No domingo, 7 de julho, a caminho do Caminho, publiquei o
Prólogo
ao meu 15º
Caminho de Santiago. Uma semana depois, com os meus três
companheiros, regressámos do
campus stellae com a alma cheia. Como é
habitual, as crónicas escrevo-as à
posteriori ... que o Caminho é para
ser Vivido!
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Ferrol, 08.07.2024 - Poucos minutos antes das sete da manhã,
estávamos a partir da zona portuária de Ferrol
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Na véspera, tínhamos chegado a
Ferrol ao fim da tarde, depois de
três autocarros e de reunida a equipa em Braga. Do almoço em Braga ... sobrou
bacalhau à minhota mais que suficiente para o jantar dos quatro, no novo
Albergue de Peregrinos de Ferrol, situado precisamente na zona portuária, no velho
Muelle de Curuxeiras. E com o nascer do Sol do dia 8 ... iniciámos o
Caminho.
O
Mosteiro do Couto
era já meu "velho conhecido". Em 2017, quando percorri com a minha peregrina
do Caminho da Vida o
Caminho de Santo André de Teixido, foi ali que começámos; e quis o destino que agora, sete anos depois ... ali
passássemos exactamente no mesmo dia 8 de julho!
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E lá estão os marcos do peixe, símbolo do
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Moinho de Cornido, junto à Ria, onde o Caminho de Teixido se
separa do Caminho Inglês
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Esta primeira etapa contorna toda a Ria de Ferrol e Neda, desafiando os
peregrinos a cruzá-la logo junto ao Mosteiro do Couto, pela velha ponte do
caminho de ferro. Mas ... a tentação não nos venceu, e ainda bem, já que todo
este troço é bem agradável, marginando os pequenos portos e vilas piscatórias.
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... não sou Santiago... 😀
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Ria de Narón / Neda: não
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de Xuvia
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A imponente magnólia
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Ponte e Moinho de Xuvia, 11h10: ponto mais a norte do Caminho Inglês
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Em
Xuvia "dobrávamos" a Ria e
entrávamos no concelho de
Neda, célebre pelo seu afamado
pão,
que eu e o Joaquim Gomes saboreámos num delicioso
bocadillo com um
belo presunto. O rumo era agora para sul, para
Fene e
Pontedeume ... onde ainda
em abril
estivera com os "manos velhos".
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Descendo a Ria por Neda e Fene, antes das 16h30
estávamos em Pontedeume, com 30 km percorridos
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Muitas das críticas ao
Albergue de Peregrinos de Pontedeume
eram tenebrosas ... mas optámos por verificar por nós, até porque as
alternativas privadas estavam esgotadas. Acabámos por discordar apenas da
abertura tardia (17h30, contrariamente à informação) e do facto de também
haver um período de abertura ao final da manhã ... o que faz com que às 17h30
já estivesse praticamente lotado.
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o Turismo e se faz o registo para o
Albergue
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Quando da visita às
Fragas do Eume
com a parceira do Caminho da Vida e os nossos "manos" mais velhos, em abril
passado, almoçámos, por
mera indicação de um autóctone, no Restaurante "
Trinta e dous". Como gostámos bastante, quis lá levar os "manos" novos para o jantar deste
primeiro dia de Caminho ... e foi mais uma vez memorável.
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Um jantar "especial", no
O Caminho também são estes momentos
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"Trinta e dous" de Pontedeume ... estes sentimentos ... estes
sabores...😍
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Pontedeume, 09.07.2024, 06h55 - O Despertar dos Mágicos ... à
partida para o 2° dia de Caminho
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O segundo dia acordou mais cinzento. Não houve a magia do Sol no despertar dos
mágicos ... e havia previsão de chuva para a tarde. O rumo continuaria a ser
para sul, para
Porto Baxoi e
Miño.
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O Caminho |
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dá tudo... |
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Cores mágicas, na manhã do 2º dia de Caminho ... rumo à luz
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Tetería Peregrino ... uma surpresa à entrada de
Ponte Baxoi, um local de paragem
obrigatória
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Ponte medieval de Ponte Baxoi, 10h00
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Estuário do Rio Lambre, em
A Ponte do Porco, 11h00, a caminho
de Betanzos
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Quem pensa que o Caminho Inglês tem poucos desníveis está redondamente
enganado ... e esta é uma das etapas com mais sobe e desce permanente. Do vale
do
Lambre subimos ao
Pazo de Montecelo e à pequena paróquia de
San Pantaleón de las Viñas, para logo descer
para Betanzos.
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Igreja de
San Pantaleón de las Viñas, 11h30
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Santuário de
Nuestra Señora del Camino,
Betanzos, 13h20
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Cruzando o rio Mandeo, chegamos à histórica cidade de
Betanzos, que já foi uma das capitais do antigo Reino da Galiza
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Declarada conjunto histórico-artístico, a cidade de
Betanzos
situa-se numa colina sobranceira ao rio
Mandeo. Para além do património
construído, também se celebrizou pela sua especialidade gastronómica: a
tortilla de Betanzos; depois de várias tentativas (apesar da chuva a
cidade fervilhava de vida), lá conseguimos provar a iguaria ... e comprovar
que é mais fofa do que as
tortillas habituais.
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Praça dos Irmãos García Naveira, o centro nevrálgico de
Betanzos
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Tortilla de Betanzos acompanhada por uma 1906 ... deu gás para
o que faltava percorrer... 😄
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E o que faltava percorrer eram sensivelmente 12 km até
Presedo, pequena povoação dotada de
albergue público de peregrinos, o que nos permitiria reduzir a terceira etapa, para deixar tempo suficiente
para A Coruña. Mas saímos de
Betanzos ... debaixo de chuva; mas a chuva
não molha peregrinos 😜. Como recompensa ... tivemos um albergue por nossa
conta. E a este peregrino deu-lhe vontade de dar à sola ... e chegou ao
albergue uma hora antes dos outros três!
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Saída de Betanzos debaixo de chuva ... antes deste
peregrino resolver dar à sola sozinho... 😀
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Igrexa de Santo Estevo de Cos, 16h05
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Pero agarda, miña xente... ainda faltaba a cea... 😉. E a
cea -
ou seja o jantar - viria a ser na
Meson Museo Xente no Camiño. Se as referências que tinha visto eram aliciantes ... a realidade suplantou
a expectativa! Trata-se de um restaurante / bar decorado ao estilo medieval,
com várias obras do pintor
Alfredo Erias,
natural precisamente de
Presedo. E se a
atmosfera nos prende ... tanto a hospitalidade como a gastronomia transformam
o local num ponto de paragem obrigatório para a
Xente no Camiño...
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E que bela cea nós comemos na
Meson Museo Xente no Camiño. E que bem recebidos fomos ... ainda por cima ao mesmo tempo
que a Espanha ganhou à França nas meias finais do Europeu... 😃
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No dia seguinte, a terceira etapa era curta, uns meros 11 km, até ao ponto em
que completaríamos o braço direito do 'Y', ou seja ao entroncamento com o
Caminho vindo da Coruña.
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Imagens de uma bela manhã, ao redor do lago da barragem de
Beche, 10.07.2024, 08h35
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Esta bela manhã foi contudo também de alguma chuva, miudinha mas persistente.
Mas às dez horas tínhamos os 11 km percorridos, e abrigámo-nos naquele que
viria a ser um dos pontos mais icónicos deste Caminho: a "
Casa Avelina", no lugar de
As Travesas. Gerido por duas irmãs, Avelina e Carmen,
principalmente esta última é um autêntico anjo no Caminho dos peregrinos, tudo
fazendo para o
bem estar ou para a resolução de qualquer dificuldade ... além de nos oferecer
desde logo
galletas, rebuçados, biscoitos, uma mesa para descansarmos
e, até, um banco para pôr os pés mais altos se estivermos cansados.
Embora houvesse a hipótese de apanharmos um autocarro para a Coruña em
A Mesón do Vento, a cerca de 3,5 km, optámos por um táxi; sendo quatro,
gastaríamos cada um pouco mais do que de autocarro ... e a Carmen logo se
disponibilizou para nos chamar o táxi ... não sem antes guarnecermos os
estômagos com um delicioso pão com presunto que haveria de chegar para o
almoço, já na cidade de Breogán.
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A "Casa Avelina" marcaria o final da primeira parte do Caminho Inglês, 72 km
desde Ferrol
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Estava completado o braço direito do 'Y' do
Caminho Inglês (Clique para ver no
Wikiloc)
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Ponto de encontro e de tão caloroso acolhimento de peregrinos, na "
Casa Avelina" há bandeiras,
t-shirts, crachás e todo o tipo de
recuerdos que estes vão oferecendo à "santa" Carmen. Ali travámos aliás
conversa pela primeira vez com um grupo de italianos que encontraríamos várias
vezes até Santiago.
Quando por fim nos despedimos - con apertas e bicos calorosos - foi com
a promessa que no dia seguinte lá voltaríamos, vindos da Coruña. O que não
sabíamos era que lá chegaríamos mais molhados do que nesta primeira vez ...
nem que haveria uma terceira vez... 😂
Escrito pós-Caminho, em 17 e 18.07.2024
1 comentário:
Como sempre, magnífica reportagem ❤️
Um grande abraço.
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