terça-feira, 17 de junho de 2025

👣 Caminho do Mar e dos Apóstolos (1)

De Ribadeo a San Andrés de Teixido... onde quen non vai de vivo vai de morto...

Ao fim do passado dia 10 de junho, a chegar a Ribadeo, publiquei a introdução ao meu Caminho de Santiago 2025.
Ribadeo, 10.06.2025, 17h20
Meu... e da Madalena, a grande peregrina que igualmente já tinha seguido os Caminhos do evangelizador da Galaecia, umas vezes a solo, outras em pequenos grupos. A dois, já tínhamos vivido a grande aventura do Caminho Inca e mais umas quantas caminhadas, da nossa costa oeste ao Gerês. Onze anos depois dos Caminhos de Santiago terem entrado na minha Vida... lançámo-nos na "aventura" do Caminho do Mar e dos Apóstolos.

Marina de Ribadeo e o Río Eo: aqui
é Galiza, do outro lado é Astúrias
Como disse na introdução, o Caminho do Mar está documentado historicamente como uma rota de peregrinação ao longo da costa norte da Galiza, descobrindo paisagens, natureza, tradições e cultura. Praticamente desconhecido da maioria dos peregrinos, é contudo uma rota reconhecida pela Catedral de Santiago... mas praticamente sem albergues nem qualquer sinalização em muitos troços, o que implica o recurso ao GPS e ao estudo prévio do traçado e dos posíveis locais de alojamento.
Abraçando o Caminho: entre Ribadeo e a Praia das Catedrais, 1ª etapa, 11.06.2025, 08h20
E assim, pouco depois das sete horas do 11º dia de junho, estávamos a sair do Albergue Río Eo. Outros peregrinos? Sim, dois... durante os 400 metros comuns ao Caminho do Norte. O dia ameaçava alguma chuva, que nos impediu de apreciar a famosa Playa de las Catedrales. Mas, apaixonada pelo mar... a Madalena dava graças ao marulhar das ondas, ao cheiro a maresia, ao começo da maior confiança de que seria capaz de percorrer mais de 300 km. Eu era o "guia" ... ela a "cerra filas"... 😂
Rinlo... numa manhã chuvosa de fim de primavera. 11.06.2025, 09h15
Praias de Esteiro e das Catedrais... em tons muito mais de inverno do que de quase verão
A praia da Arealonga assinala de certo modo o final das Catedrais. Não havendo praticamente albergues para peregrinos, o Caminho do Mar obriga a procurar alojamentos que obedeçam fundamentalmente a dois critérios: que sejam o mais próximo possível do Caminho... e o mais económicos. A primeira etapa terminou assim próximo de San Cosme de Barreiros... mas a simpática recepcionista do Hotel Rías Altas fez questão de nos ir levar e buscar ao Restaurante Yenka, precisamente na praia de Arealonga, onde jantámos e ainda saboreámos o fim de tarde.
Praia de Arealonga, Barreiros, num final de tarde em que a chuva já dava tréguas. 11.06.2025, 20h35
Ponte de pedra sobre o Río Masma, próximo de A Espiñeira, 12.06.2025, 08h10
O segundo dia acordou um pouco mais limpo. Pouco depois das oito horas passávamos o rio Masma pela velha ponte de pedra, rumo à Igreja de San Xoán de Vilaronte, à Capela do Carme e à Basílica de San Martiño de Mondoñedo, considerada a catedral mais antiga de Espanha.
Capela do Carme, ou del Carmen, próximo de Foz, 12.06.2025, 09h15

San Martiño de Mondoñedo
, 12.06.2025, 10h05
Enquanto esperávamos pela abertura... fomos recebidos pelos gatos 😂
San Martiño de Mondoñedo, 12.06.2025, entre as 10h e as 11h00
A Basílica de San Martiño de Mondoñedo foi sede de dois bispados, um transferido de Dumio, no distrito de Braga, e outro transferido de Bretoña, na província de Lugo. San Rosendo (nascido em Santo Tirso em 907) foi um dos seus bispos, bem como San Gonzalo. San Rosendo seria aliás uma memória marcante no nosso Caminho, memória de uma época em que o norte de Portugal e a Galiza partilharam a cultura e a língua, durante séculos, numa mesma unidade histórica e geográfica, a grande Gallaecia. Mas a história de San Martiño de Mondoñedo remonta ainda mais atrás no tempo e ao mítico rei suevo Maelloc, a quem os Milladoiro dedicaram o seu primeiro álbum, "A Galicia de Maeloc".
Ermita de San Gonzalo, o Bispo Santo, 12.06.2025, 11h35
Conta a lenda que, no séc. XI, as populações destas paragens costeiras, assustadas com a chegada de uma imponente frota de navios normandos, foram pedir ajuda a Don Gonzalo, conhecido como o Bispo Santo. Seguido pelos habitantes que fugiam das cidades, San Gonzalo começou então uma procissão, com uma cruz às costas e descalço. Cada vez que parava para descansar oferecia as suas orações... e cada vez que o fazia um navio normando acabava afundado no mar. Em sinal de gratidão, as testemunhas daquele acontecimento milagroso decidiram erigir uma ermida no lugar onde o Bispo Santo começou a sua procissão, no morro de Mourente, sobranceiro à vila de Foz. Actualmente, no mês de maio, é realizada a chamada Festa Normanda, em que actores amadores representam os camponeses galegos e os atacantes normandos, com os seus navios. A praia de Tupide, em Foz, é o local onde se realiza o desembarque... que claro que termina com uma grande queimada e esconxuro, na cerimónia de pacificação. Temos de lá voltar para assistir...
Igreja de Santiago de Foz e Praia de Tupide, 12.06.2025, 12h40
Terminámos a segunda etapa, em Foz ... à hora do almoço. São os alojamentos que ditam a extensão das etapas. Apesar de a seguinte ser a maior (28 km), esta tinha de terminar naquela bonita vila, na foz do rio Masma, o que nos permitiu uma tarde de descanso e de passeio descontraído ao longo da praia. O Hotel Fermont Playa revelou-se uma excelente opção; um apartamento com mezzanine, sala, kitchenette e WC por 15 € cada um ... é mais barato do que a maioria dos albergues privados.
Praia da Rapadoira, Foz, 12.06.2025, 16h30. A meteo estava amena... mas só as gaviotas circulavam na areia
No dia seguinte saímos cedo. Ao contrário dos Caminhos mais frequentados, neste Caminho raramente vimos algum bar aberto antes das dez ou onze da manhã, quando existem. Felizmente estes dois peregrinos não sofrem de nenhuma forma de stressofagia; se não se come agora... come-se depois 😂
Enseada junto à Praia de Llas, entre Foz e Fazouro, 13.06.2025, 07h15
Ponte velha de Fazouro, sobre o Rio Ouro, 08h25
Pedras esculpidas com Santiago
peregrino, junto à ponte de Fazouro
Panorâmica do Miradouro de Lousada, junto à Capela da Concepción, 08h45
Nas mochilas havia umas parcas vitualhas... quando surgiu um bar aberto, junto à linha do comboio e à pequena Praia de S. Pedro de Cangas. Não, não ficámos lá... a minha caña é que veio para o muro sobre a praia, e foi ali que almoçámos... eram dez da manhã. As horas não podem ser dogmas... 😊
Sobre a Praia de S. Pedro de Cangas... o local de almoço, incluindo caña... às dez da manhã 😁
As praias sucediam-se... e até um pequeno troço pela linha do combóio. Pelas 11h30 estávamos em Burela, o maior aglomerado do dia. Seguia-se a subida a Sargadelos, célebre pelas suas históricas fábricas de cerâmica, mas também pela Igreja de Santiago de Sargadelos... mas nem o can que nos recebeu tinha a chave. "O padre está em Cervo", a sede do concelho, disseram-nos... mas não estava. Neste Caminho também é complicado cumprir à risca os dois sellos diários na Credencial...
Panorâmica sobre Burela e o mar, da subida para Sargadelos, 12h00
Igreja de Santiago de Sargadelos
e o Rego do mesmo nome
Moinhos do Río Xunco, entre Sargadelos e Cervo, 13h45
Não estávamos sós... e a chuvita também nos borrifou, a caminho de San Cibrao
San Cibrao (ou San Ciprian), 16h25 ... com 28 km nos pés, a maior etapa do Caminho
Vida de peregrino... 😂
A Madalena tinha receio desta etapa, longa e com desníveis... mas chegou sã e salva ao final dos 28 km. Como ela própria escreveu...
O pôr-do-sol afagou o cansaço
E todo o mar foi um abraço...
👣🌊
O pôr-do-Sol, sim... porque aos 28 km ainda acrescentámos pelo menos mais dois, num passeio ao porto e ao farol da Ponta da Atalaia, a partir do "nosso" Hostal Buenavista, excelentemente localizado e com vista panorâmica sobre a praia.
Pôr-do-Sol sobre a baía de San Cibrao, no passeio à Ponta da Atalaia, entre as 21h e as 22h00, 13.06.2025
Nesta baía de San Cibrao vive a Maruxaina, metade peixe, metade mulher. Quando o tempo está mau, ela sobe a uma rocha e começa a tocar a buzina, para avisar que não devem sair para o mar. Mas outros contam que os marinheiros, atraídos pelos cantos melodiosos da sereia, sofriam constantes naufrágios naquelas costas, especialmente nas falésias de Os Farallóns. Numa noite de lua nova, saíram em busca dela, tocando uma trompa. Em terra, apagaram todas as luzes e, naquela escuridão, conseguiram capturar a Maruxaina e levá-la para a cidade, onde foi julgada e condenada.
Mais um Despertar dos Mágicos, para o 4º dia de Caminho: San Cibrao, 14.06.2025, 06h05 / 07h20
À quarta etapa, o Caminho do Mar cruza o Río Cobo pela Ponte Medieval de O Bao, 07h30
Saímos cedo de San Cibrao. A etapa seria pouco menor do que a anterior, mas com mais desníveis. A meteorologia compunha-se, o Sol dava luz e cor à Natureza, sem frio nem calor. Cruzado o rio Cobo, o Caminho contorna a península de Xove, rumo à praia de Portocelo e às ruínas da Igreja de San Tirso.
Praia de Portocelo, 14.06.2025, 10h00 ... numa pausa de descanso e de contemplação
San Tirso de Portocelo: Igreja, ou Mosteiro, provavelmente fundado pelo diácono português Rodrigo, em meados do Séc. VIII
Na actual Igreja de San Tirso de Portocelo, em Vilachá, 11h05
Antes... mais um bar fechado. Mas em Vilachá Santiago enviou-nos um padeiro providencial, que tinha boas empanadas, de atum e de bacalhau... 🙏. Vi-o parar à porta do Centro de Dia... e até passei à frente de uma utente; mas depois pedi-lhe desculpa. E lá seguimos para a costa oeste da península.
Descida para a Praia de Muiñelo ... local do nosso lauto almoço, adquirido ao enviado de Santiago
À praia de Muiñelo seguiu-se a de Esteiro, e a esta a aproximação a Celeiro, contornando o Monte Faro. O sobe e desce já pesava. À vista da longa praia de Area (quase 1,5 km) e olhando para o mapa... perguntei à peregrina "cerra-filas": "Queres ir pela praia?". A areia aparentava alguma solidez... e lá fomos, numa travessia completa daquela extensa praia... com botas de caminhada... 😂
Igreja velha e Cruzeiro de San Xiao
de Faro, sobre a longa Praia de Area
Travessia da extensa praia de Area, 14h05 / 14h30 ... onde a Madalena ganhou uma vieira.
Celeiro e Viveiro são uma malha urbana contínua. À entrada de Celeiro... finalmente um bar aberto! Que bem soube aquela caña e aquele zumo natural... e aquela pausa antes do troço final.
Porto de Celeiro e monumento em homenagem às gentes do mar, 14.06.2025, 15h40
Viveiro: Igreja e Convento de S. Francisco, 16h05
Albergue Oli Vita, Viveiro: um albergue... sin encanto...
Além dos sítios web próprios, para a preparação deste Caminho do Mar recolhi também alguma informação de uma das poucas estruturas de alojamento que aparentava estar vocacionada para a sua divulgação e implementação, o "Oli Vita Hostel, Albergue con encanto", cuja gerente gere também o grupo "Camino del Mar de Peregrinaje". Mas quando as expectativas são muitas (esperava que fosse o alojamento mais icónico deste Caminho)... muitas vezes somos defraudados. Não que o albergue seja mau... mas o preço superior à média para o estilo e principalmente a arrogância da alberguista... desfizeram completamente o "mito", logo à chegada.
Quando imagináramos ter com a alberguista e eventualmente com outros peregrinos uma conversa amigável e animada sobre o Caminho do Mar e o nosso projecto... confrontámo-nos com uma arrogância e petulância de quem nem deixa falar os outros. Só ela sabe tudo. "Camino de los Apóstoles? No existe!"... e por mais que eu lhe tentasse dizer que há um grupo que está a trabalhar para o implementar... todas as frases eram interrompidas. Sobre o preço... apelidou os albergues "baratos" de precários, alegando não poder competir com os albergues subvencionados pelo estado.
Plaza Mayor de Viveiro, 14.06.2025, 19h10
A petulante Oli intitula-se diplomada pela UNED... e aconselha os peregrinos a focarem-se no "Oli Vita" para irem e virem vários dias para as diversas etapas, incluindo as da Ruta del Cantábrico, uma rota litoral que por vezes coincide com o Caminho do Mar mas que acompanha praticamente todos os recortes da costa, desde Ribadeo. Embora por vezes coincidam, não se trata de um Caminho de Santiago, tal como o Camiño dos Faros, entre Malpica e Fisterra, também não o é. São rotas pedestres, de indiscutíveis valores naturais e paisagísticos, mas não são Caminhos de Santiago.
Para além de nós dois, estava também no Albergue uma caminheira espanhola que estava precisamente nessa modalidade, de misturar etapas do Caminho do Mar com a rota do Cantábrico... regressando todos os dias a Viveiro. Não tenho qualquer objecção, não se lhe pode é chamar Caminho de Santiago. Aliás a própria o dizia, numa conversa essa sim cordial, em claro contraste com a "famosa" Oli. Quando lhe disse que no dia seguinte íamos terminar a etapa em Mañon... desaconselhou-nos vivamente, porque tem muitas subidas, é uma etapa feia... e até porque há cães perigosos!...
Mas o dia seguinte ao Oli Vita... era felizmente outro dia, outra etapa, outras histórias... ou estórias...
À partida de Viveiro, pelo Arco e Ponte da Misericórdia, e em Covas, do outro lado da ria, 15.06.2025, 08h / 08h10
Entre Viveiro e Ortigueira, o Caminho do Mar atravessa o interior do concelho de O Vicedo. Depois de tanto mar... esta etapa transportou-nos para uma Galiza rural, perdida no tempo. Uma etapa feia? Os objectivos e métodos da "famosa" Oli não são, seguramente, os que movem os peregrinos!...
Interior de O Vicedo: imagens de uma Galiza esquecida
... perdida no tempo! Igreja de S. Paulo de Ríobarba
Como sempre nos meus Caminhos... os meus mastínes guardadores de gado vêm ter comigo, e agora connosco... completamente pacíficos e amigos, porque sabem que vimos em paz. Eram estes os "cães ferozes" com que a Oli nos queria dissuadir de fazer esta etapa... que contudo continuava, rumo a ocidente. Antes do meio dia descíamos para o pronunciado vale do Sor, que separa as províncias de Lugo e de A Coruña... e completávamos os primeiros 100 km deste périplo, pouco antes da Ponte do Porto, romana. Junto a ela e ao rio, a Capela das Angústias parecia ler os receios de que a subida da encosta adjacente fosse dura... mas ambos a subimos sem problemas.
Capela das Angústias e Ponte do Porto, sobre o rio Sor... aos nossos
primeiros 100 km de Caminho! 15.06.2025, 11h55
Subida da margem esquerda do Sor... através do paraíso...
Regressados do fundo do vale, seguiam-se pequenas aldeias "perdidas". Dir-se-ia que estávamos afastados de tudo. Não esperávamos encontrar bares, tínhamos alguma coisa nas mochilas... mas nem um tronco havia para nos sentarmos. À passagem pela minúscula aldeia de Os Francos... a Madalena foi entrando num pequeno recinto... e lá estava o desejado banco... e até uma torneira. Apareceu uma senhora à porta, pedimos licença para nos sentarmos... e passado pouco tempo já conhecíamos quase toda a gente que ali ainda reside. Um saiu de carro, outros chegaram; era domingo... certamente reunião de família! E a foto não se fez esperar! São momentos assim que fazem O Caminho! 🙏
E antes das duas e meia chegávamos ao Albergue Abeiro do Sor, Mañón, 15.06.2025
O Abeiro do Sor é um antigo Colégio sabiamente transformado em Albergue rural. Qualquer semelhança com o "famoso" Oli Vita... não existe. Por apenas mais um euro... em vez de um "armazém" adaptado dispõe de quartos de 2, 3 ou 4 camas; três toalhas por pessoa,
o que até nem seria necessário; e, principalmente... a simpatia, cordialidade e amizade do casal que o gere. Desfazendo-se em sorrisos... prepararam-nos também um dos melhores jantares deste Caminho! Isto sim, é hospitalidade e acolhimento! Bem hajam e muita saúde, sorte e felicidade.
16.06.2025, 08h00, Despertar dos Mágicos nº 6: Iluminados pelo Sol nascente, ao fundo já se vê o Cabo Ortegal... e portanto a península de San André de Teixido
Imagens de uma Galicia rural e profunda... Galicia máxica 🙏
Continuávamos a rumar a ocidente, naquela manhã mágica da 6ª Etapa de Caminho, em direcção a Ortigueira. O Caminho do Mar atravessa o interior da península de Bares, a mais pronunciada da costa norte e onde se situa a Estaca de Bares, o ponto mais setentrional de toda a Península Ibérica.
Rego do Foxo e Igreja de San Cristovo de Couzadoiro, 16.06.2025, 09h30
Pois... dos montes ainda se via o mar...
A jornada continuou bela até descermos dos montes. Depois... depois transformou-se no troço mais monótono até ali, com muita estrada, pouca paisagem, mesmo quando próximos do mar. Mas é assim, o peregrino não exige nada, agradece... e nós agradecíamos ambos ao Universo estarmos vivos, estarmos bem e estarmos alegres e divertidos 🙏🤪
Ponte Mera, 13h50 ... depois da fastidiosa travessia desde os arrabaldes de Ortigueira
Antiga Escola de Montecelo, 14h15 ... com separação para niños e niñas
A Madalena chegava ao fim das etapas mais duras com o corpo cansado... mas a alma intacta. A confiança de chegar sempre a bom porto alimentava-lhe a veia poética e sensível... expressa através das fotos e das palavras...
Oiço o susurrar do vento p'las ramagens
Numa harmonia serena encantandora
O pipiar das aves em vôos curtos, rasantes
E eu...passos recentes, memórias d'outrora...🌿👣
Depois do pior e do melhor Albergues deste Caminho, passava das três da tarde quando chegámos ao Hotel Pedramea, em Esteiro de Abaixo. Este Caminho obriga à utilização de uma tipologia de alojamento que não é, naturalmente, a que prefiro nos Caminhos de Santiago. Mas não existe alternativa; e, mesmo assim, optei pelos alojamentos aos preços mais económicos que foi possível. Por outro lado, apesar de estarmos quase no verão, continuávamos com alguma dificuldade no que respeita às refeições. Próximo do hotel há um restaurante... apenas aberto para almoços; e no restaurante do hotel... fomos os únicos a jantar... pelo menos a horas peregrinas.
Sobre Cariño, no início da subida à Serra da Capelada, 17.06.2025, 08h30
E ao 7° dia ... chegávamos a San André de Teixido... onde quen non vai de vivo, vai de morto! Cumpríamos a primeira meta de peregrinação deste Caminho do Mar e dos Apóstolos... mas a esta etapa poderíamos chamar... "Uma Aventura na Serra da Capelada"... 🫣😃
É difícil descrever o vendaval em que nos vimos envolvidos... no meio do denso nevoeiro que cobria a serra. Na mágica Vixia da Herbeira não se via rigorosamente nada... e quase voávamos. Mas depois, na descida para Teixidelo e para o Santuário de Teixido... as névoas abriram como que por milagre!
09h10 - Primeiro... foi uma aventura na "selva"...
09h50 / 10h30 - Depois... desceram as névoas
sobre a mística Serra da Capelada
10h55 - A Garita da Herbeira parecia saída de algum episódio de "O Senhor dos Anéis"...
11h30 / 12h10 - Na descida para Teixidelo e para o Santuário de Teixido... as névoas foram abrindo como que por milagre!
Casa Rural de San André de Teixido, 13h40
A receber-nos em Teixido estava o meu amigo Roxelio... o "miñoto do norte"... já que eu para ele sou o "galego do sur" 😁. Foi com ele como guia que a Madalena conheceu este lugar mágico... e com ele vivemos momentos mágicos, em casa do Salvador e da Susana, um casal e família de grandes amigos dele. O Caminho não é só andar... o Caminho também são momentos, histórias, sentimentos... como os que ali vivemos! Agora já podíamos ambos dizer...
A San André de Teixido ... fun de vivo !
Obrigado Roxelio! Voltaríamos a ver-nos três dias depois, em terras de A Capela!
Obrigado Madalena! Obrigado Universo! 🙏
Santuário de San Andrés de Teixido... a imagem icónica deste lugar mágico, o 2º local de peregrinação da Galiza
Com o Roxelio, a Susana e o Salvador,
artesãos e grandes amigos entre si.
Com o Roxelio, frente ao Santuário
de San Andrés de Teixido
À direita a Fonte dos Três Canos, 15h40
A Fonte dos Três Canos é um dos pontos importantes na tradição de Santo André de Teixido. Segundo a lenda, os visitantes devem beber água de cada um dos canos e pedir um desejo ao santo em cada um deles. Depois, ao lançar um pedacinho de pão na água... se o pão flutuar os desejos serão realizados... se afundar, os pedidos não serão atendidos...
O ocaso do dia 17 de junho não era apenas o fim daquele dia. Mergulhando no mar imenso, aquele ocaso representava também o epílogo da primeira parte do desafio a que nos lançáramos.
(Crónica escrita entre 30.06 e 03.07 e publicada a 03.07.2025)                   
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