domingo, 26 de abril de 2015

Da Praia de Santa Cruz a Ourém

... ou o caminho que o destino não transformou em Caminho

O "Caminho da Aventura", como chamámos ao Caminho de Santiago, que percorri com verdadeiros Irmãos em Julho de 2014, foi a vivência mais fascinante e intensa da minha vida, como então escrevi.
Santa Cruz, 15.04.2015 - Ia começar aquele que seria um longo Caminho...
Um Caminho de Santiago não é apenas uma caminhada mais longa, mais demorada. O mistério do Caminho de Santiago não se explica, sente-se e vive-se. O Caminho faz parte de nós ... e nós fazemos parte do Caminho!
Dias depois de regressar ... já estava a delinear aquele que seria, no meu imaginário, o meu próximo Caminho, partindo da "minha" Vale de Espinho, seguindo o Caminho de Torres e o Caminho Português do Interior. Mas ... a 27 de Fevereiro lancei ao mar da Praia de Santa Cruz as cinzas da minha mãe ... e rapidamente o ponto de partida do meu Caminho mudou para o Penedo do Guincho ... santuário natural que me permitiria ligar o mar de Santa Cruz ao mar de Fisterra ... lá nas galegas terras do "fim do mundo".
E assim, no passado dia 15, junto à velha casa da minha infância - que há quase 7 décadas ostenta o nome da minha mãe - ia começar um Caminho das Estrelas. De Santa Cruz a Fisterra … as águas de um mesmo mar, no qual navegam as suas cinzas … nesse mar que une mais do que divide. Seriam mais de 700 km, por Fátima, Viseu, Chaves, Orense, o mítico Pico Sacro … a mágica Praza do Obradoiro
Seria só seguir as setas ...
Apanhadas junto ao Penedo do
Guincho, as pedras de Santa Cruz
viajariam comigo até Fisterra
Praia de Santa Cruz, 15.04.2015, 17:00h - E o km zero deste Caminho das Estrelas ficava para trás...
Desta vez, contudo, as estrelas ditaram que não tivesse chegado ao destino. Com 120 km percorridos em 4 dias … o Caminho terminou no Centro de Saúde de Ourém ... o mesmo a que a minha mãe precisou um dia de recorrer. Mero acaso ... será?... E o bom senso ditou o adiar do resto do projecto, antes que as lesões impedissem este ou outros Caminhos. Nostalgia? Frustração pelo objectivo não cumprido? Claro que sim! Vergonha? Claro que não! Pelo contrário … orgulho! Orgulho pelo empenho posto na "montagem" deste projecto, orgulho pelo muito que se aprende, na partilha, na amizade, no amor, orgulho nos companheiros, Irmãos, que tive até Fátima e que voltaria a ter mais a norte. No momento em que escrevo estas linhas era suposto estar já por terras de Montemuro, a caminho de Lamego e do Douro...

16 de Abril, 6:45h - Praia de Santa Rita: aos alvores de um novo dia ... o Caminho recomeça para três peregrinos...
Como todas, a "aventura" daqueles 4 dias teve as suas histórias e estórias. Após a partida simbólica, ao fim do dia 15, o primeiro dia efectivo começou bem cedo, ao longo das arribas que conheço e me conhecem desde que me conheço a mim próprio. A manhã estava mágica; "ninguém é dono do mar" ... mas eu parecia ver navegar naquelas águas, qual último cruzeiro numa barca de pedra, as cinzas que voltaria a ver lá longe, nas "terras do fim do mundo"...
"Trago o destino das águas
No aguardar dos rochedos
Dizem que o tempo é que apaga as mágoas
Quem será que apaga os medos?"
Sebastião Antunes, "Ninguém é dono do mar"
Deixámos o mar em Porto Novo, junto à foz do Alcabrichel. Por caminhos rurais subimos a Ribamar e às nove e meia da manhã estávamos na Lourinhã, terra de dinossauros. Seguiu-se S. Bartolomeu dos Galegos; curioso topónimo, para quem tinha por objectivo a longínqua Galiza. O nome derivará de uma colónia de artífices galegos, trabalhadores da pedra, que aqui se radicaram e exploraram pedreiras de mármore que duram até à actualidade.

S. Bartolomeu dos Galegos
Depois da Igreja de Santa Cruz, S. Bartolomeu dos Galegos foi o primeiro local onde carimbei a "Credencial do Peregrino". As simpáticas funcionárias da Junta de Freguesia não conheciam contudo semelhante documento ... que fez sucesso! Ficaram com vontade de nos acompanhar... J

Há que carimbar a Credencial do Peregrino...
Seguiu-se Moledo, Cezaredas ... sempre com muito alcatrão... L. E nas Cezaredas, parámos no bar da Associação Recreativa, Cultural e Desportiva; passava do meio dia, começava a faltar o "combustível". Só que ... foi-nos "oferecido" mais do que combustível: fomos "convidados" a fazer um rastreio de saúde da iniciativa do Município da Lourinhã. Ficámos a saber que estávamos os três bem ... apenas pré-obesos ... pelo que rapidamente nos pusemos a caminho, a ver se perdíamos alguma pré-obesidade... J

Pouco depois das 13:30h, com 30 km percorridos ... ao fundo já se via as Caldas da Rainha
A pequena povoação de Olho Marinho ... abriu-nos por momentos as portas do paraíso. Aquele "olho", em cujas águas já Inês de Castro tratava a pele e os olhos, convidava-nos a uma paragem para refrescar e hidratar os pés. E tínhamos, claro ... de ficar os três numa fotografia daquela saborosa pausa...

Olho Marinho: que bálsamo para os pés ... e que mergulho
para a máquina fotográfica que nos registou o momento!
Os "olhos de água" de Olho Marinho ficariam assinalados por um incidente: a máquina que nos registou aos três tirou a foto ... desligou-se ... e ao desligar-se mergulhou nas águas! Não, não era à prova de água...! Safou-se o cartão e a bateria ... mas a máquina mais ficou a parecer um aquário... J

Amoreira de Óbidos ...
... e estamos às portas das muralhas de Óbidos
Pouco depois das quatro da tarde entrávamos em Óbidos, a abarrotar como sempre de turistas. Os meus pés começavam a preocupar-me; é verdade que tínhamos feito quase 40 km, é verdade que tínhamos pisado muito alcatrão, mas a sensação de "massacrados" era-me estranha. Nada que um bom banho e o resto da tarde e noite de descanso não resolvesse ... pensava eu. E lá fomos para o "nosso" primeiro Quartel, o da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Óbidos, junto ao imponente Santuário do Senhor Jesus da Pedra. Estava cumprida a primeira etapa do meu Caminho das Estrelas...

Pelas ruas de Óbidos
Santuário do Senhor Jesus da Pedra
E, com 40 km percorridos desde o Penedo do Guincho ... entramos no "nosso" primeiro Quartel...
Sexta feira, dia 17, a jornada era um pouco mais curta: pouco mais de 30 km, de Óbidos a Alcobaça, passando pelas Caldas da Rainha. Em grande parte desta e da etapa seguinte percorreríamos o Caminho do Mar, proveniente do Estoril, pelo que começámos a seguir as almejadas setas azuis - o Caminho de Fátima - e, por vezes, as setas amarelas ... o Caminho de Santiago!

Parque D. Carlos, Caldas da Rainha, 17.04.2015

O Caminho faz-se caminhando...
xxxx
xx
Às três da tarde entrávamos em Alcobaça
Os caminhos rurais que conseguimos percorrer eram sempre um bálsamo para a vista ... e para os pés. A jornada não teve grande história, para além de cruzarmos o Rio da Tornada e, na parte final, de acompanharmos o Rio Baça. O velho Mosteiro Cisterciense esperava-nos, onde repousam Pedro e Inês.

E os três peregrinos chegam ao velho Mosteiro onde, claro, a Credencial foi carimbada
Ainda com a tarde jovem, levei os meus dois companheiros à Casa dos Doces Conventuais, onde uma semana antes tinha estado com os "meus" Caminheiros Gaspar Correia ... e deliciámo-nos com aquelas iguarias, antes de, tal como em Óbidos, recolhermos aos Bombeiros de Alcobaça para a pernoita. Os meus pés continuavam a pedir descanso, mas ainda voltámos à baixa de Alcobaça para um saboroso jantar.

Rio Alcôa ... uma semana antes também tinha cá estado com a "família" Gaspar Correia
E ao terceiro dia ... chegaríamos a Fátima. Curiosamente os meus pés pareciam estar melhor, mas nesta terceira jornada começou-me também a incomodar a lateral do joelho direito. Isto passa ... pensei.

18.04.2015, 8:05h - Alcobaça ficou para trás ...
... e seguindo as setas ...
... chegamos aos campos
de Aljubarrota
Três "Mosqueteiros", junto ao Cruzeiro de Aljubarrota
A Serra de Candeeiros surgia-nos já no horizonte, a nordeste. Íamos contornar a Serra da Pevide e a Corredoura, rumo a Porto de Mós. Ao contrário dos dias anteriores, algumas nuvens negras ameaçavam desabar ... o que se concretizou por alturas de cruzarmos a Nacional 1 e junto à povoação de Pedreiras.

Serra de Candeeiros à vista!
Catedrais verdes ... mas esta "minha" mochila não é minha...
Pedreiras
Os pés continuavam a queixar-se, embora menos do que no dia anterior, mas o joelho de vez em quando assustava-me. "É do muito alcatrão que temos feito"; "é do muito peso na mochila", dizia-me o meu companheiro AJ, Irmão já do "Caminho da Aventura" de 2014. E, com a abnegação e o espírito solidário que o caracteriza ... propôs-me trocarmos de mochilas. Como se tratou de uma "ordem" ... tive de aceitar, resignadamente. O que me estaria afinal a acontecer? Nunca nas minhas "aventuras" tinha tido semelhante sensação de "fraqueza" ... e ainda faltavam mais de 600 km para Santiago... L

Porto de Mós ... e o
tempo não estava famoso...
Vale da Moita Longa, entre Alqueidão da Serra e S. Mamede
A chuva acompanhou-nos até depois de Porto de Mós, mas depois regressou o Sol, a acompanhar uma bela bifana em Alqueidão da Serra. Estávamos a começar a subir para o planalto; o Zé Manel, pondo à prova a excelente recuperação de uma operação ao joelho há menos de um ano, subia célere na frente do "pelotão". Mas ... alcatrão e mais alcatrão até S. Mamede; os meus pés e joelho lá iam ... mas com o pobre do AJ a carregar a minha mochila, estupidamente pesada. Pouco antes de S. Mamede completávamos 100 km de marcha...; pouco depois cruzávamos a A1; pouco depois eu e o AJ trocávamos de novo as mochilas ... não faria sentido entrar em Fátima com uma mochila que não a própria...!

S. Mamede ...
... cruzamos a A1 ...
... e chegamos a Fátima: a "tarefa" até aqui estava cumprida ... com 106 km nos pés desde Santa Cruz
Em Fátima ... o meu pai esperava-nos! Do alto dos seus 90 anos e a gerir a solidão da perda da minha mãe ... também tinha ido de Santa Cruz a Fátima, ao volante do seu velho Corsa, companheiro inseparável de também tantas e tantas "aventuras", que agora o são a solo, pela força da ordem natural da vida!
Íamos jantar ... e dois peregrinos
tinham infelizmente de regressar... L
E a partir de Fátima também eu estaria a solo. Os meus dois companheiros de "irmandade" tinham outros compromissos, regressariam em princípio ao meu Caminho mais tarde, mais a norte. Jantámos os quatro, celebrámos a nossa Amizade, abraçámo-nos ... e vi-os partir para o regresso a Lisboa de autocarro. Eu e o meu pai alojámo-nos na Casa S. Paulo - Marianos, que previamente havia reservado para ambos, pela módica quantia de 15 euros cada um, com pequeno almoço que me foi servido às seis e meia da manhã!
Talvez desde os meus 6 ou 7 anos que não dormia com o meu progenitor no mesmo quarto...
Aproveitando esta providencial visita, tinha pedido ao meu pai para passar por minha casa e trazer-me a mochila mais pequena. Deixei na grande tudo o que considerei supérfluo ... e pelas sete horas de uma manhã de sonho parti sozinho para a quarta etapa do meu Caminho das Estrelas.


19.04, 7:00h - Um peregrino prepara-se para sair para o 4º
dia de Caminho, enquanto o Pai o vê partir, preocupado...
E um novo dia nasceu, esplendoroso
A quarta etapa era uma das mais longas: cerca de 42 km até Alvaiázere, na já bem vincada "corrida" para norte. Os meus pés e joelho pareciam estar bem melhor, preparados para o grande desafio. E deixei para trás o "altar do mundo", rumo a terras de Ourém. Tentando fugir à estrada de Alvega, segui um velho caminho pedonal referenciado na carta militar ... mas fui dar ao talude daquela mesma estrada, que deu algum trabalho a descer; já me parecia o "Caminho da Aventura"... J

Talude da Estrada de Alvega ... isto é para descer...
Já parecia o "Caminho da Aventura"... J
Estrada de Alvega e do Vale da Pena
Cruzada a estrada de Alvega ... entrei no Caminho de Santiago, que poderia ter seguido logo, se tivesse ido por Moita Redonda, junto ao Centro de Estudos de Fátima. Falham as setas amarelas à saída do Santuário, ou eu não as vi. Mas depois ... que belo caminho, paralelo à estrada mas bem traçado e ao longo de campos a mostrarem as cores da Primavera, acompanhando a Ribeira de Alvega.

Belos campos floridos, ao longo da Ribeira de Alvega
Às nove da manhã estava em Atouguia, com 8 km percorridos. Pequena pausa para um café, um telefonema à "namorada", recebo também um telefonema de um dos companheiros dos três dias anteriores. Aparentemente, tudo estava bem; o joelho quase não dava sinal, os pés menos massacrados do que nos dias anteriores. "Isto está a correr bem", pensei. Pouco antes do café tinha-me cruzado com um grande grupo de peregrinos a caminho de Fátima. "Bom Caminho", saudei e saudaram-me!
Nem sempre as setas amarelas apareciam, mas a carta militar mostrava-me os caminhos rurais a seguir. Com o belo Castelo de Ourém a dominar a paisagem, fui contornando a Quinta da Parreira, mesmo na base do morro do Castelo. A Ribeira de Ourém separa-o da Corredoura e de Vila Nova de Ourém.

Ponte dos Namorados, Corredoura, sobre a Ribeira de Ourém
Conta a tradição popular que "Existiu aqui a Fonte dos Namorados, célebre nas tradições d’este povo, que nos conta que n’uma bella manhã, em tempos muito distantes, alli passaram o dia, conversando, dois namorados; elle com uma grade aos ombros, e ella com uma bilha d’augua à cabeça, sem nenhum delles se lembrar de arriarem estes pesados objectos, tal era a mistificação em que se achavam aquellas almas."                         (José Flores, “Album da Villa d’Ourem”)

Falta-me a namorada... L
Contra tudo o que faria esperar, na aproximação a Vila Nova de Ourém (voltei ao alcatrão...) ... as dores voltaram ... e intensificaram-se. Seria por me faltar a namorada?... L. Pouco passava das dez horas quando entrei em Vila Nova de Ourém ... mas estava longe de supor que o meu Caminho acabava ali...

Castelo de Ourém
Ao entrar em Vila Nova de Ourém, teria sido natural atravessá-la pela rua principal, a Avenida D. Nuno Álvares Pereira. Sem que eu saiba explicar porquê, o meu Caminho levou-me contudo a seguir uma rua paralela, mais a norte. Os pés pareciam ferver, por baixo ... mas o meu destino era atravessar o Nabão, próximo de Freixianda. Povoações maiores antes de Alvaiázere ... não havia. Estava eu nestas lucubrações ... quando dei comigo a passar à porta do Centro de Saúde de Ourém. "Já que estou aqui, vou pedir um conselho", pensei. E em boa hora o fiz. Fui extraordinariamente bem atendido ... constatando-se que os meus pobres pés estavam realmente muito maltratados, particularmente o esquerdo, o que mais me doía. A dor da lateral do joelho foi considerada de menos importância: deveria ser reflexo de defesa relativamente à dor no pé. Razões? Foi-me perguntado o que já tinha feito com as botas que levava.
À vista do Castelo de Ourém ... acabou o meu Caminho
Ora, as botas são as que fizeram o Monte Perdido, o "Caminho da Aventura" ... e várias outras "aventuras". São umas boas botas Trangoworld, leves ... mas que provavelmente já adquiriram deficiências no muito que andaram, deficiências que, associadas ao muito alcatrão e ao peso  da mochila dos três primeiros dias ... se terão transmitido aos pés. E fui aconselhado a uma de duas coisas: ou parava uns dias em Ourém e arranjava umas botas em condições ... ou deixava o resto do projecto para melhores dias. "Ainda lhe faltam muitos dias e muitos km" ... parece que ainda estou a ouvir a técnica do Centro de Saúde...
Nunca tinha provado o sabor amargo da derrota ...
mas não tive dúvidas em desistir. Estranhamente, tinha repetido várias vezes antes de me lançar ao Caminho que "não sou louco; se for preciso eu paro e regresso". E parei! Curiosamente, no planeamento do meu Caminho das Estrelas tinha posto a hipótese de precisar de Ourém para a gestão do Caminho e tinha encontrado a Pensão Ouriense. Uma senhora simpatiquíssima e conversadora a gerir a Pensão, uma sua irmã e mais família a orientar o "Cantinho" onde almocei e jantei, quase ao lado ... tudo a preço de peregrino: 31 euros por tudo. Sem dúvida uma referência num Caminho de Fátima ou de Santiago ... em terras de Oureana...
A lenda de Oureana foi divulgada por Frei Bernardo de Brito na "Crónica da Ordem de Cister" (Livro VI, Cap. I). Num ataque surpresa a Alcácer do Sal, no dia de São João de 1158, o cristão Gonçalo Hermigues, com alguns companheiros, raptou uma princesa moura chamada Fátima e trouxe-a para um lugar na Serra de Aire, que mais tarde se veio a chamar pelo nome da princesa. Mais tarde, no seu cativeiro, a moura apaixonou-se pelo cristão e resolveu baptizar-se para poder casar com o seu amado. Para seu nome de baptismo escolheu Oureana. Daqui, segundo a lenda, teria tido origem o nome da vila de Ourém ... a vila de Oureana...

Os símbolos continuam ... Sempre!
Adicionar legenda
20.04 - Igreja de Vila Nova de Ourém
Com a Igreja de Ourém vazia, como eu gosto de nela entrar ... encontrei este maravilhoso cartaz. Revi-me nele ... contemplando e respeitando a Natureza ... a Criação ... o meu Caminho!
Na 2ª feira, dia 20, o Irmão Zé Manel foi de propósito a Ourém buscar o lesionado ... levando-me também a "namorada" que me faltara na Ponte dos Namorados... J. Sim, porque esse é um dos Mistérios do Caminho: o dia da partida é o dia em que a felicidade se mistura com a tristeza, em que a alegria se confunde com a dor de deixar o "ninho", de deixar as pessoas amadas, as que só no coração partem connosco. Mas o Caminho chama-nos! Por vezes as lágrimas correm, em silêncio, na dor, com tristeza e saudade ... mas amanhã será sempre outro dia, um dia de caminhar, um dia de tentar! E a meta, muitas vezes, está mesmo antes de darmos o primeiro passo … não é assim, meu irmão AJ?...
O sabor da derrota é amargo ... mas o meu Caminho não acabou. Não é um Adeus, Irmão ... é só um Até Breve! Santiago e Fisterra vão esperar; as três pedras apanhadas em Santa Cruz também aqui estão à espera...
Da Praia de Santa Cruz a Ourém ... seguindo as estrelas...
(álbum completo)

2 comentários:

António Mousinho disse...

Sem esta aventura, não haveria esta narrativa apaixonada!
O resto da narrativa fica prometida... pelo que, vai haver o resto da aventura.

Raul Fernando Gomes Branco disse...

Gostei imenso de ler esta tua aventura, lamentando o seu desfecho precipitado! Espero que tenha sido uma fraqueza temporária e não esforço demasiado!? Callixto a idade não perdoa, já passei pelos 60, já estou quase nos 70, e sei quanto esta década nos afeta nas nossas performances! Espero em breve ler uma reportagem completa da programada aventura até Terras do Fim do Mundo! Um abraço.