menos...
J.
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12.07, 6:00h ... e a noite deu lugar a um novo dia (Foto: Cristina Ferreira) |
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Foi aqui que "acampámos", frente à velha Anicha
... e pouco depois das 6:30h já estávamos
a desmontar o "acampamento"...
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Com o dia a nascer antes das seis da manhã, fugir ao calor era a principal ideia. Para segundo dia de actividade, percorrer a
fenda da Arrábida - que só há pouco tempo eu havia conhecido - era a "aventura" do dia. Pouco depois das 7 horas já estávamos por isso no
Creiro, de novo carregados, a mergulhar naquela mágica e "misteriosa" fractura dos calcários miocénicos e jurássicos.
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Uma janela aberta sobre a bela baía do Portinho, vista do Creiro |
Desta vez percorremos a
Fenda da Arrábida na totalidade. O percurso dentro da fenda (de aproximadamente 1 km de extensão) é absolutamente espectacular, ladeados por impressionantes paredes de rocha que quase escondem a luz solar.
A vegetação enche o ar de uma humidade que nos dava uma sensação pastosa. A fenda é um verdadeiro micro-ecossistema, uma jóia escondida da maioria dos muitos veraneantes, que não imaginam poder existir tal local naquela formosa serra.
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Ao longo da mágica e "misteriosa" Fenda da Arrábida |
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... um outro mundo no Portinho da Arrábida |
No troço poente da fenda ... algumas pendentes só são vencidas com o recurso a cordas de escalada. Pessoalmente, escalada propriamente dita nunca foi minha "sedução", mas com maior ou menor dificuldade todos os participantes venceram bem o "desafio"
J
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Dois "manos" em ascensão, no troço poente da fenda da Arrábida... J
(Foto da direita: Cristina Ferreira)
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E a baía do Portinho às dez da manhã ... ao Sol já tórrido destes dias bem quentes de Julho |
Percorrido o "mundo secreto" da
Fenda da Arrábida ... mais uma vez havia que gerir a actividade. A manhã ia a meio ... a subida ao cume do Formosinho iria ser feita já com bastante calor ... e de novo pelo meio de muito carrasco, como na véspera. Todos achámos por bem descer às águas junto à
Lapa de Santa Margarida ... e como entretanto havia quem, de boleia, já tinha ido buscar um carro ao alto da Califórnia ... os "motoristas" foram transportados nele para que os restantes carros viessem ter com o grupo...
J. Foi um plano "C" na programação deste fim de semana ... mas ficou prometida a subida ao
Formosinho numa altura mais fresca ... ver nascer o Sol no cume das terras arrábidas!
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Lapa de Santa Margarida ... onde entendemos dar por findas as actividades deste fim de semana |
No entanto, já automobilizados, voltámos a
Sesimbra ... para encerrar a actividade com uma bela sardinhada no "meu" velho "
Tic Tic" ... de novo a recordar nostalgias de há quase meio século, do
Porto de Abrigo ... daquele velho Tic que tinha então talvez 1/4 do tamanho, junto ao qual tínhamos a nossa Casa Abrigo do Centro Nacional Juvenil de Mergulho Amador.
Obrigado ao Nuno e ao meu "mano" Vítor, que puseram de pé este belo fim de semana de "aventuras"; obrigado às minhas "manas" Cristina e Anabela ... que penso que de algum modo motivei a nele participarem...
J. E obrigado, evidentemente, aos restantes nove "aventureiros" e amigos que fizeram deste fim de semana ... mais um para contar ao(à)s neto(a)s...
J