terça-feira, 25 de novembro de 2025

Serra d'Ossa... até onde a vista alcança...

Quando num dia laboral alguém tem obrigações em Évora... leva três "guarda costas" que a deixam nas muralhas, calçam as botas e vão caminhar... 😀🥾
Aldeia da Serra, 25.11.2025, 10h20
O Zé, o Deonel e este vosso cronista de ocasião deixámos a trabalhadora em Évora... e fomos ao encontro da Serra d' Ossa, ali em pleno Alto Alentejo, entre o Redondo e Estremoz. O dia pedia contemplação, e o ponto escolhido tinha um nome bem sugestivo: Aldeia da Serra. Foi ali que ficou um carro que até já foi meu — ironias do destino — e dali partimos à descoberta da serra.
Folhas caídas, passadiços, pontes de madeira… trilhos que guardam histórias em tons de Outono...
Na Serra d’Ossa, cruzam-se histórias e murmúrios de santos e de mouras encantadas. Refúgio de eremitas durante séculos, o Convento de S. Paulo deixou hortas, levadas e açudes como quem deixa pegadas no tempo. A moda dos passadiços também lá chegou… e foi por eles que começámos a nossa travessia, ligando a aldeia à Ermida da Senhora do Monte da Virgem — fundada no Séc. XV — num percurso que nos envolveu como um conto serrano.
Ermida da Senhora do Monte da Virgem, 11h00
Diz-se que naquele ermo a Virgem se fez sentir entre monges e caminhantes, e ali nasceu a ermida, guardando histórias de fé, silêncio e milagres sussurrados pelo vento. A ideia era seguir a Rota dos EremitasPR4 RDD — mas deixámo-nos seduzir por um trilho estreito e serpenteante, que nos puxava encosta acima até à cumeada e ao alto da serra. Ao meio dia estávamos lá.
Às 12h00 em ponto atingíamos os 653m alt. da Ermida de São Gens, no cume da Serra d'Ossa
No cume da Serra, onde outrora se dizia haver um templo de Vénus, ergue-se a Ermida de São Gens. Entre ruínas e lendas, o santo ora é bispo, ora mártir, ora protetor celeste — e o vento que ali soprava parecia guardar todas essas histórias. Quem nos tirou a foto foi um dos técnicos que reparavam a antena de telecomunicações. "É do SIRESP ", disse-nos... e eu não resisti: "ah, aquele serviço que nunca funciona bem? ". Riu-se 😂 ... e nós encetámos a descida para sudoeste, pelo PP3 RDD — o trilho que recebeu a sugestiva designação de... "Até onde a vista alcança".
Até onde a vista alcança... chegamos ao vale a sul
do Convento de S. Paulo... e aos medronhos...😂
Almoçámos no vale, em modo volante… mas não sem o meu protesto! Com a encosta bordada de medronheiros, carregados de frutos vermelhos e tentadores, acabámos a parar quase um quilómetro depois — já longe dos mais generosos. Não se faz a um pobre devoto dos medronhos…😓😂
Convento de S. Paulo (Séc. XII), actualmente Hotel/Museu, foi durante séculos refúgio de oração, trabalho e silêncio...
A parte final da caminhada, o regresso a Aldeia da Serra, dir-se-ia que foi uma travessia de um inesperado paraíso verde, por entre sobreiros e pinheiros, acompanhando o pequeno Ribeiro do Convento. Pouco antes das três da tarde, lá estava o Duster à nossa espera, no local onde ficara... um Duster que só nestes três eternos peregrinos já teve dois donos... 😂
Regresso a Aldeia da Serra... através do paraíso...
E próximo da Aldeia, ainda fomos à Anta da Candeeira, onde fizemos a despedida desta belíssima jornada
Clique para ver no Wikiloc ou no Relive

 
Restava-nos fazer a recolha da trabalhora "eborense"... mas ainda houve tempo para uma voltinha no centro da cidade... em Caminho de Santiago (Via Portugal Nascente). O Caminho faz parte de nós...
E ao fim do dia estávamos os quatro a passar a Ponte Vasco da Gama e a regressar à grande metrópole. Foi uma belíssima terça feira de Outono... até porque a contabilidade pedestre anda muito baixa, neste ano da graça de 2025...

1 comentário:

joaquim Gomes disse...

Uma serra que não conheço….um dia bem passado entre três bons amigos…..faltava um para o quarteto se repetir…..lindas fotografias como de costume….um abraço para todos…..