A vinda à capital de uma das companheiras de "aventura" do
Monte Perdido Extrem, residente na capital nortenha, mobilizou um grupo de outros companheiros
para uma "aventura" mais perto de nós.
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Santuário da Srª do Cabo, 22.11.2013, 8:45h
Começa a grande travessia do litoral da Arrábida
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Delineada quando nos voltámos a juntar no
regresso às terras "mágicas" do Gerês, em Outubro passado, combinámos esta "aventura" para as cristas da península
de Setúbal, numa travessia de cerca de 45 km, entre o
Cabo Espichel e
as terras de
Azeitão, pelas praias desertas da
Arrábida,
Cristas do Risco,
El Carmen e terras de
Alcube. E
acabámos por contar com toda a equipa que completou aquela aventura pirenaica
... além de outros doze caminheiros "aventureiros"...
E assim, antes das nove da manhã de sexta feira, estávamos no Santuário de
Nossa Senhora do
Cabo Espichel, para começarmos naquele ermo, onde a
terra se acaba e o mar começa, uma fabulosa travessia pelo litoral da
Arrábida. O dia estava feioso, a ameaçar chuva, mas com o Sol a
espreitar timidamente por entre as nuvens baixas e a deixar reflexos mágicos
no mar.
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Praia dos Lagosteiros, Cabo Espichel
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E o dia estava mágico...
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Esta travessia foi uma sucessiva descoberta de recantos paradisíacos: falésias
abruptas, grutas, arcos naturais, praias escondidas e desertas, ruínas de
velhas fortificações, como o farolim e o
Forte da Baralha … cantos e
recantos que nos remotos "
anos loucos" de 1970 a 1972 eu conheci vistos do mar, na prática de uma das minhas
paixões de então, o mergulho amador!
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Arco natural junto à Chã dos Navegantes
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Destino também frequente de acampamentos e pequenos passeios de há 20, 30 e
mais anos, a Arrábida ficou no entanto de certo modo esquecida quando a minha
veia de caminheiro se intensificou, como já o disse algumas vezes nestas
minhas memórias. Em boa hora conheci quem me viesse a revelar os seus
segredos! O mentor de mais esta caminhada por terras da
Arrábida conhece-a palmo a palmo, gruta a gruta, recanto a recanto,
deixando transparecer em cada curva do caminho, em cada nova panorâmica, a
paixão que as muitas descobertas por estes trilhos místicos foram construindo
e alimentando. Obrigado Araújo! Tal como a "
White Angel" para as terras mágicas do Gerês … tu transportas em ti a alma destes
carrascos e medronheiros, das águas azuis cristal das praias perdidas no fundo
de falésias abruptas, dos mistérios das grutas que conduzem às entranhas da
terra, ou talvez mesmo aos mistérios da nossa própria alma, numa catarse
purificadora … talvez sonhando!
Das praias desertas que descobrimos ao longo desta travessia, merecem especial
destaque a da
Baleeira, a que descemos pouco depois do Forte da
Baralha, e a da
Ribeira do Cavalo, já relativamente próxima do Porto de
Abrigo de Sesimbra e do final da nossa primeira "etapa".
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Forte da |
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Baralha
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Praia da Baleeira
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Sucedem-se as panorâmicas litorais
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Nas grutas que levam às entranhas da terra...
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Exercícios de levitação...
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Vindos de poente, como foi o caso, a
praia da Ribeira do Cavalo aparece-nos por entre a vegetação, lá em
baixo, em forma de um autêntico coração, delimitado no mar pela diferente
coloração das águas, provocada pela concentração de materiais calcários de
escorrência nas baixas profundidades da pequena baía. Um autêntico quadro de
paraíso, completado por enormes bandos de gaivotas que, no dia meio chuvoso,
já se preparavam para repousar na areia, quando um outro "bando", este de 10
caminheiros aventureiros, desceu até àquelas paragens convidativas ao sonho e
à meditação.
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No paraíso perdido da Praia da Ribeira do Cavalo
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Completada a primeira etapa em
Sesimbra ... o jantar não podia
deixar de ser no velho "Tic-Tic" ... a lembrar também os velhos tempos do
mergulho ... noutras eras ... com outras gentes...!
E o segundo dia de travessia acordou idêntico: chuva miudinha, nuvens baixas,
nevoeiro. O nosso destino era agora a Crista da
Serra do Risco, numa
travessia que se tornou bastante lenta, particularmente nos lapiás,
escorregadios como manteiga.
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Sesimbra numa manhã cinzenta e fria, 23.Nov.2013
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Sobre o litoral da
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Ponta de S. Pedro
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Nomes como o do
Cabo de Ares e da
Ponta de S. Pedro, que mais uma vez eu conhecia dos velhos tempos do mergulho, sucediam-se
agora na carta, à medida que progredíamos pela crista daquela que é a escarpa
litoral calcária mais elevada da Europa. Num dia 9 de Agosto do longínquo
ano de 1972 (há 41 anos…!) … eu
mergulhava a 65 metros de profundidade, ao largo da
Ponta de S. Pedro, a partir da velha barca do Joaquim
Zé, que largara como sempre do velho porto de abrigo de Sesimbra.
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Baía da Armação
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Geodésico do Píncaro (380m alt.)
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Em dia de chuva miudinha, nas Cristas do Risco
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Sobre a Praia dos Penedos e Barbas de Cavalo
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Descemos da Crista do Risco para o Campo da Vitória
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A arriba da
Serra do Risco corresponde a um doma, ao contrário de
outros relevos da região, constituídos por dobras. O seu aspecto distinto
levou Sebastião da Gama a descrevê-la como uma onda:
"A Serra tem o ar de uma onda que avança impetuosa e subitamente estaca
e se esculpe no ar; é uma onda de pedra e mato, é o fóssil de uma onda.
Ri-se do mar de agora, gaivota mansinha, profundamente azul, que faz
avultar, com a planície que lhe fica à esquerda, o seu dorso
gigantesco."
Sebastião da Gama
Ao fim da manhã o dia lá foi melhorando, deixando-nos finalmente ver o mar aos
nossos pés, a península de
Tróia ao fundo, o
Campo da Vitória e
as terras de
El Carmen a nordeste.
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Horas de |
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almoço... |
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Nós viemos mesmo dali?... (Campo da Vitória e
Crista do Risco, ao fundo)
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Atravessado o
Campo da Vitória, o rumo era agora o cume da Arrábida, o
Formosinho. Mas a progressão lenta nos lapiás do Risco fez-nos optar
por contornar a Serra a poente, pelas terras de
El Carmen. A quinta de
El Carmen é um local histórico, onde viveu um importante fidalgo castelhano
que havia de se tornar mais tarde no famoso Frei Martinho de Stª Maria,
fundador do
Convento da Arrábida.
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Ermitério de El Carmen
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Contornamos o Formosinho ...
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... a caminho do parque de Campismo de Picheleiros
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Pelos
Casais da Serra começámos a contornar a encosta norte da serra,
com o
Formosinho a vigiar-nos. Às três da tarde estávamos no parque de
campismo de
Picheleiros, continuando para nordeste, para a
Serra do Cuco. Numa tarde a declinar, os horizontes foram-se
continuando a limpar, deixando-nos ver já o
Tejo, a
baía do Seixal e a
Serra de Sintra, em tons de um pôr-do-Sol que
já se avizinhava.
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A Baía do Seixal e o Tejo,
do Moinho do Cuco
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Ao fundo a Serra de Sintra, em tons de pôr-do-Sol
(do Moinho do Cuco)
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E assim, com 43 km nos pés nestes dois dias fabulosos, antes das quatro e meia
estávamos a entrar na
Quinta do Alcube, no
Alto das Necessidades, com o castelo de
Palmela e o
Monte de S. Luís à nossa frente e uma espectacular panorâmica para o
Vale da Rasca.
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Vale da Rasca, do Alto das Necessidades
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A
Quinta do Alcube
é já bem conhecida deste grupo de caminheiros "aventureiros". Produtora de
alguns dos melhores vinhos da Península de Setúbal ... ali terminámos esta
nossa travessia da Arrábida, com um pequeno lanche e prova de saborosos
néctares. Depois ... havia que voltar a
Sesimbra, onde estavam alguns
dos carros ... e onde estava a minha companheira de aventuras, que fez a
primeira destas duas etapas mas preferiu ficar a descansar na segunda, na
companhia da "cara-metade" de outro dos que completaram os 43 km da travessia.
Obrigado, companheiros, por mais estes dois dias de camaradagem, de
"aventura", de vida ao ar livre! Obrigado, Araújo, pela tua paixão pela
Arrábida e por tão bem a partilhares com todos os que te acompanham!
2 comentários:
Sim, de facto foram dois dias maravilhosos, em muito boa companhia e sempre com muito boa disposição por essas terras esplêndidas da Arrábida onde sempre terei o maior prazer em regressar. Agradeço-te pela reportagem, como sempre uma fiel descrição do que fizémos e também pela organização a par com o Araújo. Beijinhos e até já!!
Sempre, Arrábida sempre!
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