domingo, 16 de fevereiro de 2025

Inverno 2025 nas Terras de Riba-Côa...

Quase sempre "migramos" para o nosso retiro raiano nos primeiros dias do ano ... mas 2025 foi excepção. Diversas contingências de agenda levaram a que a "migração" deste ano tenha sido só depois da também habitual Marcha de Montanha. Só a 28 de janeiro - e só por uma semana - respirámos desta vez os ares de Vale de Espinho e da Raia.
Vale de Espinho, 28.01.2025, 17h40
Os dias de Sol daquela curta estadia ... aproveitámo-los bem, a rejubilar com a riqueza e a vida dos campos e lameiros, proporcionada pela muita chuva que, felizmente, tem caracterizado este inverno.
A caminho e no Moinho do Rato, Vale de Espinho, 30.01.2025, 10h00 ... ali onde "de repente damo-nos conta que envelhecemos, a ver envelhecer estas pedras que não envelhecem"... (Paulo Sérgio Silva)
Subindo o  Côa, que há muito não alimentava assim as margens e lameiros!
E subindo o Côa, cheguei à velha Ponte, ao Engenho, às Veigas ... sítios que conheço e me conhecem como se lá tivesse nascido ... pedras que falam ... sítios que cantam e contam histórias ao longo de décadas e décadas ... de gerações ... de amores ... de luta ... de vidas e de mortes...
Na velha Ponte do Côa de Vale de Espinho
No açude e no sítio das Veigas ... com os lameiros
a regurgitar água - 30.01.2025, 11h45
Naquela 5ª feira soalheira, a caminhada tinha sido a solo, como tantas outras ... mas no dia seguinte foi a dois... 💞
Velhos pontões de poldras, passagens ancestrais do Côa, à entrada da cidade do Sabugal, 31.01.2025, 11h30
Noutro dia que mais parecia de uma Primavera antecipada, a filha biológica das terras da Raia também quis respirar os ares do Côa. Deixámos o carro nas Quintas de S. Bartolomeu e subimos o curso do rio até à entrada do Sabugal. Mas apesar da muita tecnologia ... o T-ROC não tem telecomando. E, para não obrigar a minha pequena e frágil arraiana a voltar atrás ... voltei eu, deixando-a, não sem alguma preocupação, a ver o azul do céu nas águas do rio, junto à Ponte Nova e ao início do Corredor Verde do Côa no Sabugal. Não sei se alguma vez terei feito 2 km em pouco mais de 15 minutos... 😂
O Côa na praia fluvial do Sabugal, 31.01.2025, 12h15
E subindo ainda o Côa quase até à Barragem do Sabugal ... desta vez voltámos os dois ao carro, que descansava na cidade.
O fim de semana que se seguiu foi chuvoso, convidativo à meditação e ao repouso ... mas no último dia desta curta estadia veio de novo o Sol. Ora ... há algum tempo que não trocava as botas pelas rodas da bike eléctrica ... e apeteceu-me rever cantos e recantos da Serra de Aldeia Velha, também dita do Homem de Pedra. Em boa hora o fiz; a atmosfera límpida permitia ver panorâmicas que, para leste, iam até à muita neve da Serra de Béjar; já lá vão 12 anos que por lá andei...
Serra de Aldeia Velha, 03.02.2025, 14h10 - Ao fundo, por trás das colinas da Gata e da Peña de Francia ... lá estão as neves da Sierra de Béjar
Explorando os Encantos da Serra de Aldeia Velha, neste dia de Sol de Inverno
Aldeia Velha e Rio Cesarão, 15h10
Baloiço / Forcão na Srª dos Prazeres.
Ao fundo ... as neves da Sierra de Béjar
Ermida da Srª dos Prazeres, sobre Aldeia
Velha, e as ruínas de Sabugal Velho
E, pelo Areeiro ... de regresso a Vale de Espinho, 16h40
Pouco mais de uma semana depois estávamos de novo na Raia ... mas desta vez com os Caminheiros Gaspar Correia. Há 10 anos, o Grupo estava no seu 30º ano de actividades; o fim de semana de fevereiro e a habitual festa de Carnaval Caminheiro foi na Raia. Agora, o Grupo está a comemorar 40 anos ... e na actividade de fevereiro voltámos às Terras de Riba-Côa e voltámos a ter um Carnaval Caminheiro na Raia. Como há 10 anos ... o Hostal Pelicano foi a base para os quase 50 participantes.
À partida da Bismula para a primeira das duas caminhadas transcudanas, 15.02.2025, 12h10
Cruzamos a Ribeira da Nave pelo velho pontão de poldras. A Sofia, atrás na foto, há já 6 anos que caminha no grupo!
Na "família" Caminheira, além da minha arraiana contámos também com a Sofia, a nossa neta andarilha - desde os 9 anos - e os nossos "Manos Velhos" Mousinhos. A primeira caminhada começou na Bismula, pelos belos bosques que eu atravessara há menos de um ano, numa das minhas "maratonas" a solo pelos campos e aldeias da Raia. Tinham sido, nessa altura ... 57 km de desafio...
Descida para o vale do Côa e para a Ponte de Sequeiros, 14h45
A Ponte de Sequeiros, construída no século XIII, desempenhou um papel crucial na defesa da fronteira com Castela e Leão. Até ao Tratado de Alcanices (1297), a ponte serviu como fronteira alfandegária, controlando o trânsito de pessoas e mercadorias entre os dois reinos. Um dos ex-libris do Concelho do Sabugal, ainda não tinha ali levado os Caminheiros nas diversas jornadas raianas anteriores.
Ponte de Sequeiros, sobre o Côa. À direita, até ao Tratado de Alcanices eram terras castelhanas.
Com um vento a dar um feels like mais baixo do que a temperatura real, mas o dia esteve espectacular para caminhar, até com algum Sol, contrariamente às previsões de chuva que se tinham vindo a desvanecer nos dias anteriores. Há um contrato com S. Pedro que continua perfeitamente em dia... 😜
E lá vamos subindo o Côa, rumo ao Seixo do Côa
Junto ao Açude das Barrancas, onde a tradição ainda é como era...
Pouco depois das quatro da tarde estávamos junto à ponte rodoviária entre o Seixo e Valongo do Côa, com 10,5 km percorridos ... e as vistas cheias do verde dos campos e o azul das águas correntes, a espelhar o céu. Esperava-nos agora o Hostal Pelicano, mas ainda nos esperaram também umas "loirinhas" e o novo e imponente mural do Touro Raiano, na parede do edifício da antiga escola primária de Alfaiates, da autoria do jovem artista Sabugalense Nuno Aparício ("Nuno Miles").
Fim de tarde em Alfaiates, onde o mural do Touro Raiano
enfrenta os visitantes destemidos...
Na actividade que antecede o Carnaval, sempre foi tradição dos Caminheiros Gaspar Correia a festa de Carnaval Caminheiro ... e este ano claro que não foi excepção. "Fardados" a rigor, a maioria dos participantes encarnou nas figuras mais diversas ... com muita diversão e, principalmente, com a muita Amizade que nos une.
Descida de Quintas de S. Bartolomeu para o vale do Côa, 16.02.2025, 10h10
A segunda caminhada com o GCGC foi a que tínhamos feito a dois no último dia de janeiro e que consta desta mesma crónica, a partir do lugar de Quintas de S. Bartolomeu e vocacionada basicamente para o Côa, à sua passagem pela cidade do Sabugal.
Pontão de poldras sobre a Ribeira da Paiã, afluente do Côa, rumo ao Sabugal ...
... e o velho pontão de poldras sobre o Côa, à entrada da cidade
Às onze horas da manhã de um domingo acinzentado, estávamos a entrar no Sabugal
Estavam previstos uns ligeiros aguaceiros para o meio dia ... mas anteciparam-se cerca de uma hora. Mas os aguaceiros foram apenas chuviscos e de curta duração. De qualquer modo, na praia fluvial do Sabugal, quem quis optou por encurtar a caminhada e dar uma pequena volta na cidade, recolhendo ao autocarro. Os restantes, seguimos o Côa até à Barragem e ao Santuário da Senhora da Graça, para terminarmos as actividades pedestres já na estrada EN 233, próximo de Ameais.
Praia fluvial do Sabugal, 11h15
Continuando a subir o curso do Côa, até a jusante da Barragem do Sabugal
Com o nosso "guia" canino no Santuário de Nª Srª da Graça, culto e local de uma das principais festas do Concelho
Desde a praia fluvial até à Srª da Graça e ao final da caminhada ... um pequeno cãozinho resolveu acompanhar-nos. No final teve umas bolachas como brinde ... e esperemos que tenha encontrado o caminho de volta a casa sem sobressaltos. Quanto a nós ... pouco depois da uma da tarde esperava-nos um lauto almoço no Restaurante "Bebiana", em Caria, que nos repôs energias e nos deu forças para a longa "caminhada" de regresso à capital.
Próximo da aldeia de Ameais, 12h30 ... terminávamos as actividades deste belíssimo fim de semana raiano
6 horas depois (mas mais de 2 foram do almoço...) passávamos ao largo da Serra de Montejunto, que "fumegava" ao pôr-do-Sol