Os livros de
Célio Rolinho Pires - que orgulhosamente fazem parte da minha modesta biblioteca raiana - já me tinham falado do
Cabeço das Fráguas, como igualmente me falaram da
Serra d'Opa, do
S. Cornélio e de tantos outros lugares deste "
país das pedras". Situado no limite entre os concelhos do Sabugal e da Guarda, o Cabeço das Fráguas parece ter sido um antigo local de culto a divindades lusitanas, datado do séc. V a.C.. Pensa-se que o cabeço poderá ter sido o local da morte de Viriato e das
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Pousafoles do Bispo, com o Cabeço das Fráguas ao fundo |
suas possíveis cerimónias fúnebres, sob a forma de cremação em pira funerária.
As novas tecnologias permitiram-me ter conhecimento de uma subida ao Cabeço das Fráguas, agendada para hoje por elementos ligados ao Clube de Montanhismo da Guarda. E ... às 10 da manhã reuniamo-nos assim os 6 elementos desta "romagem", na base do impo-nente morro, próximo de
Lameiras, Pousafoles do Bispo. O Cabeço das Fráguas destaca-se na paisagem, quase 200 metros acima do planalto que ocupa o topo noroeste do concelho do Sabugal; o Cabeço situa-se contudo já na freguesia de
Benespera, concelho da Guarda.
A partir do caminho rural onde os carros ficaram a descansar, "atacámos" a subida a bom ritmo. Não há trilhos. Vamos subindo com António Machado no pensamento: "
o caminho faz-se caminhando"...
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Subida ao Cabeço das Fráguas, 27.06.2012, 1018m alt |
A panorâmica do cume é soberba. Apenas a neblina característica dos dias de calor que marcam este início de verão nos impediu de ver mais além da cidade da
Guarda, do vale da
Ribeira de Maçaínhas e
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No cume do Cabeço das Fráguas (Foto: Jó Andrade) |
da
Serra de Vale Mourão, das terras da
Bendada e do
Sabugal.
No topo do cabeço encontra-se uma escavação arqueológica que parece provar a existência de algumas edificações, possivelmente destinadas ao culto. Nas imediações, foram encontradas 20 aras religiosas contemporâneas dos lusitanos.
Mas a característica mais famosa do
Cabeço das Fráguas é a existência de uma inscrição rupestre em caracteres latinos, datada do séc. II d.C., em língua designada por lusitana, descrevendo uma oferenda às divindades indígenas de uma ovelha, um leitão, uma vitela, um cordeiro de um ano e um touro de cobrição, feita por alguém em circunstâncias desconhecidas (
vide "
Santuário Lusitano-Romano do Cabeço das Fráguas").
Foi portanto essa inscrição rupestre que nos propusemos encontrar, o que de início não parecia fácil. Mas afinal até estava a mesma assinalada por três setas em pedra, desenhadas no solo.
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Estávamos bem no seio do "país das pedras"... |
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À procura das inscrições lusitanas |
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Aqui está a pedra onde se descreve uma oferenda às divindades indígenas |
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Meio sumidas, as inscrições lusitanas |
Ainda não era meio dia quando iniciámos a descida. Procurámos uma via mais a norte do que a que tínhamos utilizado na subida, o que nos permitiu vencer as curvas de nível menos abruptamente. Mais a norte, portanto, regressámos ao caminho rural inicial. E às 12:25h estávamos nos carros. Foi naturalmente uma caminhada bastante curta (pouco mais de 4 km), mas que me deu a conhecer mais um recanto das belas terras raianas e um dos locais mais míticos da história das nossas origens lusitanas.
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Chegou a hora da descida (Foto: Jó Andrade) |
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E regressamos ao planalto base |
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O Cabeço das Fráguas fica para trás ... |
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A "equipa" dos seis "conquistadores" do Cabeço das Fráguas |
Feita a foto de grupo da praxe, despedimo-nos com a promessa de que nos voltaremos certamente a encontrar noutras "aventuras". Cinco elementos da "equipa" rumaram à Guarda ... eu rumei a Vale de Espinho! Como habitualmente, fica o álbum de fotografias completo e o pequeno percurso realizado.
1 comentário:
José, excelente apanhado da nossa subidinha. As fotos estão excelentes, também!
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