domingo, 22 de dezembro de 2013

Por trilhos e mariolas da Serra de Montejunto

Embora situada apenas a umas dezenas de quilómetros da capital, a Serra de Montejunto foi sempre um pouco desprezada, como destino das minhas "aventuras" por fragas e pragas. Mesmo nos "anos loucos" da minha juventude, apenas ali acampei por uma única vez, num longínquo dia de Novembro do longínquo ano de 1970! De resto, Montejunto passou apenas esporadicamente no horizonte de algumas jornadas que lhe passaram próximo.
21.12.2013 - Caminhada "radical" na Serra de Montejunto...
Ora, 43 anos volvidos ... acabo de passar um belo fim de semana em terras de Montejunto, palmilhando quase 40 km à descoberta de belos trilhos, naquela que é, com os seus 666 metros de altitude, a maior elevação do distrito de Lisboa e da Estremadura!
E o fim de semana devo-o à organização de dois dos grupos gerados nas redes sociais que me "adoptaram" e que "adoptei" em anteriores "aventuras". Sábado, os "Novos Trilhos" levaram-me a Vila Verde dos Francos, onde com eles passei em Outubro, no segundo dia da nossa "peregrinação" a Fátima. Dali subimos aos moinhos da encosta poente da serra, para depois alcançarmos o geodésico do Moinho do Céu, a 544 metros de altitude, numa longa e tenebrosa subida.

Linha de Moinhos do Alto da Lagoinha, 360 metros de altitude
Somos os "filhos do Sol" ... na "tenebrosa" subida para o Moinho do Céu
Moinho do Céu (544m alt.)
Do Moinho do Céu subimos ao cume de Montejunto e ao Convento da Serra. O Convento da Reforma de Montejunto nunca foi concluído, por a Reforma dos Dominicanos não ter ido avante e, por isso, ter deixado de ter justificação. E do alto da Serra, neste primeiro dia de inverno, frio mas de Sol bem brilhante, avistámos das Berlengas à Serra de Sintra, ao estuário do Tejo e à Serra da Arrábida, com uma visibilidade e umas cores fantásticas!

A caminho do cume de Montejunto
Ruínas do Convento da Reforma, no Cume de Montejunto (664m alt.)
Ao fundo a Serra de Sintra ...
... e o Tejo e a Arrábida!
Do cume descemos para a vertente sul, até próximo de Cabanas de Torres. A descida desta encosta sul da serra é qualquer coisa de fabuloso, ao longo de verdejantes e sinuosos vales virados ao Sol, com o campo semeado de retalhos de cores, de texturas, de culturas a perder de vista!

A fabulosa descida da encosta sul da Serra de Montejunto, rumo a Cabanas de Torres
O regresso a Vila Verde dos Francos fez-se ao longo de algumas linhas de moinhos, a maioria bem recuperados.

Moinhos do Casal Nordeste
Ruínas do Castelo de Vila Verde dos Francos
Com 24 km nos pés, em 5h30m de marcha!
Antes das quatro da tarde entrávamos em Vila Verde pelo "castelo". A origem da fortificação e do próprio nome da vila prende-se com uma doação dos seus domínios e outros benefícios, por D. Afonso Henriques, a um grupo de cruzados, chamados genericamente "francos", na sequência da conquista de Lisboa.
E, já que tínhamos um aniversariante recente ... a caminhada terminou com um alegre convívio no Café da vila!

Pragança, 22.12.2013, 8:55h
Vai começar uma circular norte de Montejunto

Domingo foi a vez dos Mariolas me proporcionarem outra bela caminhada pelas "Paisagens Cársicas do Montejunto", centrada na típica aldeia de Pragança, incrustada na encosta noroeste da serra e onde ainda se podem encontrar algumas casas tradicionais de grande interesse estético.
Antes de começar a subir ... descemos para poente e para a pequena aldeia do Carvalhal. Aí sim iniciámos a subida, ao longo de um fabuloso trilho que sobe a encosta abaixo do Cruzeiro de Salve Rainha. Este nome soava-me a familiar: terá sido algures nesta zona da serra que acampei há 43 anos, como referi no início deste post, para explorar a Gruta de Salve Rainha, nos meus sãos "anos loucos" da Espeleologia...

Bela perspectiva da encosta noroeste da Serra de Montejunto
No fabuloso trilho
do vale de Salve Rainha
Janela aberta sobre Pragança
No Moinho do Moloiço estávamos já de novo acima dos 550 metros de altitude. A atmosfera não estava tão límpida como no dia anterior, mas de qualquer modo as panorâmicas eram sublimes.

Subida para o Moinho do Moloiço: éramos de novo ... os filhos do Sol... ;)
Planalto do Arieiro
No planalto e à vista das antenas do cume por onde passáramos na véspera, encontrámos a Real Fábrica de Gelo e o Centro de Interpretação da Serra. E de destacar, depois, a passagem pela Penha do Meio Dia, assim designada pelos habitantes de Pragança, já que a sombra projectada indicava precisamente o meio dia. Outras rochas indicavam as horas: uma, designada por "cordeiro", indicava as 9 horas; uma outra, chamada "ovelha", indicava as 10; uma outra, conhecida por "carneiro", indicava as 11 horas!

A caminho da Penha do Meio Dia
Penha do Meio Dia (571m alt.)
Panorâmica da Penha do Meio Dia
Foto de grupo ... preparativos...
E vamos começar a descer de regresso a Pragança
Por fim, subimos ao Castro de Pragança, que, no alto de um morro, em vigia permanente, quase parece despenhar-se sobre a aldeia. E pouco passava da uma e meia da tarde quando chegávamos à igreja de Pragança, com 14 km percorridos.

Descida da encosta norte da Serra, de regresso a Pragança
Subida ao Castro de Pragança ...
... debruçado sobre a aldeia presépio.
Pragança, 22.12.2013, 13:40h - Terminou a 2ª jornada por trilhos e mariolas da Serra de Montejunto
E assim se passou um fim de semana dedicado a Montejunto. Duas belas caminhadas, para mim à descoberta desta Serra que há tantos anos não palmilhava. Obrigado "Novos Trilhos"; obrigado Mariolas!
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