A 22 de Maio de 2021, cheguei a
Santiago de Compostela pela 7ª vez a pé. Era o início de uma "nova era" ... o Caminho do meu renascer. À peregrina
do meu Caminho da Vida, também se lhe acendera a chama que ilumina o chão que
pisamos.
Mas depois desse
Caminho desde Valença, em 2022 a "nova peregrina" já percorreu os
Camiños da fín da Terra, de Santiago a Fisterra e a Muxía ... e em 2021 e 2022 percorri, a solo, os
velhos Caminhos Lebaniego, Vadiniense,
Olvidado e de Inverno,
de Santander a Ponferrada
e
a Santiago.
Nos
Caminhos Peregrinos, o 'α' e o 'ω' sucedem-se e transmutam-se; o 'fim' renasce sempre num novo
'princípio', numa linha interminável do Tempo...♾️
Por isso ... aqui estamos de novo
entre o silêncio das pedras, desta
vez no
Caminho da Costa. Com o "mano" Zé Manel Messias ... a
Sé do
Porto assinalou o
começo do primeiro Caminho deste meu "ano especial" de 2023; 25 km
trouxeram-nos até ao
Albergue S. Tiago de Labruge, pela Foz do
Douro e o litoral de
Matosinhos ... num Caminho
que vai ter duas fases e dois ritmos diferentes. Um Caminho especial, por
várias razões ... ou não fosse 2023 um "ano especial"...
O Caminho da Costa
A rota actualmente conhecida por
Caminho da Costa
foi utilizada por peregrinos a partir do século XII, embora mais assiduamente
desde o século XVI. Na Idade Média, contudo, não existiam verdadeiras rotas de
peregrinação ao longo da costa, tanto na cantábrica como na atlântica, por
motivos óbvios: pânico ante os ataques dos vikings, normandos e piratas
sarracenos, insalubridade e febres, por existirem múltiplas zonas pantanosas,
inexistência de pontes, dificuldade de atravessar a desembocadura dos rios,
etc.. Só uns poucos portos - como o Porto, Vila do Conde, Viana do Castelo e
Baiona - cresceram à custa do comércio marítimo. Muitos peregrinos chegavam a
estes portos por mar e seguiam alguma das rotas que ligavam a costa ao
interior. Além de milhares de peregrinos anónimos, numerosos personagens
ilustres utilizaram esta rede de caminhos costeiros, como o Rei D. Manuel I,
que no regresso de Compostela, em 1501, passou por Vila do Conde e Azurara;
também há relatos da passagem por aqui dos cronistas Claude de Bronseval
(1531), Giovanni Battista Confalonieri (1594), o príncipe Cosme III de Médicis
(1669), Gian-Lorenzo Buonafede, que passou por Matosinhos em 1717, e outros.
Já na Galiza, também é conhecida a
Rota Monacal, que os monges
cistercienses percorriam desde o século XII, entre Oia e Baiona, e que ligava
à antiga calçada romana que seguia para Iria Flavia e Compostela. Trata-se
portanto de um Caminho jacobeu suficientemente documentado, se bem que tenha
vivido durante muitos anos à sombra do traçado principal, por Ponte de Lima e
Tui.
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Sé do Porto, 24.Mai.2023, 11h20 - Dois Manos a iniciar
mais um Caminho das Estrelas...
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Depois de uma viagem matinal desde Lisboa,
a
Sé do
Porto foi, naturalmente, o Km '0' do
nosso Caminho. Eram sensivelmente 11h20 quando, pela
Ribeira,
demos os primeiros passos, num dia magnífico de Sol e até de algum calor,
principalmente no início. Acompanhámos o
Douro até à Foz, seguindo
céleres para
Matosinhos,
Leça da Palmeira,
Perafita e
Labruge.
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1ª etapa do Caminho da Costa (Porto - Labruge)
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