Quase duas semanas nas minhas terras raianas, como é habitual nesta altura à
volta do dia de "Todos os Santos", pelo menos desde que, há 20 anos atrás,
fizemos "
Um doloroso regresso a Vale de Espinho...".
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No meu barroco "sagrado" das Fontes Lares, 25.10.2023, 15h30
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Exactamente trinta anos antes desse fatídico dia, tinha vindo pela primeira
vez a
Vale de Espinho ... o que perfaz meio século de ligação a esta aldeia
que me adoptou e que adoptei.
Nestas duas semanas, contudo, e ao contrário do habitual, pouco saí do nosso
pequeno "retiro", muito por culpa da muita chuva que marcou a maior parte dos
dias. Fez agora um ano ... completei a
Grande Rota do Côa, com as etapas de Pinhel à Foz do Côa.
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"Pelo doce agreste da tarde que se avança, pardacenta" ...
peregrinei mais uma vez às minhas sagradas Fontes Lares
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Numa tarde pardacenta mas sem chuva, lá fui eu mais uma vez às minhas
encantadas
Fontes Lares. Oito km em duas horas não é nenhuma
"aventura" ... mas também não é mau, tendo em conta que incluíram meditação,
"adoração" ... e até, porque não ... oração 🙏. Não sei quantas vezes já
estive naquele "santuário" ... onde as "
claras águas" da nascente "
levam lágrimas de quem sofre o que os invernos nos segredam" ... onde as pedras da velha casa "
contam velhas lendas, quase negras" ... ali ... "
por trás do monte onde nasce a lua cheia"
... onde o barroco "sagrado" é a minha fonte de energia telúrica; é ele,
seguramente ... a "
Fraga" que o Sebastião Antunes canta ... a cuja letra pertencem as citações
deste parágrafo e das legendas das fotos ... nos seus velhos "
Contos de fragas e pragas" que inspiraram o título destes instantâneos de uma vida ao ar livre com
mais de meio século...
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O barroco "sagrado" e o que resta da velha casa das
Fontes Lares... "Das terras de onde se contam velhas lendas, quase negras, por trás do monte onde nasce a lua cheia"
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"Cemitério" das minhas velhas botas, por "bredas feitas à sorte
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que já percorreram léguas sem fim ... pelas vidas de quem canta"
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As botas mais à esquerda são as mais velhinhas, compradas há 23 anos em
Pralognan-la-Vanoise, França ... e que há 9 anos jazem e dormem nas
Fontes Lares. O 3º par (o mais à esquerda na foto da direita) ... saiu de
Vale de Espinho pelas
bredas de um
Caminho
que, ao fim de 16 dias, as havia de levar a
Santiago de Compostela
... ao mesmo tempo que a mochila transportava um pedaço do solo desta terra
que me adoptou, e que, lá, se juntou à terra sagrada do
Campus stellae.
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E deixo, mais uma vez, aquele recanto mágico - 25.10.2023, 15h40 De
regresso a casa, "chegam-se à lareira os sonhos e os medos"
... mesmo não tendo lareira... 😊
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28.10.2023, 17h30 - Próximo dos Fóios, a caminho do tradicional
convívio entre as aldeias geminadas de Fóios e
Ellas, a Festa
d'as Castañas, ou Borrallás ... a chuva cai,
lavando medos e revelando mistérios...
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A muita chuva reduziu as incursões ... mas alimentou o
Côa, alimentou
as linhas de água ressequidas ... deu cor e vida aos campos e lameiros.
Quando o Sol espreitou ... transformou a Natureza em quadros de magia pura.
Subindo o Côa, entre a Ponte Nova e o Engenho, por duas vezes me deliciei
revisitando os velhos moinhos e açudes, rejubilantes de vida e de cor.
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Até o B'ceiro está verde e viçoso, 31.Out.2023,14h40
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Moinho do Rato, 31.10.2023, 15h20 ...
Nunca me
canso de citar o Paulo Silva: ali, no sítio do Moinho do Rato ...
"de repente damo-nos conta que envelhecemos, a ver envelhecer
estas pedras que não envelhecem"...
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O Côa junto ao Moinho da Nogueira e
respectiva açude, 30.10.2023, 10h00
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E vou subindo o Côa, de deslumbramento em deslumbramento ...
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... até chegar à velha Ponte "romana" (que não é romana, é quando
muito medieval), ex-libris de Vale de Espinho
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Entre a Ponte "romana", o velho Engenho e a açude das
Veigas ... quando a chuva me levou a recolher a um
abrigo
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No último dia de Outubro, entre o
Moinho do Rato e a
Ponte Nova ... resolvi transformar-me em javali e furar o denso
mato da encosta nascente do
Cabeço do Colmeal. Mas aqueles "caminhos"
fazem-me bem; caminhos, perguntarão ... sim ... os caminhos, tal como o
Caminho, fazemo-los nós... 👣🍂🍄🌿
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Nuvens carregadas nos céus de Vale de Espinho ... mas o
Magusto decorreu sem "baptismo" - 04.11.2023, 17h15
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A "
melodia das quatro estações" e o "
ano especial" de 2023 vai avançando a bom ritmo. Há meio século ... preparava-se já o
início de uma "grande aventura"... 😊💕👫
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