Depois de uma caminhada espectacular,
à descoberta da Serra de Béjar, que poderia haver de melhor ... do que outra caminhada espectacular? O "meu"
Xalmas, ou Xálima (a Serra da Xalma da gíria raiana) é o ponto mais alto da porção ocidental da
Serra da Gata. Mas ... há mais alto! Bem mais a nordeste, onde a Gata se "mistura" com a
Peña de Francia, já nas comarcas de
Las Hurdes (a "terra sem pão", de Luis Buñuel), a
Sierra de La Canchera e o seu
Pico Tiendas é considerado o ponto mais alto
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi9XNsDxAszbJDpwRx__WCmjh8bkVUrl2XUVyZkT_2ssHmkPYIhi-FEiJxdrAUeB-3tRM9azz9jOwecyi8YdyIncp9MqNOR8x71-M4LKUGjjY7MY0fmz5rpb18IhTwO27Ip_Q3rBR4PrzCA/s400/DSC03222.JPG) |
El Gasco, Las Hurdes, 4.01.2013 |
da Gata, com os seus 1590 metros de altitude. De regresso de Béjar a Vale de Espinho ... era a oportunidade de conhecer um pouco destas terras "perdidas" entre vales e serras, entre rios caudalosos e
cuerdas altaneiras.
El Gasco é uma dessas terras "perdidas", ao fundo do vale do rio
Malvellido, afluente do
Hurdano. O vale é tão profundo e apertado que a aldeia está quase sempre à sombra. A partir de
Vegas de Coria (onde pernoitei e onde, às oito e meia da manhã, estava a dois graus abaixo de zero), são 16 km de uma tortuosa estrada que acompanha o rio, passando por outras aldeias com nomes que lembram contos:
Rubiaco,
Nunomoral,
Martilandrán. E a estrada ... termina em El Gasco. Onde portanto começou a "aventura"...
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjyZjkhSXkFGpLzPUHDy3ieB3KqmmbwBYqEByJ6y4kUehUgeScDe9qVZ8FZinX-axZHXlpH5eR5fqwQZH-kD-DaLE1uVoUps0CXz2V1ZQDwn1f69LlFoWJDffTsrQ2esPQiEtuM2cvX5vsL/s320/DSC03225.JPG) |
El Gasco despertava para mais um dia (750m alt.) |
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg36wrTvKQbAojkV2J4q4yXU0tXmAjnQUrPBPz879PM_HRLHsjPSb2BD793PDlny1E1CUoaX4NDqPemGrG55-OF9eCvOBbggrOKt8GVMSO0gtjGzWiHrz_ygkji90BmTCgbOPk2LWi6y_Xr/s320/DSC03235.JPG) |
Os horizontes vão-se abrindo |
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhF3_cLorC-Klx0-Gp7qtSIeYIWiZzwnOG-ns_Ly56Vch32dhPm4SiM86NAgqkkLvjvvwPyoyolvu3yE3PFo-9nAIdGFwSJob1jn-FE-NGgn9prwl4S8d8ZbfGTVCTWjo6URM6nPr5Bg6dO/s320/DSC03237.JPG) |
Miradouro, já a 1095 |
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhDJhmkHiyp0NPmzkpRYfwuEGpLGz4OntfVNa721BSEPoEUeBQx-WLDEek74L-sGwZYdd6O1HJcoxrpqQYypsPNeITc_5n5AANEEESaSDl-e9vcrjtQ-iKNu5AKODTts0dgyGgw1lL0SwPN/s320/DSC03238.JPG) |
metros de altitude |
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhwMlmL54qVCizgHiSgFap0U3zbFDkT9st6TTrSVOQG7DASUcoSt93ZjhkaIaUZp1ujPQ12iNn4Q7DRceIN29StuOCYfGkcUaja1OBj-6ilW-1Q0giCvQwwIuHkwRYoKCmTJsIsTPldC2mT/s640/DSC03252.JPG) |
Água ... fonte de vida! |
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhACLXUlCGk5Pbi3yvSs31WlMB5ZtcxhHOB4PdRXfHfwVw_B9aSrwWSAx_Oyyt7N-Oca7iav_volk5VU7bNTHTcgvBtn5CrCulPa58fLfpmmN2mayaD1JeAxQOgr977EnIBiw9pV3VEv6U4/s640/DSC03259.JPG) |
E lá está a Serra de Béjar, ao fundo |
E a "aventura" era subir a encosta oeste do vale, rumo à
Collada de La Piornera. Uma subida íngreme, em zig-zag, dos 780 metros de El Gasco aos quase 1400 metros da
Collada. Um desvio para sul teria permitido ir ver o chamado "
Volcán del Gasco", mas a extensão e desníveis da jornada aconselharam-me a deixá-lo para outras "aventuras", tanto mais que iria testemunhar, à medida que subisse, a autêntica miríade de vestígios rochosos daquele fenómeno local, que tem, pelo menos, duas explicações possíveis: uma efectiva erupção vulcânica, ou o efeito de um impacto meteorítico há qualquer coisa como cerca de um milhão de anos. O que é facto é que as rochas de aspecto vulcânico que proliferam em grande parte das cumeadas apenas se originam mediante um extraordinário e rápido aumento de temperatura.
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Agulhas |
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEje-eIKZ9mNI8j1QGohmvGBhpeBHHRpTNvHbzc20q3v3QBTcVFGIggp4E0OpWEEu_VjHbXFBpDQP0dVdNLR1hgM7VXLuIOqeM-RFLU730hyphenhyphenw1kH-MGU9RbKUSY2oCbRUJoKKOC3iX8RUeVp/s320/DSC03293.JPG) |
apontadas ao céu |
Acima já dos 1400 metros de altitude, o rumo era o
Pico Tiendas, a 1590 metros e cume absoluto da
Serra da Gata. E a panorâmica ... permitia girar 360º, com a
Serra de Béjar a leste ... e a
Serra da Estrela no horizonte, a oeste! A norte, o cume da
Peña de Francia, a sul, o vale de
Horcajo e a planura estremenha, a perder de vista. Era magia em estado puro!
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjqbUsQ_-ERQrRLlo2Kzyaz79lbEWcPJb5rGo-4mfaDYMczby25Gv8FyvV_VMFwiWHduDtlea0BXuSueYI48R03_r7-0JNsFeN-1Qb2Kn39D3gDFZQcxsqpkN1k3R_OFpGqz-fIS4sxZ3lf/s640/DSC03303.JPG) |
Pico Tiendas, cume da Sierra de Gata, 1590m alt. |
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Para sul, o vale de Horcajo ... e a magia em estado puro... |
Descendo do Pico Tiendas para norte, abria-se-me agora o imponente vale das
Fuentes del Hurdano. Foi sobre essa garganta que "pousei" para almoçar ... almoço que teve um episódio digno de registo: a garrafita de "Quinta dos Termos" de que normalmente me faço acompanhar já estava encetada de ontem mas, ao tirar a rolha ... esta partiu-se e ficou a meio do gargalo. E agora? Aquele preciso néctar era mal empregado não acompanhar o pitéu que me estava a repôr as forças. Com o dedo ... a rolha não se mexia...; saca-rolhas ... não tinha! Bem ... pedras havia por ali ... e escolher uma pedra fina que coubesse no gargalo não foi difícil. Assim, lá tentei empurrar o resto da rolha para dentro, com a pedra ... e a rolha lá acabou por ir para dentro ... juntamente com a pedra!!! O resto do almoço foi acompanhado portanto ... com "vinho da pedra"...
J. Mas aprendi a lição: nunca mais caminharei sem um canivete multi-funções, aliás companheiro inseparável de um arraiano que se preze!
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Panorâmicas |
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiN9EDLspLUitE-ID7z9JU9wYRQmoYbDtmBHgjZkzdeYWQKU7tyRJOrNcoVFkjGVqUjLawBiv5TTgGBf6KTm-Sh-FkbYfsHP0NPlN7pvFuQnOnDAkuKqMNY_byJ_yPaFBRicIkbE8ko9L4x/s320/DSC03339.JPG) |
sempre fabulosas |
E a caminhada estava já na parte de regresso, agora a norte do vale de
El Gasco, sempre com panorâmicas espectaculares. Por estas alturas encontrei o único humano desta jornada: um pastor tomava cuidadosamente conta das suas cabras. "
Faz queijos?", perguntei; "
no, el suelo es pobre, no es como en Portugal". Se lhe podia tirar uma fotografia? "
no, que después me judían en el pueblo". Sem dúvida original, este pastor, cujas cabras lá andavam uns socalcos abaixo.
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Como eu gostava de ser como tu... |
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Descida do Lombo de La Pina, de regresso a El Gasco |
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhsMYky2RzjJ5uZKmNGHnMviMXlnw-NSKQ7aBQiKsMmkIdDovtd0DcGEe4H3nXz3yg0YmsgVuGlUEIShkBxOv7mh5IRKQjlbGIDglA2-mgDXEfXMdLy3mA6C2hitDLzvI-fLX4jMDCUYH9t/s640/DSC03351.JPG) |
Um último adeus a Béjar, lá ao longe |
Mas estava ainda acima dos 1350 metros de altitude ... e era preciso descer quase 700 metros para o ponto de origem! Através de um estreito e pedregoso carreiro pelo meio de frondoso pinhal, vencer esse desnível descendente - o
Lombo de La Pina - não foi obra fácil...
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De regresso a El Gasco ... já quase à sombra |
Pouco passava das quatro da tarde quando voltei a entrar em El Gasco, agora vindo de nordeste. E depois ...
Vale de Espinho estava a pouco mais de 80 km ... onde a minha "musa" me esperava!
Estes foram sem dúvida dois dias especatculares. Duas caminhadas bem diferentes, mas que me permitiram, como sempre, carregar as baterias, encher as vistas ... rejuvenescer a cada nova cumeada, a cada esvoaçar de alguma ave que passa, a cada marulhar das águas que correm, a cada rocha que salto, a cada curva de um caminho ... de um caminho que se faz caminhando!
3 comentários:
Olá José Carlos,
Que fotos magníficas, que bela caminhada!
Excelente!
Abraço.
Bonito de se ver. Aquelas rochas valem a reportagem, já não digo a canseira...
Dás-me licença, que copie uma para o meu mural? Aquela dos montes e vales corridos pelas brumas?
Abraço!
Gostei das paisagens e não resisti a transmitir as emoções que senti ao vê-las, em alguns comentários.
É excelente ver estas reportagens, sem ter de calcorrear todos estes montes e vales. Fica a curiosidade do vinho da Quinta dos Termos, com sabor a pedra! Ainda aproveitam a ideia...
Um abraço.
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