Grande parte do Inverno passado ... pareceu Primavera ... e agora que vamos já
com mais de um mês de Primavera ... parecia Inverno, com vento, frio, chuva
... e até neve! Mas as actividades calendarizadas e que implicam logística
previamente reservada (autocarro, alojamento...) ... realizam-se faça Sol ou
faça chuva. E assim ... a 350ª actividade dos Caminheiros Gaspar Correia
estava calendarizada para este fim de semana prolongado ... nas "terras
mágicas" do Cávado e do Gerês.
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Próximo de Dume, Braga, 23.04.2022, 11h15
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E que falta me estava a fazer, física e mentalmente, esta fuga para o "meu"
Gerês. Inacreditavelmente, desde que cheguei do meu último
Caminho de Santiago
... ainda só tinha percorrido, também com o GCGC, as "
linhas no mar de vinhas" de Torres Vedras. Há muito que não estava parado tanto tempo. E o Universo,
talvez sentindo o "outono" em que me sentia mergulhado, transformou três dias
em que as previsões eram agrestes ... em dois dias de neblinas mágicas, muito
pouca chuva ... e um dia de Sol a dar luz, côr e vida às paisagens!
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Floridos e verdes são os campos, debaixo de um céu cinzento a borrifar
chuva ...
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... até chegarmos à margem direita do Cávado, entre a Ponte do
Prado e a Ponte do Bico
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A primeira caminhada foi próxima de
Braga, tendo o Rio
Cávado por cenário principal. Após a madrugadora e longa viagem
desde Lisboa, fomos recebidos pelos dois colaboradores do casal organizador
deste fim de semana a norte ... sendo que o dito casal é um dos fundadores do
GCGC, há 37 anos, e um dos colaboradores ... é filho deles...
🤪
Logo para começar, uma bela caminhada ... parcialmente em
Caminhos de Santiago! Durante um pequeno troço estivemos no Caminho
Central (variante de Braga) e na Ponte do Bico estávamos ... no
Caminho Minhoto-Ribeiro, ou
da Geira e dos Arrieiros ... o
meu primeiro Caminho, em 2014 ... quando ainda nada havia ... quando
desbravámos um "
Caminho da Aventura".
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Praia fluvial e Moinho de Adaúfe, já na margem direita do
Cávado
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Após o "ensaio" nas margens do Cávado, terminando perto de Amares, o destino
eram agora as terras mágicas do
Gerês. E a "base" no Gerês ... era a
velhinha Pousada de Juventude de Vilarinho das
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Rio Cávado (1ª caminhada) - Clique para ver no
Wikiloc
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Furnas. Quantas memórias aquela Pousada me traz ... quantas levas de alunos
ali levei, nos anos áureos do "meu" ensino! Agora, nesta outra fase da Vida,
do espaço e dos tempos, dali partimos para as actividades dos dois dias
seguintes ... dois dias de caminhadas ... de convívio ... solidariedade ...
brincadeiras ... Amizade! Obrigado Universo🙏
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Pousada de Juventude de Vilarinho das Furnas, 24.Abril.2022, 09h00
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Domingo, o dia começava pela visita ao Museu de Vilarinho da Furna. Como dizia Torga ... aquele era um dos "pequenos enclaves, não digo da paradisíaca felicidade, mas de humana e
natural liberdade."...
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Ponte de Eixões, sobre a Ribeira de Rodas, Campo do Gerês
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Após a visita ao Museu, os organizadores tinham no programa parte do trilho da
Águia do Sarilhão, com adaptações e começando pela subida ao miradouro da
Junceda; mas
a serra estava coberta de nuvens baixas e caía uma chuva muito ligeira, pelo
que não iríamos ver nenhuma panorâmica. Assim, rumámos ao
Parque de Campismo da Cerdeira, a seguir ao qual nos embrenhámos na mata da encosta do Sarilhão; dir-se-ia
que estávamos num reino mágico dominado pelas neblinas, pela água e pelo
verde.
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Da Barragem de Vilarinho da Furna a S. João do Campo, numa
tarde em que as nuvens se iam dissipando
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Águia do Sarilhão (2ª caminhada) - Clique para ver no
Wikiloc
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E como as nuvens se iam dissipando ... renasceu a ideia de, quem quisesse, ir
à
Junceda. O autocarro levou-nos ao cruzamento entre os cabeços da
Calcedónia e de
Lamas, de onde subimos pelo estradão das
Silhas dos Ursos
(PR11) até àquele famoso e velho miradouro, debruçado já sobre o vale das
Caldas do Gerês. As panorâmicas que de manhã não teríamos visto ...
agora estavam bastante abertas, desde o
Pé de Cabril ao
Borrageiro e à
Pedra Bela, com a vila do Gerês aos nossos
pés. Como nunca gosto de regressar pelo mesmo caminho, sugeri o regresso ao
autocarro pelo PR6 (
Trilho dos Miradouros) ... e a sugestão foi aceite 😊
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Caminhada complementar, à tarde, desde próximo do imponente morro da
Calcedónia
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As Termas e a vila do Gerês, do Miradouro da Junceda
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Junceda (3ª caminhada) - Clique
para ver no Wikiloc
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Eram quase sete horas quando regressámos à Pousada de Juventude. O banho foi
rápido, já que havia um horário de jantar ... e que jantar! Mas à noite, para
muitos ... ainda houve forças para um
karaoke movimentado...😜
E a 2ª feira acordou radiosa de Sol, talvez por ser 25 de abril, 48º
aniversário da "revolução dos cravos".
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Próxima da aldeia de Carvalheira, 25.abr.2022, 9h30 - Uma bela
"recepção", para a última caminhada... 😀
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A última caminhada teve por tema a aldeia submersa de
Vilarinho da Furna, mas começou a nordeste da aldeia de
Carvalheira, na encosta do
Bom Jesus das Mós. Rapidamente começámos a divisar o vale do
Homem e, de novo, a
barragem de Vilarinho, mas que hoje atravessámos para ir até ao
Porto das Furnas, onde se situava a aldeia cujas ruínas ainda há bem
pouco estiveram emersas.
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Da Carvalheira à Barragem de Vilarinho da Furna,
pela encosta da margem esquerda do Homem
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Encosta sul da Serra Amarela, com a carqueja a justificar-lhe o
topónimo
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Porto das Furnas, junto à aldeia submersa de Vilarinho
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Ali, no
Porto das Furnas ... quanta saudade e quanta vontade não
me deu de "trepar" serra acima ... recordando uma fabulosa autonomia com a
Dorita, o Paulo, a Ângela e o Luís, em que até a minha pequena estrela subiu
ao
Rebordo Feio (onde dormimos), à
Louriça, ao
Muro,
e descendo de novo à barragem;
já lá vão é oito anos...! Pode ser que um dia repita ... qualquer dia...
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Regressámos a S. João do Campo ... e depois ... depois
ainda havia uma pequena "aventura"...
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Vilarinho da Furna (4ª caminhada) - Clique para ver no
Wikiloc
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Regressados a
S. João do Campo e antes do almoço e das despedidas
... quem quis teve ainda oportunidade de praticar
slide, numa encosta
onde já
há 19 anos
tínhamos praticado aquela "aventura" ... exactamente com os mesmos
organizadores de agora.
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Uma "aventura" em slide, na encosta entre
S. João do Campo e a Barragem de Vilarinho
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Um completo e bem servido almoço na
Albergaria Stop,
em S. João do Campo, fechou com chave de ouro estes três maravilhosos dias nas
terras mágicas do
Gerês. Tivemos tudo: chuva qb (para que os bosques se
tornassem mágicos) ... verde ... Sol ... e acima de tudo convívio,
solidariedade, brincadeira ... Amizade. E tivemos uma fantástica organização,
baseada numa família que, muito mais do que uma família ... é uma lenda Viva
do Grupo e, para além dele, uma lenda Viva do que são os valores da Amizade e
da sã alegria de Viver. Obrigado pelo muito que vocês representam; obrigado
também aos vossos colaboradores. E obrigado também a todos os Caminheiros
presentes nestes três dias ... de que eu estava a precisar como de pão para a
boca. Obrigado amigos ... obrigado Universo! 🙏💖
2 comentários:
Zé , fiquei muito mais enriquecida e elucidada ao repetir a atividade no calor e rigor da tua descrição . Muito obrigada, foi um fim de semana em que voltámos a sentir a amizade e a alegria do grupo. Fiquei de alma cheia. Bjs
Amarela da carqueja. Interessante. Nunca de ocorreu associar o nome à toponímia da serra áspera. Foi no alcance de um fojo dos lobos, guiado por um habitante de Vilarinho das Furnas, que Miguel Torga, se viu na imaginação de outrém ( o guia) a sangrar numa vereda. Felizmente o ato insano nunca ocorreu. Agradecido pelo texto.
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