𝕰𝖒 𝖛𝖊́𝖘𝖕𝖊𝖗𝖆𝖘 𝖉𝖊 𝖚𝖒 𝖆𝖓𝖔 𝖒𝖚𝖎𝖙𝖔 𝖊𝖘𝖕𝖊𝖈𝖎𝖆𝖑... |
Em 19 de Abril de 1973, ao lado da jovem que começara a namorar em Fevereiro
desse mesmo ano e a bordo do velho Cortina guiado pelo pai dela ...
chegava pela primeira vez a Vale de Espinho
... esse "outro mundo" tão diferente do meu ... mas um mundo que, na
Primavera da Vida que eu estava a Viver, parecia que há muito me
chamava. Desde cedo, tinha corrido as estradas da Europa e de África, com os
meus pais e irmão, de Lisboa ao Cabo Norte, a Moscovo, a Istambul, aos confins
da Escócia ... e
de Luanda ao Cabo da Boa Esperança e à Beira. Dos 17 aos 20 anos, estava também a Viver os "anos loucos" da espeleologia, do mergulho, das serras e dos vales, dos acampamentos, da
apanha do tomate nos campos de Campo Maior; tinha acordado tarde na minha
descoberta da Natureza, do são convívio, da simplicidade do mundo rural, dos
valores da Amizade ... mas esses dois anos e meio foram intensamente Vividos
... intensamente Sentidos!
Em Agosto do mesmo ano de 1973 fiz 20 anos ... já com a tal jovem ao meu lado
... e ao meu lado ficou para sempre em Dezembro desse mesmo ano de 1973 ...
estávamos nós no 2° ano do cadinho que nos juntou: a licenciatura em Biologia,
na velhinha Escola Politécnica.
A tristeza de, em Abril, também se passarem 20 anos sobre
um doloroso regresso a Vale de Espinho
... não apaga a alegria e a Felicidade das restantes efemérides. Pelo
contrário ... a memória e a "presença" do meu Querido Zé Malhadas é um
estímulo, uma força viva que me/nos leva a festejar a Vida e o Amor, como ele
tanto gostava. Lá onde quer que ele esteja, está seguramente orgulhoso dos
ninhos a que directa ou indirectamente deu origem. Não conheceu os bisnetos
... mas seguramente que lá, onde quer que ele esteja ... os "vê" e os
"conhece".
Na Melodia da Vida, as estações não têm necessariamente a mesma duração. Na
Melodia da Vida, somos nós que ditamos o que as caracteriza ... somos nós que
marcamos os solstícios e os equinócios ... guiados pela inteligência do
Universo. Como Primavera que foi, também a nossa floresceu e frutificou;
"produzimos" filhos ... demos-lhes o adubo para que pudessem construir a
Primavera deles, enquanto nós entrávamos num Verão que terá sido,
talvez, a nossa estação mais longa, uma estação de maior maturidade, de maior
"acalmia" ... mesmo com
o vento e as nuvens negras
que os nossos Amigos mais chegados testemunharam, ao longo de dez longos anos
(1989 - 1999).
Mas do Verão da nossa Vida fez parte também a Vida profissional. Pelas nossas
mãos, milhares de alunos cresceram e formaram-se, aprenderam a olhar para a
Natureza; muitos deles ... mantêm-se como amigos ... 15, 20, 30, 40 anos
depois...
Reformados em 2008 e 2009 ... o "fim do Verão" voltou a ser, particularmente
para o autor destas linhas, uma espécie de repetição dos "anos loucos" Vividos
40 anos antes. À medida que vou descobrindo que tenho muito mais passado que
futuro ... vou querendo Viver e fazer o que sempre quis Viver e fazer:
caminhar ... subir montanhas ... extasiar-me na contemplação da Criação. E,
agora com mais tempo ... lanço-me nas autonomias, nas grandes caminhadas, com
a parceira nas que ela pode, sozinho, com grupos de amigos ... e de Amigos;
alguns passam a ser verdadeiros irmãos ... "Manos" ... a juntar aos "Manos
velhos" ... aqueles que a Vida nos trouxe e nos deu aos dois desde a noite dos
tempos ... aqueles que acompanharam a nossa Melodia e nós a deles. "Novos" ou
"velhos" ... aqueles que souberam e soubemos manter ... aqueles com quem
partilhamos alegrias e tristezas, ilusões e desilusões ... aqueles que sabem e
sabemos ... Amar!
Em 2014 percorri o meu
1° Caminho de Santiago
... e a minha relação com a Natureza e com o Universo passou a ter outra
dimensão. E vão 13 Caminhos, neste momento ... em 2 dos quais consegui cativar
a minha pequena/grande peregrina e timoneira. E assim, nesta amálgama de
emoções e de Vivências ... o Tempo avança ... a Melodia soa. Do Gerês a
Somiedo, da Malcata aos Picos de Europa, do
Monte Perdido
às montanhas do
Atlas, dos cumes da
Madeira
e dos
Açores
aos
Andes Peruanos
e aos
Alpes
... em cada "aventura" parece-me sentir uma cada vez maior febre de Viver ...
uma cada vez maior pressa de fazer o que ainda não fiz. Deve ser
pretensiosismo meu sentir-me ainda ... no Verão. Fim do Verão, talvez ... mas
não vi ainda as folhas caídas do Outono ... ou não as quero ver ...
mesmo sendo o Outono, junto com a Primavera ... a mais bela das estações.
As fotos do mosaico que ilustra este discurso vão fazer meio século … são do
ano especial de 1973 ... de quando conheci Vale de Espinho. A de baixo, à
esquerda, à porta da casa das Fontes Lares … o meu "santuário". Meio
século depois ... já cá não estão tantos que comemorariam connosco o "ano
especial" de 2023 ... mas a presença deles está nas memórias. O passado
escreveu o que fomos e o que somos e projecta-se no futuro … se houver futuro!
𝘚𝘐𝘊 𝘔𝘝𝘕𝘋𝘝𝘚 𝘊𝘙𝘌𝘈𝘛𝘝𝘚 𝘌𝘚𝘛 … o nosso Mundo!
Quantos terão tido paciência para ler este "testamento"? Estarei a ficar
louco? Não creio! Creio que estou a ficar ... o que sempre fui: sentimental
... emotivo ... apaixonado; apaixonado pela Vida e pelas pessoas que fazem
parte da minha Vida! Elas sabem quem são! Quando chegar o Inverno, se já não
puder fazer mais nada … quero estar junto delas ... quero abraçá-las ...
beijá-las ... ajudá-las ... Senti-las ... Viver ... escutando a Melodia do
Tempo ... a Melodia das Estações…
☮️💖 𝗙𝗘𝗟𝗜𝗭 𝗔𝗡𝗢 𝗗𝗘 𝟮𝟬𝟮𝟯 💖✝️
Vivam a Vida … saboreiem-na … cada dia e todos os dias das vossas Vidas! Ultreïa!
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