Companheiro de "aventuras" desde há quase dois anos, amigo cimentado na vivência dessas "aventuras", irmão no
Caminho da Aventura rumo a Santiago e às terras do "fim do mundo" ... assim apresentaria quem me lançou o desafio para participar numa "aventura" por entre vales, cântaros e lagoas da
Serra da Estrela. Estando eu na "minha"
Vale de Espinho, depois da "aventura" em
Gredos, não podia recusar ... nem queria recusar!
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Briefing para uma caminhada entre vales, cântaros e lagoas
da Serra da Estrela - 23.Agosto.2014, 8:00h |
E assim, antes das oito horas de ontem, sábado, lá estava junto ao
Covão da Ametade, ao cimo do vale glaciar do
Zêzere. O organizador e os participantes foram chegando, uns já conhecidos destas andanças ... outros passados a conhecer. O objectivo era um percurso circular que incluía a subida ao
Cântaro Gordo, a descida à
Lagoa dos Cântaros e ao vale da
Candeeira, regressando ao
Covão da Ametade para um convívio à volta de um churrasco ... e acampando no Covão da Ametade, já que o "programa" da actividade prosseguiria, hoje, com uma segunda caminhada.
A primeira "etapa" desta digressão por entre vales, cântaros e lagoas da
Serra da Estrela foi a subida do Covão da Ametade ao
Covão Cimeiro, que reúne as várias linhas de água que constituem as nascentes do
Zêzere. A sudoeste ergue-se imponente o
Cântaro Magro e a impressionante fenda da "
Rua dos Mercadores", em direcção à
Torre. A norte, por cima de nós, o nosso objectivo: o
Cântaro Gordo.
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Covão Cimeiro, visto da subida para o Cântaro Gordo
Subida do Covão da Ametade ao Covão Cimeiro
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A "épica" subida ao Cântaro Gordo |
Os Cântaros Gordo, Magro e Raso são afloramentos graníticos que atingem respectivamente 1875, 1978 e 1916 metros de altitude. Visíveis de muitos pontos da Estrela, os
Cântaros devem a sua origem à existência de grandes afloramentos rochosos pouco fracturados, rodeados por zonas de grande fracturação, com consequente maior sensibilidade à força erosiva da água e do gelo. A "
Rua dos Mercadores", por sua vez, corresponde a um filão de rocha dolerítica, material de composição mineralógica semelhante ao basalto; menos resistente aos factores erosivos que o granito encaixante, originou uma fenda profunda e estreita entre paredes abruptas.
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O Cântaro Magro e a Torre, vistos do Cântaro Gordo |
Do
Covão Cimeiro ao
Cântaro Gordo ... são quase 300 metros de desnível. A subida foi demorada, com os ramos de giesta a ajudarem providencialmente. Mas a "conquista" do Cântaro compensa bem o esforço: a panorâmica gira 360º, com o Covão Cimeiro agora aos nossos pés; para noroeste, a
Lagoa do Peixão; a norte e nordeste, percebe-se o vale da
Candeeira, a "desaguar" no vale do
Zêzere; para lá deste, o maciço dos
Poios Brancos. Ao fundo, fechando o horizonte ... o "meu"
Xalmas recorta o seu perfil contra o céu azul.
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No cume do Cântaro Gordo (Foto de João J. Fonseca) |
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Lagoa do Peixão, do Cântaro Gordo |
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Os "heróis", no cume do Cântaro Gordo (1875m alt.) |
Do
Cântaro Gordo descemos à
Lagoa dos Cântaros; de novo mais de 250 metros de desnível...! E um ligeiro engano levou-nos a descer directamente, em vez de seguir a crista rochosa uns metros a norte. A progressão foi assim pelo meio de mato por vezes mais alto que nós...; até o participante de raça canina tinha dificuldade em avançar ... mas foi o primeiro a banhar-se nas águas da Lagoa dos Cântaros...
J
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E vamos descer para a Lagoa dos Cântaros |
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"Eu também sei apreciar a paisagem"... |
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Descida "épica" para a lagoa dos Cântaros |
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Lagoa dos Cântaros |
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Sobre a Lagoa dos Cântaros (Foto de João J. Fonseca) |
A "praia" da
Lagoa dos Cântaros levou vários participantes ao banho, enquanto esperávamos pelos mais retardatários, ainda "perdidos" na descida. Eram já três da tarde, começando a tornar-se tarde para o churrasco no Covão da Ametade a tempo de convivermos à luz do dia. Decidimos assim cancelar a descida ao vale da
Candeeira e regressar pelo trilho sobranceiro à parte alta do vale do
Zêzere.
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Na "praia" da Lagoa dos Cântaros |
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Ao fundo o vale da Candeeira, o vale do Zêzere e os Poios Brancos |
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Os três Cântaros, da esquerda para a direita, Raso, Magro e Gordo |
Às cinco da tarde estávamos de regresso ao
Covão da Ametade. Depois ... um belo convívio, animado por uma bela morcela, entremeada, um belo arroz de feijão e outras iguarias ... que durou até o entardecer passar a anoitecer. E a noite no
Covão da Ametade é sempre mágica: em completa escuridão, por entre as árvores vêem-se as estrelas e as constelações, numa verdadeira viagem no espaço e no tempo. Por volta das seis e meia da manhã, o chilrear dos pássaros anuncia que os alvores de um novo dia estão próximos, apesar de faltar ainda mais de uma hora para o nascer do Sol.
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"Sei ou não sei?"... |
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Regressamos ao Covão da Ametade ... |
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... onde acampamos para uma noite mágica! |
Hoje, a jornada prosseguiria nos
Cornos do Diabo e ribeira da
Caniça, numa caminhada em tudo semelhante à que fiz
em 2012 com amigos ligados ao Clube de Montanhismo da Guarda. Eu ... regressei à "minha"
Vale de Espinho, já que amanhã regressaremos à "
home base"...
2 comentários:
Um dia bem passado na companhia de gente boa, gente bonita. Homens e Mulheres que têm em comum o gosto pela natureza. Grande reportagem meu amigo José Carlos Callixto, para alem das belas fotos, a informação a elas associadas é sempre uma mais valia.
Obrigado.
João J. Fonseca
Reportagem espectacular, como sempre! Grande dia. Obrigado.
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