"Maratona" circular K50, Vale de Espinho - Sabugal
Curiosamente
9 anos depois
de uma das grandes "maratonas" nas terras raianas, voltei a sair de
Vale de Espinho pouco depois das 5h, noite escura, para poder ver
o Sol nascer no Cabeço da Moura. O mês de Maio está frio, quando saí de
casa estava a 7º ... com um feels like de 3º devido ao vento.
Cabeço da Moura, 12.Maio.2023, 06h17 - Nasce o
Sol para um dia frio mas esplêndido
O percurso que desenhara era uma caminhada circular grandinha, de certo modo
contornando a vertente norte da Serra da Malcata, debruçada para as
terras de Riba Côa e para a albufeira da Barragem do Sabugal,
que desde o alto da Machoca me passou a acompanhar quase em
permanência. Às 08h00, com 13 km percorridos, estava a entrar em
Malcata, ainda quase adormecida.
Belas cores matinais da Serra da Malcata, entre os Cabeços da
Moura e da Machoca, já com a Barragem do Sabugal à
vista.
Malcata, 08h00
Zona de Lazer de Malcata, junto à Barragem
Barragem do Sabugal no Rio Côa, em Malcata
Cruzada a albufeira junto à foz da Ribeira da Porqueira, bordejei a
barragem e os seus meandros, continuando pela margem esquerda
do Côa até ao Sabugal. Já há uns anos que não
percorria aqueles trilhos, carregados de giesta neste maduro mês de Maio ... e
das maias. O nível da albufeira, não estando no seu máximo, admirou-me contudo
pela positiva ... mesmo sabendo que em qualquer altura o Sabugal "oferece"
água à Cova da Beira, através da ligação subterrânea à Barragem da Meimoa.
Bordejando a albufeira, atravessando belos bosques e pelo meio das
giestas, chego ao paredão da Barragem do Côa, Sabugal
Com 21 km, às 10h00 chego
ao Santuário da Senhora da Graça, Sabugal
A Senhora da Graça foi a minha primeira paragem que se chame paragem.
Algum descanso, algum reforço alimentar ... e algum arejamento e auto massagem
dos pés; a tendência para gastar botas velhas até se desfazerem nem sempre dá
os melhores resultados ... estas têm de ir para o "santuário" das
Fontes Lares
😂
Antes das 11h00 estava na Praia Fluvial do Sabugal, que se encontra em
obras. Por onde entrei nada havia a impedir-me, estava aliás a seguir a GR45,
a Grande Rota do Côa ... mas de repente vi-me "emparedado" por cercas de arame
... e dei graças ao facto de ser dia útil, caso contrário teria de voltar
atrás 1 km; como era dia útil, um simpático trabalhador deixou-me sair, já no
final da praia fluvial.
O Côa entre a Barragem e a cidade do Sabugal
E onde o chão está quase
atapetado a algodão!
10h50, 23 km percorridos - Praia Fluvial do Sabugal, com o
Castelo das 5 Quinas em fundo
Já que fui até ao Sabugal - o que até nem estava no plano
inicialmente esboçado, na véspera - quis que o Largo da Fonte (e o "famoso"
lince😄) fizessem parte do percurso desta "maratona". E, coisas do destino, no
Sabugal encontrei o Tó Coxo, o amigo do "Café Central" de Vale de Espinho; "conheci-te pelos paus", disse-me ele quando me
chamou, referindo-se aos bastões.
Largo da Fonte, Sabugal, 11h00 - Há linces no Sabugal... 😃
Depois do Sabugal, a ideia era seguir agora a margem direita do
Côa até às Teixedas, onde só tinha ido há 13 anos, na 2ª
etapa da minha
descida pedestre do Côa. Tentando cruzar um bonito prado entre o cemitério do Sabugal e o rio, às
tantas vi-me obrigado a saltar um muro; mas já estou acostumado 😂
Ao fundo da Rua do Cemitério, a travessia de um prado deu lugar a esta
bela vista do Sabugal
Pelos campos que bordejam a margem direita do Côa, entre o
Sabugal e Teixedas
Neste troço bordejei também a encosta sul do cabeço do Gravato, onde em
3 de Abril de 1811 se deu a Batalha do Gravato, um dos epílogos das pretensões
Napoleónicas em terras lusas. Antes da uma da tarde, com 31 km nos pés, estava
no parque de merendas de Teixedas, que também conheci há 13 anos, na
descida pedestre do Côa ... mas que agora encontrei com um aspecto bem mais abandonado.
Quinta da Granja, nas "terras perdidas" a caminho de
Teixedas
Teixedas que é um lugar ... de 4 ou 5 casas
E a paragem de almoço foi no Parque de Merendas de
Teixedas ... com ar de um certo abandono
Belos exemplares de abrótea
(Asphodelus albus)
Passam dez minutos da uma da tarde, quando deixo o minúsculo lugar das
Teixedas
As Teixedas marcariam o afastamento do Côa. O rumo seria
agora nordeste, começando por subir ao Cruzeiro das Peladas e os
terrenos da antiga Colónia Agrícola de Martim Rei, primeiro projecto da
então denominada
Junta de Colonização Interna, criada em 1936.
Cruzeiro das Peladas ... e ao longe já avisto terras de
Quadrazais e de Vale de Espinho
Passam quinze minutos das duas da tarde. Numa explosão do amarelo das maias
como não há memória, com 36 km nos pés doridos pela escolha de botas velhas,
cruzo a estrada Sabugal - Vale de Espinho no local onde ainda três dias antes
tinha estado com a minha arraiana precisamente a admirar os giestais a perder
de vista. Sigo agora em direcção à Torre, para logo a seguir entrar na
GR 22, das aldeias históricas. No esboço de percurso tinha incluído ainda o
Ozendo, mas não se justificaria alongar ainda mais uma "maratona" que,
seguramente, iria chegar à meia centena de quilómetros.
Uma explosão de cor, entre a estrada do Sabugal e a
Torre ... e uns breves momentos de repouso... 😂
Ao longo da GR 22, entre a Torre e Quadrazais
Nas minhas jornadas pedestres a solo, tenho sempre dúvidas acerca da melhor
alternativa à estrada entre Quadrazais e Vale de Espinho. A sul
da estrada, junto ao Côa, é o percurso que mais vezes tenho feito ... e
que deveria ter escolhido; a norte da estrada, já várias vezes avancei pela
Quinta das Vinhas, esquecendo-me sempre que ou venho ter à estrada
junto ao pontão dos Urejais, ou atravesso os Urejais. E atravessar os
Urejais com mais de 40 km nos pés, em corta mato puro e duro ... não é
pêra doce! Levei quase uma hora a atravessar os matos e barrocos daquela área
selvagem.
"Olá, boa tarde" ... parecem dizer-me!
Quinta das Vinhas, 16h15
Os Urejais ... uma área de corta mato puro e duro a
atravessar ... por fragas e pragas... 😂
Mas finalmente chego a bom porto! Ao fundo a Serra da Estrela (foto
superior) ... e estou no caminho que vem do Soito
Às 17h40 estou no cruzeiro da Có Pequena e às 18h10 em casa, com 50 km
nuns pés massacrados; as minhas velhas botas Bestard irão fazer companhia às
parceiras num certo "santuário"! Se gostei desta jornada a solo? Adorei!
Mesmo com os pés doridos ... mesmo com o vento cortante que muitas vezes quase
me empurrava ... mesmo com a média geral de menos de 4 km/h, em 13 horas de
mais uma "maratona raiana". E em casa ... cá me esperava a minha pequena
estrela raiana 😍
O cruzeiro da Có Pequena abençoa os caminhos ... e
às17h50, com 48,6 km nos pés ... tinha Vale de Espinho à vista!
1 comentário:
Parabéns Zé, grande caminhada e que bonita! Gostei muito do vídeo, como sempre boa música.
És um exemplo…
Bjs
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