domingo, 26 de janeiro de 2025

XIV Marcha Nacional de Montanha - Travessia Invernal no Marão

O último fim de semana de Janeiro ... é altura da Marcha Nacional de Montanha, primeira actividade do ano do calendário da FPME. Nas Serras do Marão, Alvão, Padrela ... em sete edições consecutivas em que
já participei, sempre espectaculares ... arriscaria dizer que esta XIV edição foi a mais fabulosa e diversificada, apesar da invernia. Mas não se chama esta actividade precisamente ... Travessia Invernal?
Parabéns mais uma vez ao Grupo de Montanhismo de Vila Real, pela organização, pela escolha do percurso, pelo convívio proporcionado, inclusive no jantar em Vila Real. Simplesmente fabuloso, este regresso à Serra do Marão. A meteorologia previa um fim de semana com muita chuva e vento ... mas acabou por pintar um cenário de contrastes: a promessa de uma aberta, adiada e fugaz, a persistente dança da chuva e do vento, as cores, amortecidas pela névoa, a ganharem uma nova profundidade, os aromas da terra molhada, tudo contribuía para uma sinfonia para os sentidos, uma sinfonia que nos ligava profundamente à Natureza, quase como um ritual mágico, ancestral.
Pouco depois das 07h30 de sábado, 25.01.2025, montanhistas de todo o país estavam a iniciar a XIV Marcha de Montanha
A travessia começou na EN 15, próximo da "Casa da Guarda" da Boavista, praticamente por cima do túnel do Marão. Representantes de Clubes do Minho ao Algarve tinham-se deslocado na véspera para Vila Real, de onde a organização providenciou os autocarros para o local da partida. Pessoalmente e mais uma vez, representei o Clube de Montanhismo da Guarda. E, como habitualmente, ali fui encontrar amigos e conhecidos de diversas "aventuras" montanhistas ... além dos meus "manos" Cristina e Zé Manel Messias, com quem fiz "equipa" para nos alojarmos na capital transmontana.
Imagens mágicas de uma Natureza mágica...
Na primeira fase da travessia, subimos a crista ocidental do Marão. Acima dos 1300 metros de altitude, o vento de leste empurrava-nos como se nos quisesse fazer voar. Depois ... depois entrámos nos bosques mágicos que nos haviam de conduzir à praia fluvial e ao Parque de Lazer da Póvoa, a aldeia serrana que nos esperava para o almoço. A meteorologia prometera uma aberta pelas 10h ... mas a promessa só chegou quase uma hora e meia depois ... para almoçarmos sem chuva.
E continuamos a atravessar o paraíso, acompanhando a Ribeira de Fervença, rumo ao Parque de Lazer da Póvoa
A entrar em Póvoa. A aberta das 10h00 lá chegou ... mas quase ao meio dia.
Póvoa de Fervença - O almoço foi na antiga Escola Primária ... mas chegámos uma hora antes do previsto
O vento e a chuva empurrara-nos ... e efectivamente chegámos ao local do almoço com uma hora de avanço. Tivemos assim uma paragem de quase duas horas, o que para além do reconforto de estômagos permitiu o conforto de secar um pouco o material molhado. O almoço, frugal, além da bela bifana, chouriça moura e outros enchidos, incluiu a já tradicional sopa de cebola, quente e saborosa!
O paraíso da Ribeira de Fervença continua a envolver-nos ...
... e agora sim, os horizontes abriam-se
Às três da tarde estávamos nos antigos viveiros de trutas da ribeira do Ramalhoso. Com a levada que a acompanha por companheira, subimos ao som das águas às antigas Minas do Ramalhoso, ruínas que sussurravam histórias de volfrâmio e estanho. Mas os céus, que nos tinham deixado ver um pouco das panorâmicas do Marão, voltaram a fechar-se pouco depois, mergulhando-nos de novo na magia do bosque, na melodia das águas ... e da chuva que regressou. Qual guerra entre a terra e os céus, as tréguas previstas a partir das dez horas da manhã ... vieram mais tarde e duraram apenas um suspiro.
Antigos viveiros de trutas da Ribeira do Ramalhoso, 15h00
Subindo a levada e o curso da ribeira, chegamos às ruínas das Minas do Ramalhoso 
Túnel mineiro, sobre o vale da ribeira do Ramalhoso
No troço final, voltámos a passar sobre o túnel do Marão, com o panorama voltado agora para o vale do rio que deu o nome à serra, ou vice-versa, e para a Pousada do Marão. Embora a chuva não fustigasse, os céus ameaçavam desabar, levando muitos participantes a pôr em dúvida a viabilidade da "etapa" de domingo. E antes das cinco estávamos a terminar, junto às antigas "Águas do Marão".
Ao fundo, do outro lado do vale do Rio Marão, a Pousada do mesmo nome, encerrada desde 2022
Pouco antes das cinco da tarde, com 22 km percorridos e já com cores do pôr de um longínquo Sol num céu a desabar, terminámos a etapa principal da XIV Marcha Nacional de Montanha
Clique para ampliar o mapa, ou aqui para ver no Wikiloc
Regressados a Vila Real, à noite seguiu-se o habitual jantar de confraternização entre todos, organizadores e participantes, no qual não foi esquecida a memória do montanhista António Nunes, muito querido por muitos dos presentes e uma referência no Montanhismo em Portugal.
Mas no ar estava também a apreensão de todos acerca da participação na segunda "etapa" da Marcha, como habitualmente mais curta e circular. À tempestade Éowyn, vinda da Irlanda e que nos brindou com a chuva e vento de sexta e sábado ... seguia-se a tempestade Hermínia, prevista para desde a madrugada de domingo.
As tempestades agora têm nomes, pois. Pessoalmente gosto mais da Éowyn ... devem ser as minhas raizes celtas... 😉. O Ventusky - um dos sites de meteorologia que mais sigo - confirmava a previsão de agravamento da chuva para toda a manhã de domingo. Durante o jantar, íamos ouvindo as desistências de uns e de outros ... e o bom senso ditou que, por unanimidade dos cinco que nos juntámos para o transporte, cancelássemos a nossa participação na "etapa" deste domingo. A viagem de regresso foi assim antecipada. À hora do almoço ... a minha arraiana ficou muito admirada de me ver chegar... 😂

2 comentários:

Anónimo disse...

Muito bonito! Até os ribeiros parecem rios!

Rui Cortes disse...

Fantásticas fotos apesar do tempo chuvoso. Parabéns, além de desportista és um bom fotógrafo