Em 13 de Janeiro de 2011, poucos dias depois de ter começado estas "fragas e pragas", escrevia eu num dos artigos da parte retrospectiva, a que chamei "
Os anos loucos (1970 / 72)":
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Chãos, Março de 1972 - À porta do ... "Café cá do sítio"... |
"Que será feito daquela boa gente que nos recebeu em Chãos, na Serra de Candeeiros, em Março de 1972 ... durante 11 dias?! O café do lugar foi logo baptizado: "Café cá do sítio"...! O neto do dono do café … até participou connosco na exploração das grutas. As grutas de Alcobertas são as maiores, mas muitas mais grutas e algares ali explorámos ao longo daqueles dias; algar das Cancelinhas, lapa do vale da lagoa, algar da Chouza do Luís, algar da Ortinha, são nomes que nunca mais me saíram da memória. Num esplendoroso dia em que subimos ao cruzeiro e marco geodésico, via-se toda a costa, de Peniche à Figueira da Foz, as Berlengas, a Lagoa de Óbidos, S. Martinho do Porto, a Nazaré, tudo em redor."
Pois bem, 43 anos depois, com 62 anos em vez de 18 ... voltei a
Chãos e às
grutas de Alcobertas! Os
Caminheiros Gaspar Correia levaram-me lá! No passado dia 10 para um reconhecimento ... e hoje com todo o grupo. E foi ... uma espécie de viagem no tempo. Quando, no dia 10, eu mostrei a imagem acima e outras mais a alguns habitantes de
Chãos ... as fotos fizeram sucesso. "
Olha o meu querido paizinho", disse logo uma senhora que estava à porta do actual "
Café Safari" ... aquele em que se transformou o "
café cá do sítio" de há 43 anos. E fiquei a saber que não só o dono do café (à direita na foto) como até o neto que participou connosco nas "aventuras" de então ... já não estão vivos!
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Olho de água de Alcobertas, 19.09.2015, 9:40h |
Hoje ... levei as fotos "históricas" àquela boa gente de
Chãos ... e vim com a promessa de que as vão emoldurar e pôr nas prateleiras do Café! Bem hajam ... por terem feito parte da história e das estórias da minha juventude!
Pouco depois das 9:30h iniciámos a nossa caminhada no
"olho d'água" de Alcobertas. Os olhos de água correspondem a uma importante nascente, típica das imediações das serras calcárias. O "olho d'água" de Alcobertas é a nascente da Ribeira do mesmo nome, ponto de abastecimento para animais e pessoas que percorriam vários quilómetros desde aldeias vizinhas, como
Chãos e
Casais Monizes.
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Subida do Vale Galego, com o vale de Alcobertas ao fundo |
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Entrada em Casais Monizes |
E a caminhada prosseguiu rumo ao alto da
Serra de Candeeiros. Em dia bastante quente, a subida foi lenta, mas os horizontes iam-se abrindo. Não com a luminosidade que descrevi da "pré-história" das minhas "fragas e pragas", mas da cumeada da serra distinguimos a enseada de S. Martinho do Porto, a Nazaré, a Foz do Arelho. E lá estava também o velho cruzeiro, assinalando o alto.
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Casais Monizes ficou para trás ... |
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... e já se vê o mar! |
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O velho cruzeiro junto ao alto da Serra de Candeeiros, a 487 metros de altitude |
Recomeçávamos agora a descer para nascente. A meia encosta, esperava-nos a visita à
gruta de Chãos, ou de Alcobertas. A "
Terra Chã" é a Cooperativa que visa actualmente a recuperação da gruta e a respectiva visitação e acessibilidade. Ocupada pelo homem há cerca de 15 mil anos, esta necrópole é composta por quatro salas em plano horizontal, numa extensão de cerca de 200 metros. Aqui foram encontrados indícios de ocupação humana de primitivas civilizações e das suas manifestações fúnebres. 43 anos depois, voltei portanto a entrar na gruta de Alcobertas, com os Caminheiros divididos em dois grupos e acompanhados pelo guia da Cooperativa "
Terra Chã".
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Chãos à vista |
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Começámos a caminhada lá em baixo... |
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Preparativos para a visita à gruta |
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E lá vamos para o mundo subterrâneo ... |
A visita demorou aproximadamente meia hora para cada grupo, saboreando o fresco que se fazia sentir no interior da gruta e admirando as belas formações calcárias geradas pela Natureza.
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Num mundo de formações calcárias |
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E vamos descer para Chãos |
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Panorâmica da descida |
E a caminhada terminava em
Chãos ... no "
Café Safari", naturalmente, o "meu" "
café cá do sítio" e dos meus companheiros de um passado longínquo...
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O "Café Safari" hoje ... |
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... e há 43 anos.
Com o Sr. Rijo, então dono do "café cá do sítio" |
Em 1972 ... o trabalho de preparação para o chão de um quintal (onde agora é a continuação da casa...) valeu-nos uns "cobres" para o regresso a Lisboa...! Hoje ... o autocarro esperava-nos no fim da caminhada, para nos levar, antes do regresso a Lisboa, às
Salinas de Rio Maior, com 8 séculos de história. Em 1177, Pêro D’Aragão e sua mulher Sancha Soares venderam aos Templários “a quinta parte que tinham do poço e Salinas de Rio Maior”.
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Salinas da Fonte da Bica, ou de Rio Maior |
A visita às salinas é sem dúvida interessante, bem como às diversas lojinhas e pequenos bares existentes, com produtos naturais da região. Depois, às seis da tarde, então sim iniciámos o regresso desta bela jornada. As velhas fotos, essas lá ficaram a contar histórias de uns "miúdos" que, há 43 anos, passaram 11 dias na pequena aldeia de
Chãos, "perdida" na
Serra de Candeeiros.
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