sexta-feira, 6 de setembro de 2024

Ascensão ao Teide, pelo trilho 0.4.0 (1)

Preâmbulo na Gran Canaria

Subi o Pico Ruivo, na Madeira, por duas vezes, em 1983 e 2019. Subi o Pico do Pico, Açores, três vezes, em 1996, 2000 e 2018; a terceira vez dormi lá ... para assistir à mais bonita solidão do mundo. Assim ... há muito que no canto dos meus sonhos me via a completar este palmarés com o mais alto dos cumes das ilhas atlânticas, o Teide ... quase 1400 metros mais alto do que o Pico!
Tenerife e o Teide ... una aventura del mar al cielo...
3718 metros de emoção!
Quando se sonha ... sonha-se em grande; e sonhar em grande, no caso do Teide ... é subir pelo trilho 0.4.0, ou seja ... desde o nível do mar! Do sonho à "convocatória" de amigos que quisessem viver comigo esta aventura mediaram ainda quase 5 anos. Alguns dos meus habituais companheiros de fragas já o fizeram ... outros também o querem fazer ... mas as agendas e as logísticas não se conjugaram ... e o tempo não pára. O rapaz pacato que um dia, há 55 anos, começou a Viver o ar livre e a Natureza ... já ultrapassou os 70 anos... 😕!
E se integrasse o 0.4.0 num programa nas Canárias em que a minha arraiana pudesse participar? E se levássemos os nossos "manos velhos" Mousinhos ... que logo aceitaram o desafio? E assim ... ao terceiro dia de setembro estávamos os quatro a voar para o arquipélago canário, com uma primeira "base" na Gran Canaria.
04.set.2024, 11h00 - Vegueta, o centro histórico
de Las Palmas e o seu colorido mercado
Nunca tínhamos estado nas Canárias. Nas primeiras horas em Las Palmas ... a sensação foi a de estarmos em Marrocos, afinal ali bem perto. A maioria das mulheres, misturadas com os muitos turistas, usam as tradicionais túnicas amazigh, o que curiosamente depois praticamente não vimos nas outras duas ilhas. As Canárias são as únicas ilhas da Macaronésia que já eram habitadas quando da chegada dos europeus. Os guanches - os indígenas canários - eram originários de populações berberes do norte de África ... mas a cultura guanche foi erradicada pela colonização europeia, dela restando abundantes vestígios arqueológicos, de que o Museo Canario guarda um importante testemunho.
No Museo Canario de Las Palmas, um imenso e importante espólio dos vestígios guanches
Os dois dias na Gran Canaria foram bastante diferentes um do outro, o primeiro dedicado à capital - Las Palmas - e à costa leste e sul, e o segundo dedicado ao interior daquela ilha quase redonda.

Maspalomas, no extremo sul da ilha, 04.set.2024, 16h10
Em Maspalomas senti-me recuar quase 40 anos no tempo. Dir-se-ia que estava a ver as dunas de Laayoune, no antigo Sahara espanhol, quando da épica "Expedição Gil Eanes". E ainda ali fiz uma bela caminhada circular, a solo, de quase 5 km ... debaixo de um Sol abrasador.

Dunas de Maspalomas ... ou um recuo imaginário no tempo
Praia, Porto e Sunset point de Mogán ... e o fabuloso pôr-do-Sol do dia 04.09.2024, 20h15
No dia seguinte, como já referi, fomos para o interior montanhoso da ilha ... e que fabuloso interior! No Barranco de Guayadeque visitámos o excelente Centro de Interpretação das aldeias guanches; escusado será dizer que, para os périplos nas três ilhas que visitámos, alugámos um carro em cada uma ... sendo que na Gran Canaria o "contemplado" foi um familiar T-ROC 😀

Barranco de Guayadeque e habitações guanches, escavadas na rocha, 05.09.2024, 11h45
O T-ROC no belo e diversificado interior da ilha
de Gran Canaria ... prescrutando o horizonte...

A belíssima vila de Tejeda, dominada por esporões rochosos apontados aos céus, como o Roque Nublo
E se no dia 4 tínhamos assistido a um belíssimo pôr-do-Sol em Mogán ... no dia 5, uma vez regressados a Las Palmas, o Universo brindou-nos com um ocaso suplementar e ainda mais espectacular, na baía de Las Canteras. Era a despedida da Gran Canaria.

Praia de Las Canteras, Las Palmas: uma sucessão de momentos mágicos, no pôr-do-Sol de 05.09.2024
06.09.2024, 14h30 - Com o Teide em pano de fundo,
do voo Gran Canaria - Tenerife
Ao quarto dia da nossa digressão, mudávamos de ilha. Da Gran Canaria voámos para Tenerife. A nossa "base" era agora em Puerto de la Cruz ... uma verdadeira jóia à beira mar, um belo paraíso onde apetecia passar umas semanas!
A grande aventura aproximava-se ... e o Teide apresentou-se-nos imponente logo do próprio voo inter ilhas! O Teide é um estratovulcão do tipo estromboliano e o terceiro maior vulcão do mundo, com aproximadamente 7500 metros sobre o leito oceânico. Embora se trate de um vulcão activo, a última erupção data de 1909, durante cerca de 10 dias.
Puerto de la Cruz, Tenerife, 06.09.2024, 16h20
(Escrito após o regresso a Lisboa)

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