A pequena povoação de
Bolhos, na freguesia de Atouguia da Baleia, concelho de Peniche - em pleno
Planalto das Cezaredas - teve sempre para este amante da Natureza a marca simbólica de ter sido lá que iniciei os "
instantâneos de uma vida ao ar livre" ... a minha vida "
por fragas e pragas..."
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Novembro de 1970
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Grutas de Bolhos, 1 de
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Efectivamente, a 1 de Novembro do longínquo ano de 1970, eu nascia para a minha vida de "aventuras", pela mão do meu saudoso professor de Ciências Naturais, Dr. Hernâni de Seabra Ribau, conforme contei nestas minhas memórias, no artigo referente àqueles "
anos loucos". Com outros jovens do saudoso CNJE (Centro Nacional Juvenil de Espeleologia), iniciei-me no
Algar dos Bolhos ... e a vida ao ar livre nasceu para mim! Nos anos que se seguiram, por duas ou três vezes lá passei perto, mas nunca mais voltei a
Bolhos ... até hoje ... mais de 46 anos depois! E porquê hoje? Porque se proporcionou participar, com a minha "mana" Paula, numa actividade destinada àquela zona, proposta pelas "
Rotas e Trilhos na Natureza".
A caminhada, circular, iniciou-se na povoação de
Olho Marinho. Mais uma memória, esta bem mais recente: no dia 16 de Abril de 2015, o Olho Marinho abriu-me por momentos as portas do paraíso, no início de
um caminho que o destino não transformou em Caminho. Aquele "olho", em cujas águas já Inês de Castro tratava a pele e os olhos, convidou-me e aos meus "manos" a uma paragem para refrescar e hidratar os pés ... os pés que três dias depois me levariam a interromper em
Ourém aquele que seria o Caminho
Santa Cruz -
Santiago ... o Caminho das Cinzas.
E assim, pelas nove e meia da manhã de um domingo muito ventoso, estávamos a partir do
Olho Marinho rumo a sudoeste e ao parque eólico da
Serra d'El-Rei. A nebulosidade sobre o mar não deixava ver as
Berlengas, mas uma hora e pouco depois estávamos no extremo ocidental do planalto das
Cezaredas ... com
Bolhos aos pés.
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Com Bolhos à vista, 12.03.2017, 10h50 |
Na serra de
Bolhos, não devemos ter passado longe da "minha" gruta, onde tudo começou, um dia, há mais de 46 anos. Um companheiro conhecedor do terreno e que também lá tinha estado há uns anos ainda a procurou; acompanhei-o ... mas não demos com o "meu" histórico
Algar do Casal da Lebre, como também se chama. Um dia destes volto lá a procurá-lo, com alguém de Bolhos. E o rumo era agora para sul, ao longo do bordo escarpado das
Cezaredas, sobre
Bolhos, a
Riba Fria,
Bufarda, até ao mar, em terras de
S. Bernardino. Ligeiramente a noroeste, a
Barragem de S. Domingos, e
Peniche.
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Ao longo do escarpado limite ocidental do planalto das Cezaredas, rumo ao geodésico da Cabreira |
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Vista para noroeste, com a barragem de S. Domingos |
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e Peniche ao fundo, do miradouro da Pena Seca |
A partir da
Pena Seca rumámos a nascente, por caminhos de terra batida, em direcção à aldeia de
Cezaredas. E, nesta jornada que já me levara a dois locais "históricos" ... surgiu-me o terceiro: fomos parar para reforço alimentar exactamente no mesmo local e no mesmo bar onde parei com os meus dois "manos" no primeiro dia do "
Caminho das Cinzas": a Associação Recreativa Cultural e Desportiva das Cezaredas.
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Associação Recreativa Cultural e Desportiva das Cezaredas: são horas de almoço ... tal como há 2 anos... |
E das
Cezaredas dirigimo-nos ao vale da
Tornada, no
rio Galvão, entre o
Reguengo Grande e a aldeia de
Pó. Não imaginaria que ali íamos encontrar ... uma fabulosa cascata, sucessivos antigos moinhos de água e até pontes romanas, fazendo-nos imaginar que estávamos muito mais a norte.
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Rumo ao Vale da Tornada (Rio Galvão) |
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Cascatas do Rio Galvão (Foto da |
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esquerda e antepenúltima: Helder Carvalho) |
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Subindo o curso do Rio Galvão, das cascatas de Tornada à aldeia de Pó |
Dez minutos antes das três da tarde estávamos junto às aldeias de
Pó e
Camarnais. O
rio Galvão seguiria agora para nordeste ... e nós para noroeste, rumo ao ponto de partida, na aldeia de
Olho Marinho. Entrámos pela parte antiga da aldeia ... e lá fomos dar à famosa "nascente" dos
Olhos de Água. Desta vez ... não tirei fotografias em automático... 😊. Não entendem? Leiam o "
Caminho das Cinzas"...
Quatro da tarde, à hora prevista, tínhamos fechado o círculo, com 20 quilómetros e umas poucas centenas de metros percorridos. Tínhamos tido serra, planalto, planície, tínhamos visto o mar e belos horizontes ... e revivi memórias!
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