terça-feira, 28 de julho de 2015

Bosques e ruralidade ... nos arredores do Luxemburgo
Senningerberg - Hostert - Niederanven - Senningen - Senningerberg

25 de Julho de 2015 - O vale do Saale, visto dos jardins do
castelo de Dornburger Schlösserem Dornburg, antiga DDR
Neste fim de Julho, o casamento de um sobrinho foi o mote para uma deslocação à Turíngia, na antiga DDR. Mas, com um irmão e cunhada a viver no Luxemburgo ... a forma mais económica de lá chegar foi voar para o Luxemburgo e depois ir de carro, aliás à semelhança de há 4 anos atrás, quando igualmente fomos visitar o mesmo sobrinho.
Na Alemanha não houve oportunidade de caminhar ... mas no Luxemburgo, hoje ... o Sol abriu pela manhã, para um percurso pelos bosques e pequenas povoações rurais dos arredores da capital do Grão-Ducado. Mais uma vez constatei que o Luxemburgo e a Alemanha, como também a França e outros países, mantêm e desenvolvem a sua ruralidade, a pecuária, a agricultura, a silvicultura ... enquanto em Portugal infelizmente viveu-se a febre do abandono dos campos, quando teríamos tantas ou mais potencialidades como eles...

Senningerberg, 28 de Julho, 9:55h - A magia do bosque, próximo da estrada Senningerberg - Hostert
Entre Senningerberg e Hostert, o percurso iniciou-se pelo bosque onde circulava antigamente a linha férrea entre as cidades do Luxemburgo e Echternach, inaugurada em 1904. A via foi transformada em pista pedestre e ciclista, mantendo-se a velha estação do Charly's, como era conhecido o combóio, a testemunhar a traça de um passado perdido já há mais de meio século.

A velha estação do
Charly's, em Hostert
Entre Hostert e Niederanven, sucedeu-se um misto de paisagens urbanas e rurais, evidenciando a importância do campo e da terra para o desenvolvimento sustentável de uma população.
Em Senningen, algumas placas aludiam ao Château de Senningen, inclusive no seio do magnífico bosque que ladeia a Rue du Château e a Route de Trèves. Contudo ... andei à procura da entrada do castelo, cujos jardins rodeei ... passei duas vezes no mesmo sítio ... e quando finalmente encontrei a porta deparei com um militar fardado a barrar-me a entrada ... o castelo de Senningen é privado... J


Entre Niederanven e Senningen ...
e o Castelo de Senningen invisitável...
Magia de luz, sombras e verde (Gillesboesch, entre Senningen e Senningerberg)
Sempre a subir para o planalto de Senningerberg, continuei por entre os bosques que me separavam do local de partida ... e antes da uma e meia da tarde estava em casa, neste que foi o último dia de uma incursão europeia. Mais logo ... I'll fly back home... J

Catedrais verdes
E ... de regresso a Senningerberg
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domingo, 19 de julho de 2015

A noite dos morcegos
                   ... nos Olhos de Água do Alviela

A "Noite dos Morcegos" é uma acção promovida pelo Centro Ciência Viva do Alviela - Carsoscópio - no espaço que envolve a nascente dos Olhos de Água do Alviela ... um dos locais das minhas "aventuras" dos longínquos anos 70 do século passado, primeiro nos tempos áureos da Espeleologia, depois para estudo dos nossos "primos" quirópteros, já nos tempos de faculdade.
Centro Ciência Viva do Alviela - Carsoscópio
Como actividade extra, os "meus" Caminheiros Gaspar Correia calendarizaram uma visita àquele mundo dos morcegos ao final da tarde de um sábado quente de verão. E lá voltei, assim, às "minhas" velhas nascentes do Alviela, onde já não ia há mais de 10 anos. A acção desenvolvia-se só a partir das 19:30h, mas cerca de duas horas antes estávamos lá, alguns para gozarem a frescura da praia fluvial - onde um dia, na "préhistória", tive de lavar uma mochila dentro da qual se havia vertido um pudim... J - e outros, como eu e a minha "sócia", para uma pequena caminhada proposta pelo roadbook do Centro, na "Rota dos Moinhos". Por ali passa aliás o "Caminho do Tejo" dos Caminhos de Fátima e de Santiago; parte do percurso pedestre coincidiu, por isso, com o início do 4º dia do Caminho de Fátima que fiz em 2013 com os Novos Trilhos.

18.07.2015, 18:20h - À vista da aldeia de Monsanto do Ribatejo, perto das nascentes do Alviela ...
... na Rota dos Moinhos ...
... e nos Caminhos de Fátima e de Santiago
A actividade propriamente dita começou por uma explicação e visita ao Carsoscópio, onde se divulgam as principais características geológicas e ambientais do ecossistema das nascentes do Alviela e das diversas espécies de morcegos que ali vivem.
Os Caminheiros reúnem-se para a "Noite dos Morcegos"
(Foto: Natércia Dias) 
Associados às mais variadas crenças e alvo de desconfiança como transmissores de doenças, os morcegos são criaturas mal amadas e subestimadas em termos de importância ecológica. Segundo as crenças ciganas, por exemplo ... o morcego foi criado por um beijo dado pelo Diabo a uma mulher adormecida!
De Abril a Setembro, as grutas que envolvem a nascente do Alviela e a Ribeira dos Amiais são procuradas por várias espécies de morcegos, que ali se reproduzem. Durante este período, dão à luz normalmente uma única cria, que cresce rapidamente durante os meses quentes do ano.

A caminho da Lapa da Canada (grutas do Amiais)
Ao lusco fusco e depois já noite, junto à entrada da Lapa da Canada, "armados" de detectores de ultra sons para "ouvir" os morcegos, dispusemo-nos num anfiteatro construído com troncos. Primeiro através de alguns "batedores" que vinham ver se éramos de confiança, os morcegos começaram a sair do seu mundo subterrâneo, por vezes com voos rasantes às nossas cabeças.
No anfiteatro natural à entrada da Lapa da Canada
Presentemente, a entrada nas grutas está vedada por traves de madeira, como é compreensível. Naquele mesmo anfiteatro e mesmo na plataforma à entrada da gruta, há 40 anos e mais, era precisamente o local onde costumávamos acampar ... nos anos "loucos" e "revolucionários" da década de 70 do século passado... J.


 Acampamento nas nascentes do Alviela ...
 em 13 de Setembro de 1975


Morcego-de-ferradura-mediterrânico (Rhinolophus euryale) (Foto: Centro Ciência Viva do Alviela)
Foi assim uma bela actividade ... e um regresso ao passado quase pré-histórico de há mais de 40 anos...!

domingo, 12 de julho de 2015

Uma "aventura" na Arrábida...

O fim de semana acabado de partilhar bem se poderia chamar "Uma Aventura na Arrábida", como nos romances de Isabel Alçada e Ana Maria Magalhães... J
O grupo de "aventureiros" à descoberta da "Serra Mãe", 11.07.2015
O projecto era de "Descoberta da Serra Mãe", particularmente para quem pouco ou nada conhecia daquela serra mágica, já que grande parte dos 14 "aventureiros" vieram do Porto, de Coimbra e da Covilhã, reunindo-nos pelas nove da manhã no Alto da Califórnia, a leste de Sesimbra. E do projecto faziam parte essencialmente o litoral da Serra do Risco, a zona da "brecha" junto ao Fojo dos Morcegos, a Fenda do Creiro, o cume do Formosinho ... e uma noite de campo na praia, no Portinho da Arrábida, no local da velha duna onde tantas vezes dormi ... há 40 anos e mais... J
Tal como na última sexta feira santa ... voltei a sentir a minha nova "juventude da vida", com os meus novos companheiros de "aventuras". O primeiro troço levou-nos da "Califórnia" à Baía da Armação, junto à ponta do Cabo de Ares, onde se erguem as ruínas das velhas casas de uma antiga armação de pesca.

Baía da
Armação
Ao largo desta baía e da Ponta de S. Pedro, que a fecha a leste, no longínquo dia 9 de Agosto de 1972, efectuei o meu mergulho mais profundo, a 65 metros de profundidade. Como se passaram 43 anos...!
Alguns corajosos afoitaram-se nas frias águas da Armação ... e a seguir viria a primeira "aventura": a subida "radical" desde o nível do mar aos 300 metros das cristas da Serra do Risco!

Primeiro desafio do dia: subida "radical" da Armação às cristas da Serra do Risco
Com o calor a começar a apertar, o cascalho solto em muitos locais e a vegetação ... subir aquela encosta não foi uma tarefa propriamente fácil... J. Ao meio dia e meia hora ... tínhamos feito menos de 4 km...
Na crista da Serra do Risco esperava-nos o calor ... e o muito carrasco. A progressão não se tornou portanto tão rápida como era desejável. E havia muita fotografia para tirar, naquele magnífico e imponente litoral. O almoço foi pouco antes do geodésico do Píncaro ... num "restaurante" com vista para o mar... J

Ao longo das Cristas do Risco, a falésia calcária mais alta da Europa (380 metros)
O calor, o muito carrasco, alguns arranhões e algumas dificuldades de dois ou três elementos do grupo ... ditaram que só quase às quatro e meia da tarde estivéssemos a passar pelo Casal do Risco.
A ideia da descida ao Fojo dos Morcegos foi portanto abandonada. Como em qualquer caminhada ... o projecto é para ir gerindo, consoante as condições e o ritmo da progressão.

As Cristas do Risco, de onde tínhamos vindo, à entrada no Campo da Vitória
A parte final do percurso acabou portanto por ser pela estrada. Estávamos sedentos de umas "lourinhas" ... e o primeiro bar ainda na descida para o Portinho recebeu-nos por mais de três horas... J
Portinho da Arrábida, 21:45h
22:15h ... e são horas de recolher ... aos sacos cama na areia... :)
Só dali saímos pouco antes das dez da noite, directos para a "caminha" ... ou seja para a areia do extremo leste do Portinho da Arrábida, no sítio do velho "Monte Branco", a desaparecida duna que há 40 anos fazia as delícias de todos os amantes da "Serra Mãe". E foi assim, a ouvir o vento que de vez em quando trazia areia, sob um céu repleto de estrelas e a ver passar eventuais OVNIs, que procurámos dormir ... recordando "aventuras" vividas quando tinha 40 anos menos... J.

12.07, 6:00h ... e a noite deu lugar a um novo dia (Foto: Cristina Ferreira)
Foi aqui que "acampámos", frente à velha Anicha
... e pouco depois das 6:30h já estávamos
a desmontar o "acampamento"...

 
Com o dia a nascer antes das seis da manhã, fugir ao calor era a principal ideia. Para segundo dia de actividade, percorrer a fenda da Arrábida - que só há pouco tempo eu havia conhecido - era a "aventura" do dia. Pouco depois das 7 horas já estávamos por isso no Creiro, de novo carregados, a mergulhar naquela mágica e "misteriosa" fractura dos calcários miocénicos e jurássicos.

Uma janela aberta sobre a bela baía do Portinho, vista do Creiro
Desta vez percorremos a Fenda da Arrábida na totalidade. O percurso dentro da fenda (de aproximadamente 1 km de extensão) é absolutamente espectacular, ladeados por impressionantes paredes de rocha que quase escondem a luz solar. A vegetação enche o ar de uma humidade que nos dava uma sensação pastosa. A fenda é um verdadeiro micro-ecossistema, uma jóia escondida da maioria dos muitos veraneantes, que não imaginam poder existir tal local naquela formosa serra.

Ao longo da mágica e "misteriosa" Fenda da Arrábida
... um outro mundo no Portinho da Arrábida
No troço poente da fenda ... algumas pendentes só são vencidas com o recurso a cordas de escalada. Pessoalmente, escalada propriamente dita nunca foi minha "sedução", mas com maior ou menor dificuldade todos os participantes venceram bem o "desafio" J

Dois "manos" em ascensão, no troço poente da fenda da Arrábida... J

(Foto da direita: Cristina Ferreira)
E a baía do Portinho às dez da manhã ... ao Sol já tórrido destes dias bem quentes de Julho
Percorrido o "mundo secreto" da Fenda da Arrábida ... mais uma vez havia que gerir a actividade. A manhã ia a meio ... a subida ao cume do Formosinho iria ser feita já com bastante calor ... e de novo pelo meio de muito carrasco, como na véspera. Todos achámos por bem descer às águas junto à Lapa de Santa Margarida ... e como entretanto havia quem, de boleia, já tinha ido buscar um carro ao alto da Califórnia ... os "motoristas" foram transportados nele para que os restantes carros viessem ter com o grupo... J. Foi um plano "C" na programação deste fim de semana ... mas ficou prometida a subida ao Formosinho numa altura mais fresca ... ver nascer o Sol no cume das terras arrábidas!

Lapa de Santa Margarida ... onde entendemos dar por findas as actividades deste fim de semana
No entanto, já automobilizados, voltámos a Sesimbra ... para encerrar a actividade com uma bela sardinhada no "meu" velho "Tic Tic" ... de novo a recordar nostalgias de há quase meio século, do Porto de Abrigo ... daquele velho Tic que tinha então talvez 1/4 do tamanho, junto ao qual tínhamos a nossa Casa Abrigo do Centro Nacional Juvenil de Mergulho Amador.
Obrigado ao Nuno e ao meu "mano" Vítor, que puseram de pé este belo fim de semana de "aventuras"; obrigado às minhas "manas" Cristina e Anabela ... que penso que de algum modo motivei a nele participarem... J. E obrigado, evidentemente, aos restantes nove "aventureiros" e amigos que fizeram deste fim de semana ... mais um para contar ao(à)s neto(a)s... J
Uma "aventura" na Arrábida
(álbum completo)