quarta-feira, 4 de janeiro de 2023

Quando a água regressa aos lameiros de Vale de Espinho e do Côa...

E pronto, a Melodia inexorável do Tempo já nos pôs em 2023 ... um ano muito especial para o rapaz pacato que um dia começou a escrever as suas memórias e para a pequena arraiana que com ele canta a Melodia da Vida há quase meio século. O leitor não está a perceber nada? Convido nesse caso à leitura da última crónica deste blog ... a última de 2022, com os votos de um Feliz 2023.
Aos primeiros dias do ano especial de 2023 ... Vale de Espinho e as terras raianas receberam-nos. Finalmente chegou o frio típico da estação do ano em que estamos, mas para já estes primeiros dias estão a ser de Sol ... de luz ... de cor ... de som ... o son da iauga ... o som da muita água que, felizmente e finalmente, corre nos rios e ribeiros, dando vida aos campos e lameiros. E foram esses sons, essa cor e essa luz que me lançaram na primeira caminhada do ano, a solo, a partir do meu retiro de Vale de Espinho. Apenas 10,5 km, mas, como sempre ... as caminhadas não se medem em km...
Campanário e Ponte velha de Vale de Espinho. Que maravilha voltar a ver o Côa com tanta água!
Não se via uma nuvem, mas às 7h da manhã o termómetro marcava -1,1ºC. Venha ele, o frio, que é tempo dele ... mas esta primeira caminhada do ano só a comecei depois do almoço 🤣
Comecei direito ao Côa, claro. Precisava de ver o reflexo da muita chuva de Dezembro e Novembro nos campos e lameiros. E as pouco mais de três horas desta caminhada ... fizeram-me viver um sonho!
Os campos e lameiros do Côa e do Vale da Maria voltaram à vida!
Há muito que não via tanta água. Até as minhas botas rejubilavam de contentamento, ao pisar os terrenos encharcados; felizmente são estanques 🙂. E lá fui descendo o Côa, da açude do Pisão à foz da Ribeira do Vale da Maria e ao Moinho do Rato, ora subindo ora descendo a margem esquerda, consoante as características o impunham. O Moinho do Rato já teve melhores dias; as "pedras que não envelhecem" já tiveram maior bucolismo, mas o correr e o cantar das águas, a Vida que pulula, as cores da Natureza renascida ... já permitem imagens que fazem lembrar as de outrora. Pode ser que, um dia ... aquele local regresse ao passado.
Moinho do Rato ... "E de repente damo-nos conta que envelhecemos, a ver envelhecer estas pedras que não envelhecem" (Sérgio Paulo Silva)
Do Moinho do Rato continuei a descer o Côa, rumo à praia fluvial de Vale de Espinho. O sonho continuava, tal como um cavalo corria nos campos junto às ruínas do velho Moinho da Ponte Nova.
Liberdade...! Ao fundo as ruínas do Moinho da Ponte Nova
Praia fluvial de Vale de Espinho. Por aqui iniciei, em 2019, o meu Caminho Vale de Espinho - Santiago de Compostela
Moinho da Ervaginha
Já passava das quatro da tarde ... tinha só mais uma hora de luz ... mas ainda queria subir a mítica Ribeira dos Urejais, que igualmente deveria ter bastante água. Pena estar já maioritariamente à sombra, mas como previa deliciei-me também nas suas margens, do caminho da Fieiteira até ao caminho velho do Soito. O Sol descia no horizonte ... enquanto a Lua começava a surgir a nascente.

Subindo a Ribeira dos Urejais ... entre as sombras e os últimos raios de Sol
Às cinco horas (15 minutos antes do pôr do Sol) estava a subir o caminho velho do Soito para o cruzeiro da Có Pequena. Depois foi só descer o Areeiro e entrar em Vale de Espinho com o dia a declinar. Em pouco mais de 10 km ... tinha percorrido um sonho de luz, cores e sons. O primeiro de 2023!

O Sol põe-se atrás de velhas ruínas, no caminho velho do Soito ... enquanto a Lua se levanta a nascente
Cruzeiro da Có Pequena ... e já só faltava descer o Areeiro
Vale de Espinho, 17h20 ... quando os termómetros já marcavam menos de 3ºC
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