sexta-feira, 12 de maio de 2023

"Maratona" circular K50, Vale de Espinho - Sabugal

Curiosamente 9 anos depois de uma das grandes "maratonas" nas terras raianas, voltei a sair de Vale de Espinho pouco depois das 5h, noite escura, para poder ver o Sol nascer no Cabeço da Moura. O mês de Maio está frio, quando saí de casa estava a 7º ... com um feels like de 3º devido ao vento.

Cabeço da Moura, 12.Maio.2023, 06h17 - Nasce o
Sol para um dia frio mas esplêndido
O percurso que desenhara era uma caminhada circular grandinha, de certo modo contornando a vertente norte da Serra da Malcata, debruçada para as terras de Riba Côa e para a albufeira da Barragem do Sabugal, que desde o alto da Machoca me passou a acompanhar quase em permanência. Às 08h00, com 13 km percorridos, estava a entrar em Malcata, ainda quase adormecida.

Belas cores matinais da Serra da Malcata, entre os Cabeços da Moura e da Machoca, já com a Barragem do Sabugal à vista.
Malcata, 08h00
Zona de Lazer de Malcata, junto à Barragem
Barragem do Sabugal no Rio Côa, em Malcata
Cruzada a albufeira junto à foz da Ribeira da Porqueira, bordejei a barragem e os seus meandros, continuando pela margem esquerda do Côa até ao Sabugal. Já há uns anos que não percorria aqueles trilhos, carregados de giesta neste maduro mês de Maio ... e das maias. O nível da albufeira, não estando no seu máximo, admirou-me contudo pela positiva ... mesmo sabendo que em qualquer altura o Sabugal "oferece" água à Cova da Beira, através da ligação subterrânea à Barragem da Meimoa.

Bordejando a albufeira, atravessando belos bosques e pelo meio das giestas, chego ao paredão da Barragem do Côa, Sabugal
Com 21 km, às 10h00 chego
ao Santuário da
Senhora da Graça, Sabugal
A Senhora da Graça foi a minha primeira paragem que se chame paragem. Algum descanso, algum reforço alimentar ... e algum arejamento e auto massagem dos pés; a tendência para gastar botas velhas até se desfazerem nem sempre dá os melhores resultados ... estas têm de ir para o "santuário" das Fontes Lares 😂
Antes das 11h00 estava na Praia Fluvial do Sabugal, que se encontra em obras. Por onde entrei nada havia a impedir-me, estava aliás a seguir a GR45, a Grande Rota do Côa ... mas de repente vi-me "emparedado" por cercas de arame ... e dei graças ao facto de ser dia útil, caso contrário teria de voltar atrás 1 km; como era dia útil, um simpático trabalhador deixou-me sair, já no final da praia fluvial.

O Côa entre a Barragem e a cidade do Sabugal
E onde o chão está quase
atapetado a algodão!
10h50, 23 km percorridos - Praia Fluvial do Sabugal, com o Castelo das 5 Quinas em fundo
Já que fui até ao Sabugal - o que até nem estava no plano inicialmente esboçado, na véspera - quis que o Largo da Fonte (e o "famoso" lince😄) fizessem parte do percurso desta "maratona". E, coisas do destino, no Sabugal encontrei o Tó Coxo, o amigo do "Café Central" de Vale de Espinho; "conheci-te pelos paus", disse-me ele quando me chamou, referindo-se aos bastões.
Largo da Fonte, Sabugal, 11h00 - Há linces no Sabugal... 😃
Depois do Sabugal, a ideia era seguir agora a margem direita do Côa até às Teixedas, onde só tinha ido há 13 anos, na 2ª etapa da minha descida pedestre do Côa. Tentando cruzar um bonito prado entre o cemitério do Sabugal e o rio, às tantas vi-me obrigado a saltar um muro; mas já estou acostumado 😂
Ao fundo da Rua do Cemitério, a travessia de um prado deu lugar a esta bela vista do Sabugal
Pelos campos que bordejam a margem direita do Côa, entre o Sabugal e Teixedas
Neste troço bordejei também a encosta sul do cabeço do Gravato, onde em 3 de Abril de 1811 se deu a Batalha do Gravato, um dos epílogos das pretensões Napoleónicas em terras lusas. Antes da uma da tarde, com 31 km nos pés, estava no parque de merendas de Teixedas, que também conheci há 13 anos, na descida pedestre do Côa ... mas que agora encontrei com um aspecto bem mais abandonado.

Quinta da Granja, nas "terras perdidas" a caminho de Teixedas
Teixedas que é um lugar ... de 4 ou 5 casas
E a paragem de almoço foi no Parque de Merendas de Teixedas ... com ar de um certo abandono
Belos exemplares de abrótea
(Asphodelus albus)
Passam dez minutos da uma da tarde, quando deixo o minúsculo lugar das Teixedas
As Teixedas marcariam o afastamento do Côa. O rumo seria agora nordeste, começando por subir ao Cruzeiro das Peladas e os terrenos da antiga Colónia Agrícola de Martim Rei, primeiro projecto da então denominada Junta de Colonização Interna, criada em 1936.

Cruzeiro das Peladas ... e ao longe já avisto terras de Quadrazais e de Vale de Espinho
Passam quinze minutos das duas da tarde. Numa explosão do amarelo das maias como não há memória, com 36 km nos pés doridos pela escolha de botas velhas, cruzo a estrada Sabugal - Vale de Espinho no local onde ainda três dias antes tinha estado com a minha arraiana precisamente a admirar os giestais a perder de vista. Sigo agora em direcção à Torre, para logo a seguir entrar na GR 22, das aldeias históricas. No esboço de percurso tinha incluído ainda o Ozendo, mas não se justificaria alongar ainda mais uma "maratona" que, seguramente, iria chegar à meia centena de quilómetros.

Uma explosão de cor, entre a estrada do Sabugal e a Torre ... e uns breves momentos de repouso... 😂
Ao longo da GR 22, entre a Torre e Quadrazais
Nas minhas jornadas pedestres a solo, tenho sempre dúvidas acerca da melhor alternativa à estrada entre Quadrazais e Vale de Espinho. A sul da estrada, junto ao Côa, é o percurso que mais vezes tenho feito ... e que deveria ter escolhido; a norte da estrada, já várias vezes avancei pela Quinta das Vinhas, esquecendo-me sempre que ou venho ter à estrada junto ao pontão dos Urejais, ou atravesso os Urejais. E atravessar os Urejais com mais de 40 km nos pés, em corta mato puro e duro ... não é pêra doce! Levei quase uma hora a atravessar os matos e barrocos daquela área selvagem.
"Olá, boa tarde" ... parecem dizer-me! Quinta das Vinhas, 16h15
Os Urejais ... uma área de corta mato puro e duro a atravessar ... por fragas e pragas... 😂
Mas finalmente chego a bom porto! Ao fundo a Serra da Estrela (foto superior) ... e estou no caminho que vem do Soito
Às 17h40 estou no cruzeiro da Có Pequena e às 18h10 em casa, com 50 km nuns pés massacrados; as minhas velhas botas Bestard irão fazer companhia às parceiras num certo "santuário"! Se gostei desta jornada a solo? Adorei! Mesmo com os pés doridos ... mesmo com o vento cortante que muitas vezes quase me empurrava ... mesmo com a média geral de menos de 4 km/h, em 13 horas de mais uma "maratona raiana". E em casa ... cá me esperava a minha pequena estrela raiana 😍

O cruzeiro da Có Pequena abençoa os caminhos ... e às17h50, com 48,6 km nos pés ... tinha Vale de Espinho à vista!
Clique para ver o percurso no Wikiloc
Clique para ver o álbum completo de fotos

1 comentário:

Margarete disse...

Parabéns Zé, grande caminhada e que bonita! Gostei muito do vídeo, como sempre boa música.
És um exemplo…
Bjs