sábado, 18 de janeiro de 2020

Ecopista do Montado e Gruta do Escoural (Montemor-o-Novo)

2020 ... o ano em que completo meio século de "aventuras" é também o 35º ano dos Caminheiros Gaspar Correia, a minha mais antiga "família" caminheira. Para primeira actividade do ano, fomos até às terras alentejanas de Montemor-o-Novo, onde já tínhamos andado há 14 anos.
Ecopista do Montado, 18.Jan.2018, 9h55
A Ecopista do Montado desenvolve-se no que foi outrora o ramal ferroviário que ligava Torre da Gadanha a Montemor-o-Novo. Pouco depois das 9h30 lá estávamos na antiga estação ferroviária de Torre da Gadanha, para dar início à caminhada. Pela 4ª vez nestas andanças ... lá estava a minha neta Sofia, a caminho dos 10 anos ... e sempre ansiosa para ter lugar nas actividades caminheiras.
Numa manhã com alguma chuva, testemunhámos desde logo o efeito das chuvas de Dezembro e primeiros dias de Janeiro. Os campos alentejanos, pelo menos naquela zona, estão repletos de água.

Já não falta água nos campos de Montemor...
Ecopista do Montado percorre duas áreas distintas. De início, atravessa-se uma importante área adstrita ao Sítio de Monfurado, que alberga espécies de flora e fauna de interesse comunitário. Trata-se de uma área dominada por importantes montados de sobro e azinho, bastante bem conservados, sendo considerada uma zona de grande importância para a conservação de diversas espécies de morcegos. Reagrupámos a "comitiva" em Paião, antiga paragem do ramal ferroviário.
Antiga estação ferroviária de Paião, 11h00
         Ao longo do montado ...
... com duas jovens e promissoras caminheiras...
(foto de Natércia Dias)
Mais próximo de Montemor-o-Novo, o montado dá lugar aos extensivos olivais, de pequenas propriedades. E antes das 13h00 estávamos no Castelo de Montemor-o-Novo; a meteorologia tinha melhorado substancialmente, pelo que foi ali que almoçámos, debruçados sobre o Rio Almansor, que atravessámos pouco antes de entrar na vila.

Montemor-o-Novo à vista, além do Rio Almansor


🔽  E subida ao Castelo...  🔽             
Panorâmica do Castelo para a cidade e os campos de Montemor
No Paço dos Alcaides do Castelo
de Montemor-o-Novo
Do Castelo de Montemor seguimos para Santiago do Escoural. A gruta do Escoural é considerada única em Portugal. A sua grande sala e múltiplas galerias serviram povos desde há cerca de 50 mil anos até há 4 mil anos atrás, povos esses que ilustraram o interior com motivos zoomórficos, de equídeos, bovinos e outras representações. Os trabalhos arqueológicos revelaram uma ocupação humana desde o Paleolítico médio, como abrigo para caçadores-recolectores, e superior, como santuário, até ao Neolítico final, este último marcado por uma necrópole. Mas ... eu já havia visitado a gruta há 14 anos. Entrando apenas 10 pessoas de cada vez ... dava-me tempo suficiente para prolongar a jornada pedestre nos campos de Santiago do Escoural. E assim, a solo, segui pelos trilhos que o LocusMap me mostrava, através novamente de belas paisagens de montado, salpicadas pelo relevo ondulante da Serra de Monfurado e por várias linhas de água benfazejamente carregadas. Belos trilhos!

Campos pintados de amarelo e verde, no azul do céu de uma tarde diferente da manhã...
Quinta das Vinhas e Casas Novas, a nordeste de Santiago do Escoural
Cantos e recantos de encanto ... ao longo da Ribeira do Escoural
Igreja Matriz de Santiago do Escoural
Antes das quatro estava em Santiago do Escoural. Santiago do Escoural nasceu entre 1423 e 1427; foi seu fundador o Condestável Cavaleiro que construiu em suas terras a primeira casa e uma capela, pertencendo esta à Ordem de Santiago. Provavelmente foi este o motivo porque lhe chamaram Santiago.
Era no entanto ainda cedo. O último dos 4 grupos de caminheiros não tinha ainda entrado na gruta ... pelo que atravessei a vila e continuei para sudoeste. O Locus mostrava-me as ruínas de um moinho num ponto alto de onde a panorâmica deveria ser ampla ... e lá estavam elas ... as memórias de um moinho que "viveu" certamente os seus dias há muitas décadas atrás. Além do moinho, do geodésico do Escoural, a 288 metros de altitude, a vista debruça-se sobre a vila e, a norte, a Serra de Monfurado.
E com um total de 23 km percorridos com o grupo e a solo, às quatro e meia estava de novo em Santiago do Escoural.

Ruínas do Moinho e Geodésico
do Escoural (288m alt.)
Panorâmica para norte, com a Serra de Monfurado ao fundo (em cima) e para sul (em baixo)
Santiago do Escoural, vista da suave encosta do geodésico do mesmo nome
A reunião com o resto do grupo seria no Centro Interpretativo da Gruta do Escoural, em Santiago do Escoural, onde se encontra patente uma exposição permanente dedicada ao sítio arqueológico. E, de regresso à capital, estava terminada a primeira actividade dos Caminheiros Gaspar Correia em 2020.
(Clique para ver o álbum completo de fotos ...
... e os percursos das caminhadas)

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