domingo, 5 de novembro de 2023

Intantâneos de Outono, nos campos e lameiros de Vale de Espinho

Quase duas semanas nas minhas terras raianas, como é habitual nesta altura à volta do dia de "Todos os Santos", pelo menos desde que, há 20 anos atrás, fizemos "Um doloroso regresso a Vale de Espinho...".
No meu barroco "sagrado" das Fontes Lares, 25.10.2023, 15h30
Exactamente trinta anos antes desse fatídico dia, tinha vindo pela primeira vez a Vale de Espinho ... o que perfaz meio século de ligação a esta aldeia que me adoptou e que adoptei.
Nestas duas semanas, contudo, e ao contrário do habitual, pouco saí do nosso pequeno "retiro", muito por culpa da muita chuva que marcou a maior parte dos dias. Fez agora um ano ... completei a Grande Rota do Côa, com as etapas de Pinhel à Foz do Côa.
"Pelo doce agreste da tarde que se avança, pardacenta" ... peregrinei mais uma vez às minhas sagradas Fontes Lares
Numa tarde pardacenta mas sem chuva, lá fui eu mais uma vez às minhas encantadas Fontes Lares. Oito km em duas horas não é nenhuma "aventura" ... mas também não é mau, tendo em conta que incluíram meditação, "adoração" ... e até, porque não ... oração 🙏. Não sei quantas vezes já estive naquele "santuário" ... onde as "claras águas" da nascente "levam lágrimas de quem sofre o que os invernos nos segredam" ... onde as pedras da velha casa "contam velhas lendas, quase negras" ... ali ... "por trás do monte onde nasce a lua cheia" ... onde o barroco "sagrado" é a minha fonte de energia telúrica; é ele, seguramente ... a "Fraga" que o Sebastião Antunes canta ... a cuja letra pertencem as citações deste parágrafo e das legendas das fotos ... nos seus velhos "Contos de fragas e pragas" que inspiraram o título destes instantâneos de uma vida ao ar livre com mais de meio século...

O barroco "sagrado" e o que resta da velha casa das Fontes Lares...
"Das terras de onde se contam velhas lendas, quase negras, por trás do monte onde nasce a lua cheia"
"Cemitério" das minhas velhas botas,
por "bredas feitas à sorte
que já percorreram léguas sem fim ...
pelas vidas de quem canta"
As botas mais à esquerda são as mais velhinhas, compradas há 23 anos em Pralognan-la-Vanoise, França ... e que há 9 anos jazem e dormem nas Fontes Lares. O 3º par (o mais à esquerda na foto da direita) ... saiu de Vale de Espinho pelas bredas de um Caminho que, ao fim de 16 dias, as havia de levar a Santiago de Compostela ... ao mesmo tempo que a mochila transportava um pedaço do solo desta terra que me adoptou, e que, lá, se juntou à terra sagrada do Campus stellae.
E deixo, mais uma vez, aquele recanto mágico - 25.10.2023, 15h40
De regresso a casa, "chegam-se à lareira os sonhos e os medos" ... mesmo não tendo lareira... 😊
28.10.2023, 17h30 - Próximo dos Fóios, a caminho do tradicional convívio entre as aldeias geminadas de Fóios e Ellas, a Festa d'as Castañas, ou Borrallás ... a chuva cai, lavando medos e revelando mistérios...
A muita chuva reduziu as incursões ... mas alimentou o Côa, alimentou as linhas de água ressequidas ... deu cor e vida aos campos e lameiros. Quando o Sol espreitou ... transformou a Natureza em quadros de magia pura. Subindo o Côa, entre a Ponte Nova e o Engenho, por duas vezes me deliciei revisitando os velhos moinhos e açudes, rejubilantes de vida e de cor.
Até o B'ceiro está verde e viçoso, 31.Out.2023,14h40
Ponte Nova e a açude do mesmo nome ... por onde saí de Vale de Espinho no meu Caminho de Santiago de 2019
Moinho do Rato, 31.10.2023, 15h20 ...

Nunca me canso de citar o Paulo Silva: ali, no sítio do Moinho do Rato ... "de repente
damo-nos conta que envelhecemos, a ver envelhecer estas pedras que não envelhecem
"...
O Côa junto ao Moinho da Nogueira e respectiva açude, 30.10.2023, 10h00
E vou subindo o Côa, de deslumbramento em deslumbramento ...
... até chegar à velha Ponte "romana" (que não é romana, é quando muito medieval), ex-libris de Vale de Espinho
Entre a Ponte "romana", o velho Engenho e a açude das Veigas ... quando a chuva me levou a recolher a um abrigo
No último dia de Outubro, entre o Moinho do Rato e a Ponte Nova ... resolvi transformar-me em javali e furar o denso mato da encosta nascente do Cabeço do Colmeal. Mas aqueles "caminhos" fazem-me bem; caminhos, perguntarão ... sim ... os caminhos, tal como o Caminho, fazemo-los nós... 👣🍂🍄🌿

Por fragas e pragas... é por aqui o caminho? Sim ... é ... vê-se bem o
"caminho" 😂
Terá sido mesmo dali que eu vim? 🤔 Mas sim, foi 😳
Outubro deixou-nos ... Novembro entrou ... passou-se o dia de "Todos os Santos" e o habitual "compasso" ... mas, até ao regresso à base, a muita chuva só permitiu convívios.

Nuvens carregadas nos céus de Vale de Espinho ... mas o Magusto decorreu sem "baptismo" - 04.11.2023, 17h15
A "melodia das quatro estações" e o "ano especial" de 2023 vai avançando a bom ritmo. Há meio século ... preparava-se já o início de uma "grande aventura"... 😊💕👫

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