Palmilhando as velhas "bredas" do contrabando, Vale de Espinho
e Valverde del Fresno, de um e outro lado da raia, estão ligadas
ao longo de gerações. Nesta estadia primaveril nas minhas terras de adopção, a
serra chamou-me para uma "expedição" às terras de nuestros hermanos estremeños ... e por isso saí do meu retiro pouco depois das seis da manhã, com o
dia a nascer.
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Com o dia a nascer, cruzo o Côa na Fontanheira,
rumo à serra - 10.Maio.2022, 6h50
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Como nunca gosto de fazer o mesmo percurso à ida e à vinda, o objectivo foi
rumar à
Serra das Mesas, para descer a Valverde por um acesso que
nunca tinha utilizado, os corta fogos da
Sierra de los Llanos, cruzando
por duas vezes a estrada
Navasfrias -
Valverde. A Primavera
cobria as encostas com o amarelo das maias (que do nosso lado este ano tardam
em explodir em cor) e o lilás do rosmaninho, num verdadeiro esplendor que me
fazia sentir a sobrevoar o paraíso.
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Valverde del Fresno, 10h30 - Na
velha Igreja de Nª Srª da Assunção
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Hidratação e energias para a subida que me esperava, no Bar
" U Forti ", fazendo jus ao dialecto
Valverdeiru
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Às 11 horas deixo Valverde, cruzando a Rivera de Sabugal
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E ao deixar
Valverde ... tinha pela frente a grande barreira do
Piçarrão, ou
El Pizarrón, com um desnível um pouco menor do que
a descida da
Sierra de los Llanos, mas assim mesmo com cerca de
500 metros para trepar ... e com o calor a começar a apertar. Restava-me a
esperança de que houvesse alguma brisa mais fresca à medida que subisse...
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A penosa, embora fabulosa, subida de Valverde rumo ao
Piçarrão. A serra ia ficando aos meus pés.
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Já várias vezes subi esta ladeira, ziguezagueando ao longo dos
Rascaderos e da cumeada do
Muro Julián ... mas creio que nunca me
custou tanto como hoje. O ar abafava ... cada sombra era aproveitada para uma
pequena paragem, um pequeno descanso. Os troços mais inclinados e expostos ao
Sol pareciam a subida ao calvário, valendo-me saber que, apesar de tudo, tinha
tempo de sobra para o regresso ao meu retiro. As ruínas de mais uma velha
caseta de carabineiros, esta à providencial sombra dos pinheiros e já a 800
metros de altitude, foram o "paraíso" onde mais tempo descansei ... e onde
consumi o que ainda tinha na pequena mochila 😄
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Reforço alimentar e pausa para retemperar, nas
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ruínas da velha caseta de carabineiros do Piçarrão
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Sobre a Barroca de la Toriña, com a
serra da Marvana ao fundo
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Eram 14h35 quando cheguei à lomba do
Piçarrão e à raia, a 970
metros de altitude. Tinha levado três horas e meia para percorrer 9 km!!! Não
estava farto, nada disso ... mas estava cansado 😰; o calor transforma uma
caminhada relativamente simples, embora com desníveis acentuados ... numa dura
"expedição" 😅. Mas uma vez regressado a terras lusas, os 7 km que tinha pela
frente eram maioritariamente a descer, pelo
Ribeiro Salgueiro e
Nabo da Cresta. Percorri-os em menos de hora e meia ... e às quatro da
tarde estava a regressar ao meu "retiro" de
Vale de Espinho.
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Lomba do Piçarrão, 14h40. Para a direita é Espanha, para a
esquerda é Portugal
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E já vejo de novo as terras dos Fóios. Faltava pouco.
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Ribeiro Salgueiro ... um oásis
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de pastagens e de pecuária
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Vale de Espinho à vista (15h35) ... e já só me falta
cruzar o Côa (15h45)
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Vale de Espinho, 10.Maio.2022, 20h30 ... e o Sol põe-se com as
cores que indiciam que amanhã será outro dia de calor... (Clique
para ver o
álbum completo
de fotos)
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