"Romagem" de saudade às terras do Vale da Maria e da Fonte Moira
"O meu Avô Madaleno e os filhos mais velhos receberam o terreno do Vale da Maria e ali plantaram castanheiros, vinha, árvores de fruto. Ali tiveram trabalhos e sonhos. Algo de mágico se mantém, como que um eco do sonho que fez correr o meu Avô, há mais de cem anos. Faz parte das memórias de família e está preso no coração."
(Aurora Martins Madaleno)
Quando em Janeiro subi mais uma vez as ladeiras do Vale da Maria e da Barroca da Fonte Moira, nas "minhas" terras de Vale de Espinho, despertei a nostalgia de quem viveu os tempos em que estas terras tinham vida, gente, trabalho, suor ... mas estava muito longe de vir a ser "convocado" para orientar uma jornada de recordação e saudade!
Na velha Escola de Vale de Espinho ... vai começar uma
caminhada nostálgica! 25.05.2013, 9:30h
Por iniciativa de dois filhos "biológicos” de Vale de Espinho, realizou-se hoje uma caminhada de saudade às terras do Vale da Maria e da Fonte Moira. A actividade contou com a participação de mais de 30 naturais e amigos de Vale de Espinho, entre os quais se destacou a presença de quem há mais de 50 anos não percorria campos e lameiros que lhe foram familiares; são dela as nostálgicas palavras acima transcritas.
Como amigo de Vale de Espinho e das terras raianas … os organizadores desta iniciativa escolheram-me para delinear o percurso desta "romagem" de saudade. Quanta honra! Quanto prazer ao guiar assim um grupo de naturais destas terras, que tenho percorrido ao longo dos últimos 40 anos e que, por casamento, adoptei como minhas!
Campos e lameiros da Ribeira do Vale da Maria
Pouco depois das 9 e meia da manhã estávamos assim a sair da velha escola, rumo ao Pontão do Pisão, ao Côa … à Ribeira do Vale da Maria. Sucederam-se paisagens, sensações, emoções, intervaladas aqui e ali por histórias contadas por quem as viveu ou as ouviu contar, histórias de vidas, de lutas, de suores, de felicidades e tristezas.
A merenda foi nos lameiros onde correm já as águas da Barroca da Fonte Moira … e ali se leram também belas quadras, quadras que respiram e transpiram a saudade e a nostalgia de um passado que se distanciou nas nuvens do tempo. Ao som das águas que correm vale abaixo, também se cantaram canções populares, também se brincou e conviveu, numa amena convivência entre "irmãos" que, nalguns casos, igualmente há muito não se encontravam.
A derradeira ladeira para o Cabeço Passil custou a subir; a vereda era estreita e pedregosa … a lembrar as velhas "bredas" do contrabando, com os "carregos" às costas. Mas chegados ao cimo … a panorâmica valeu o esforço: ao fundo, a nascente, a Serra das Mesas, berço do Côa. Aos nossos pés, Vale de Espinho, a aldeia que, de um modo ou de outro, é a aldeia de todos os que participaram nesta "romagem". Os Foios e Quadrazais assomavam-se a ladear a "nossa" aldeia, com a Serra do Homem de Pedra por trás dela. Que paisagem sublime!
Na hora da merenda
Recomeça a marcha ... na parte empinada...
E Vale de Espinho à vista!
O regresso foi pelo Cabeço Alto, rumo ao Cabeço da Ponte. Agora tínhamos o Vale da Maria à nossa esquerda, os verdes lameiros aos nossos pés. E a entrada em Vale de Espinho foi, como não podia deixar de ser, pela velha Ponte romana, que já viu passar tantas águas e tantas gerações.
E chegamos à velha Ponte romana
O grupo dos naturais e amigos de Vale de Espinho na Ponte romana do Côa
Entramos em Vale de Espinho quando batem
as 4 da tarde, com 11 belos km percorridos!
Os organizadores desta feliz iniciativa estão sem dúvida de parabéns! Os "heróicos" participantes também. Não foi uma caminhada longa, fizeram-se uns simples 11 km, mas foi uma longa caminhada no tempo, um recuo ao passado que não está perdido nas memórias dos Valespinhenses!
E, como também não podia deixar de ser, o dia terminou com um convívio entre todos os participantes.
E já a vermos as fotografias do dia ...
... até que chegou a hora do adeus!
Bem hajam os organizadores desta iniciativa, que se deve repetir. Bem hajam todos os naturais e amigos de Vale de Espinho. Viva Vale de Espinho!
Foi um encanto esta nossa caminhada pelo Vale da Maria, Fonte Moira, Cabeço Alto e Cabeço da Ponte. Saboreei cada passo que fui dando, senti cada cheiro e tudo o que me rodeava, a riqueza e maravilha das cores, as lembranças que procurava e me vinham a cada instante, imagens que de sonhos se retornavam, sensações que eram minhas e que intimamente agradecia aos meus amigos - os que tiveram a iniciativa e a concretizavam e, também, todos os que ali iam comigo. Estava ali gente de Vale de Espinho que se uniu e se deleitava com a natureza que Deus nos deu... E nunca esquecemos histórias da nossa meninice... Alguns ainda andam por ali e conhecem melhor os sítios. Iam dizendo e contando. Todos caminhávamos, sentindo que temos uma Serra linda e querida. Acho interessante como o nosso Amigo Dr. José Carlos Callixto conhece palmo a palmo esta nossa terra, que também é dele, claro (já o dispensámos de pagar a patente!!). Estou-lhe muito grata por nos ter guiado bem. Também agradeço ao meu Amigo José Manuel Corceiro bem como ao Amigo Dr. José Antunes Fino pelo gesto tão simpático e com tanta sensibilidade de me proporcionarem esta caminhada de viagem ao meu passado. Os que fizemos este "passeio convívio" somos uma geração de conterrâneos que, decerto, despertará os mais novos para que também amem sempre a nossa terra. Abraço
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Foi um encanto esta nossa caminhada pelo Vale da Maria, Fonte Moira, Cabeço Alto e Cabeço da Ponte. Saboreei cada passo que fui dando, senti cada cheiro e tudo o que me rodeava, a riqueza e maravilha das cores, as lembranças que procurava e me vinham a cada instante, imagens que de sonhos se retornavam, sensações que eram minhas e que intimamente agradecia aos meus amigos - os que tiveram a iniciativa e a concretizavam e, também, todos os que ali iam comigo. Estava ali gente de Vale de Espinho que se uniu e se deleitava com a natureza que Deus nos deu... E nunca esquecemos histórias da nossa meninice... Alguns ainda andam por ali e conhecem melhor os sítios. Iam dizendo e contando. Todos caminhávamos, sentindo que temos uma Serra linda e querida. Acho interessante como o nosso Amigo Dr. José Carlos Callixto conhece palmo a palmo esta nossa terra, que também é dele, claro (já o dispensámos de pagar a patente!!). Estou-lhe muito grata por nos ter guiado bem. Também agradeço ao meu Amigo José Manuel Corceiro bem como ao Amigo Dr. José Antunes Fino pelo gesto tão simpático e com tanta sensibilidade de me proporcionarem esta caminhada de viagem ao meu passado. Os que fizemos este "passeio convívio" somos uma geração de conterrâneos que, decerto, despertará os mais novos para que também amem sempre a nossa terra. Abraço
há 20 horas
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