Quando em
Janeiro de 2012 caminhei pela primeira vez com um grupo de adeptos dos percursos longos e de alguma dureza - as
GRDs (
grandes
rotas
duras) - logo soube que havia de viver com eles mais "aventuras". Por isso os acompanhei nas
Serras de Aire e Candeeiros, na
Arrábida, ainda há pouco nos campos de
Oledo e da Idanha ... por isso os levei já às terras do Côa, à
Malcata, à
Serra da Gata.
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17.05.2013, 9:25h - Perto da Barragem da Venda Nova...
a caminho das terras mágicas do Gerês ... com arco-íris |
Num grupo onde impera a amizade e a disponibilidade, onde a sensibilidade desperta a cada curva do caminho, onde no canto de cada sonho nascem vontades ... há muito que uma travessia do Gerês estava no imaginário destes amigos das GRDs. Os dados estavam lançados para um novo desafio...
A partir de Vale de Espinho, onde mais uma vez me encontrava em "retiro", na sexta feira fui-me encontrar com parte do grupo na mítica
Ponte da Misarela, lá onde o Barroso confina com o Minho, onde o
Rabagão é transposto pela ponte que o diabo não queria deixar erguer, lá onde se baptizavam as crianças ainda no ventre materno.
Ao percorrermos a velha ponte e as muitas fragas que a ladeiam, ao som das águas agitadas do Rabagão, quase nos parecia ver surgir o mafarrico e a sua voz tonitruante: "
Salvo-te, pois claro ... mas se me deres a alma em troca". Nós ... salvámo-nos com um bom almoço em
Sidrós, a aldeia barrosã unida à minhota aldeia de Frades pela Ponte da Misarela...
J. E ao fim do dia reuniamo-nos ao resto do grupo em
Pitões das Júnias ... a "aldeia mágica".
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Ponte da Misarela, lá onde o Rabagão separa terras minhotas das terras do Barroso |
Em
Pitões das Júnias ... claro que nos esperavam as minhas velhas amigas da "
Casa do Preto" Quantas vezes já ali fiquei? Quantas vezes as abracei? Quantas vezes me emocionei com o carinho com que ali sou recebido? Obrigado Srª Maria (mãe e filha), Tina, Sandra ... obrigado a todas e todos os que ali me têm recebido ao longo de mais de 30 anos! Eu sinto-me um pouco de
Pitões das Júnias...
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Pitões das Júnias ... a aldeia mágica. O panorama meteorológico não era dos melhores... |
Sábado era o dia da grande rota! A ideia era a grande travessia
Pitões -
Fonte Fria -
Carris, descendo depois a vertente galega para as
Sombras e para os banhos quentes de
Rio Caldo. A meteorologia tinha-nos metido medo durante quase toda a semana ... mas não esperávamos por neve!
Os planos alternativos eram vários ... mas o meu já proverbial e habitual "pacto" com S. Pedro vingou...
J. Juntamente com a alegria e o companheirismo de todos, vivemos assim um fabuloso fim de semana, de paisagens, sensações e emoções inesquecíveis.
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18.05.2013, 6:15h - A "grande marcha" tinha começado: Pitões - S. João da Fraga - Carris - Sombras - Rio Caldo |
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Carvalhal do Beredo |
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Subida à mítica Ermida do S. João da Fraga |
Acabámos por cortar apenas a subida à
Nevosa, ponto mais alto do Gerês e de todo o norte. Dadas as condições de chuva e nevoeiro, em que nada veríamos nas alturas da
Fonte Fria à Nevosa, optámos pelo percurso de meia encosta, pelo
S. João da Fraga,
Cornos de Candela e
Lamalonga.
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O S. João da Fraga ia ficando para trás... |
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Ribeiro Teixeira |
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E a longa marcha prossegue, |
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rumo à Lamalonga |
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Ribeiro da Biduiça |
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Vale da Biduiça |
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E passada a Ribeira das Negras, chegamos à Lamalonga |
Ao longo do percurso tivemos de tudo: Sol, muitas nuvens, chuva (pouca), vento, granizo ... e neve! Mas nada que impedisse a marcha. À hora do almoço estávamos na
Lamalonga, na base da vertiginosa subida para os
Carris ... que foi feita debaixo de uma mistura de granizo e neve! E que espectáculo se nos iria deparar lá no alto, com as ruínas do complexo mineiro completamente "perdidas" na neve e no nevoeiro que por vezes teimava em envolver-nos, a nós e àquelas paragens onde se sente a força da natureza e da história!
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Subida para os Carris ... debaixo de neve! |
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No "reino perdido" dos Carris (1450m alt.), 18.05.2013, 14:50h |
Com cerca de 16 km percorridos, deixámos os
Carris pelo velho estradão mineiro, até um pouco antes da
Ponte das Abrótegas, inflectindo então para norte, para o vale da
Amoreira. O objectivo eram agora as
Minas das Sombras ... e os tão desejados e esperados banhos quentes no Rio Caldo! Mas ainda faltava quase outro tanto...
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Pico do Sobreiro, perdido nas nuvens e na neve |
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Descendo o vale da Amoreira, rumo ... |
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... à fronteira entre terras lusas e galegas, entre o Gerês e o Xurés |
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E entramos no fabuloso Vale das Sombras |
A descida para a vertente galega esteve contudo sempre interrogada até a iniciarmos, já que as previsões meteorológicas eram bem piores do que para o lado luso; a alternativa seria descer pela
Sesta da Lamalonga ou pelo
Castanheiro, direito a
Lapela. Mas mais uma vez ... tivemos o S. Pedro do nosso lado! Ao fundo via-se Sol e algumas aldeias galegas. O vento empurrou as nuvens negras para sul, largaram alguns ligeiros borrifos de chuva e granizo ... e vieram sucessivas abertas de bom Sol, permitindo admirar o fabuloso vale das Sombras (o vale do Rio de
Vilameá), com as suas espectaculares cores, as sucessivas cascatas e piscinas naturais ... o autêntico Shangri-La que eu um dia "descobri", em caminhada solitária, em
Outubro de 2010. Descendo o vale, à nossa direita tínhamos o paredão rochoso do
Pión de Paredes ... que naquele mesmo dia 20 de
Outubro de 2010 trepei a bom trepar, para as alturas do galego
Altar dos Cabrós e do fronteiriço
Pico do Sobreiro...
J.
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Minas das Sombras, 18.05.2013 |
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Altar dos Cabrós (Altar de Cabrões), 20.10.2010 |
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Descendo o fabuloso Vale das Sombras, ou do Rio de Vilameá, 18.05.2013 |
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Ponte de Porta Paredes, sobre o rio de Vilameá |
Já a 700 metros de altitude, a ponte de madeira de
Porta Paredes atravessou-nos para a margem esquerda do rio de Vilameá ... e pouco depois mudámos de vale: um pouco acima da Ermida de
Nosa Señora do Xurés seguimos o Sol poente e descemos para o vale do Rio Caldo e para
Torneiros ... rumo às tão desejadas águas caldas do
Rio Caldo!
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Já à vista do vale do Rio Caldo ... |
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... e da aldeia de Torneiros |
Passavam 20 minutos das 19 horas portuguesas quanto "aterrámos" naquelas maravilhosas águas.
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Nos banhos quentes do Rio Caldo ... onde todo o cansaço e
todos os "males" se desvaneceram... J! (Foto: Cristina Ribeiro) |
Com exactamente 30 km nos pés, um desnível acumulado de 1800 metros de subida e 2500 de descida ... os cerca de 40ºC a que a água deveria estar foram uma cura milagrosa para todos os "males" de que nos pudéssemos eventualmente queixar!
Foram sensivelmente 13 horas de uma fabulosa travessia, bem dura, é certo, que eu já conhecia ... mas que não me cansei nem cansarei de repetir ... na companhia de tão bons e heróicos caminheiros e amigos!
O mini-bus da "
Casa dos Braganças", de Tourém, levou-nos de regresso a Pitões ... onde nos esperava a afamada e deliciosa posta barrosã da "
Casa do Preto" ... para repôr as energias gastas durante a espectacular caminhada que tínhamos acabado de viver.