sexta-feira, 14 de julho de 2017

Fisterra ... onde o silêncio esconde algo mais do que palavras...

Não respeitando a nenhuma jornada pedestre, hesitei em incluir o dia de ontem e de hoje nestas minhas "fragas e pragas". Mas ... os "instantâneos de uma vida ao ar livre" (subtítulo do blogue) não se fazem só de jornadas pedestres. Aliás, depois dos três dias do Caminho de Santo André de Teixido, a restante Costa Ártabra também já não foi na versão pedestre. Depois da Corunha ... viemos para a Costa da Morte e para Fisterra ... onde o silêncio esconde algo mais do que palavras...

A caminho do Cabo Vilán, próximo de Camariñas ... frente a Muxía e à Virgem da Barca, 13.07.2017
O Santuário da Virgem da Barca,
visto de próximo do Cabo Vilán
Quando em Maio terminei o meu Caminho de Santiago 2017, com a minha Mana Paula, descobri que o velho edifício junto ao Farol do Cabo Fisterra, que já foi hospedaria, tinha sido restaurado e transformado em Hotel, o Hotel Semaforo de Fisterra. E disse logo para a Paula: "tenho de vir aqui ficar com a Lala". E cá estou, com a minha estrela ... num quarto que se chama Stellae ... e de onde ontem assistimos ao pôr do Sol ... e de onde hoje assistimos ao nascer do Sol. Sublime!
Entre a Corunha e Fisterra, viemos por Camariñas e Muxía. A Virgem da Barca chamava-me, reavivando também as memórias e as emoções do Caminho de Santiago 2016.

Muxía ... e a Virgem da Barca
Cumprindo a tradição...
E meditando a olhar o mar imenso...
Estava, de novo, no Caminho. De outra forma, com outras sensações ... mas estava!
Pouco depois das três e meia da tarde estávamos a chegar a Fisterra ... e a caminho do Cabo. Emoções fortes, muito fortes. Recordações, vivências gravadas nos Caminhos percorridos, onde persiste a primeira chegada a pé a este "fim do mundo", em 2014 - faz hoje precisamente 3 anos - mas onde também está bem viva a chegada com o "ninho" familiar, em 2015 ... depois de um caminho que o destino não transformou em Caminho...

Península de Fisterra, da Praia de Langosteira, 13.07.2017, 15h40
Às quatro horas chegámos ao Cabo. Instalámo-nos no Semaforo. Ficar no próprio Cabo é magia pura ... e fomos vivê-la neste fim da Terra, que já faz parte um pouco de mim, da Paula, daqueles com quem já aqui cheguei ... no fim de caminhos ... no fim do Caminho.


Onde o silêncio esconde mais do que palavras ...
Finisterrae ... o fim do Caminho ... o renascer de novos caminhos...
Semaforo constitui uma verdadeira experiência para os sentidos. Rodeado pelo mar e batido pelos ventos agrestes, mais parece que estamos no próprio farol. Das três janelas do quarto Stellae ... uma está virada directamente ao põr do Sol ... a um pôr do Sol que, embora sem o nevoeiro de Maio passado, não teve a explosão de cores a que assisti com a Paula em Maio de 2016. Mas o pôr do Sol em Fisterra é sempre mágico ... e mais ainda se o vemos da janela do quarto.

Janela virada a norte ... virada para de onde vem o Caminho...
Pôr do Sol em Finisterre, 13.07.2017, 22h00. A janela do quarto Stellae é a da esquerda, em cima.
Fazendo jus ao nome do quarto, por cima das nossas cabeças ... as estrelas. A decoração de todo o Hotel Semaforo de Fisterra é alusiva ao mar, aos faróis, à Via Láctea. O tecto do quarto é pintado de estrelas, simbolizando o que estaríamos a ver, à noite, no exterior. E, ao acordar, por outra janela ... o Sol nascia no mar, iluminando a extensa baía entre o Monte Pindo - o Olimpo Celta - e Fisterra!

Nascer do Sol sobre as Ilhas Lobeiras e a baía de Fisterra, 14.07.2017, 7h40
E as cores do amanhecer no mar, da janela
de onde tínhamos visto o Sol pôr-se
Absorvendo toda a magia e energia deste lugar mágico e místico, a manhã já ia alta quando descemos para tomar o pequeno almoço. E que pequeno almoço...

Pequeno almoço no Hotel Semaforo de Fisterra ... mais uma experiência para os sentidos...
Mas todos os sonhos têm um fim ... até os sonhos reais. Parafraseando um companheiro de algumas "aventuras" ... Finisterrae é o fim da terra ou o início de um Caminho interior? A tradução não é literal para todos: para muitos terminava ali o Caminho; para muitos é também o início do que, no sonho, é a realidade. Para todos não é o fim de nada ... para todos é o começo de tudo … a superação da Vida num momento eterno! E agora, da Finisterrae ... vamos para o Campus Stellae ... para Santiago! Namastê!

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