|
Vale de Espinho, 20.05.2015 ... um postal ilustrado de cores, sons e cheiros... |
Regressados a
Vale de Espinho no passado dia 16, a Primavera tinha entretanto pintado as encostas de verde, amarelo e roxo, com as giestas a dominarem a paisagem.
Com os meus "traiçoeiros" pés recuperados a mais de 90% ... eu tinha de ir mostrar à minha princesa pelo menos parte do que, em Fevereiro, tinha percorrido com os Caminheiros. Mas antes disso ... as
bredas que levam a tantos lugares mágicos, que já me conhecem e fazem parte de mim, tinham de ser mais uma vez palmilhadas, sentindo as cores, sons e cheiros destas terras que um dia adoptei e me adoptaram.
|
Fontes Lares, 20.05 ... o meu "santuário". Estive ali quase uma hora, recebendo a energia do barroco "sagrado"... |
No dia 17 e no dia 20, dois pequenos percursos levaram-me, entre outros locais, ao meu "santuário" das
Fontes Lares ... onde um dia fiz o "funeral" a umas velhas botas ... e onde hoje "enterrei" um segundo par idêntico, as velhas
Meindl já referidas
há um ano como tendo calcorreado quase as mesmas léguas...
Para além da história e das estórias que já tinham para contar, as ruínas da velha casa das
Fontes Lares, o carvalho e o freixo seculares, o barroco "sagrado", a nascente e a pequena presa ... vão sendo agora também o "cemitério" das "
minhas botas velhas, cardadas", que já palmilharam "
léguas sem fim"...
|
20.05 - As velhas Meindl lá estavam, há mais de um ano! |
|
27.05- E hoje ficaram acompanhadas por umas irmãs... |
Nos dias 21 e 23, com a minha arraiana e o primo que todos os anos vem de França para adorar o mês das maias, transformei então as duas "etapas" da
caminhada de Fevereiro em dois percursos circulares, um entre o
Soito e
Alfaiates (dia 21) e outro entre a
Rebolosa e
Vilar Maior (dia 23). Na adaptação a percursos circulares usei também, com algumas variantes, o percurso da minha "
maratona" de há um ano, bem como alguns troços da
GR22 - a
Grande Rota das aldeias históricas; daqui resultaram duas belas jornadas, acompanhadas em diversos locais pelo canto harmonioso do cuco, juntamente com outros melodiosos cantares de uma passarada alegre, nestes dias de um Maio soalheiro, mas frio e ventoso.
|
No carvalhal do Seixo, entre Soito e Alfaiates, 21.05, 9:37h - Os três "aventureiros" destas duas jornadas circulares |
|
Igreja e Castelo de Alfaiates |
|
Alfaiates - Igreja Matriz ... ou de Santiago |
|
Barragem de Alfaiates ... com o "meu" Xalmas ao fundo, 21.05.2015 |
|
Rio Cesarão e entrada em Aldeia da Ribeira, 23.05.2015 |
|
Vilar Maior à vista |
|
Igreja Matriz de Vilar Maior |
|
Ruínas da Igreja de Santa Maria do Castelo |
|
Castelo de Vilar Maior |
|
Dominando o vale do Cesarão, com o vale do Côa ao fundo, do alto do Castelo de Vilar Maior |
O dia 23, sábado, foi o menos ventoso. No regresso de
Vilar Maior até já apertava o calor. Quando saciávamos a sede no chafariz de
Escabralhado, fomos abordados por um simpático filho daquela aldeia de tão curioso topónimo; "
querem visitar o museu?", perguntou-nos.
|
Escabralhado, 23.05.2015, 14:10h - Ainda há cabras... |
O
Museu do simpático
Joaquim Manuel Pina é um espólio de antigos objectos de lavoura e outros trabalhos rurais, que herdou do seu falecido pai. E lia-se nos olhos do nosso anfitrião o orgulho em guardar e divulgar aquelas memórias, memórias que transcendem a ligação familiar para serem verdadeiramente as memórias de um povo simples e trabalhador ... o povo raiano.
|
No "museu" de Escabralhado, com o seu |
|
orgulhoso conservador, Joaquim Manuel Pina |
|
E a caminho da Rebolosa |
Do
Escabralhado à
Rebolosa, faltava-nos acompanhar um troço da
Ribeira de Alfaiates. As sombras foram bem vindas, permitindo apreciar o voo das muitas "libelinhas" que quase bailavam sobre as águas, folhas, rochas ... e pousando até no meu dedo!
|
Há vida, na Ribeira de Alfaiates |
Pelas três e meia da tarde estávamos a entrar de novo na
Rebolosa, com 21 km feitos. As duas "etapas" da
caminhada de Fevereiro estavam transformadas nos dois percursos circulares que permitiram à minha arraianazinha (e ao primo Quim) conhecer mais umas terras, aldeias e gentes da sua Raia.
|
23.05.2015, 15:20h - De regresso à Rebolosa |
Ontem e hoje, na segunda semana desta Primavera em
Vale de Espinho, nova "peregrinação" levou-me às águas do
Côa, aos
Urejais, à
Malhada Alta ... às
Fontes Lares.
|
26.05.2015 - A velha Ponte de Vale de Espinho, que tantas gerações já viu passar |
|
26.05.2015 - Moinho do Rato ... onde "de repente damo-nos conta que envelhecemos, a ver envelhecer estas pedras que não envelhecem..." (Sérgio Paulo Silva) |
|
27.05.2015 - Vale da Ribeira dos Urejais |
Na encosta sul do vale da ribeira dos
Urejais descobri um estranho sulco na terra, quase uma autêntica "caverna" aberta, que me era desconhecida. Mesmo próximo de casa ... estamos sempre a fazer novas descobertas...
|
O "rasgão misterioso", na encosta sul do vale dos Urejais |
Perto da
Malhada Alta, tive a sorte de ver e fotografar uma simpática raposa. Absorta nos seus pensamentos, não deu por mim até que lhe assobiei.
|
Não é todos os dias que se vê e fotografa uma raposa... |
|
Geodésico da Malhada Alta (1005m alt.) |
E nas
Fontes Lares ... lá ficaram as minhas segundas velhas
Meindl ... a contar às e a ouvir das primeiras as histórias e estórias das "aventuras" que ambas viveram nos meus pés ...
por fragas e pragas...
|
"Descansando" primeiro no barroco "sagrado", as minhas
velhas botas lá ficaram depois, a fazer companhia às irmãs! |
|
Adeus ... "minhas botas velhas, cardadas ...." |
|
Adeus Fontes Lares ... até qualquer dia... |
1 comentário:
Já tinha apreciado algumas das fotos. Agora, juntas ao texto, ganharam sonoridade. É sempre bom, agradável, deixar voar a imaginação e acompanhar estes passeios pela Natureza e lugares com mística. Obrigada. Guardei a imagem da libelinha azul, recordando o fascínio que as libelinhas exerciam em mim menina. Lindas!
Enviar um comentário