quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

À descoberta da Serra de Béjar

"Olhei para mim … e descobri que terei menos tempo para viver daqui para a frente do que já vivi até agora. Tenho muito mais passado que futuro…"
Mário de Andrade, "O valioso tempo dos maduros"                     
Nestes meus quase 60 anos, com mais passado que futuro, o meu "caderno de projectos" ainda tem várias "aventuras" que espero poder viver. Nas "minhas" terras de Vale de Espinho desde o dia 27 do ano passado, ao 3º dia de 2013 abandonei contudo a raia Sabugalense, para me lançar à descoberta de uma terra e de uma serra que há muito queria conhecer: Béjar. Entre a Serra da Gata e a Serra de Gredos - onde com a minha "estrela" fiz uma caminhada há já uns longínquos 14 anos - a Serra de Béjar chamava-me sempre que a via do alto da Serra de
A caminho da Serra de Béjar, 3.01.2013, 8:00h ... 1ºC
Aldeia Velha ou da Xalma. Guarda avançada de Gredos, fazendo parte da Cordilheira Central Ibérica, entre as Serras da Gata e da Penha de Francia e a de Gredos, Béjar realmente cativava-me, principalmente quando a via coberta pelo manto branco da neve ... a mesma neve que agora me fazia questionar sobre o que poderia ou não fazer em Béjar.
O ponto mais alto da Serra de Béjar é o Canxal de La Ceja, na Cuerda del Calvitero, cuerda essa quase toda ou acima dos 2400 metros de altitude. Evidentemente ... era esse o meu objectivo. Estudo das cartas, visualização de trilhos disponibilizados na rede mundial, tudo foi visto e revisto. Mas a prudência e o risco controlado faziam-me pôr em dúvida se lá chegaria, nesta altura do ano. Mas cheguei...!
Às seis e meia da manhã era, evidentemente, noite escura em Vale de Espinho. E noite escura foi até bem perto da barragem de Gabriel e Galán, onde a Serra de Béjar começou a "acordar" para um novo e espectacular dia. A neve lá estava nos cumes, mas dando-me desde logo a esperança de que não seria tanta que impedisse a jornada.
E assim foi: depois de uma curta visita à estação de ski de La Covatilla e à aldeia de Candelario, perdida no tempo, a "aventura" começou na Plataforma de El Travieso, a 1850 metros de altitude. Uma caminhada a solo? Nem nada! Apesar de um dia de semana de Janeiro, houve vários caminheiros e caminheiras (inclusive de quatro patas) a acompanhar-me.

Começou a "aventura": subida à Cuerda del Calvitero, a partir da Plataforma de El Travieso
Vamos em direcção ao Sol ...!
Já se vê Gredos!
Garganta de El Trampal
Canchal de La Ceja, cume de Béjar, 2432 metros de altitude
"Eu sou la dos montes
que medem o céu "...
Gredos no horizonte, imponente
A subida até à Cuerda del Calvitero, a 2370 metros de altitude, não foi propriamente fácil, fundamentalmente devido ao gelo escorregadio. Mas ... nada comparável à subida final para o Canchal de La Ceja, o cume da Serra de Béjar, a 2432 metros de altitude. Há já alguns anos, largos, que não subia tão alto. E, para lá do vale de Jerte e do Aravalle, lá estava imponente a Serra de Gredos e até, destacando-se no céu azul, o Pico Almanzor, nos seus quase 2600 metros de altitude. Que chamamento...

Laguna de El Trampal
E ... de regresso
Lá ao fundo, lá muito ao fundo ... está a Malcata!
O regresso, com pequenas variações, foi pelo mesmo caminho ... porque outro não havia. Apesar do gelo ... a descer foi bem mais rápido. Pouco antes das cinco da tarde (hora espanhola) estava de regresso à Plataforma de El Travieso. A caminhada não tinha sido longa, uns meros 13 km ... mas a Serra de Béjar estava descoberta ... no seu tecto.
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À descoberta da Serra de Béjar
Aproveitando esta deslocação à Serra de Béjar ... amanhã haverá uma segunda "aventura", já de regresso a Vale de Espinho, na porção mais nordeste da Serra da Gata. E o percurso Béjar - Serra da Gata permitiu ainda admirar um espectacular pôr-do-Sol ... sobre a Serra da Peña de Francia!

Pôr-do-Sol a caminho da Serra da Gata, 3.01.2013

2 comentários:

Anónimo disse...

Bravo!
Deve ter sido uma experiência fantástica!
Bela descrição, como sempre!

JORGE FIGUEIREDO SANTOS disse...

Notável!
A atacar o ano desta maneira vais longe...
Abraço, cá de baixo, da foz do Tejo.