Terminado o "ano especial" de 2023 (um ano de celebrações da Vida) ... o
"rapaz pacato" e a sua arraiana vieram para a Raia ... para o retiro raiano de
Vale de Espinho. A partir de Vale de Espinho,
como sempre, as pernas precisam de andar; os primeiros dias do ano foram de
chuva, mas dia 5 à tarde já deu para um pequeno passeio de 5 km a norte da
aldeia ... e para assistir a um belo pôr do Sol.
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Pôr do Sol em Vale de Espinho, 05.Janeiro.2024
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O dia seguinte era
Dia de Reis. Dia de tradições, como o
cantar as janeiras, mas também de convívios, de celebração de amizades. O almoço foi nos
Fóios, com os bons amigos com quem normalmente nos encontramos nestas
terras raianas. Depois, assistimos à partida dos grupos a cantar pelas ruas,
anunciando o nascimento de Jesus e desejando um feliz ano novo ... e ao fim da
tarde fomos os quatro até às
Quintas de S. Bartolomeu, assistir à recriação de "Uma noite de Natal" pelo Grupo de Teatro "
Anel de Pedra", junto ao Presépio daquela aldeia do concelho do Sabugal.
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Clique para ampliar
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"Uma Noite de Natal", recriada pelo grupo de teatro "Anel de Pedra", nas Quintas de S. Bartolomeu, 06.01.24
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Às seis da tarde nas Quintas de S. Bartolomeu a temperatura era de 2ºC ... e
um ventinho cortante dava uma sensação bem mais baixa ... mas o "S. José" (o
actor
João Reis) lá andava de sandálias, indiferente ao frio ... ao frio que na madrugada
seguinte cobriu os campos com uma "russa" das grandes; por aqui é habitual
dizer-se que "
caiu uma russa" quando a geada cobre os campos de branco,
que por vezes quase parece neve. Foi essa a manhã que escolhi para uma
"aventura" das boas... 😃
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Os campos e lameiros de Vale de Espinho, na manhã gélida do
primeiro domigo do ano, 7 de janeiro de 2024
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Saí de casa pouco depois das sete e meia, disposto a uma caminhada que
ocupasse a manhã do belo dia de Sol que sabia que ia estar. O 1º positivo não
era nada, se comparado com os 7º negativos com que um dia,
há 18 anos, saí de Vale de Espinho para ir ver nascer o astro rei nas ruínas da antiga
caseta de carabineiros, no Picoto da Raia. E, ao sabor do improviso, fui
subindo em direcção à Lomba.
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Pouco antes da Quinta do Passarinho. Não, não é neve, é uma
"russa" das grandes!
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E em pouco mais de uma hora chego à Lomba, próximo do Cabeço do
Clérigo
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Panorâmicas da Lomba para a Marvana (foto
superior) e para Valverde del Fresno
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A ideia era de uma caminhada que ocupasse a manhã, já que à tarde tínhamos
combinada uma visita ao José Corceiro Lucas, que em boa hora conheci há
11 anos. O Zé Lucas faz parte dos
encantos da Malcata
... mas telefonou-me, estava eu a chegar à
Pedra Monteira, a pedir
imensa desculpa mas a propor o encontro no dia seguinte. Sem nenhum problema,
respondi-lhe ... e de imediato surgiu a hipótese de transformar a caminhada
matinal numa jornada de dia inteiro, de Sol a Sol.
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Cantxo So, 10h45 ... nesta jornada
pedestre ao sabor do improviso
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E agora? Se fosse para ir almoçar a casa, tinha pensado descer do
Pizarrón ou do
Cantxo So, na linha de fronteira, para os
Fóios e dali de regresso para Vale de Espinho. Assim, dispondo do dia
maravilhoso que estava e depois de avisar a "donzela" que ficara no "ninho"
... fui desenhando a jornada pedestre completamente ao sabor do improviso ...
onde e por onde as minhas botas me levassem...
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E as minhas botas levaram-me ao
barroco 'ratchado' e às ruínas da velha
Caseta de Carabineiros
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Caseta de Carabineiros, 11h20 ... quase
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sinto estas ruínas como minhas
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E da caseta dos carabineiros desço à estrada Navasfrias - Valverde,
rumo à Fonte do Crespo
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Desde o
Cantxo So que não havia trilho. Descendo a serra a corta mato
(mato propriamente ali é pouco), o rumo foi a casa junto à
Fuente del Crespo, à qual cheguei sem dificuldade. Mas ... o portão
estava fechado a cadeado ... e todas as "aventuras" têm uma história para
contar... 🤣
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Os bastões já estavam do lado de fora...
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Esta casa e este portão têm uma história... 😂
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Não seria difícil saltar o portão, por isso passei os bastões para o lado de
fora ... mas depois reparei que a rede junto ao pilar direito estava
ligeiramente solta; afastando um pouco a rede e agarrando-me ao pilar, a
"manobra" seria fácil. E foi ... não contei foi com o desnível junto ao pilar,
do lado de fora ... e caí para a valeta da estrada! A queda não teve
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Fuente del Crespo, 12h30
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consequências para o "aventureiro", mas o telemóvel, acoplado à mochila com o
respectivo suporte, deu uma pirueta no ar e estatelou-se no chão. Felizmente é
um bom telefone
rugged e nada sofreu ... mas já o mesmo não posso dizer
do suporte, cuja fixação à mochila se partiu pela base; no resto da
"aventura", o telefone viajou portanto no bolso das calças... 😂
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Passada a Fuente del Crespo, subi a
estrada Navasfrias - Valverde
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Na curva em que a estrada cruza a
Majada del Rey, onde a água cantava
bem, ainda pensei cortar a curva seguinte, mas o desnível e o mato cerrado não
o aconselhavam. Mas precisamente na curva seguinte saí por um trilho na
encosta de
La Refiesta, no extremo ocidental
da
Sierra do Espiñazo.
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A leste da estrada Navasfrias - Valverde, na encosta de
La Refiesta, Serra do
Espiñazo
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Passava já da uma da tarde (duas, em Espanha). Como só contava fazer uma
caminhada matinal, só trouxera na mochila água e um pedaço do bolo rei da
véspera. Passar fome nunca foi minha preocupação no campo, mas pensei ... "
como qualquer coisa em Navasfrias"; mas ir a Navasfrias ainda seria um desvio grande e, mais importante, uma
descida de cota que depois teria de subir. E porque não ... subir directamente
dos
Llanos ao talefe das
Mesas,
para depois rumar aos
Fóios?
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Llanos de Navasfrias, lado poente,
13h35 portuguesas. A seguir àquela casa ... não há trilho... 😋
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Pois ... trilho não há. Um pouco mais a sudoeste, já há uns anos descera em
sentido contrário, pela nascente do rio Águeda. E assim, cortando as curvas de
nível o mais na diagonal possível ... levei quase hora e meia para subir dos
Llanos às Mesas! Se valeu a pena? Claro que valeu! Por vezes perfurando a
vegetação, provavelmente seguindo os rastos dos javalis (e felizmente silvas
não havia), à medida que subia e que me aparecia alguma "clareira", via os
Llanos cada vez mais abaixo; ao longe a Serra do
Espiñazo, e a nordeste, na atmosfera límpida, a
Peña de Francia.
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Pelo meio do mato, os
Llanos vão ficando mais lá em
baixo e, ao fundo nesta segunda foto, a Pena de Francia
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Terei cara de javali 🐗? 🤪 E de quem será aquela sombra sobre
os penedos? De certeza que é de alguém que é "lá dos montes que medem o céu"...
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Finalmente o mato torna-se mais rasteiro, ao
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chegar ao geodésico da Mesas (1256m alt.)
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E do alto das Mesas, às três da tarde, já via os Fóios e
Vale de Espinho
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No alto das
Mesas, ainda em terras de
nuestros hermanos, estava
com 19 km percorridos. Descer aos
Fóios e regressar a
Vale de Espinho sabia que seriam sensivelmente mais 10 a 11. O
bolo rei já tinha marchado há muito tempo ... mas nas jornadas pedestres a
fome nunca foi minha preocupação; que o digam as três refeições feitas a
cubinhos de marmelada, no
Caminho de Santiago de Inverno... 😂
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Cancheira do Lameirão e Centro de Interpretação
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da Serra das Mesas: já não faltava tudo...
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15h45 ... Fóios à vista
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Clique no mapa para ampliar, ou
aqui
para ver no
Wikiloc
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Eram quatro da tarde quando entrei nos
Fóios, pela chamada Ponte dos
Castelhanos, sobre o
Côa. Já que lhe passei à porta, ainda fui dar um
abraço ao grande Zé Manel Campos, mesmo tendo estado com ele e a esposa na
véspera. Mais tarde, havia de me dar os parabéns numa rede social, e de
escrever: "
Fiquei admirado quando o Zé Carlos bateu à minha porta dizendo-me que só já
lhe faltavam esta meia dúzia de quilómetros que separam as nossas duas
freguesias. Pois vi o Zé Carlos tão fresquinho que fiquei com a impressão de
que ainda ia começar."... 😀
Fresquinho ou não ... optei por fazer a tal meia dúzia de quilómetros pela
estrada, já que só tinha sensivelmente uma hora até ao pôr do Sol. E os 6 km
passaram rápido ... até porque os ocupei a publicar e legendar fotos em
andamento... 😂
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Esta foi a primeira grande caminhada do ano. Mas a este início de ano em
terras raianas bem lhe poderei chamar uma "maratona", não só pedestre mas
também de tradições, de afectos ... de celebração da Vida! Para repor as
energias desta grande jornada ... a minha "pequena arraiana" tinha preparado
um jantar "especial" ... para o qual, durante a própria caminhada, me apeteceu
convidar o primo e amigo Zé Domingos, cativado pelas fotos que fui publicando.
Como ele próprio disse, nas conversas ao jantar, acompanhado com um branco da
Quinta dos Termos
e selado com um
Armagnac ... "
Os temas nasciam e desenvolviam-se em catadupa.". E ... ainda havia bolo rei
👑😁
Mas ainda faltava o convívio com o Zé Lucas, em Malcata. E qual teria
sido a via através da qual o Universo o fez adiar a nossa visita para segunda
feira? É que ... domingo foi de longe o melhor dia desta nossa estadia raiana
... o único em que teria sido possível uma jornada pedestre de dia inteiro.
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O Zé Lucas e a esposa fazem parte ... dos encantos da
Malcata 💞. Tímido como sempre foi, receoso de não saber o
que tão bem sabe e encanta ... o Zé Lucas lá pegou na sua guitarra ...
e encantou 💖
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E assim se encerram os primeiros dias do ano "+1" ... o ano pós
cinquentenário da minha ligação a
Vale de Espinho e à Raia ... o
ano pós cinquentenário de uma Vida a dois 💞. Como também um amigo escreveu
... "
O melhor e a essência da vida são, sem dúvida, os amigos, a família, a
conexão com lugares e pessoas que nos tocam, as memórias dos que partiram,
mas estão no nosso coração."💖. Obrigado também pelas tuas belas palavras, Zé Silva!
🙏 "
Gracias a la Vida, que me ha dado tanto"
🙏
☮️💖 BOM E FELIZ ANO DE 2024 💖✝️
3 comentários:
Bela aventura com muitas peripécias.
Em primeiro lugar bom ano e boas caminhadas. Para mim, raiano exilado em Lisboa, é sempre um prazer seguir as suas aventuras, em particular as passadas na raia do Sabugal. Infelizmente não tenho a possibilidade de fazer essas incursões com a regularidade que desejaria, mas vou viajando com as suas " marchas". Já agora onde se localiza o cantxo só e qual o significado da palavra. Desde já agradeço a sua disponibilidade. Mais uma vez bem haja pelas partilhas!
Muito obrigado pelas suas palavras, António Dinis Silva.
O topónimo "Cantxo So", que muitas vezes aparece referenciado como "Cancho Sozinho", ou "Cancho Só", refere-se a um local na fronteira, entre os Fóios e Valverde del Fresno. “Cantxo” em espanhol significa rocha, ou penhasco. O nome refere portanto um “penhasco solitário” ali existente; aparece na carta militar 238, a nascente do geodésico da Pedra Monteira.
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