quinta-feira, 5 de setembro de 2019

Machu Picchu ... a cidade perdida dos Incas (2)

Cusco ... cidade imperial, capital do Império Inca
Pelas dez e meia da manhã de quinta feira, 5 de Setembro, depois de um descanso mais breve do que o corpo pedia ... tínhamos Cusco à nossa espera. A representante da HCT veio-nos cumprimentar pessoalmente e dar algumas informações ... e saímos à descoberta de Cusco, neste dia livre e de aclimatação à altitude; à noite conheceríamos o nosso guia, o jovem e simpático Washi.
Cusco, Plaza de Armas e Catedral, 5.Setembro.2019, 10h40
Cusco impressionou-nos desde os primeiros minutos. Estávamos verdadeiramente num outro mundo, mas num mundo onde sentíamos em cada habitante uma cordialidade e simpatia contagiantes, num povo com identidade e orgulho pela sua história e tradições.
Cusco foi a capital do Império Inca, surgido nas terras altas peruanas algures no século XIII. De 1438 até 1533, os incas incorporaram uma grande porção do oeste da América do Sul, ao longo da Cordilheira dos Andes, incluindo grande parte do actual Equador e Peru, sul e oeste da Bolívia, noroeste da Argentina, norte do Chile e sul da Colômbia. No século XV, formavam o maior império da América pré-colombiana, sob o domínio de Pachacuti. As línguas mais faladas eram o quíchua, dominante, e o aimará. O período de máxima expansão do Império Inca ocorreu a partir de 1450, quando chegou a cobrir a região andina do Equador até ao centro do Chile, com mais de 3000 km de extensão. Mas no século XVI chegam os espanhóis ... e Francisco Pizarro conquista o Império Inca em 1533. Atahualpa foi o último Sapa Inca, ou imperador, assassinado pelos espanhóis em 29 de agosto de 1533. Mas a resistência continuou quase mais 50 anos. Já depois da perda de Cusco para os
espanhóis, Túpac Amaru intitulou-se Imperador Inca de Vilcabamba, dezenas de quilómetros a norte de Cusco ... tomada pelos espanhóis em 1572. No dia 24 de setembro, Túpac Amaru foi conduzido pelas ruas de Cusco. Em frente à catedral, na praça central, Túpac Amaru subiu para o cadafalso e levantou calmamente as mãos; o silêncio e a imobilidade caíram sobre a multidão. Antes de ser decapitado, Túpac proferiu as suas últimas palavras aos incas:
Ccollanan Pachacamac ricuy auccacunac yahuarniy hichascancuta
(Mãe Terra, testemunha como os meus inimigos derramaram o meu sangue)

O nome e a história de Túpac Amaru inspiraram o movimento revolucionário dos Tupamaros, grupo guerrilheiro marxista-leninista dos anos 60 e 70 do século passado.
Os Incas eram politeístas e viam o Sol e a Lua como entidades divinas, às quais
suplicavam as suas bênçãos, fosse para melhores colheitas, fosse para o êxito em combates com grupos rivais. O deus Sol (Inti) era o deus masculino e acreditavam que o rei descendia dele. Atribuíam ao deus Sol qualidades espirituais, transmitidas à mente pela mastigação das folhas de coca, daí as profecias que justificaram a criação de templos sagrados construídos nas encostas íngremes das montanhas andinas. Os huacas, ou lugares sagrados, estavam espalhados pelo território inca; huacas eram entidades divinas que viviam nas montanhas, rochas e riachos. Os líderes espirituais de uma comunidade usavam rezas e oferendas para comunicarem com um huaca e pedirem conselhos, ou ajuda.
O passar dos séculos trouxe uma profunda hispanização. A maioria dos peruanos actuais são católicos, mas não perderam as raízes, tradições, crenças, cultura e línguas incas. Passear pelas ruas de Cusco é recuar no tempo e viver essa ancestralidade. Marrakesh era a minha referência de uma cidade diferente, de um outro mundo, uma outra cultura, um outro povo. Mas - que me perdoem os marroquinos - Cusco é uma cidade ainda muito mais dinâmica, alegre, diferente ... Viva! E, surpresa, apesar de quase todos falarem castelhano, a maioria dos peruanos fala quíchua entre eles e em família, sendo actualmente língua oficial no Peru e na Bolívia, de ensino obrigatório nas escolas.

Plaza de Armas e Convento de S. Francisco, Cusco, 5.Set.2019
Estávamos realmente
num mundo diferente!
Estátua de Pachacuti, na Plaza de Armas
Cusco, cidade monumental, capital do Império Inca, a 3400 metros de altitude ... e fervilhante de vida!
Sem querer, fomos parar a um festival de tradições e de música popular peruana!
Rostos andinos, de um povo simples, afável, orgulhoso das suas raízes e tradições
Um almoço em Cusco, brindando à Amizade e à Vida
... complementado com chá de coca, pois claro...
Com uma família peruana orgulhosa dos seus trajes e da sua cabrinha. Claro que lhes tivemos de dar ... una propina...
Do alto das montanhas, sobre a Plaza de Armas de Cusco ... o Cristo Rei assinala a Cristianização da cidade e do Império
Cusco deixou-nos realmente ... apaixonados pelo que estávamos a Viver ... e ainda só estávamos no princípio. A Madalena escrevia então:
"Quanto mais voo mais sede tenho... mais o medo me persegue ... mais pequena me revejo..."
Às 19h tínhamos o primeiro encontro com o guia que nos iria acompanhar nos dias seguintes. O Washi - Washington Mateos Huanca - foi ter connosco ao Hotel, dando-nos as indicações mais importantes para os dias seguintes. E nos dias seguintes ... começaria a "aventura". Tal como programado, iríamos primeiro continuar a aclimatação à altitude ... ultrapassando os cinco mil metros no Cerro Colorado, ou Winikunka ... as Montanhas do Arco-Íris.
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