Em Março passado, publiquei nestas minhas crónicas o
regresso às terras de Montesinho … 25 anos depois dos tempos áureos das "expedições" com alunos. Fomos, em Março,
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Aldeia de Vilarinho, 8.Junho.2019, 13h05 |
fazer a prospecção para a actividade que propus para Junho aos "meus" Caminheiros Gaspar Correia …
pelo que agora, 3 meses depois … levei a minha "família" caminheira a terras de Montesinho.
Foram 3 dias de caminhadas e de muito convívio e amizade. Sábado, depois de uma longa jornada de autocarro desde Lisboa, à uma da tarde estávamos na aldeia de
Vilarinho … a aldeia que há cerca de um mês assistiu ao regresso do urso pardo a território nacional (depois de em Fevereiro também ter sido registada a passagem de um urso na zona de Pitões das Júnias), depois de 176 anos em que foi dado como extinto em Portugal. Tratou-se de indivíduos errantes, provenientes da população cantábrica ocidental, que ao que parece já regressaram às suas terras de origem. Nós, pelo menos … não os encontrámos…
😊
Ribeira de Ornal e Rio Baceiro
8 de Junho
A primeira caminhada tratou-se de um percurso simples, entre
Vilarinho e as margens da ribeira do
Ornal e do rio
Baceiro, marcadas por intensa vegetação, com azinheiras e carvalhos, em densos bosques que muito nos protegeram do calor que se fazia sentir.
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Capela de Santo Amaro e os densos bosques
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que ladeiam os vales da ribeira de Ornal
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Ribeira de Ornal |
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No meio dos densos bosques de Vilarinho e no velho moinho de água do rio Baceiro |
O primeiro dia terminou com uma curta visita a
Bragança, base para as três incursões na Natureza deste fim de semana prolongado.
Da Serra Serrada à Lama Grande e ao vale do Sabor
9 de Junho
Domingo era o dia grande. Íamos levar a "família caminheira" ao coração da serra de
Montesinho, como que à volta da aldeia do mesmo nome. E se em Março tínhamos visto Montesinho em tons de Inverno ... agora íamos ver Montesinho no esplendor das cores da Primavera. Aliás...
"Nenhuma outra área protegida expressa tão bem o contraste das estações do ano como Montesinho"
("National Geographic" - Revista nº 45, Dezembro 2004)
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Sobre a barragem da Serra Serrada, Montesinho, 9.Junho.2019, 9h50 |
O autocarro levou-nos à barragem da
Serra Serrada, a 1250 metros de altitude. A partir dali, de acordo com a opção de cada um, o grupo subdividiu-se em dois: 21 caminheiros desceram o curso da
Ribeira das Andorinhas, enquanto eu conduzi os restantes ao planalto da
Lama Grande. 25 anos depois ... em 3 meses voltei por duas vezes àquela casa abrigo criminosamente votada ao abandono.
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Imagem da Senhora dos Viajantes |
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Como eu gostava de voar... |
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Lameiro e Casa da Lama Grande (1380m alt.) ... criminosamente abandonada |
Com as cores da Primavera à sua volta, a Casa da
Lama Grande lá continua tristemente a agonizar, guardando recordações de quando a Conservação da Natureza em Portugal não era letra morta ... de quando a Educação Ambiental se praticava, se ensinava, se aprendia ... se Vivia!
Mas, com pena de não ficarmos naquele paraíso, da
Lama Grande rumámos ao vale do
Sabor e à barragem das
Veiguinhas, sobre a qual almoçámos. O dia esteve espectacular: Sol, uma brisa de altitude a amenizar a temperatura e uma luminosidade fantástica. Os deuses estavam connosco...
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Da Lama Grande ao vale do Sabor e à Barragem das |
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Veiguinhas, com as cores e a luz da Primavera |
Passada a barragem das
Veiguinhas, rumávamos a sudeste, pelo meio de formas pétreas para todas as interpretações e ante a paisagem magnífica do vale do
Sabor, com a Serra da Nogueira ao fundo.
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O vale do Sabor e as Pedras Negras, com a Serra da Nogueira em pano de fundo |
Antes das duas da tarde estávamos sobre o vale da
Ribeira das Andorinhas. O grupo que fez o percurso mais
soft já estava na aldeia de
Montesinho, cerca de 200 metros abaixo de nós. Menos de uma hora depois estávamos também a entrar na aldeia. O seu famoso
Café Montesinho ... desta vez estava aberto. Tinha sido, para todos, uma belíssima jornada de serra e de convívio.
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Descida da serra para a aldeia de Montesinho, com
17 km de uma bela caminhada nas alturas |
Rio de Onor
10 de Junho
Tal como na
prospecção de Março, a terceira e última caminhada deste fim de semana prolongado foi dedicada a
Rio de Onor, ao rio e à aldeia. Iniciámos a caminhada na estrada de acesso, descendo em direcção ao rio e a um exemplar centenário de carvalho negral, para depois acompanharmos quase sempre o curso daquele, rumo à aldeia, atravessada pela fronteira.
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Exemplar de carvalho negral centenário, a sul de Rio de Onor |
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Ao longo do vale do Rio de Onor, rumo à aldeia que uma fronteira traçada nunca separou |
A sul situa-se
Rio de Onor, a norte
Rihonor de Castilla ... ou
Ruidenore de ambos os lados, nome que recebe a aldeia em dialecto
rionorês, um dialecto de base astur-leonesa que apresenta alguns traços do português transmontano e do sanabrês e que ainda hoje é falado na aldeia.
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Rio de Onor, lado português, 10.Junho.2019, 10h50 |
As relações entre os vizinhos de ambos os lados da fronteira são relações de amizade e de família. Os casamentos mistos sempre foram frequentes, como frequentes são as deslocações de um e do outro lado da fronteira para trabalhar nos campos de lavoura. Só entre 1975 e 1990 existiu uma corrente que dividia ambas as aldeias; na sequência do 25 de Abril de 1974, existia o temor de que as tropas de Franco entrassem em Portugal por este ponto fronteiriço. Particularmente a parte portuguesa,
Rio de Onor é uma das aldeias melhor preservadas do Parque Natural de Montesinho, com casas típicas serranas em xisto com varandas alpendradas, muito bem recuperadas.
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Riohonor de Castilla ... ou a aldeia de arriba de Rio de Onor |
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De regresso à parte portuguesa, junto ao velho moinho de água |
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E estávamo-nos a despedir de Rio de Onor e do Parque Natural de Montesinho (Foto de Raul Branco) |
Pouco depois das onze e meia da manhã estávamos a deixar
Rio de Onor. O almoço seria ainda em
Bragança ... uma boa e típica posta de vitela deu-nos alento para os 500 km de regresso. E para trás ficavam as memórias de mais uns dias excelentemente vividos no seio da "família" caminheira Gaspar Correia ... e com os "manos velhos" com quem,
em Março passado, eu e a minha companheira do Caminho da Vida preparámos esta actividade em terras de Montesinho.
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