E pronto, a Melodia inexorável do Tempo já nos pôs em 2023 ...
um ano muito especial para o rapaz pacato que um dia começou a escrever as suas memórias e
para a pequena arraiana que com ele canta a
Melodia da Vida há quase meio século. O leitor não está a perceber nada? Convido nesse
caso à leitura da
última crónica
deste
blog ... a última de 2022, com os votos de um Feliz 2023.
Aos primeiros dias do ano especial de 2023 ... Vale de Espinho e
as terras raianas receberam-nos. Finalmente chegou o frio típico da estação do
ano em que estamos, mas para já estes primeiros dias estão a ser de Sol ... de
luz ... de cor ... de som ... o son da iauga ... o som da muita
água que, felizmente e finalmente, corre nos rios e ribeiros, dando vida aos
campos e lameiros. E foram esses sons, essa cor e essa luz que me lançaram na
primeira caminhada do ano, a solo, a partir do meu retiro de Vale de Espinho.
Apenas 10,5 km, mas, como sempre ... as caminhadas não se medem em km...
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Campanário e Ponte velha de Vale de Espinho. Que maravilha
voltar a ver o Côa com tanta água!
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Não se via uma nuvem, mas às 7h da manhã o termómetro marcava -1,1ºC. Venha
ele, o frio, que é tempo dele ... mas esta primeira caminhada do ano só a
comecei depois do almoço 🤣
Comecei direito ao
Côa, claro.
Precisava de ver o reflexo da muita chuva de Dezembro e Novembro nos campos e
lameiros. E as pouco mais de três horas desta caminhada ... fizeram-me viver
um sonho!
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Os campos e lameiros do Côa e do
Vale da Maria voltaram à vida!
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Há muito que não via tanta água. Até as minhas botas rejubilavam de
contentamento, ao pisar os terrenos encharcados; felizmente são estanques 🙂.
E lá fui descendo o
Côa, da açude do Pisão à foz da Ribeira do Vale da
Maria e ao Moinho do Rato, ora subindo ora descendo a margem esquerda,
consoante as características o impunham. O
Moinho do Rato já
teve melhores dias; as "
pedras que não envelhecem" já tiveram maior
bucolismo, mas o correr e o cantar das águas, a Vida que pulula, as cores da
Natureza renascida ... já permitem imagens que fazem lembrar as de outrora.
Pode ser que, um dia ... aquele local regresse ao passado.
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Moinho do Rato ... "E de repente damo-nos conta que envelhecemos, a ver envelhecer
estas pedras que não envelhecem" (Sérgio Paulo Silva)
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Do
Moinho do Rato continuei a descer o
Côa, rumo à praia
fluvial de Vale de Espinho. O sonho continuava, tal como um cavalo corria nos
campos junto às ruínas do velho
Moinho da Ponte Nova.
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Liberdade...! Ao fundo as ruínas do Moinho da Ponte Nova
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Moinho da Ervaginha
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Já passava das quatro da tarde ... tinha só mais uma hora de luz ... mas ainda
queria subir a mítica Ribeira dos
Urejais, que igualmente deveria ter
bastante água. Pena estar já maioritariamente à sombra, mas como previa
deliciei-me também nas suas margens, do caminho da
Fieiteira até
ao caminho velho do Soito. O Sol descia no horizonte ... enquanto a Lua
começava a surgir a nascente.
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Subindo a Ribeira dos Urejais ... entre as sombras e os
últimos raios de Sol
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Às cinco horas (15 minutos antes do pôr do Sol) estava a subir o caminho velho
do Soito para o cruzeiro da
Có Pequena. Depois foi só descer o Areeiro
e entrar em Vale de Espinho com o dia a declinar. Em pouco mais de 10 km ...
tinha percorrido um sonho de luz, cores e sons. O primeiro de 2023!
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O Sol põe-se atrás de velhas ruínas, no caminho velho do Soito ...
enquanto a Lua se levanta a nascente
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Cruzeiro da Có Pequena ... e já só faltava descer o
Areeiro
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Vale de Espinho, 17h20 ... quando os termómetros já marcavam
menos de 3ºC
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