No sábado, 9 de Setembro, saímos de
Gubbio bem cedo. Estávamos a menos de 50 km de
Assis ... mas a
primeira das duas etapas que nos faltavam era longa: 35 km, ou 32 optando por
uma variante junto ao rio
Chiascio. Poderiam ser duas, utilizando o
Mosteiro de
San Pietro in Vigneto como ponto intermédio ... mas optámos por deixar mais tempo para Assis
e para a capital da
Umbria, Perugia.
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Gubbio, 09.Set.2023 - Antes das 6h
da manhã, estávamos a tomar o pequeno almoço num bar já aberto àquela
hora
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Com uma noite mal dormida, a
hora azul como atractivo e um chamamento interior a pedir-mo ... ao terminarmos o
pequeno almoço disse aos meus companheiros que estava a precisar de uma etapa
a caminhar a solo, só eu e o meu Caminho ... ao meu ritmo ... a tentar
encontrar-me comigo mesmo. Assim, próximo da pequena
Igreja della Vittorina - na mata onde Francisco de Assis domou o lobo - avancei célere rumo a
Cipolleto e
Ponte d'Assi ... enquanto o Sol nascia.
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Entre Gubbio,
Cipolleto e Ponte d'Assi, entre as 06h30 e as
07h05: sob a protecção de Maria Madalena e de Francisco de
Assis, enquanto a hora azul dava lugar aos vermelhos e ao
nascer do Sol ... avanço a solo no meu Caminho
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07h40 ... e Gubbio ficou para trás, com 8 km
percorridos em menos de uma hora e meia
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... passando pela minúscula
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A sós, naquela manhã, e embora na altura eu não o soubesse ... eu estava a
seguir, em sentido contrário, os passos de Francisco no inverno muito frio de
1206, de Assis a
Gubbio. Pouco antes, ele havia renunciado publicamente
a todos os bens, com um gesto de forte impacto emocional e simbólico,
despindo-se na frente de seu pai, Pietro de Bernardone, do bispo e dos anciãos
da cidade. É esse desprendimento espiritual que o leva ao afastamento de
Assis, empreendendo a jornada que o levará a
Gubbio, a primeira e mais
importante etapa da sua nova vida. Apesar da curta distância, era uma viagem
longa e difícil, como todas as viagens naquela época. Foi sem dúvida uma etapa
de provação. As fontes falam-nos da agressão de ladrões perto do castelo de
Valfabbrica ... da inundação do rio
Chiascio, que o obrigou a pedir
hospitalidade na
Abadia de Vallingegno
e no Eremitério de
San Pietro in Vigneto. Finalmente em
Gubbio, cansado e esfarrapado, foi acolhido pela
família de comerciantes
Spadalonga, que lhe ofereceu o primeiro hábito,
o pedaço de pano escuro e áspero que se tornou o símbolo da sua futura
Ordem.
Quando pouco depois das nove horas cheguei a
San Pietro in Vigneto, a sós, naquela manhã ... ainda não sabia que aquela ia ser também para mim
e para nós ... a etapa de todas as provações.
De
Gubbio ali não tinha havido qualquer contratempo; tal como S.
Francisco ... talvez também eu ali chegara
"
Con le ali ai piedi " (com
asas nos pés) ... mas mesmo os meus quatro companheiros não teriam certamente
nenhuma dificuldade e algum tempo depois chegariam. Mas, com 16 km percorridos
antes das nove e meia da manhã ... terminar a etapa ali seria sem dúvida
prematuro ... ou talvez não.
San Pietro in Vigneto
foi originalmente um Mosteiro Beneditino. Sempre foi refúgio para os
peregrinos que, exaustos pela viagem e pela fome, o viam do fundo do vale e
encontravam o acolhimento dos religiosos. Hoje é gerido pela
Confraternita di San Jacopo di Compostella
... e foi uma voluntária hospitaleira da Confraria que me recebeu e me mostrou
aquele Eremitério "perdido".
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As instalações de acolhimento de peregrinos em
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Eu sabia que era possível pernoitar no Eremitério ... mas não sabia que
pertencia à
Confraternita di San Jacopo ... a mesma confraria italiana que gere o refúgio de
San Nicolás de Puente Fitero, no Caminho Francês de Santiago ... no qual, em
Maio de 2016, também passei ... e no qual também tive muita pena de não ficar. Ai se eu
tivesse contactado com a hospitaleira que tão "celestialmente" me recebeu, me
convidou para um café, me deu uma água fresquíssima...; ai se eu tivesse visto
o portal
Gronze
e tivesse lido ... "
No hay palabras para describir la experiencia de San Pietro in Vigneto"...; e ai, finalmente ... se eu soubesse que a seguir a
San Pietro in Vigneto
vinha a provação...
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10h15 - Travessia de uma linha de água a sul do
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Efectivamente, pouco depois de sair do Eremitério, as indicações que tínhamos
eram a da existência de duas variantes: uma com um pouco mais de altimetria,
mas também com mais 3 km de extensão, e outra mais próxima do curso do rio
Chiascio. Ambas nos tinham sido dadas como
possíveis e ambas se encontram assinaladas no
Locus
como
Cammino di Assisi. Assim, no respectivo cruzamento, não tive
dúvidas em optar pela variante do rio, mais curta, conforme tínhamos acordado;
deixei até, no cruzamento, uma grande seta no chão a confirmar a opção aos
meus companheiros. Só que ... uns 300 metros depois o trilho da suposta
variante desapareceu completamente na vegetação. Voltei atrás ... desmanchei a
seta ... e, resignado, enveredei pelo percurso mais longo, com muita lama num
troço inicial. Um primeiro telefonema a informar os restantes do sucedido ...
e continuei.
A variante junto ao rio tinha sido inviabilizada ... mas já antes de chegar à
Igreja de Caprignone tinha-me despertado a atenção, umas quantas curvas de nível abaixo, um
estradão a acompanhar a margem direita do famoso
fiume Chiascio. O mato
tinha cortado o caminho ... mas ele estava lá! Ora, chegado à velha e perdida
Igreja ... vejo um trilho a descer para o rio ... e uma sinalização a indicar
o
Cammino para lá! Maravilha, pensei ... mas as tentações do
demónio são traiçoeiras...
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Rio Chiascio, 11h10 - Quase meia
hora para descer menos de 2 km ... e o estradão acaba dentro de água
😕
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De imediato voltei a telefonar aos meus companheiros ... que felizmente ainda
não tinham chegado à Igreja. "
Não desçam! Sigam a variante principal ... que esta acaba dentro de
água " ... e outro remédio não houve se não voltar para trás pela segunda vez.
Contudo, o mapa também indicava um trilho que, subindo a colina, ligava à
Strada della Diga, permitindo assim uma terceira tentativa de encurtar
o percurso; e o trilho lá estava e a
strada também ... mas as
fotos seguintes ilustram o que se seguiu...
Pouco depois encontrei um peregrino alemão a almoçar, sozinho, numa sombra à
beira do caminho; não tinha andado à deriva à procura de uma variante que não
existe, claro.
Mas a tarde estava a ficar bem quente, pelo que uma fonte
junto a uma pequena Igreja sem nome foi o local que escolhi para almoçar o que
havia comprado ao pequeno almoço.
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A famosa Diga (barragem) do rio Chiascia, que me tinha
feito pedir o apoio do Universo para sair de uma variante
inexistente...
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09.Set.2023, 14h25 - Finalmente com Valfabbrica à vista
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Antes das três da tarde estava a entrar em
Valfabbrica, com 37 km nos pés. Os "meus" peregrinos ... pelo que me disseram ainda
estavam bastante para trás. Agradeci ao Universo ter-me resgatado da aventura
daquela suposta variante mais curta ... e ter-me levado a percorrer sozinho
esta etapa, podendo assim avisá-los; mais lentos, particularmente o Antonio,
se andássemos os 5 nos trilhos que acabam na água ou nos silvados, teríamos
certamente chegado bem mais tarde do que eles chegaram.
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Valfabbrica, 09.Set.2023, 16h40 - Uma pequena mas bonita cidade ... última etapa
antes de Assis
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Mas as provações deste dia não tinham ainda acabado. Tínhamos lugar reservado
no Refúgio privado "
Sui passi di Francesco"; o Antonio reservou igualmente para ele, posteriormente, à semelhança de
todas as unidades anteriores. Quando cheguei, sozinho, a então aparentemente
simpática Srª Manuela instalou-me numa camarata à qual uma outra senhora me
conduziu, que me disse que poderíamos escolher as camas. Assim fiz ... longe
de imaginar que as instalações a que fui conduzido eram de outra unidade, "
Terra Media", propriedade da segunda senhora 😂. Quando foram chegando os meus 4
acompanhantes, levei-os, claro, para a referida camarata, por sinal bastante
boa ... mas uma esbaforida e mal educada Srª Manuela apareceu logo a
gesticular, que 4 de nós tinham de ir para as instalações dela, que só um de
nós é que ficava na
Terra Media! Compreendemos depois que ela viu fugir
o negócio por entre as mãos;
só a quinta reserva é que ela tinha passado para a vizinha ... e quando eu
cheguei pensou que era eu essa quinta reserva! Abriu-se uma discussão entre as
duas ... sempre com a correcção e simpatia da senhora da
Terra Media e os berros da outra ... numa atitude tudo menos franciscana ... e
acabou por ser o pobre do Antonio a ser "raptado" por ela ... ficando nós
quatro excelentemente instalados na camarata da
Terra Media... 😛
E a história já tinha acabado? Não! Para jantar, o único restaurante aberto
... era o "
Sui passi di Francesco"...! Hesitámos ... mas que remédio, a opção era comer apenas umas "buchas"
no bar. E até que jantámos bem ... mas fomos literalmente roubados,
principalmente no preço do vinho ... e até com o pagamento com cartão a famosa
Manuela implicou. Fica um conselho aos peregrinos, portanto: em
Valfabbrica ... o "
Sui passi di Francesco" é totalmente desaconselhável. Mas finalmente acabaram as provações!
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Valfabbrica, 10.Set.2023, 06h50 -
Estávamos prestes a partir para a última etapa do
Cammino di Assisi
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De
Valfabbrica a
Assis ...
tínhamos apenas 14 km, simples. Depois da etapa de todas as provações,
estávamos à beira do êxtase da última jornada, da chegada ao destino que um
dia surgiu no canto dos meus sonhos. Demo-nos ao luxo de tomarmos o pequeno
almoço um pouco mais tarde, num bar da praça principal ... e pouco depois das
oito estávamos a partir da "
Terra Media".
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10.Set.2023, 09h00 - A luz (ou a Luz...) guia os nossos passos...
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... e pouco depois das dez horas ... Assis surgia-nos
no horizonte
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Ver pela primeira vez a monumental
Basílica de São Francisco de Assis, não é o mesmo que avistar as torres da Catedral de Santiago, do Monte do
Gozo, no Caminho Francês ... ou do muito "meu" Pico Sacro. Mas ... estávamos a
andar há 12 dias ... em muitos locais seguindo os passos de S. Francisco e S.
António ... seguindo um sonho, um chamamento, ou o que lhe quisermos chamar
... e passando mesmo por uma etapa de provações ... seguramente bem menores e
menos dolorosas do que as dele.
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Determinados ... ao 12º dia de Caminho aproximavamo-nos cada vez
mais do objectivo. Ao meio dia de 10.Set.2023 ... entraríamos
em Assis!
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Entrámos em
Assis pela longa subida de
Santa Croce
à
Porta de San Giacomo. A cidade fervilhava de vida. Os peregrinos diluem-se na multidão de
turistas e de grupos, o que claro que é natural, as peregrinações Franciscanas
não têm a dimensão dos Caminhos de Santiago. Mas logo ao primeiro contacto ...
a minha sensação foi igualmente intensa ... mística ... espiritual.
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Porta de San Giacomo, 12h05
... a nossa porta de entrada em Assis
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A Assisiana, o certificado de que o
primeiro fora
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Caminho estava percorrido ... o meu da Península Ibérica
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As ruas de Assis são um mundo de originalidade, de cor e
de movimento!
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Em
Assis, alojámo-nos na
Cittadella Ospitalità, uma excelente unidade de acolhimento da associação
Pro Civitate Christiana, que se destaca pela qualidade das instalações, dispondo de roupas de cama e
toalhas, excelente refeitório onde jantámos, tudo a preços peregrinos.
Francamente recomendável.
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A tarde de domingo, 10.Set.2023, foi dedicada à nossa descoberta desta
monumental cidade de Assis
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Claustro e Basílica Inferior de Assis,
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com o túmulo de Francisco de Assis
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A construção da
Basílica de São Francisco começou logo após a sua canonização, em 1228, na colina que era
conhecida como Colina do Inferno, onde os criminosos eram mortos. Hoje o local
é conhecido como Colina do Paraíso. A Basílica Inferior foi terminada em 1230
e nela foi depositado o corpo de S. Francisco, no dia de Pentecostes, 25 de
Maio. Nove anos depois, começou a construção da Basílica Superior. Todo o
conjunto é Património da Humanidade desde 2000.
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Mas Assis é muito mais do que a Basílica de S. Francisco. Assis
é também, por exemplo ... esta mágica
Piazza del Comune
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Foro Romano, Fonte dos Três Leões e recanto da
Farmacia Antica dei Caldari, na
Piazza del Comune, 18h35
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A
Piazza del Comune foi o local onde toda a vida sociopolítica e cultural da cidade teve
lugar; é considerada uma das realizações urbanas medievais mais
representativas da
Umbria. Entre 1282 e 1305, o
Templo de Minerva foi ladeado pela
Torre del Popolo e
pelo
Palazzo del Capitano; já nos Séc. XV e XVI, foi restaurado e dedicado à Virgem Maria, dando
origem à
Igreja de Santa Maria sopra Minerva
e dando o nome ao histórico
Bar Minerva, que lhe fica em frente.
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A
Chiesa Nuova, construída no local que a tradição identifica como a casa
paterna e natal de Francisco de Assis
A casa natal de
Francisco revive um dos momentos mais marcantes da sua vida,
quando o pai o prendeu em casa, por ele o envergonhar e à
família nobre a que pertencia. Foi esse episódio que levou
Francisco a renunciar a todos os seus bens materiais, como tão literalmente
e emocionalmente proclamou no texto que se encontra na lápide
reproduzida abaixo, à entrada da Chiesa Nuova.
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(Clique para ampliar os textos)
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Monumento aos pais de Francisco de Assis, junto à sua casa natal
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Das muitas Igrejas de
Assis, a
Basílica de Santa Clara
é talvez a segunda mais importante. Nela se conserva a
Cruz de S. Damião, criada por volta do ano 1100 por um monge siríaco da
Úmbria e originalmente exposta na
Igreja de S. Damião. Reza a tradição católica que, por volta de 1205, Francisco de Assis entrou
na Igreja, ajoelhou-se diante do crucifixo para orar e teria ouvido a voz de
Cristo com as já citadas palavras: "
Francisco, vai e repara a minha casa que está em ruínas".
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Naquele fim de tarde do dia em que chegámos a Assis,
a Basilica di Santa Chiara já estava fechada ... mas, na Praça de Santa Chiara,
esperava-me um espectáculo fabuloso e inesquecível!
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A
Basílica de Santa Clara
já estava fechada, mas no dia seguinte abria às seis e meia da manhã ... e
claro que lá voltei a essa hora. Mas naquele fim de tarde do dia em que
completámos o Caminho ... o Universo brindou-me com um espectacular pôr do
Sol naquela também mágica Praça de
Santa Chiara. Qual
Fisterra Franciscana, também ali me senti num místico
Ara Solis, num templo do Sol!
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ASSISI ...ASSIS ... uma cidade onde se sente
espiritualidade em cada esquina ... uma cidade monumental ... ...
uma cidade a regressar ... ou não me dissesse este espectacular pôr
do Sol isso mesmo ... há que regressar! 💖☯️ Praça de Santa Chiara, entre as 19h15 e as 19h30, 10.Set.2023
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Jantámos na
Cittadella Ospitalità ... e depois do jantar ainda fomos Viver um pouco de Assis
by night. No dia seguinte, ao acordar, a sensação foi a do habitual
the day after the way ... a sensação estranha de estarmos
"parados". Por isso ... entre as seis e as sete e pouco fui assistir ao
Despertar dos Mágicos em
ASSIS. Era uma espécie de epílogo ... o
Caminho tinha terminado ... ou talvez não...🌟✨
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Quarteirão da Santa Croce,
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Assis, 11.Set.2023, 06h30
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Praça de Santa Chiara ... o Despertar dos Mágicos em Assis, 11.Set.2023, 06h50
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Àquela hora matutina, pude então visitar calmamente a
Basílica de Santa Clara, que guarda a monumental
Cruz de S. Damião e o corpo de
Santa Clara, encontrado intacto. Dotada de grande beleza, a vida de
Chiara d'Offreducci
teve muitos paralelismos com a de
Giovanni di Bernardone, Francisco
de Assis. Pertencia também a uma família nobre, tal como ele, destacando-se
desde cedo pela sua caridade e respeito para com os pobres. Ao inteirar-se
da pobreza evangélica vivida por Francisco de Assis, Clara abandonou também
o seu lar para o seguir e seguir Jesus, enfrentando a oposição da família.
Encontrou-se com Francisco na pequena Igreja da
Porziuncola (actual
Santa Maria degli Angeli) e fundou o ramo feminino da Ordem Franciscana, também conhecido por
"Damas Pobres", ou
Clarissas. Viveu na prática e no amor da mais estrita pobreza.
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E a despedida de Assis. Mas, como sempre ... não tem de ser
um adeus ... é só um até breve...
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Pouco depois das nove da manhã do
day after the way estávamos a
deixar
Assis. Tínhamos percorrido até ali sensivelmente 270 km, entre
as 12 etapas do Caminho, as visitas nos finais de etapa,
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Clique na imagem para ampliar ou
aqui
para ver no
Wikiloc
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como em
Gubbio e em Assis ... e as provações da 11ª etapa. Em termos
numéricos, o que mais caracterizou o
Caminho de Assis
não foi contudo a distância percorrida ... mas sim a altimetria: nas 12
etapas ... tivemos mais de 10500 metros de desníveis acumulados, tanto
ascendentes como descendentes. Uma média, portanto, de quase mil metros por
dia ... mais do que qualquer dos
Caminhos de Santiago que já percorri ... idêntico, por exemplo, ao
Tour do Monte Branco!
O Caminho já tinha terminado ... mas deixámos Assis a pé ... para vivermos
mais uma história dos Caminhos. O Deonel havia sugerido irmos conhecer a
Igreja de
Santa Maria degli Angeli, a escassos 4 km de Assis. Trata-se de uma Igreja
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Basílica de
Santa Maria degli Angelli,
11.Set. 10h30
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do Séc. XVI ... mas nenhum de nós sabia, na altura, que foi construída à
volta de uma pequena Igreja do Séc. IX ... a atrás referida
Porziuncola
... o local onde o jovem Francisco de Assis compreendeu a sua vocação ... o
local onde Santa
Chiara se encontrou com ele para o seguir ... o
local onde aliás Francisco morreu, a 3 de Outubro de 1226. O Universo ... é
Inteligente...
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Gli angeli ricevono San Francesco d'Assisi ...
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O regresso foi via
Perugia, a bonita capital da Úmbria, onde ainda estivemos uma tarde e uma manhã,
por inerência dos voos. O meu Caminho de Assis estava feito. Dali, em
sonhos ... ainda podia seguir para Roma ... ou para Jerusalém... 😊. Mas
não ... tinha alguém à minha espera em casa ... uma pequena arraiana que
viajou sempre comigo ... como comigo viajaram também todos os que me são
mais chegados ... todos os que fazem parte da minha Vida💖. A todos eles
... o meu muito Obrigado!
Quatro amigos tinham-se juntado para Viverem este Caminho ... mas quase logo
passámos de 4 a 5; completamente desconhecido até aí, o Antonio Pascale foi
como que "adoptado", num Caminho que pensava fazer sozinho ... e quando nos
deixou em Perugia ... parecia que já todos nos conhecíamos de há muito. Sim
... 12 dias de um Caminho duro, Vividos e partilhados 24 horas por dia ... são
quase uma Vida. Bom Caminho também para ti, Antonio ... principalmente no
Caminho da Vida 🫂 💖🙏
(Escrito em casa, entre 24 e 26 de Setembro)
O Caminho não é o chão que pisamos ... o Caminho somos nós!
Pace✌️e ❤️ bene! 👣🚶👣🚶
2 comentários:
E finalmente Assisi, a meta, o objetivo, porém é cada passo dado que faz o destino crescer em nós! É o caminho como metáfora da vida! Essa a grandeza, que nós, peregrinos pelas trilhas, podemos compreender como crescemos interiormente ao fazermos esta escolha!
Agradeço muito a você pelo relato e a todos deste grupo especial, por me permitir acompanhar essa vivência!
Até breve, José Carlos!
Simplesmente espetacular.
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