Faz daqui a poucos dias 44 anos que conheci
Vale de Espinho ... a aldeia que viu nascer quem me acompanharia para o resto da Vida. Desde aí, tenho desbravado estas terras do
Côa, da
Malcata, das
Mesas; do lado de lá da raia, as
Torres das Ellas, as encostas da
Enxalma - o "meu"
Xalmas - as águas da
Cervigona e de
Acebo, tudo me acena sempre para um desbravar permanente das cores, sons e cheiros destas terras que adoptei e me adoptaram, destas terras que conheço e me conhecem.
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Fontes Lares, 28.03.2017 ... no meu "santuário" |
Neste contínuo desbravar das terras raianas, nasceu também a paixão crescente de as dar a conhecer aos tantos apaixonados pela Natureza que o destino me tem trazido ... aos grandes Amigos que tenho conquistado ... num autêntico hino de Amizade, de Amor, de Vida sã, de dar e receber ... de Vida!
Em
Vale de Espinho desde domingo passado - e já com uma visita às minhas velhas
botas na terça feira - para este fim de semana estava combinada a visita de mais dois amigos que o destino tem transformado em Grandes Amigos. E combinado estava, portanto ... o desbravar dos encantos da Natureza raiana. A Paula e o Luís nunca tinham vindo para estas terras ... e fiquei com a sensação de que saíram de cá encantados... 😊
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Fontes Lares, 31.03.2017 ... e o barroco "sagrado" recebeu novos visitantes |
Na própria sexta feira em que vieram ... o meu "santuário" das
Fontes Lares foi o cartão de visita para esta Natureza benfazeja. Mas, apaixonado particularmente por aves ... o Luís já vinha encantado com as aves de rapina que, ainda no caminho, já se tinham cruzado com o seu olhar atento e apurado...
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Serra das Mesas, 01.04.2017, 9h20 - O Duster ficaria a olhar para os Fóios umas boas 10 horas... |
O percurso eleito para esta primeira vinda da Paula e do Luís às terras da raia foi muito idêntico ao que, em
Novembro de 2014, reservei para os meus "manos" Zé Manuel, Cristina e Vítor: uma caminhada linear, da nascente do
Côa a
Vale de Espinho. Dos barrocos graníticos das
Mesas aos xistos da
Malcata; das grandes panorâmicas aos vales das muitas águas que correm para o
Côa.
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Na nascente do Côa ... dois a dois... |
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Do cume das Mesas (1256m alt.) sobre os Llanos de Navasfrias e a serra do Espiñazo, com o "meu" Xalmas ao fundo |
Iniciáramos a caminhada com 7ºC, mas o vento cortante causava uma sensação de bastante mais frio. O geodésico das
Mesas serviu de efémero abrigo, enquanto contemplávamos aquelas panorâmicas tão minhas velhas conhecidas ... e enquanto o Luís perscrutava os ares, sempre à espera das aves que de vez em quando lhe faziam a vontade de aparecer ... como um grande abutre-preto que o deixou maravilhado.
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Ao longo da fronteira ... com nova rede divisória |
Começando a percorrer a linha de fronteira, como tantas e tantas vezes já percorri, deparei-me com um novo e insólito "elemento paisagístico": uma vedação em arame que, pensava eu, substituía o velho e ferrugento arame farpado dos tempos do contrabando, na zona da
Cancheira do Lameirão e dos
Barrocos Negros. Qual não é o meu espanto quando começo a constatar que a vedação continuava fronteira fora, nalguns casos desfigurando completamente as carismáticas formas de alguns barrocos, como a
Carambola, obrigando-nos a inesperados e arriscados exercícios para saltar tão enigmática construção. Teria alguém ido buscar inspiração ao actual Presidente dos Estados Unidos?...
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Será uma imitação da fronteira Estados Unidos / México?... 😞 |
E a minha admiração ia aumentando, à medida que íamos verificando que a vedação continuava, em direcção ao
Picoto. Vim a saber mais tarde que a insólita vedação foi mandada construir por
nuestros hermanos de
Valverde del Fresno. Com que intenção? Urge que as autoridades de ambos os lados da raia devolvam à serra a beleza e a singularidade que sempre teve ... sem barreiras! Senhora Alcaldesa de Valverde del Fresno ... não queremos divisões na Serra das Mesas!
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Caseta dos Carabineiros, Picoto |
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Será uma luta luso-castelhana?... |
Até o simbólico barroco "
ratchado" foi sulcado pela "doença do arame"! Que autêntica aberração! Julgando já que a "febre" percorresse o
Piçarrão e receando até que o estradão que desce para
Valverde tivesse sido cortado ... o nosso espanto transformou-se em perplexidade quando, chegados ao Cabeço da
Pedra Monteira ... a insólita vedação desaparece por milagre...! Acabou-se a verba? É para continuar? Bom senso, precisa-se...
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Panorâmica do Cancho So sobre os vales de Sobreiro e Pesqueiro, com a Marvana ao fundo |
O almoço foi junto ao que resta da casa Florestal do
Canto da Ribeira. Agora que a fronteira já não tinha "muro", já nos tínhamos dela afastado para começar a descer para o vale do
Côa. E as aves continuavam a maravilhar os olhos atentos e os ouvidos do Luís e da Paula. Por vezes cucos, por vezes chapins, alvéolas, cartaxos, andorinhas, uma ou outra águia, um ou outro grifo. E às três e meia estávamos junto ao
Côa.
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Travessia da Ribeira das Colesmas |
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Braciosas |
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Moinho dos Pecas |
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Vale da Ribeira dos Abedoeiros |
Faltava pouco para
Vale de Espinho. Mas o troço do
Côa até à velha Ponte, a magia do
Engenho e as memórias das fábricas das mantas e da luz, levaram-nos para outros tempos, num lento passar do tempo.
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Açude das Veigas, Rio Côa |
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Moinho do |
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Engenho |
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E a velha Ponte de Vale de Espinho |
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4 alegres Caminheiros do Côa... 😊 |
Às cinco e meia estávamos em casa, não sem antes dar a conhecer aos nossos "hóspedes" o campanário de
Vale de Espinho, cujo painel de azulejos foi restaurado no último verão.
Depois ... depois merecíamos um bom jantar. Tínhamos de ir às
Mesas buscar o carro que lá ficara a "descansar", pelo que a boa costeleta de vitela foi servida no sempre tradicional e amigo "
El Dorado", nos
Fóios.
Hoje, domingo, claro que as pernas ainda tinham de andar! Muito tenho para mostrar à Paula e ao Luís nestas "minhas" terras raianas ... mas nesta sua primeira "incursão", levei-os à ribeira do
Vale da Maria, à
Pelada ... e, claro ... ao
Moinho do Rato, talvez o local mais bucólico de quantas belas paisagens o
Côa proporciona à sua passagem por terras de
Vale de Espinho.
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O Côa no Pontão do Vale da Maria, Vale de Espinho, 2 de Abril de 2017, 10h17 |
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Excelente prémio, principalmente para o Luís: uma pega azul junto ao Côa(Cyanopica cyanus) |
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Vale de Espinho, do Cabeço da Pelada |
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O Côa na açude do Moinho do Rato |
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Moinho do Rato, talvez a "minha" paisagem mais bucólica das terras de Vale de Espinho... |
E chegava a hora da despedida. Um último respirar destes ares, sons e cheiros. O Luís e a Paula tinham conhecido as "minhas" terras de
Vale de Espinho ... e hão-de voltar! Não é um "adeus", é só um "até breve". E para almoço desse "até breve" ... a "
Trutalcôa" foi o local eleito, com o próprio Tó Tavares a "tratar" de nós... 😊
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Restaurante "Trutalcõa": o Antoine Tavares
prepara-nos as suas trutas no forno... |
1 comentário:
É sempre com agrado que leio "Fontes Lares", histórias de percursos pelos caminhos da nossa Raia. E, se são terras de Vale de Espinho, águas e margens do nosso Rio Côa, o prazer aumenta em mim.
Obrigada pela partilha, meu amigo.
Aurora Madaleno
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